Significado de Marcos 5

Marcos 5

Marcos 5 começa com Jesus e Seus discípulos atravessando o Mar da Galileia para a região dos gerasenos, onde se deparam com um homem possuído por muitos demônios. Jesus expulsa os demônios, que entram em uma manada de porcos e os levam a se afogar no mar. Os habitantes da cidade estão com medo e pedem que Jesus saia de sua região.

Em seguida, Jesus retorna ao outro lado do mar, onde é recebido por uma multidão de pessoas ansiosas para vê-lo realizar milagres. Entre eles está uma mulher que sofre de um distúrbio hemorrágico há doze anos. Ela toca o manto de Jesus e é imediatamente curada. Jesus a elogia por sua fé, dizendo-lhe que sua fé a curou.

Jesus então segue para a casa de Jairo, um líder da sinagoga cuja filha está morrendo. Apesar do ceticismo dos enlutados, Jesus ressuscita a menina dos mortos, demonstrando Seu poder sobre a morte e revelando Sua natureza divina.

No geral, Marcos 5 enfatiza o poder de Jesus sobre o reino espiritual, doença e morte. O capítulo demonstra o poder transformador do ministério de Jesus por meio da cura da mulher com o distúrbio hemorrágico e da ressurreição da filha de Jairo. Também destaca a importância da fé em Jesus, conforme demonstrado pela mulher que é curada por meio de sua fé Nele. Finalmente, Marcos 5 enfatiza a disposição de Jesus de cruzar fronteiras e alcançar aqueles que são marginalizados, como demonstrado em Seu encontro com o endemoninhado na região gentia dos gerasenos.

Comentário de Marcos 5

Marcos 5.1—8.30 Na maior parte da seção que começa aqui, Marcos fala sobre o resultado da fé e da incredulidade, tendo seu ponto alto na confissão de Pedro sobre a deidade de Jesus.

Marcos 5.1-20 Marcos descreve na íntegra como Cristo lidou com o endemoninhado de Gadara. Lucas relata toda a história em 11 versículos, enquanto Mateus usa apenas sete. Marcos, porém, conta-nos todos os detalhes.

Marcos 5.1 A província dos gadarenos ficava a sudoeste do mar da Galileia. A palavra gadarenos é usada aqui e em Lucas 8.26,27. Não havia nenhuma vila ou cidade ao longo da estreita margem oriental do lago por causa dos enormes penhascos que se estendiam desde a superfície. Entretanto, tais penhascos íngremes eram em menor quantidade no lado sul, onde ficava Gadara, a muitos metros acima do nível do mar no vale do Jordão. Jesus desembarcou na margem oriental, que está defronte da Galileia (Lc 8.26), em uma comarca que não se pode determinar com exatidão, não obstante os três Evangelhos mencionarem Gadara. Os manuscritos gregos e suas versões nomeiam os gadarenos, os gerasenos, ou os gergesenos, de maneira que se pode pensar nos distritos das cidades de Gadara, Gerasa e Gergesa. Contudo, de imediato podemos descartar Gerasa, situada a 65 km do lago de Tiberíades, em direção ao sudeste. Gadara, hoje Mkes, embora muito mais próxima, estava a três horas de caminhada (12 km) da margem do lago, indo na direção do sul, quando o relato supõe uma localidade bem mais próxima. Resta, pois, Gergesa, que os estudiosos modernos identificam como o lugar chamado Kersa ou Kursi, onde há algumas ruínas que foram descobertas no ano de 1860, não longe da margem oriental, defronte a Magdala, indo na direção em que o rio Semak desemboca no lago. Não distante dali se veem nas rochas grutas naturais, que em outros tempos serviram de sepultura natural. Este é também o único lugar onde há uma colina que se ergue sobre o lago, cenário adequado para a cena final deste episódio.

Marcos 5.2 Parece que, logo após sair do barco e antes de ir para os montes ali perto, Jesus encontrou um homem com um espírito imundo (Mc 1.23), endemoninhado, como o versículo 15 deixa bem claro.

