Interpretação de Jeremias 31

Jeremias 31 continua o tema da esperança, restauração e aliança de Deus com Seu povo, seguindo a mensagem do capítulo anterior.

O capítulo começa com uma promessa de restauração para o povo de Israel e Judá. Deus lhes garante que reconstruirá e restaurará suas terras, cidades e comunidades.

Jeremias 31 prossegue descrevendo o conceito de uma nova aliança que Deus estabelecerá com Seu povo. Ao contrário da antiga aliança, que o povo quebrou, esta nova aliança estará escrita em seus corações. Enfatiza um relacionamento pessoal e íntimo com Deus.

O capítulo contém uma mensagem de esperança e alegria. As pessoas que antes estavam em cativeiro e tristeza se alegrarão, e seu luto se transformará em alegria.

O texto continua com uma mensagem sobre a restauração de Efraim, uma das tribos do norte de Israel. O capítulo fala da misericórdia de Deus e do Seu plano para trazer o Seu povo de volta à sua terra.

O capítulo também contém uma profecia sobre o futuro retorno do povo do cativeiro. O povo voltará para sua terra com choro e súplicas, e Deus os guiará e proverá para eles.

Jeremias 31 termina com uma mensagem do amor eterno de Deus por Seu povo. O capítulo enfatiza que o amor de Deus é imutável e que Ele se lembrará e abençoará Seu povo.

Interpretação

31:1-40 Em antecipação à declaração da Nova Aliança, primeiro Israel (vs. 1-22) e depois Judá (vs. 23-30) são asseguradas do amor de Deus e do Seu propósito de tornar a reuni-las.

31:1 O propósito da Aliança Abraâmica (Gn. 17:7) finalmente será realizado. Esta é a mais alta bênção que Deus pode conceder.

31:2. Que se livrou. Que escapou. No deserto, isto é, na peregrinação de quarenta anos no deserto (Êx. 14 - Dt. 34).

31:4. Virgem de Israel. Veja observação referente a 14:17. Adufes. Os pandeiros ou tambores usados para marcar o compasso nas danças e ocasiões festivas (cons. Êx. 15:20).

31:5. Gozarão dos frutos. Os hebreus não comiam os frutos nos primeiros três anos, o fruto do quarto ano era oferecido a Deus. Mas podia ser “redimido” e comido como coisa comum (Lv. 19:23-25; Dt. 20: 6). Este versículo quer dizer que Israel se estabeleceria e viveria na terra em condições normais.

31:6 Israel também retornada ao culto puro do Senhor, que se perdeu quando da divisão do reino. Região montanhosa de Efraim era o centro do Reino do Norte. Os atalaias provavelmente davam o sinal para os peregrinos.

31:8 Terra do Norte. Cons. Introdução, O Inimigo do Norte. Das extremidades da terra. Isto parece indicar uma dispersão por todo o mundo.

31:11 Redimiu... livrou. Referências ao livramento do povo de Deus do cativeiro estrangeiro para a liberdade de sua própria terra. O uso que o N. T. (provavelmente antecipado em Is. 44:22, 23; 62:12) faz destas palavras no sentido de livramento do pecado é uma extensão muito natural do significado.

31:12 Radiantes de alegria por causa dos bens. Como na expressão inglesa: “o povo afluiu à cidade”. Cereal... linho... azeite. Símbolos da boa vida (cons. Sl. 104: 15). Jardim regado. Na Palestina que é uma terra sujeita a seca, a irrigação é a única garantia de perpétuo verdor. (Is. 58:11).

31:15-22 Raquel, a mãe de José e Benjamim, de quem as principais tribos do Reino do Norte descendiam, está sendo representada chorando pelo cativeiro de Israel; mas Deus a conforta com a promessa de sua restauração.

31:15, 16. Ramá. Uma cidade cerca de 8 quilômetros ao norte de Jerusalém, evidentemente o lugar onde os cativos eram reunidos antes de serem levados para a Babilônia (40:1). A profecia apresenta Raquel, que roga por seus filhos (Gn. 30:1) e morre de tristeza (Gn. 35:18, 19), chorando em Ramá por ver seus descendentes sendo levados. (O lugar da sepultura de Raquel é motivo de discussão.) Mateus vê o cumprimento deste versículo no Massacre dos Inocentes (Mt. 2:17, 18).

