Significado de Marcos 16

Marcos 16

Marcos 16 é o capítulo final do Evangelho de Marcos e centra-se nos eventos que cercam a ressurreição de Jesus Cristo. O capítulo começa com a descoberta do túmulo vazio por várias mulheres, incluindo Maria Madalena, que veio ungir o corpo de Jesus com especiarias. Eles descobrem que a grande pedra que cobria a entrada do túmulo havia sido removida e que o corpo de Jesus não estava lá.

Um anjo aparece às mulheres e diz a elas que Jesus ressuscitou dos mortos e as instrui a dizer aos discípulos e a Pedro para encontrar Jesus na Galileia. As mulheres inicialmente ficam com medo e confusas, mas acabam compartilhando a notícia com os discípulos.

O capítulo então muda para as aparições de Jesus após Sua ressurreição. Ele aparece pela primeira vez para Maria Madalena, que inicialmente o confunde com o jardineiro, mas o reconhece quando ele fala o nome dela. Jesus então aparece a dois discípulos no caminho de Emaús, que também o reconhecem quando parte o pão com eles. Mais tarde, ele aparece aos onze discípulos restantes, repreendendo-os por sua incredulidade e comissionando-os a pregar o Evangelho a todas as nações.

Marcos 16 termina com Jesus ascendendo ao céu, conforme descrito em Atos 1:9-11. Os discípulos ficaram maravilhados com os eventos milagrosos que testemunharam e começaram a cumprir a missão de Jesus de espalhar o Evangelho até os confins da terra.

No geral, Marcos 16 é uma conclusão adequada para o Evangelho de Marcos, pois enfatiza a ressurreição de Jesus Cristo e Sua vitória sobre a morte. O capítulo enfatiza a importância da fé em reconhecer a verdadeira identidade de Jesus, como visto no reconhecimento de Maria Madalena a Ele quando Ele a chama pelo nome. Ele também enfatiza o comissionamento dos discípulos para continuar o trabalho de propagação do Evangelho, que serve como um chamado a todos os cristãos para continuar esse mesmo trabalho hoje. Finalmente, o capítulo termina com a ascensão de Jesus, que serve como um lembrete de que Jesus não é apenas uma figura histórica, mas um Senhor vivo que ainda está presente e ativo no mundo de hoje.

Comentário de Marcos 16

16.1-20 Os leitores de Marcos, que reconheciam Jesus como o Filho de Deus, viram antes como Cristo foi rejeitado e cruelmente executado. Agora, Sua ressurreição iria enchê-los de gozo e esperança.

16.1, 2 O sábado era o Shabat. O dia seguinte a ele era o primeiro dia da semana, o domingo. Os aromas serviam para evitar o mau cheiro do corpo em decomposição e eram um sinal de carinho e dedicação daquelas mulheres que tanto amavam o Mestre.

16.3, 4 As mulheres viram que a pedra era muito grande e como seria difícil removê-la da porta do sepulcro. No entanto, elas mostraram que não estavam preocupadas com o selo no túmulo ou com a presença dos guardas romanos; e, ao que parece, não tinham conhecimento das precauções que haviam sido tomadas pelos judeus e romanos (Mt 27.62-66).

16.5, 6 Marcos não diz que o jovem que aparece vestido de uma roupa comprida e branca é um anjo, mas certamente ele estava ali para explicar aquilo que era um mistério para aquelas mulheres. A exclamação no grego, ele ressuscitou! (ara) , também poderia ser traduzida como ele foi ressuscitado, indicando que foi Deus quem ressuscitou Jesus. Aquela cena inesperada e incomum deixou as mulheres espantadas.

16.7 Após Deus escolher essas mulheres para serem os primeiros seres humanos a testemunharem a ressurreição de Cristo, Ele lhes disse: Ide, dizei. O fato de o nome de Pedro ser mencionado à parte nos mostra que Cristo o aceitou mesmo depois de o discípulo tê-lo negado três vezes.

16.8 A princípio, as mulheres ficaram com tanto medo que nada diziam a ninguém. Mas logo elas puderam recompor-se e correram para contar tudo aos 11 discípulos, inclusive a Pedro (Mc 16.10; Mt 28.8, 9; Jo 20.2).