Marcos 5.3, 4 Os sepulcros eram cavernas escavadas nas rochas, geralmente usadas para sepultar pessoas. Certamente, a força descomunal daquele homem vinha do demônio que o possuía.

Marcos 5.6-8 Jesus soube distinguir muito bem entre o homem e o demônio que o estava possuindo. Embora aquele homem tenha ficado prostrado diante de Cristo, Jesus sabia que quem falava com Ele era o demônio, e este, do mesmo modo, dirigia-se a Ele.

Marcos 5.9 Legião é o meu nome. Ao dizer seu nome a Jesus, o demônio estava reconhecendo a autoridade de Cristo. Uma legião do exército romano era composta por quatro mil a seis mil soldados. Os muitos demônios mostram o estado caótico da mente daquele homem.

Marcos 5.10 Fora daquela província. Eles consideravam aquela região gentílica seu território.

Marcos 5.11 A presença dos porcos mostra que, ali, o povo era gentio.

Marcos 5.12, 13 Não há indícios de que os demônios precisavam da permissão de Cristo para entrar naqueles animais, mas tudo indica que, com isso, eles estavam tentando evitar serem presos por Ele para sempre. (O poço do abismo, em Apocalipse 9.1, pode ser um lugar de cativeiro.) Jesus não tinha nada a ver com a atitude que os demônios tomaram; não foi Ele que mandou os porcos se lançarem ao mar. Até hoje, dois mil porcos equivalem a uma manada muito grande. Seu valor poderia chegar, atualmente, a aproximadamente 500 mil reais — uma grande perda para seus proprietários.

Marcos 5.14 O Antigo Testamento proibia todo judeu de ter qualquer contato com porcos (Lv 11.7,8). Sendo assim, os donos desses animais, provavelmente, não eram judeus, pois essa região era habitada por muitos gentios (Mc 5.20).

Marcos 5.17-20 Jesus não foi bem recebido nessa região. Sua presença levou alguns a sofrerem perda financeira, embora o endemoninhado tenha sido liberto. Cristo poderia ter curado e salvado naquele lugar, mas seus habitantes ficaram temerosos e pediram-lhe que fosse embora. Mesmo assim, Ele deixou uma grande testemunha ali. Todos se maravilhavam quando ouviam quão grandes coisas Jesus lhe fizera. Depois, então, o próprio Mestre foi a Decápolis (Mc 7.31), cujo nome significa literalmente dez cidades. A maior cidade era Citópolis (antiga Berseba), e incluía Damasco, mais ao norte, e Filadélfia (a moderna Amã, capital da Jordânia), no extremo sul. As outras sete cidades eram Pela, Abila, Gerasa (Jerash), Hipos, Dion, Rafana e Gadara. Essa enorme região gentílica na qual se falava o grego era um elo estratégico para a defesa militar romana.

Marcos 5.21 Jesus passou outra vez num barco para o outro lado e foi a Cafarnaum, embora Marcos não mencione essa informação aqui. Mateus 9.1 diz que Ele voltou à sua cidade, uma referência bem clara a Cafarnaum, quartel-general do ministério de Jesus.

Marcos 5.22 Jairo, um dos principais da sinagoga, era um líder leigo encarregado de supervisionar os serviços da sinagoga.

Marcos 5.23 Por já saber que Jesus tinha poder para operar milagres, Jairo foi ao Seu encontro, talvez com a maior necessidade que já havia tido em sua vida. Ele sabia que Cristo podia resolver o seu problema. Aquele homem cria — de modo errado, por sinal — que o Mestre tinha de tocar em sua filha que estava muito enferma, a fim de que ela fosse, realmente, curada. No entanto, sua fé era, certamente, inabalável.

Marcos 5.24 A multidão que aguardava ansiosamente por Cristo o apertava. O povo espremia Jesus de todos os lados.