31:18, 19 Efraim faz uma oração de arrependimento. Efraim é um sinônimo de Israel.

31:19. Depois que me converti; isto é, que me afastei de Deus. Bati no peito. Sinal de grande tristeza (Ez. 21:12).

31:21, 22 O profeta adverte Israel a que se prepare para voltar do cativeiro. Postes (v. 21) para orientação. Andarás errante (v. 22), sem definição. A mulher infiel virá a requestar um homem. Esta declaração é difícil de se compreender. Comentaristas discordam muito - entre si quanto ao seu significado. É difícil saber como traduzir o verbo traduzido para requestar. A opinião que aqui vê uma profecia do nascimento virginal de Cristo é atualmente rejeitada pela maioria. A RSV traduz para “uma mulher protegerá um homem”; isto é, a frágil nação de Israel ficará forte para proteger os outros. Outros ainda, “uma mulher abraçará um homem”; isto é, a nação de Israel voltará para o seu esposo-Deus. Nenhuma interpretação jamais obteve a aceitação da maioria dos comentaristas.

31:24. Lavradores. Na antiga Palestina lavradores e pastores moravam nas cidades e saíam pelas manhãs aos campos e pastagens. Refere-se a uma situação de bastante prosperidade.

31:26. Parece que é o profeta quem fala. Mas é estranho, pois Jeremias repudiava os sonhos (23:25-28).

31:27 O cativeiro resultou na dizimação dos habitantes humanos e animais. No futuro, Deus repovoará a nação unida (Ez. 36:8-11; Os. 1:11; 2:23).

31:31-34 O conceito de uma nova aliança é a mais importante contribuição de Jeremias ao pensamento bíblico. O V. T, menciona com frequência a aliança que Deus estabeleceu com Israel (Ex. 19:3-8; 24:3-8; Dt. 29:1-29), aliança essa que foi o fundamento da vida nacional e religiosa dos israelitas. Deus torna claro, através de Jeremias, que Israel fracassou no cumprimento dessa aliança (7:21-26; 11:1-13) e prediz que Ele fará uma nova aliança com o Seu povo. A nova aliança não será uma nova lei (a velha lei continuava boa), mas produzirá um novo “coração” – isto é, dará uma nova motivação na obediência à lei de Deus. Jesus, quando instituía a Ceia do Senhor, declarou: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue” (I Co. 11:25; cons. Lc. 22:20). A epístola aos hebreus ensina que Cristo estabeleceu a nova aliança através do Seu sacrifício perfeito e final pelo pecado (Hb. 7:22; 8:7-13; 10:15-22; cons. II Co. 3:5-14).

31:31. Eis aí vêm dias. Uma fórmula escatológica. O Dia do Senhor é o que Se pretende dizer (cons. 30:7, observação).

31:32. A aliança que fiz com seus pais. A aliança feita no Sinai, renovada nas Planícies de Moabe (cons. referências no parágrafo introdutório acima). Eu os haver desposado. Isto é, eu lhes fui fiel, mesmo quando eles me foram infiéis.

31:33. No coração. A velha aliança foi escrita em pedras (Êx. 31:18). Só a nova aliança, escrita sobre o coração, podia realizar o que a velha pretendia: “Serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo” (Lv. 26:12; cons. Ez. 36:25-27).

31:34. Todos me conhecerão. Este conhecimento é íntimo, experimental, baseado sobre o perdão dos pecados.

31:35-37 A sobrevivência do povo hebreu, muito tempo após seus vizinhos terem perecido, não se explica a não ser com base no sobrenatural.

31:38. Para o SENHOR. Não mero nacionalismo; a cidade é dedicada a Deus, é santa (v. 40). Torre de Hananeel. No limite nordeste da cidade (Ne. 3:1; 12:30; Zc. 14:10). Porta da Esquina. Isto é, no limite noroeste (II Reis 14:13; II Cr. 26:9).

31:39. Outeiro de Garebe... Goa. Desconhecido; provavelmente indicam os extremos sudoeste e sudeste da cidade.

31:40. O vale dos cadáveres. O Vale de Hinom (cons. 7:31; observação). Ribeiro Cedrom é o limite leste de Jerusalém e se dirige para o Vale de Hinom. A Porta dos Cavalos parece ter sido o limite sudeste da cidade.

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