Estudo sobre Daniel 6
VI. DANIEL NA COVA DOS LEÕES (6.1-28)
1) Uma nova administração (5.31—6.5)
5.31. Dario, o medo
continua uma personagem problemática; v. Introdução, “Daniel e a história: 4”.
Outras fontes citam Ciro como o que conquistou a Babilônia, dando-lhe em torno
de 62 anos de idade na ocasião. 6.1. Os cento e vinte sátrapas
causam um problema também, pois o número dado por registros persas e
gregos está entre 20 e 30.
Alguns autores gregos
aplicam o termo vagamente a altos oficiais em geral, um uso visto por muitos
eruditos aqui, comparando com as 127 províncias de Et 1.1, e observando o
seu lugar depois de “prefeitos” no v. 7. Nada se sabe de detalhes da
administração de Ciro. v. 2. três supervisores', essenciais na
supervisão de um grupo tão grande, v. 35. O que pesou mais do que a associação
de Daniel com o regime deposto foi a sua integridade e suas habilidades
incomuns aos olhos do rei, e isso compreensivelmente suscitou o ciúme dos
outros oficiais. A única forma de ataque deles consistia nas
convicções pessoais de Daniel, chamadas de a lei do Deus dele,
e “lei” é a palavra discutida no v. 8.
2) A conspiração (6.6-9)
O governo persa estimulava
as religiões dentro das suas fronteiras, e a dinastia adorava Ahura-Mazda,
conforme os ensinos de Zoroastro (seus descendentes atuais são os parses).
O rei tinha funções sacerdotais em virtude do seu ofício; seria necessária
a intervenção de altas autoridades para modificar a norma. Por isso, os
inimigos de Daniel agiram com muita astúcia. Eles lisonjearam o rei ao
evitar que qualquer pessoa fizesse um pedido que não fosse por intermédio
dele, produzindo assim uma demonstração da autoridade dele em todas as
esferas; os seus delegados seriam impotentes, como também os seus
sacerdotes, sendo o rei o único mediador com o céu. Um prazo de 30 dias seria tempo
suficiente para os conspiradores, e tornaria a proposta mais aceitável ao rei,
pois não se estaria introduzindo um costume novo. Nesse período, o
decreto seria obrigatório conforme a lei dos medos e dos persas, que
não pode ser revogada. O uso de uma palavra persa para “lei”, dat,
pode sugerir um conceito novo, talvez essa qualidade da irrevogabilidade;
ela já foi usada acerca da lei de Deus (v. 5) e do decreto de
Nabucodonosor (2.9 etc.), e é regularmente usada em Esdras e Ester.
Recentemente, essa palavra foi encontrada numa inscrição aramaica pela
qual o sátrapa da Lícia estabeleceu uma nova religião, conferindo às
suas orientações o status de lei.
3) A execução (6.10-18)
Sem se intimidar, Daniel
continuou as suas devoções diárias de oração e adoração. Os seus inimigos
observaram isso e o acusaram, suprimindo todos os seus aspectos positivos,
destacando a sua origem de exilado estrangeiro. Dario percebeu que eram
inflexíveis. Comentaristas citam um relato de Dario III que sentenciou um
homem à morte: “imediatamente ele se arrependeu e se culpou por ter
cometido um grande erro, mas não era possível desfazer o que havia
sido feito por autoridade real” (Diodorus Siculus, Histórias
17.30). Tudo o que o rei podia fazer era esperar que o objeto da fé e das
convicções de Daniel demonstrasse o seu valor, v. 16. cova dos leões-,
os animais eram mantidos para que os reis pudessem caçar e
matar, demonstrando assim o seu poder régio. E provável que a cova tenha
sido uma caverna com uma pequena abertura no topo para introduzir o
alimento etc. e um alçapão num ponto mais abaixo para a saída dos leões, com
uma pedra [...] o rei a selow. o rei e seus
oficiais estavam envolvidos, de modo que ninguém poderia interferir.
4) A vindicação (6.19-28)
A simpatia do rei
por Daniel o dominava; se Daniel estava seguro, seria somente pelo poder do
Deus vivo (v. 20). v. 21. A resposta educada de Daniel é quase
irônica: Daniel estava vivo, apesar do édito do rei, em virtude da
intervenção do seu Deus; somente ele poderia dar vida longa aos vivos! v.
22. fui considerado inocente', de forma nenhuma, ele foi
desleal ao rei, pois, ao recusar uma ordem errada, estava servindo bem ao
rei. v. 24. Os acusadores foram castigados na forma que tinham maquinado
para Daniel, os homens podem ser todos ou alguns dos
120 sátrapas; junto com as suas mulheres e os seus filhos está
em concordância com a prática dos registros persas; a família é quem mais
pode se beneficiar das atividades de um criminoso, e é a mais propensa a
imitá-lo (cf. Et 9.7-10; Js 7.24-26). v. 26,27. O novo decreto de
Dario faz eco ao de Nabucodonosor em 4.3,34,35, colocando o Deus de Daniel
acima de todos os outros com base na experiência. permanece
(aram. qayyãm) mais tarde se tornou um título comum para Deus em
círculos judeus e samaritanos. Ironicamente, a palavra aramaica está
associada ao conceito de “estabelecer”, usado nos v. 8 e 15 a respeito
do édito real que Deus acabara de derrubar, v. 28. Dario [...]
Ciro: apresenta uma dificuldade histórica tratada na Introdução, “Daniel
e a história: 4”; talvez seria melhor ler ”Dario, isto é, o reinado de
Ciro” (nota de rodapé da NVI).Índice: Daniel 1 Daniel 2 Daniel 3 Daniel 4 Daniel 5 Daniel 6 Daniel 7 Daniel 8 Daniel 9 Daniel 10 Daniel 11 Daniel 12