Significado de Ester 3

Ester 3

3:1 Alguns creem que agagita refere-se ao distrito histórico de Agague dentro do Império Persa. Outros creem que esse termo vinculava a ascendência de Hamã aos amalequitas. Essas pessoas, descendentes de Esaú (Gn 36.12), eram velhas inimigas dos hebreus (Ex 17.8). Agague, rei dos amalequitas, foi capturado pelo rei Saul (1 Sm 15.8). Se Mardoqueu descendia de Saul e Hamã dos amalequitas (como acham muitos rabinos), o que se segue é a continuação de uma antiquíssima hostilidade entre suas famílias.

3:2-4 Todos os empregados do rei estavam de serviço à porta dele. Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava. Para compreender a força desse versículo, precisamos voltar ao v. 4. Ali se diz que Mardoqueu alegou aos servos do rei que era judeu. Não se sabe se a obrigação de inclinar-se seria idolatria ao homem de confiança do rei ou simplesmente um sinal ostensivo de grande respeito. Os verbos hebraicos desse trecho costumam descrever o louvar a Deus. Houve ocasiões em que hebreus se curvaram a reis ou funcionários de alto escalão (1 Sm 24.8) sem violar a proibição de falsa idolatria. Pode ser ainda que, no caso de Mardoqueu, a prostração não fosse ato religioso, e sim de honraria. Sendo judeu, Mardoqueu pode não ter conseguido prestar esse respeito a uma pessoa que era sua inimiga ancestral

3:5, 6 A recusa diária de Mardoqueu em curvar-se a Hamã deixou o funcionário com tanto ódio que ele jurou matar todos os judeus do Império Persa. A ancestralidade amalequita de Hamã explicaria esse ódio profundo.

3:7 Nisã é o primeiro mês do antigo calendário lunar, corresponde a março e abril em nosso calendário. O décimo segundo ano do reinado de Assuero foi 474 a.C. Se lançou Pur. A palavra pur foi a base para o nome da festa de Purim (cap. 9). Lançar a sorte era comum na antiguidade. O fato de a sorte ter sido lançada no início do ano para determinar a melhor época para a destruição dos judeus é típico da cultura daquela era. A religião babilônica afirmava que os deuses reuniam-se no começo de todos os anos para estipular o destino dos seres humanos.

3:8, 9 Hamã não identificou o povo no início. Ele pode ter se aproveitado do senso inato de superioridade do imperador persa sobre outros povos. Hamã agiu como se seus motivos não passassem de admissível preocupação com o bem-estar do rei. Ele deixou implícito que esse grupo anônimo era rebelde, uma ameaça real ao rei.

3:10 O anel de sinete do rei simbolizava sua autoridade. Quando ele deu esse anel a Hamã, passou a ele um símbolo da pessoa real. Isso significava que Hamã podia seguir adiante com seu plano.

3:11 Pode parecer que o rei estivesse se recusando a aceitar a prata. Porém, isso é de difícil conciliação com as palavras de Mardoqueu a Ester, em Et 4-7, e o comentário da mesma sobre estar vendida, em Et 7.4. Provavelmente, o rei estava usando o método de barganha comum à época (Gn 23:7-18).

3:12 Escribas. O rei possuía escrivãos que escreviam os documentos oficiais. Esse versículo nos dá uma imagem da abrangência do edito. Este foi dado aos príncipes das províncias, garantindo sua distribuição em todos os lugares do reino. Foi, também, vertido para as línguas de cada povo do reino. A marca do anel de sinete equivale à de uma assinatura nos dias de hoje (1 Rs 21.8).

3:13, 14 Os correios eram mensageiros reais estacionados em vários pontos situados às margens das principais estradas que transportavam as mensagens a cavalo. A conspiração para matar os judeus incluía os de todas as idades e de ambos os sexos. O mês de adar corresponde a fevereiro e março em nosso calendário (Et 3:7; 8.12).

3:15 O desdém do rei e de Hamã, que se assentaram a beber enquanto a mensagem corria o reino, dificilmente deixa de provocar uma empada no leitor em relação à situação dos judeus. O texto afirma que até os habitantes da cidade de Susã ficaram perplexos. A brutalidade severa do edito fica patente pela desconsideração demonstrada pela vida humana nessa frase. Por outro lado, a providência divina é vista com clareza no fato de que há um prazo de 11 meses até a execução do decreto.