Gênesis 22 — Comentário de Matthew Henry

Gênesis 22 — Comentário de Matthew Henry

Comentário de Gênesis 22



Gênesis 22

Versículos 1,2: Deus manda Abraão sacrificar Isaque; 3-10: A fé e a obediência de Abraão ante o mandamento divino; 11-14: A provisão de outro sacrifício como substituto de Isaque; 15-19: A renovação do pacto com Abraão; 20-24: A família de Naor.

Vv. 1,2. Nunca estamos a salvo das provas. "Tentar" e "provar" no idioma hebraico são expressos com a mesma palavra. Toda prova é, sem dúvida, uma tentação, e tende a mostrar se nossas disposições são santas ou ímpias. Porém, Deus provou a Abraão, não para levá-lo ao pecado, como tenta Satanás. A fé firme costuma ser exercitada através de grandes provas, e quando lhe são feitos pedidos difíceis de serem cumpridos.

A ordem para que oferecesse o seu filho em sacrifício dá-se em uma linguagem que faz com que a prova seja ainda mais penosa; aqui, cada palavra é uma espada. Observe - Primeiro: A pessoa que deveria ser sacrificada: "Toma agora o teu filho" ; não os touros, nem os cordeiros nem um servo. Qual não teria sido a satisfação de Abraão, se pudesse oferecer o seu rebanho inteiro, ao invés de Isaque! "O teu único filho, Isaque, a quem amas". Segundo: O lugar ficava a três dias de viagem. Portanto, Abraão teve tempo suficiente para pensar no assunto e decidiu obedecer deliberadamente; Terceiro: A maneira - ofereçê-lo em holocausto; não somente matá-lo, mas fazê-lo com toda aquela pompa e cerimônia solene, com que costumava oferecer os seus holocaustos.

Vv. 3-10. O ouro jamais foi provado em um fogo tão ardente. Quem, salvo Abraão, não teria discutido com Deus? Este teria sido o pensamento de um coração fraco; porém, Abraão sabia que estava tratando com Deus, com Jeová. A fé o ensinara a não discutir, mas a obedecer. Ele tinha a segurança de que o mandamento de Deus é bom; o que Ele prometeu não pode ser quebrantado. Em relação às coisas de Deus, qualquer um que consultar a carne e o sangue, jamais oferecerá o seu Isaque a Jeová.

O bom patriarca levanta-se bem cedo e inicia a sua triste viagem. Viaja durante três dias, e Isaque o segue, estando a seu alcance! A desgraça se torna ainda mais difícil quando dura muito.

A expressão "tomaremos a vós" assinala que Abraão esperava que Isaque, sendo ressuscitado dentre os mortos, regressaria juntamente tom ele. Enquanto caminhavam juntos, Isaque fez uma pergunta muito simples a Abraão: "Meu pai! Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?". Esta era uma pergunta que, alguém poderia pensar, derreteria e calaria fundo no coração de Abraão, mais do que o cutelo no coração de Isaque. Contudo, ele já esperava a pergunta de seu filho. Então Abraão, sem ter a intenção, profetiza: "Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho". O Espírito Santo, pela boca de Abraão, parece anunciar o Cordeiro de Deus prometido por Jeová, e que tira o pecado do mundo.

Abraão dispõe a lenha para a pira fúnebre de seu Isaque e, em seguida, dá-lhe a surpreendente notícia: Isaque, tu és o cordeiro que Deus preparou! Sem dúvida alguma, Abraão o consola com as mesmas esperanças com que ele mesmo foi consolado pela fé. Não obstante, é necessário que o sacrifício seja amarrado. O Grande Sacrifício que, na plenitude dos tempos ia ser oferecido, deveria ser amarrado, e assim o foi Isaque. Feito isto, Abraão toma o cutelo e estende a sua mão para dar o golpe fatal. Eis aqui um espetáculo de fé e obediência para Deus, para os anjos e para os homens. Deus, por sua providência, às vezes nos chama a nos separarmos de um Isaque, e devemos fazê-lo com alegre submissão à sua santa vontade (1 Sm 3.18).

Vv. 11-14. Não era a intenção de Deus que Isaque fosse realmente sacrificado, ainda que, no tempo oportuno, seria derramado por causa do pecado um sangue muito mais nobre do que o dos animais, o sangue do Unigênito Filho de Deus. Porém, até então, Deus jamais havia utilizado, em outro caso, sacrifícios humanos. Foi providenciado um outro sacrifício. Este teve alguma referência ao Messias prometido, a Semente bendita. Cristo foi sacrificado em nosso lugar, como este carneiro o foi no lugar de Isaque, e a sua morte foi a nossa expiação. Observe que o templo, que era o lugar dos sacrifícios, foi posteriormente construído no mesmo monte Moriá; e estava localizado nas proximidades do Calvário, onde Cristo foi crucificado.

Foi dado um novo nome a este lugar, para alento de todos os crentes, até o final do mundo, para que alegremente confiem em Deus e lhe obedeçam. jeová-jireh, ou Jeová proverá, provavelmente em alusão àquilo que Abraão havia dito: "Deus proverá para si o cordeiro". O Senhor sempre terá o seu olhar sobre o seu povo, nas angústias e inquietações para dar-lhe a ajuda oportuna.

Vv. 15-19. Existem altas afirmações sobre o favor de Deus para com Abraão, confirmadas do pacto com Ele. Essas afirmações excedem todas as bênçãos que ele já recebera. Os que estão dispostos a separar-se do que for, por causa de Deus, ver-se-ão recompensados com vantagens indescritíveis. A promessa do v. 18 aponta para o Messias e para a graça do Evangelho. Por esta razão, conhecemos a amorosa bondade de Deus para com o homem pecador.

Nisto notamos o amor de Cristo, em que se deu como sacrifício por nossos pecados. Contudo, Jesus vive e chama os pecadores para que venham a Ele e participem de Sua salvação que foi comprada com o Seu próprio sangue. Ele convida o Seu povo redimido a regozijar-se nEle, e a glorificá-lo. Então, o que lhe daremos por todos os Seus benefícios? Que o seu amor nos constranja a viver, não para nós mesmos, mas para AquEle que morreu por nós e ressuscitou, admirando-o e adorando-o por Sua graça. Consagremos todo o nosso ser ao serviço daquEle que deu a Sua vida pela nossa salvação.

Tudo o que é para nós o mais querido na terra, é representado pelo nosso Isaque. A única maneira que temos de encontrar consolo em algo terreno é colocá-lo pela fé nas mãos de Deus. Porém, recordemo-nos de que Abraão não foi justificado por sua prontidão para obedecer, mas pela obediência infinitamente mais nobre de Jesus Cristo. A sua fé, ao confiar e regozijar-se nisto, deu-lhe a disposição e fê-lo capaz de tão admirável abnegação e dever.

Vv. 20-24. Este capítulo termina com um relato sobre a família de Naor, que havia se estabelecido em Harã. Parece ter-se incluído pela relação que possuía com a Igreja de Deus. De lá, Isaque e Jacó tomaram esposas; e anteriormente a esta lista, registram-se os relatos destes sucessos. Ainda que Abraão tenha visto a sua família sumamente honrada com privilégios, admitida no pacto e abençoada com a segurança da promessa, ele não contemplou os seus parentes com desdém, mas alegrou-se por ouvir acerca da prosperidade e bem-estar de seus familiares.

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