Significado de Jó 1

Jó 1

Jó 1 prepara o cenário para a história de Jó, um homem de grande riqueza e piedade que é repentinamente atingido por uma série de tragédias devastadoras. O capítulo apresenta ao leitor Jó, sua família e suas posses, e estabelece as bases para as questões filosóficas e teológicas que serão exploradas ao longo do livro.

O capítulo inicial de Jó descreve o caráter e a vida de Jó, um homem descrito como íntegro e íntegro, abençoado com grande riqueza, uma família numerosa e reputação de líder respeitado em sua comunidade. No entanto, apesar de suas aparentes bênçãos, a fé e o caráter de Jó são postos à prova quando Deus permite que Satanás o aflija com uma série de desastres, incluindo a perda de seus bens, a morte de seus filhos e o aparecimento de uma doença dolorosa.

Jó 1 levanta questões importantes sobre a natureza do sofrimento, a relação entre Deus e a humanidade e o conceito de justiça divina. Também apresenta a figura de Satanás como um personagem que desafia a autoridade de Deus e que procura minar a fé dos crentes. Em última análise, o livro de Jó é uma obra poderosa e complexa da literatura bíblica amplamente considerada uma das maiores obras de arte da história da humanidade; a história de Jó é uma exploração poderosa da experiência humana de sofrimento e da importância da fé diante da adversidade, e o primeiro capítulo prepara o terreno para uma obra literária profunda e instigante que ressoou com os leitores por muitos anos. milhares de anos.

Comentário de Jó 1

1.1 Os acontecimentos dramáticos do prólogo do livro de Jó lançam as bases para os intricados diálogos da parte principal (Jó 3.1—42.6). A localização precisa da cidade de Uz é desconhecida, mas pode ter sido próxima a Edom. Dois aspectos do caráter e dos atos de Jó são evidenciados. Os adjetivos sincero e reto têm o sentido de franco e eticamente correto, e evidenciam o caráter imaculado de Jó. Como Daniel (Dn 6.4), Jó era um homem íntegro e irrepreensível ante seus críticos humanos. Isso não significa que não era um pecador perante Deus. Mais tarde, Jó reafirma sua integridade (Jó 31.5,6). Ele era temente a Deus e desviava-se do mal. Isto indica que sua relação correta com Deus motivou-o a afastar-se do mal. Jó foi a epítome da sabedoria (Jó 28.28; Pv 1.7; 3.7; 9.10; 14.16).

1.2, 3 Jó possuía uma família ideal, composta de sete filhos e três filhas. Sete era o número bíblico da plenitude. No antigo Oriente Médio, ter muitos filhos era considerado sinal da bênção de Deus (SI 127.3-5).

1.4 Cada filho de Jó participava de um banquete com seus irmãos, cada um no seu dia. Esta expressão pode referir-se à comemoração de aniversário. No entanto, o contexto do versículo 5 pode indicar um ciclo regular de festividades e banquetes, talvez semanal ou sazonal.

1.5 Quando Jó santificava seus filhos por meio das orações e dos holocaustos que oferecia a Deus a favor deles, cumpria um papel de intercessor; assim como quando orou por seus amigos no epílogo (Jó 42.10). Quanto à expressão blasfemaram de Deus, o texto original em hebraico registra não bendizer a Deus — provavelmente um eufemismo de amaldiçoar, uma substituição feita por um escriba hebreu por não suportar escrever a palavra blasfemaram próxima ao nome divino.

1.6 Os filhos de Deus aqui são seres celestiais ou anjos que foram criados por Ele para servir-lhe (Jó 4-18; SI 103.20,21) como Seus santos (Jó 5.1). Compare com Gênesis 6.1, onde a expressão filhos de Deus é empregada para se referir possivelmente aos anjos caídos. Em Jó, a imagem dos filhos de Deus reunidos designa de modo aparente um conselho celestial em que o Senhor preside como Rei supremo (Sl 89.5-7; Dn 7.9,10). De maneira estrita, o termo Satanás pode ser um codinome em vez de um nome próprio para o líder de todas as hostes do mal, pois a palavra hebraica Satanás [que significa adversário] não era claramente usada até 1 Crônicas 21.1. As características de Satanás no livro de Jó deixam implícito que ele era de fato um opositor, pois respondeu às perguntas de Deus de forma desafiadora e acusou Jó de servir a Deus com fidelidade por interesse.

Como é dito que Satanás veio também se apresentar diante do Senhor com as hostes celestiais, sugere-se que ele ainda tinha algum acesso à presença de Deus, e que sua proscrição definitiva ainda estava por acontecer. [Mas isso é uma conjectura. Visto que Deus é onipresente, Ele podia ouvir concomitantemente tanto os anjos reunidos no céu, como Satanás em qualquer parte do universo, para onde este já estivesse banido.]

1.7 O termo hebraico Yahweh, geralmente traduzido como Senhor, é o nome pessoal do Deus verdadeiro do Antigo Testamento (Èx 3.14,15).

