Significado de Marcos 15

Marcos 15

Marcos 15 é o clímax do Evangelho de Marcos, pois descreve a brutal crucificação e morte de Jesus Cristo. O capítulo começa com Jesus sendo levado perante Pilatos, o governador romano, que não encontra nenhuma culpa nele, mas acaba cedendo à pressão dos líderes religiosos e permite que Jesus seja condenado à morte.

Jesus é então espancado, escarnecido e forçado a carregar sua própria cruz para o Gólgota, o local de sua execução. Lá, Ele é pregado na cruz e deixado para morrer ao lado de dois criminosos. Apesar da dor e da humilhação, Jesus ainda consegue mostrar compaixão, orando pelo perdão de quem o crucificou e prometendo a um dos criminosos ao seu lado que estará com Ele no paraíso.

Marcos 15 também descreve os eventos sobrenaturais que ocorrem durante a crucificação, como a escuridão que cobre a terra e o rasgo do véu do templo, simbolizando a separação entre Deus e a humanidade sendo removida por meio do sacrifício de Cristo.

O capítulo termina com a morte e o sepultamento de Jesus, quando Seu corpo é retirado da cruz e colocado em uma tumba. O versículo final do capítulo observa a presença de várias mulheres que testemunharam a crucificação, incluindo Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e José.

No geral, Marcos 15 é um capítulo poderoso e emocionante que descreve o sacrifício final de Jesus Cristo pelos pecados da humanidade. Ele destaca a brutalidade e a injustiça de Sua crucificação, mas também enfatiza a compaixão e o perdão que Jesus demonstra mesmo em meio ao Seu sofrimento. Os eventos sobrenaturais que ocorrem durante a crucificação servem como um lembrete do significado da morte de Jesus e do cumprimento das profecias do Antigo Testamento sobre o Messias. O capítulo finalmente prepara o cenário para a ressurreição triunfante de Jesus no capítulo seguinte, que serve como fundamento da fé cristã.

Comentário de Marcos 15

Marcos 15.1-47 Rejeitado por Seus discípulos, condenado pelo conselho e negado por Pedro, Jesus, agora, enfrentaria as impiedosas autoridades romanas e a multidão enfurecida.

Marcos 15.1-3 Em vez de assassinarem Jesus, os políticos judeus resolveram buscar a autorização de Pilatos para que pudessem executar o “blasfemo”, amparados pela lei. Suas acusações incluíam muitas coisas, mas, ao que tudo indica, traição era a principal. Jesus havia declarado que era um rei, desprezando César dessa maneira (Lc 23.2). Este crime era punido pelo império romano com a morte.

Marcos 15.4, 5 Nada mais respondeu. Durante todo o Seu julgamento e Sua crucificação, Jesus foi o único que não agiu por medo, inveja ou pelos próprios interesses.

Marcos 15.6-8 Pilatos deve ter concluído que as acusações contra Jesus não tinham sentido, pois Marcos nos diz que seu desejo era soltá-lo (v. 9). Então, para que seus leitores pudessem entender como a situação era complexa, ele abre parêntesis para explicar a tradição de soltar um prisioneiro durante a festa da Páscoa e quem era Barrabás. Apesar de Mateus chamar Barrabás de um preso bem conhecido (Mt 27.16), somente Marcos o descreve como alguém que estava preso com outros amotinadores e que tinha num motim cometido uma morte.

Marcos 15.9-14 Pilatos tentou libertar Jesus, pois bem sabia que as acusações contra Cristo eram inconsistentes. Ele foi muito perspicaz ao perceber a inveja que os líderes judeus tinham de Jesus, e sutilmente escarneceu deles referindo-se a Ele como o Rei dos judeus.

Marcos 15.15 Pilatos fez com que Jesus fosse açoitado. Essa palavra, usada duas vezes apenas no Novo Testamento (aqui e em Mateus 27-26), descreve uma punição mais severa do que uma surra ou chicotada. O prisioneiro era açoitado com um chicote feito de várias tiras de couro, na ponta das quais eram atados vários pedaços de ossos e metais que rasgavam a carne e cortavam-na em pedaços. Pilatos tinha esperança de que os judeus desistissem da crucificação de Jesus depois dessa punição brutal, mas ele não tinha como ir contra a vontade deles. Cristo ficou muito fraco depois dos açoites.

