Significado de Jó 38

Jó 38

Jó 38 é uma exploração complexa da natureza do sofrimento, da relação entre Deus e a humanidade e das maneiras pelas quais tentamos entender o mundo ao nosso redor. O capítulo 38 do livro de Jó marca uma virada na narrativa, quando o próprio Deus fala a Jó e seus amigos, desafiando suas suposições e chamando-os a prestar contas por suas palavras e ações.

No capítulo 38, Deus responde às reclamações e perguntas de Jó desafiando-o a considerar a vastidão e a complexidade do mundo natural. Deus faz a Jó uma série de perguntas retóricas que enfatizam a grandeza e o poder da criação, destacando o fato de que a compreensão e o conhecimento humanos são limitados em comparação. Ao fazer isso, Deus revela sua própria sabedoria e poder e afirma sua autoridade final sobre todas as coisas.

A fala de Deus no capítulo 38 é notável por sua ênfase na vastidão e complexidade da criação. Ao fazer a Jó uma série de perguntas retóricas, Deus desafia suas suposições e o força a confrontar os limites da compreensão e do conhecimento humanos. Essa ênfase na humildade e reverência diante da sabedoria e do poder de Deus serve para reforçar a ideia de que o sofrimento pode ser um meio de testar e refinar nossa fé e que, em última análise, Deus está no controle de todas as coisas.

No geral, Jó 38 é um poderoso lembrete da grandeza e do poder de Deus e um desafio às nossas suposições e limitações humanas. O discurso de Deus serve como uma repreensão a Jó e seus amigos, chamando-os a prestar contas de suas palavras e ações e desafiando-os a se submeterem à sua sabedoria e autoridade. O capítulo marca uma virada na narrativa, quando Jó começa a reconhecer os limites de seu próprio entendimento e a se humilhar diante da sabedoria e do poder de Deus.

Comentário de Jó 38

38.1 O Senhor respondeu a Jó de um redemoinho. Embora Jó temesse ser esmagado por Deus em uma tempestade (Jó 9.17), o Senhor não vem para destruí-lo, mas o sobressalta para que ele reconheça a sua devida condição de Seu servo.

38.2, 3 Aqui se desvenda o tema da primeira fala do Senhor: Jó escurece o conselho de Deus — ou seja, os planos ou desígnios do Senhor para o universo. Ironicamente, Deus desafia Jó a ensinar- lhe (v. 3; 40.7). Esses desafios têm a intenção de alertar Jó sobre as consequências de suas queixas e exigências. A sua tentativa insolente de ter uma audiência com Deus em iguais condições, em um tribunal (Jó 31.35-37), equivale a uma reivindicação hostil ao Seu atributo de julgar e presidir sobre tudo (Jó 40.10-14).

38.4-7 Talvez parcialmente em resposta ao que Jó falou a respeito de Deus estremecer as colunas da terra (Jó 9.5, 6), o Senhor pergunta a Jó se estivera observando quando Ele fundava a terra.

38.7 A canção alegre das estrelas da alva e dos filhos de Deus (Jó 1.6), como testemunhas da criação da terra, contrastam com as queixas de Jó, pronunciadas por ignorância quanto às razões das tragédias que se abateram sobre ele.

38.8-11 O Senhor destaca o Seu domínio sobre o mar e suas ondas empoladas. Tais forças, consideradas indomáveis e ameaçadoras na antiguidade, só tinham permissão para manifestar-se dentro de limites impostos por Deus (v. 10). Embora Jó soubesse disso na teoria (Jó 26.12,13), precisava aplicar esta verdade à sua vida.

38.12-15 O Senhor responde às queixas de Jó de que a perversidade se alastra à noite (Jó 24.13-17). Usando uma figura de linguagem, o Senhor assinala que Ele é quem ordena que a alva saia da cama, e a madrugada puxe as cobertas da noite para sacudir delas os ímpios como carrapatos. Deus deixa implícito que é só por ser Ele quem controla a escuridão que as atividades dos ímpios são coibidas. O Senhor concede até algum grau de liberdade à humanidade, mas os perversos não podem ultrapassar os limites por Ele impostos. Essa seção pode ser comparada às palavras de Davi no Salmo 19.

38.16-18 Será que Jó já teria estado no fundo do mar ou peregrinado às portas da sombra da morte? Talvez para responder ao desejo de Jó de repousar na escuridão do Sheol (Jó 10.1-22), o Senhor o tenha confrontado aqui.

38.19-21 Como Jó falara como se tivesse conhecimento das intenções e dos propósitos divinos (Jó 26.10), o Senhor expõe as limitações do conhecimento de Jó pedindo-lhe que o guie numa excursão à morada da luz e das trevas. Como Jó afirmara que os perversos se opõem a luz ou conhecem os seus caminhos (Jó 24-13,16), o Senhor revela as deficiências do conhecimento de Jó. Se ele estivesse lá em pessoa, entenderia que o Senhor tem lugar tanto para as trevas como para a alva; tem um propósito tanto com o bem como com o mal.

38.22-30 Perguntando a Jó se ele entende o fenômeno climático aparentemente imprevisível, o Senhor revela que Seus desígnios não têm em vista apenas a humanidade. Embora Deus utilize elementos meteorológicos para intervir na história humana (v. 22-24), Ele também os usa para limitar o caos da natureza e do mar (v. 25-30) que estão fora do reino humano.

38.22, 23 A metáfora dos tesouros da neve e da saraiva retrata tais elementos como armas do arsenal de Deus. Ele usa a saraiva como pedras de funda (Js 10.11). Ele prepara outras armas, incluindo a neve (Sl 68.14), as tempestades, os relâmpagos (v. 24) e as ventanias (37.9).

38.24-29 Como a geada é vapor d’água atmosférico que se condensa sobre superfícies frias, a palavra céu, da expressão geada do céu, pode referir-se ao céu atmosférico.

38.30-32 A Ursa com seus filhos é uma referência à constelação conhecida como Ursa Maior.

38.33-38 Ao perguntar sobre a que comando as nuvens respondem, o Senhor deixa implícitas a impotência e a ignorância de Jó nesses assuntos, bem como sua própria soberania e onisciência. No substantivo voz, percebe-se que somente Deus rege as tempestades e os relâmpagos (Jó 36.32). A submissão até mesmo dos raios às ordens de Deus serve como outra retaliação sutil às reclamações de Jó.

38.39—39.30 O Senhor interroga Jó acerca do reino animal, demonstrando a ignorância deste para arguí-lo e seu desconhecimento do plano providencial divino (Jó 38.1—40.5). Os animais selvagens citados ou eram as caças preferidas dos reis, ou eram utilizados pela nobreza. Antes que Jó pudesse validar suas reivindicações e considerar-se capaz de arguir Deus, precisaria ser capaz de controlar essas forças hostis. [Em outras palavras, precisaria ser Deus.]

38.40, 41 Se o Senhor alimenta os corvos que gritam por socorro, quão melhor Ele não ouvirá e alimentará as pessoas [criadas à sua imagem e semelhança, a coroa da criação] quando clamarem genuinamente por ajuda?

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