Significado de Jó 33

Jó 33

Em Jó 33, um novo personagem chamado Eliú continua seu discurso do capítulo anterior, oferecendo mais informações sobre a natureza de Deus e as razões do sofrimento humano.

No capítulo 33, Eliú começa afirmando que fala com autoridade e sabedoria porque foi inspirado pelo espírito de Deus. Ele argumenta que Deus fala com a humanidade por meio de sonhos e visões, e que essas experiências podem servir como um meio de comunicação entre Deus e os humanos. Eliú sugere que Deus pode usar essas visões para alertar as pessoas sobre o perigo iminente e afastá-las do comportamento pecaminoso.

O discurso de Eliú no capítulo 33 é notável por sua ênfase na ideia de arrependimento. Ele exorta Jó a se arrepender de quaisquer pecados que possa ter cometido e a se voltar para Deus. Eliú sugere que, se Jó se arrepender, ele poderá evitar mais sofrimento e encontrar perdão e restauração aos olhos de Deus. Essa ênfase no arrependimento serve para reforçar a ideia de que o sofrimento pode ser um meio de purificar e refinar o caráter do sofredor e que, por meio do arrependimento e da humildade, pode-se encontrar a cura e a redenção.

No geral, Jó 33 é uma continuação dos diálogos em andamento sobre a natureza do sofrimento e a relação entre Deus e a humanidade. O discurso de Eliú acrescenta novos insights sobre as maneiras pelas quais Deus se comunica com a humanidade e o papel do arrependimento em encontrar cura e restauração. O capítulo serve como um lembrete de que, mesmo em meio ao sofrimento, sempre há esperança de redenção e um relacionamento renovado com Deus.

Comentário de Jó 33

33.1-6 A tradução vim de Deus (literalmente, como a sua boca) tem, em hebraico, palavras parecidas com as em Êxodo 4-16. Mas o texto original também pode sugerir que Eliú foi usado pelo Senhor como Seu porta-voz. O fato de ele também ter sido formado [hb. qaras] do lodo endossa a primeira opção. Ocorre um paralelo interessante na Epopéia de Gilgamesh, a maior composição literária da Mesopotâmia e o primeiro grande trabalho de literatura acádia, de que se tem registro escrito. Nela, é narrada a aventura de Gilgamesh, rei de Uruke, no Sul da Mesopotâmia, em busca de fama e imortalidade. Nesta obra, há uma deusa chamada Aruru que beliscou um punhado de barro para formar o homem Enkidu.

33.7, 8 Eliú reage ao terror de Jó a Deus (Jó 9.34; 13.21). Eliú garante a Jó que ele nada deve temer, já que sua mão não será pesada sobre ele.

33.9-13 Nos versículos 9-11, Eliú resume a situação de Jó conforme ele a percebe. Depois, confronta Jó dizendo que este não seria mais considerado justo caso se voltasse contra Deus. Com muita perspicácia, Eliú vai direto ao cerne do problema de Jó: este tem tratado a Deus como um igual. Como Deus é maior do que o homem, Eliú pergunta: por que razão contendes com ele? Parafraseando suas palavras: “Por que queres entrar com um processo contra Deus?”

Jó tratara o Senhor como se Ele fosse simplesmente um ser humano que pudesse ser responsabilizado perante um tribunal (Jó 34-23). Eliú continua esse pensamento quando deixa implícito que Jó tinha orgulho de sua própria justiça, baseada em suas obras, ainda que estivesse abatido, assentado sobre cinzas (Jó 33.17; 35.12-16).

33.14, 15 Em resposta às reclamações feitas por Jó quanto aos pesadelos (Jó 7.14), Eliú sugere que Deus talvez estivesse tentando ensinar algo a Jó por meio de sonho ou visão de noite.

33.16-19 Deus quer resgatar a humanidade da cova [hb. shahat, os domínios da sepultura]. O chamado “poço sem fundo” (o abismo) leva ao submundo infernal. Em Apocalipse 9.1,2, pode haver uma elaboração melhor deste conceito. A mensagem aqui é a de que Deus controla a duração de nossa vida.

33.20, 21 Eliú alude a situações que combinam com as circunstâncias de Jó (Jó 6.17; 16.8).

33.22 A expressão ao que traz morte deve fazer referência ao anjo da morte.

33.23-25 A identidade precisa do mensageiro ou anjo é controversa. Deus pode ter utilizado esta figura como intérprete para atender à necessidade de Jó de obter um Advogado (Jó 9.32,33; 16.19) e de rechaçar as acusações de Elifaz no capítulo 5, versículo 1. O papel intercessor deste mensageiro em levar Jó ao arrependimento (v. 27) é muito semelhante ao papel que Cristo exerceria depois (Hb 7.25).

33.26 Ele orará; ou seja, o pecador.

33.27-33 Esta conclusão dos versículos 14-30 declara sucintamente o propósito de Deus ao invocar a atenção da pessoa por meio de sonhos e sofrimento. Ele quer salvá-la da cova — ou seja, da sepultura e do inferno — e conceder-lhe a luz dos viventes — uma vida com sentido.

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