Marcos 5.24-34 Em meio a esse evento com a filha de Jairo, vemos a história de uma mulher que tinha um fluxo constante de sangue, provavelmente, um terrível distúrbio menstrual. Por essa razão, era considerada impura, e, segundo a Lei, todos em que ela tocasse também se tomariam impuros por um dia (Lv 15.25-27). Mesmo assim, ela se misturou à multidão para tocar no Mestre.

Marcos 5.26 Marcos não foi complacente como os médicos que trataram a mulher, dizendo que ela havia despendido tudo quanto tinha. Lucas, que era médico, omite os detalhes relatados por Marcos de que a situação daquela senhora estava indo de mal a pior.

Marcos 5.27 A mulher tocou na sua vestimenta. Talvez, ela já tivesse ouvido que outra pessoa havia sido curada do mesmo modo — e ela, certamente, deve ter ficado com medo de sua situação constrangedora ser revelada em meio à multidão.

Marcos 5.28 O que a motivou a agir dessa forma foi a sua fé.

Marcos 5.29, 30 A palavra logo é usada duas vezes nessa passagem. Tanto a mulher como Jesus sentiram na mesma hora o que tinha acontecido. Porém, ela não tinha a menor ideia de que o Mestre sabia que a havia curado. Enquanto aquela senhora procurava desaparecer em meio à multidão, Cristo se voltou para todos e perguntou: Quem tocou nas minhas vestes? Ele não queria que a mulher tivesse uma ideia errada de sua cura. Ela ficou sarada não porque Suas vestes tinham propriedades mágicas, mas por causa do Seu poder.

Marcos 5.31 Ninguém sabia que uma cura tinha acontecido. Os discípulos ficaram preocupados, talvez porque quisessem chegar logo à casa de Jairo.

Marcos 5.32 E ele olhava em redor, ou seja, ficou olhando em volta para as pessoas que estavam perto dele.

Marcos 5.33 A forma gentil como Jesus tratou essa mulher e Suas palavras carinhosas devem ter tirado dela o medo de ser descoberta. Aquela senhora, então, prostrou-se diante dele e disse-lhe toda a verdade. Naturalmente, o tempo que Cristo levou falando com a mulher deve ter preocupado ainda mais os discípulos, que já estavam tensos.

Marcos 5.34 Jesus usou uma palavra carinhosa — filha — para falar com a mulher, pois Ele percebeu que sua fé foi colocada corretamente nele — e foi isso que fez a diferença. A fé por si mesma não cura; ao contrário, o verdadeiro objeto da nossa fé é que cura: Jesus.

Marcos 5.35, 36 O que eles ouviram foi que o estado da menina não tinha mais jeito, pois ela já estava morta e não havia mais nada a fazer. Jesus, na mesma hora, corrigiu o que estavam pensando e disse a Jairo: Não temas, crê somente.

Marcos 5.37 Jesus permitiu que somente três discípulos entrassem com Ele: Pedro, e Tiago, e João. Note que estes foram os mesmos que viram a transfiguração (Mc 9.2) e estiveram junto com o Mestre enquanto Ele orava no Getsêmani (Mc 14.32,33).

Marcos 5.38-40 O luto, naqueles dias, era algo impetuoso e proclamado em alta voz. 

Marcos 5.41 Talitá cumi é uma expressão aramaica.

Marcos 5.42 Já que a menina se levantou, isso mostra que sua vida foi restaurada, assim como aconteceu com o filho da viúva de Naim (Lc 7.15) e com Lázaro, que ficou morto por quatro dias (Jo 11.44). Um dia, todos os três morreram de novo. A ressurreição de Jesus, entretanto, foi única. E não somente Sua vida foi restaurada, mas também Seu corpo foi transformado, a fim de que Ele jamais morresse outra vez.

Marcos 5.43 A ordem que Ele deu para que o milagre fosse mantido em segredo era algo temporário, até porque a ressurreição da menina não poderia ser mantida em sigilo por muito tempo. Ele, porém, sempre dizia isso, para que pudesse ir embora com tranquilidade. Jesus não queria ficar conhecido como alguém que fazia milagres, a fim de que as pessoas não o buscassem por motivos errados.

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