Marcos 15.16 O palácio, que é o pretório (ARA), era a residência oficial do governador. Praetorium é uma palavra latina encontrada oito vezes no Novo Testamento. Na ARC, a palavra é traduzida como sala da audiência. Em Filipenses 1.13, ela é traduzida como guarda do palácio na NVI. Todo o destacamento (ARA), uma companhia romana, era composto por cerca de seis mil homens. Os que se encontravam ali naquela ocasião provavelmente eram os que estavam de serviço, mas, ainda assim, tratava-se de um número bem considerável.

Marcos 15.17 Eles o vestiram com um manto púrpura para escarnecê-lo como um rei. A coroa de espinhos, certamente, foi feita de uma erva seca com espinhos afiados e entrelaçados, os quais mediam cerca de dois centímetros e meio. Toda picada de espinho é muito dolorosa.

Marcos 15.18-21 A reação de Jesus a todo este tratamento desumano foi muito tranquila, pois Ele tinha certeza de que estava no centro da vontade do Pai. [Eles] o levaram para fora, a fim de o crucificarem revela que o lugar da crucificação era fora da cidade (Hb 13.12). Todos os três Evangelhos Sinóticos dizem que foi Simão Cirineu quem carregou a cruz de Jesus, mas somente Marcos complementa essa informação dizendo que ele era pai de Alexandre e Rufo. Estes homens, certamente, eram conhecidos pelos leitores de Marcos em Roma, e o interessante é que o próprio apóstolo Paulo saúda Rufo em Romanos 16.13.

Marcos 15.22 Gólgota é uma palavra em aramaico que significa lugar da Caveira. Este monte devia ter a aparência de uma caveira ou era chamado assim por ser um local de morte. O nome Calvário vem da palavra em latim caveira. Este lugar fica muito próximo aos muros da cidade (Jo 19.20).

Marcos 15.23 O vinho (ou vinagre) com mirra era usado para aliviar a dor. No entanto, Jesus se recusou a usá-lo e decidiu passar por todo o sofrimento.

Marcos 15.24 Repartiram as suas vestes, lançando sobre eles sortes cumpriu a profecia do Salmo 22.18. De fato, o Salmo 22 é o Salmo do bom Pastor, que retrata Aquele que deu a vida pelas Suas ovelhas (Jo 10.11).

Marcos 15.25 A hora terceira era nove horas da manhã; este era um sistema muito comum entre os judeus para marcar a hora. Jesus sofreu na cruz até três da tarde pelo menos, a nona hora do v.34. E o crucificaram é um resumo para os leitores de Marcos em Roma, pois eles conheciam muito bem os horrores da crucificação.

Marcos 15.26 A acusação posta sobre a cabeça de Jesus estava escrita em três línguas (Jo 19.20): hebraico (aramaico), latim, a língua oficial do império, e grego, a língua falada pela maioria do povo. Se pegássemos o que dizem os quatro Evangelhos e os colocássemos juntos, a inscrição ficaria assim: Este é Jesus de Nazaré, o Rei dos Judeus. Ele afirmou ser o Rei-Messias, e esta foi a acusação oficial que o levou a ser crucificado.

Marcos 15.27-31 Praticamente todos zombaram de Jesus e rejeitaram-no — Pilatos, Herodes, os soldados, a multidão e, até mesmo, os salteadores ao seu lado na cruz (v.32).

Marcos 15.32 Os principais dos sacerdotes e escribas escarneciam de Jesus chamando-o de o Cristo, ou o Messias. O fato de terem dito que creriam nele caso Ele descesse da cruz não passava de uma zombaria. Jesus havia realizado milagres diante dos seus olhos, mas, mesmo assim, eles se recusaram a crer. Uma prova verdadeira de um milagre não é suficiente para que uma alma se volte para Deus. Um coração pecaminoso tem de convencer-se de que precisa da salvação.

Marcos 15.33 Essas trevas foram uma escuridão sobrenatural que tomou os céus.

Marcos 15.34 Das sete palavras da cruz, esta quarta foi a mais comovente. Citando Salmos 22.1, Jesus demonstra Sua agonia por ter sido abandonado pelo Pai para levar sozinho os pecados do mundo. A aflição espiritual de Jesus foi imensa, mas, mesmo assim, Ele se dirigiu ao Pai chamando- o de Deus meu.