Trata-se do nome específico de Deus, evidenciando Sua relação de compromisso com Seu povo Israel (Ex 6.1-6; 19.3-8). Isso indica que, embora Jó não fosse um israelita, mantinha um relacionamento com o Deus verdadeiro (ler o versículo 21, onde se emprega o nome do Senhor). De onde vens? A pergunta de Deus não significa que Ele não soubesse do paradeiro de Satanás; foi apenas para iniciar uma “conversa” com 0 inimigo. Deus se dirige a Adão do mesmo modo depois da Queda, indagando: onde estás? (Gn 3.9).

1.8 A expressão meu servo alude à boa relação que todos deveriam manter com Deus: uma confiança alegre e reverente. Jó era um exemplo desse tipo de relacionamento com o Senhor; vemos isso no prólogo e no epílogo (Jó 2.3; 42.7).

1.9 Em todo o tempo o adversário, Satanás, questionou os motivos de Jó para temer e servir a Deus. O termo debalde é enfático no texto hebraico. Essa pergunta pode ser parafraseada como: “Será que Jó não tem mesmo segundas intenções?”

1.10 Deus havia cercado Jó e a sua casa de proteção. Nada de mal aconteceria a ele, a não ser que o Senhor o permitisse (v. 12; Jó 2.4-6). Os justos de hoje devem encontrar grande refrigério no ensinamento bíblico de que o Senhor protege o Seu povo — seja por meio de uma coluna de nuvem ou de fogo (Êx 14-19,20; 2 Rs 6.17), ou de anjos, espíritos ministradores (Hb 1.14).

1.11 Mas estende a tua mão, e toca Ahe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema de ti na tua face. Satanás ignorou o protocolo, dirigindo-se desrespeitosamente a Deus como tu, implícito em tua mão e tua face. Essa irreverência era parte da estratégia permanente do inimigo para coagir Deus.

O verbo blasfema remete ao fato de que o pecado de amaldiçoar a Deus é uma questão central do livro. Jó temia que seus filhos pudessem pensar ou falar irreverentemente de Deus (v. 5). Mas Satanás afirmou que Jó certamente blasfemaria de Deus se a prosperidade e as benesses lhe fossem tiradas. Até a esposa de Jó o incitaria: amaldiçoa a Deus e morre (Jó 2.9).

1.12 Aqui, Satanás precisa receber permissão do Senhor para estender a mão contra Jó (v. 11). Isso indica que Deus limita o poder do inimigo. Os justos podem encontrar força e segurança na certeza de que as ações satânicas são tolhidas pelo poder supremo de Deus. Depois do prólogo, Satanás não é mais mencionado diretamente no livro de Jó; é apenas um personagem secundário.

1.13-19 Em um dia Jó despencou do ápice da prosperidade para o fundo do poço. Ele deve ter sentido que céus e terras estavam conspirando contra ele. Os quatro desastres sucessivos que o atingiram foram: primeiro, o sequestro de seu gado e a morte de seus moços [servos]; depois, caiu do céu o fogo de Deus e houve a perda de seus camelos e moços; e, por fim, um grande vento destruiu sua casa e matou todos os seus filhos [jovens].

1.14-16 Os sabeus eram saqueadores nômades de Sabá (1 Rs 10.1-13). É bem provável que sua terra ficasse a sudeste da Arábia, o atual Iêmen.

1.17-19 Os caldeus faziam parte de diversas tribos semíticas ocidentais que atuavam no médio Eufrates do século 12 ao 9 a.C. Eles migraram para o leste da Assíria e posteriormente para a Babilônia. Foram os predecessores da dinastia caldeia ou neobabilônica estabelecida pelo pai de Nabucodonosor.

1.20 Por fim, a reação de Jó às atribulações entra em foco. Será que ele servia a Deus para obter vantagens pessoais, como Satanás havia insinuado (Jó 1.9)? Jó passou pelo primeiro teste com um comportamento exemplar. Ele demonstrou intensa dor (segundo os costumes da época, rasgou o seu manto, e rapou sua cabeça), mas aceitou humildemente a vontade de Deus, sem reclamar ou culpá-lo pelo seu infortúnio. Jó reconheceu a soberania do Criador sobre todas as coisas e circunstâncias, quando se lançou em terra, e adorou. O contexto indica que a atitude de Jó não foi um reflexo involuntário de desespero, mas um ato de humildade e adoração ante Deus. A resposta inicial de Jó foi um exemplo de como devemos reagir em tempos de crise. Ele não só foi um herói da fé da antiguidade, mas também um modelo a ser imitado quando nos depararmos com provações que venham a testar o vigor da nossa fé (1 Pe 1.6,7).

1.21 Tendo se lançado ao chão, Jó pronunciou palavras que eram coerentes com seu modo de ser e agir. Primeiro, fez uma avaliação realista de sua situação. Da mesma forma que adentrara o mundo nu, assim o deixaria. Então, reconheceu o domínio do Senhor sobre toda e qualquer circunstância. O nome Yahweh é empregado três vezes neste versículo para enfatizar a dependência que Jó tinha do Deus verdadeiro. Com exceção de Jó 12.9, esta é a única passagem em que ele menciona o nome divino que faz referência ao Deus de aliança. Embora não fosse israelita, vivendo em Uz séculos antes de Israel deixar o Egito, Jó adorava o mesmo Deus de Israel.

1.22 Jó fora aprovado no primeiro teste. Ele não atacou Deus nem o acusou de falta alguma por ter permitido as tragédias.

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