Gênesis 6 — Comentário de Matthew Henry

Gênesis 6 — Comentário de Matthew Henry

Comentário de Gênesis 6




Gênesis 6

Versículos 1- 7: A maldade do mundo que provocou a ira de Deus; 8-11: Noé acha a graça; 12-21: O Dilúvio é anunciado a Noé; instruções sobre a arca; 22: A fé e a obediência de Noé.

Vv. 1-7. O fato mais notável acerca do mundo antigo é a sua destruição por meio do Dilúvio. A iniquidade nos é relatada debaixo da justa ira de Deus e de sua santa resolução de castigá-la. Em todas as épocas, ao longo da história, existe uma maldição específica de Deus sobre o matrimónio entre uma pessoa que professa a verdadeira religião, e os seus inimigos declarados. o mal exemplo de um cónjuge ímpio corrompe ou fere muito o outro. A religião da família é destruída, e os filhos são educados de acordo com as máximas mundanas do progenitor que não tem o temor de Deus, se professamos ser filhos e filhas do Todo-Poderoso, não devemos nos casar sem o seu consentimento. Ele não nos dará a sua bênção, se preferirmos a beleza, a inteligência, a riqueza, ou as honras mundanas, em detrimento da fé e da santidade.

O Espírito Santo de Deus contendeu com os homens, ao enviar Enoque, Noé e, quem sabe, outros, para que a eles pregassem; esperava mostrar a sua graça apesar das rebeliões deles, a fim de despertar em suas consciências o temor e a convicção. Porém, o Senhor declarou que o seu Espírito não contenderia assim com os homens para sempre. Ele permite que eles se endureçam no pecado, e tornem-se maduros para a destruição. Isto foi por Ele determinado porque o homem é carne: não somente fraco e débil, mas carnal e depravado, ao utilizar mal os poderes nobres de sua alma para satisfazer as suas inclinações corruptas. Deus vê toda a maldade que existe entre os filhos dos homens, e eles não a podem ocultar; se não se arrependerem dela, será em breve publicamente manifestada por Ele, sem dúvida, a maldade de um povo é grande, quando os pecadores notórios são homens célebres entre eles.

Muitíssimos pecados eram cometidos em todos os lugares, e por todas as classes sociais. Qualquer um podia ver que a maldade do homem era grande; porém, Deus viu que toda imaginação, ou propósito dos pensamentos do coração humano, era de continuo somente o mal. Esta era a raiz amarga, a fonte corrupta. O coração é enganoso e perverso; os princípios, corruptos; os hábitos e as disposições são maus. As intenções e planos dos homens eram maus. Eles praticavam a maldade deliberadamente, e engenhavam a perversidade. Não havia o bem entre eles. Deus viu a maldade do homem como alguém que é ferido ou maltratado por ela. Viu-a como um terno pai contempla a necessidade e porfia de um filho rebelde e desobediente, fato que o aflige e o faz desejar não ter tido filhos.

As palavras empregadas aqui são muito notáveis; utiliza-as segundo o entendimento dos homens, e não significam que possa mudar ou sentir-se infeliz. Deus odeia deste modo o nosso pecado? E nós, não deveríamos nos afligir de coração por causa disto? Ó, que possamos contemplar aquele a quem afligimos, e lamentar! Deus se arrependeu de ter feito o homem; porém, jamais o encontramos arrependido de ter redimido o ser humano. Deus resolve destruir o homem; o termo utilizado no original tem muito impacto: "Rasparei os homens de sobre a face da terra"; assim como se varre o pó ou a sujeira de um lugar que deve estar limpo, e se lança este pó ao monte de lixo, que é o lugar apropriado para ele. Deus fala do homem como de sua própria criatura, quando decide castigá-lo. Aqueles que não correspondem com o propósito de sua vida, perdem-na. Deus tomou esta decisão sobre os homens, depois que o seu Espírito contendera durante muito tempo com eles; porém, em vão. Ninguém é castigado pela justiça de Deus, exceto aqueles que detestam ser reformados pela graça dEle.