16.9-20 A autenticidade dessa longa seção de 12 versículos tem sido muito discutida. Então, por causa dessa discussão, o melhor é não basear nenhuma doutrina nessas passagens. Os que duvidam da autoria de Marcos citam dois manuscritos antigos (do quarto século) que não contêm esses versículos. Os que a defendem dizem que até mesmo esses manuscritos deram uma abertura para que todos esses versículos, ou alguns deles, fossem incluídos no texto original, e que os copistas sabiam da sua existência. Difícil é saber se essa abertura foi dada para que a conclusão do Evangelho de Marcos fosse mais longa ou para trazer um dos finais alternativos encontrados no manuscrito. Praticamente todos os outros manuscritos contêm os versículos 9-20, e essa passagem é apoiada por alguns pais da Igreja, como Justino Mártir (155 d.C.), Tatian (170 d.C.) e Irineu (180 d.C.). A evidência interna é mais difícil de avaliar do que a externa. Há uma mudança radical entre os versículos 8 e 9, e algumas palavras que aparecem nos versículos 9-20 não são encontradas no restante do Evangelho de Marcos; mas quanto a isso, o mesmo pode ser dito sobre qualquer seção de 12 versículos de Marcos. Também seria estranha a história de Marcos acabar no versículo 8 falando do medo que as mulheres sentiram.

16.9 Embora as mulheres tenham sido incumbidas de contar sobre a ressurreição de Jesus, nenhuma delas o viu de fato até que Ele apareceu primeiramente a Maria Madalena. Somente Marcos e Lucas (Lc 8.2) dizem que Jesus expulsou sete demônios de Maria, o que explica sua grande devoção a Ele.

16.10 Apenas Marcos menciona que os discípulos choraram e ficaram muito tristes. A execução de Jesus lhes trouxe uma perda pessoal e psicológica muito grande.

16.11 Na realidade, não se esperava que Jesus fosse mesmo ressuscitar, apesar de suas repetidas profecias. Só mesmo o próprio evento da ressurreição para que houvesse fé no Filho do Homem.

16.12, 13 A aparição de Jesus em outra forma [gr. hetera morphe] pode ser uma indicação de que Ele estava diferente de quando apareceu a Maria (v. 9) ou que Ele também se apresentou aos dois discípulos de uma forma diferente daquela como havia aparecido aos outros antes. A identidade dos dois deles que iam de caminho não é totalmente revelada aqui nem no relato de Lucas 24-13-35. Todavia, um é chamado de Cleopas (Lc 24-18).

16.14 Depois da morte de Judas (Mt 27-3-5; At 1.16-18), os discípulos ficaram conhecidos, pelo menos por algum tempo, como os onze. Jesus repreendeu Seus discípulos por não terem crido no relato das testemunhas, mas pronunciou uma bênção sobre aqueles que não viram e creram (Jo 20.29). As palavras de Cristo se aplicam perfeitamente aos leitores de Marcos, assim como também aos cristãos de hoje.

16.15 A Grande Comissão é encontrada aqui e nos outros três Evangelhos (Mt 28.19,20; Lc 24.47; Jo 20.21).

16.16 Quem não crer será condenado. Essa afirmação mostra que o batismo não é um requisito para a salvação. Caso contrário, ela diria que quem não crer e “não for batizado” será condenado. No entanto, o Novo Testamento ensina categoricamente que o batismo vem depois de se crer em Cristo.

16.17, 18 Cinco sinais [gr. semeia] dariam autenticidade à mensagem que seria pregada. Três deles aconteceram na Igreja do primeiro século: (1) expulsar demônios, demonstrando a vitória de Cristo sobre Satanás (At 16.18); (2) falar novas línguas, ou seja, aquelas conhecidas como em Atos 2.4-11; (3) curar os enfermos, como em Atos 28.8. Contudo, dois sinais — (1) pegar em serpentes e (2) beber alguma coisa mortífera — parecem ser algo que os seguidores de Cristo não fariam voluntariamente, mas que seriam forçados a fazer. Não há nenhuma garantia bíblica de que podemos pegar em serpentes ou beber algo mortal hoje em dia.

16.19 Este foi o último sinal de que Jesus era o Filho de Deus: Ele foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus (uma posição de autoridade e poder). Os leitores de Marcos podiam ficar tranquilos, tendo plena convicção da deidade de Cristo e de Seu poder para salvar todos que nele creem.

16.20 A obediência dos discípulos de Cristo que pregaram por todas as partes nos desafia a tomar a mesma atitude. Podemos estar seguros de que, assim como o Senhor estava cooperando com eles, Ele também fará o mesmo conosco.

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