Marcos 15.35, 36 Os que ouviram Jesus chamar pelo profeta Elias não entenderam o que Ele estava dizendo. A desidratação causada pela crucificação geralmente faz com que a pessoa tenha dificuldade de falar. Então, embeberam uma esponja em vinagre, prenderam-na em uma cana e deram-na a Jesus, pois Ele disse: Tenho sede (Jo 19.28). Isso fez com que Jesus pudesse dizer Suas últimas palavras: Está consumado (Jo 19.30) e Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23.46).

Marcos 15.37 Jesus, ainda consciente, dando um grande brado, expirou. A crucificação quase sempre fazia com que a pessoa perdesse os sentidos ou entrasse em coma antes de morrer, mas Jesus manteve todas as Suas faculdades até a hora de entregar voluntariamente Sua vida (Jo 10.17, 18). Ele entregou Sua vida por nós de livre e espontânea vontade.

Marcos 15.38 O significado espiritual de o véu do templo ter sido rasgado é que, agora, todos têm acesso direto a Deus. Não precisamos mais de sacerdotes ou sangue de bois e carneiros para nos achegarmos ao Altíssimo, pois o véu foi rasgado, o que também simboliza o corpo de Jesus sendo rasgado na cruz (Hb 10.20). De alto a baixo indica que o próprio Deus jogou por terra essa barreira.

Marcos 15.39 Somente Marcos usa o termo em latim centurião (aqui e nos v. 44, 45), um capitão romano que comandava 100 soldados. As palavras do centurião — de que Jesus era o Filho de Deus — podem ser entendidas como uma confissão de fé na deidade de Cristo, embora o Filho também possa ser traduzido por um filho.

Marcos 15.40, 41 Essas mulheres eram verdadeiras discípulas de Cristo. Elas supriam as necessidades de Jesus, e uma delas foi a primeira testemunha da ressurreição. Marcos não cita o nome da mãe de Jesus aqui, mas inclui o de outras mulheres importantes. O nome de três Marias aparece com muitas outras, além de Salomé — chamada pelo nome apenas por Marcos (Mc 16.1), a qual era mulher de Zebedeu e mãe dos discípulos Tiago e João (Mt 27.56). Alguns creem que ela poderia ser irmã da mãe de Jesus (Jo 19.25).

Marcos 15.42 Marcos explica aos seus leitores romanos, os quais não conheciam os costumes judaicos, que a crucificação aconteceu no Dia da Preparação, ou seja, na sexta-feira.

Marcos 15.43 José de Arimateia (uma cidade a pouco mais de 30 km ao norte de Jerusalém) é chamado de senador honrado (do Sinédrio). Ele, segundo Lucas 23.51, não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros. E pedir o corpo de Jesus a Pilatos não foi apenas um gesto de bondade, mas um ato de coragem que colocava José contra o Sinédrio e apontava-o como um seguidor de Jesus.

Marcos 15.44, 45 Não era normal alguém morrer tão rápido quando crucificado. Geralmente, os corpos ficavam na cruz por vários dias. José teve pressa em tirar da cruz o corpo de Jesus por causa do que diz Deuteronômio 21.23 — que o corpo de alguém morto no madeiro deveria ser tirado e enterrado no mesmo dia.

Marcos 15.46 José, ajudado por outro discípulo que antes havia procurado Jesus em segredo — Nicodemos (Jo 19.39) —, envolveu o corpo de Jesus em um lençol fino, ao que parece, com uma grande quantidade (quase 100 arráteis) de uma resina viscosa e pegajosa, misturada com mirra e aloés, para evitar o mau cheiro e a rápida decomposição do corpo. João explica que este era o costume dos judeus para o sepultamento (Jo 19.40). A pedra usada para fechar o sepulcro devia ter não mais do que um metro ou um metro e meio de diâmetro, já que a abertura dos sepulcros não era tão alta como a de uma porta. Na verdade, em João 20.5, é dito claramente que era preciso abaixar-se para entrar nela. Porém, quando uma pedra era encaixada nela, dificilmente conseguiria ser removida.

Índice: Marcos 1 Marcos 2 Marcos 3 Marcos 4 Marcos 5 Marcos 6 Marcos 7 Marcos 8 Marcos 9 Marcos 10 Marcos 11 Marcos 12 Marcos 13 Marcos 14 Marcos 15 Marcos 16