Vv. 8-11. Noé não encontrou favor perante os olhos dos homens; eles o odiaram e perseguiram, porque, por sua vida e pregação, condenava o mundo; porém, encontrou graça perante os olhos do Senhor, e isto fez dele mais verdadeiramente honrado do que os homens de renome. Que este seja o nosso principal desejo! Esforcemo-nos, para ser aceitos por Ele. Noé manteve a sua integridade enquanto o restante do mundo era mau. A boa vontade de Deus para com Noé produziu nele esta boa obra. Noé era justo, isto é, um homem justificado diante de Deus pela fé que tinha na Semente prometida. Como tal, foi feito santo. teve princípios justos e foi justo em sua conduta. Não foi somente honesto, mas também devoto; o seu constante afã era fazer a vontade de Deus.

O Senhor olha com favor para os que o contemplam com sinceridade, pela fé. É fácil ser religioso quando a religião está na moda; porém, demonstramos a nossa fé e uma firme resolução, quando nadamos contra a corrente e posicionamo-nos ao lado de Deus quando ninguém mais o está fazendo; foi o que Noé fez. Entre os homens encontraram-se todo, os tipos de pecados. Eles corromperam a adoração a Deus. O pecado encheu a tema com violência, e isto justificava plenamente a decisão que Deus tomou de destruir o mundo O contágio se dissemina. Quando a maldade se torna geral, a ruína não está longe. Enquanto existir em uma nação um remanescente de pessoas que oram, e esvaziam deste modo a medida de pecados antes que ela se encha, os juízos podem ser amenizados; porém, quando todas as mãos ocupadas em lançar as cercas abaixo, pelo pecado, e ninguém se coloca na brecha para repará-la, o que se pode esperar além de um dilúvio de ira?

Vv. 12-21. Deus contou a Noé o seu propósito de destruir o mundo com água. A comunhão íntima do Senhor é com os que o temem (Sl 25.14). Está com os crentes, a fim de capacitá-los a entender e aplicar as declarações e advertências da Palavra escrita. Deus optou por fazê-lo com uma inundação de águas que submergiriam o mundo. Ao escolher a vara com que corrige os seus filhos, Ele escolhe a espada com que corta os seus inimigos. Deus estabeleceu o seu pacto com Noé. Esta é a primeira passagem na Bíblia sagrada em que se encontra a palavra "pacto", que nos parece significar: Primeiro - o acordo de providência: que o curso da natureza continuará até o final dos tempos; segundo - O pacto de graça no qual o Senhor será o Deus de Noé, e que de sua semente tomará um povo para si.

Deus ordenou a Noé que fizesse uma arca. Ela tinha um casco como o dos navios, para que pudesse flutuar sobre as águas, e era muito grande: Tinha a metade do tamanho da catedral de São Paulo, que está situada em Londres, na Inglaterra. Ela poderia conter mais de dezoito das maiores embarcações utilizadas em nossa época. Deus poderia ter salvado Noé sem fazer com que ele passasse por trabalhos, dores ou problemas; porém, empregou-o para construir aquilo que seria o meio para preservá-lo, como prova de sua fé e obediência.

A providência e a graça de Deus possuem e coroam o obediente e diligente. O Senhor deu a Noé ordens específicas sobre como fazer a arca, que, portanto, não podiam ser menos do que perfeitas para o seu propósito. Deus prometeu a Noé que ele e a sua família seriam mantidos vivos dentro da arca. Provavelmente, nós e as nossas famílias já desfrutamos os benefícios daquilo que fazemos por obediência a Deus. A piedade dos pais acrescenta bens a seus filhos nesta vida, e os encaminha ainda pela senda da vida eterna, se eles mesmos se esforçarem.

V. 22. A fé de Noé triunfou sobre todos os argumentos corruptos. Construir um edifício tão grande, como jamais dantes havia sido visto, e proporcionar comida para as criaturas vivas, requereria dele muita dedicação, trabalho e gastos. Os seus vizinhos iriam zombar dele. Porém, Noé superou todas estas objeções, pela fé; a sua obediência era imediata e resoluta. Tendo iniciado a construção, não a interrompeu até que a concluísse; foi assim que ele fez, e é assim que nós também devemos fazer.

Noé temeu o Dilúvio, e por isso preparou a arca. Na advertência que lhe foi dada, existe uma mensagem ainda mais solene concedida a nós: fugir da ira vindoura que varrerá os incrédulos do mundo, e os arrojará ao abismo da destruição. Cristo, o verdadeiro Noé, que nos consolará pessoalmente, já preparou a arca por seus sofrimentos e bondosamente nos convida a entrar, pela fé. Enquanto durar o dia de sua paciência, ouçamos e obedeçamos a sua voz.

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