Interpretação de Romanos 10

Romanos 10

Romanos 10 continua a explorar temas relacionados com a fé e a justiça, particularmente no contexto da salvação e da mensagem do evangelho. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Romanos 10:

1. O Zelo de Israel: Paulo começa expressando sua profunda preocupação pela salvação de seus companheiros israelitas. Ele reconhece o zelo deles por Deus, mas observa que não se baseia no conhecimento. Apesar do seu fervor religioso, muitos não aceitaram a justiça que vem de Deus através da fé em Jesus Cristo (Romanos 10:1-4).

2. Justiça pela Fé: Paulo sublinha que a justiça é obtida pela fé em Cristo, não pelas próprias obras ou esforços para cumprir a lei. Ele contrasta a justiça que vem através da fé com a justiça própria daqueles que procuram estabelecer a sua própria justiça através da lei (Romanos 10:5-10).

3. A Confissão de Fé: Paulo enfatiza a importância de confessar Jesus como Senhor e crer de coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos. A confissão e a crença são componentes-chave da fé, conduzindo à justiça e à salvação. Esta confissão não se limita a palavras, mas reflete um compromisso genuíno de coração com Jesus como Senhor (Romanos 10:9-10).

4. A Universalidade do Evangelho: Paulo sublinha que a mensagem do evangelho não se limita aos judeus, mas destina-se a todas as pessoas. Ele cita o profeta Joel para destacar que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Esta inclusão sublinha o desejo de Deus de que a salvação se estenda tanto aos judeus como aos gentios (Romanos 10:11-13).

5. A Importância da Pregação: Paulo destaca o papel crucial da pregação no processo de salvação. Ele pergunta retoricamente como as pessoas podem acreditar em alguém de quem nunca ouviram falar e como podem ouvir sem que alguém lhes pregue. Ele ressalta a importância de enviar mensageiros para proclamar o evangelho a todas as nações (Romanos 10:14-15).

6. A fé vem pelo ouvir: Paulo cita Isaías para enfatizar que a fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo. Isto sublinha o poder transformador da mensagem do evangelho quando é proclamada e ouvida, levando os indivíduos à fé em Cristo (Romanos 10:16-17).

7. A Rejeição de Israel e a Inclusão dos Gentios: Paulo reconhece que nem todo Israel aceitou a mensagem do evangelho. Muitos o rejeitaram. Contudo, ele também salienta que os gentios, que originalmente não eram povo de Deus, foram incluídos no plano de salvação de Deus. Esta inclusão é um cumprimento da promessa de Deus de estender a salvação a todos os que creem (Romanos 10:18-21).

Em Romanos 10, Paulo continua a enfatizar a centralidade da fé em Cristo para a justiça e a salvação. Ele aborda a questão da rejeição do evangelho por parte de Israel, ao mesmo tempo em que enfatiza a oferta universal de salvação a todos os que creem. O capítulo sublinha a importância de confessar Jesus como Senhor e o papel da pregação em levar as pessoas à fé. Serve como um lembrete de que a salvação está disponível para todos, independentemente da sua origem, através da fé em Jesus Cristo.

Interpretação

10:1 Novamente o apóstolo expressa sua preocupação com o seu povo. Em lugar de por Israel (E.R.C.) os melhores textos trazem a favor de. Paulo orava em favor deles para sua salvação – isto é, para que eles se apropriassem dessa salvação.

10:2 Seu zelo por Deus não se apoiava no conhecimento – não com (verdadeiro) entendimento (Arndt, epignosis, pág. 291).

10:3 Nas mentes dos leitores judeus naturalmente surgiria uma nova pergunta: Por que tantos de Israel rejeitaram, apesar de possuírem o pacto da circuncisão por sinal de que eram membros do povo eleito de Deus? Paulo responde: Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Nesse versículo há dois contrastes. Primeiro, os israelitas procuraram estabelecer sua própria justiça. Observe a sua autoconfiança.

Segundo, eles não se sujeitariam ao que Deus tinha providenciado – suas vontades eram inflexíveis. Tendo tropeçado na pedra de tropeço (Cristo), nada sabiam do dom divino da justiça.

10:4 Neste versículo duas coisas foram acentuadas: 1) o que Cristo é; 2) quem é beneficiado pelo que Cristo é. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. A palavra fim – telos parece combinar as ideias de ambos, alvo e término (veja Arndt, telos, 1, a.b.c., pág. 819). Não podemos dizer simplesmente que Cristo é o alvo e o término da Lei. Antes, Ele é o alvo e o término da Lei no que se refere à justiça. Antes de Cristo vir, os crentes em Deus estavam em tensão. Isto é, eles tinham a promessa de vida na condição de viver da maneira inatingível.

10:5 Embora Paulo, ao citar Moisés, modifica um pouco Lv. 18:5, tanto nos textos hebraico e grego, ele apresenta substancialmente o sentido do versículo.

O homem que praticar a justiça decorrente da lei (da justiça exigida pela lei) viverá por ela (pronome feminino, referindo-se à justiça). No texto grego em Lv. 18:5 o crente judeu recebe a ordem de guardar todas as ordenanças e juízos. Embora aquele que confiava em Deus se esforçasse ao máximo para cumprir a justiça exigida pela Lei, tinha também consciência de seus fracassos. Essa inconsistência causava tensão. Por isso os que eram fiéis faziam ofertas pelos seus pecados e transgressões. Por este motivo, o crente judeu não podia aceitar Lv. 18:5 como garantia legalista da vida eterna, mas apenas como uma promessa de Deus envolvendo a comunhão do homem com Ele. Ele não o aceitava como uma prescrição legalista. Fazê-lo tornaria a tensão intolerável. Cristo quebrou essa tensão. Com a Sua vida e morte revelou a perfeita justiça de Deus, oferecida pelo Pai com base na fé no Filho. Esse era o alvo para o qual a Lei apontava. Ele acabou com a tensão produzida pela promessa de vida ao homem, que fizesse o que o homem não podia fazer. Uma vez que o homem não podia viver de acordo com as exigências divinas, a salvação sob a Velha Aliança, como também sob a Nova Aliança, tinha de ser pela fé.

Em Rm. 10:6-8 Paulo cita Dt. 30:12-14, entremeando com seus próprios comentários e frases. No V.T., na passagem citada, o pronome oblíquo “o” nas perguntas referentes ao subir e descer para trazê-lo aos homens, refere-se ao mandamento de “amar o Senhor Deus”. Foi esse mandamento de Deus que estava no coração e boca dos israelitas.

10:6, 7 Mas Paulo toma a linguagem de Deuteronômio e a aplica à justiça que vem da fé, Ele se refere ao subir e descer de Cristo.

10:8 A palavra que está na boca e no coração é a declaração da fé. Paulo não está dizendo que Moisés, em Deuteronômio, previsse que a justiça viria pela fé. Antes, ele diz: “A justiça que é pela fé diz assim” (10:6). A compatibilidade de ambas as alianças mostra-se pelo fato, de que esta justiça se encaixa na linguagem do N.T.

10:9 Confissão com a boca e crença no coração refere-se às reações interna e externa do crente. Sua convicção interior precisa de expressão exterior. Quando ele confessa que Jesus é o Senhor, ele está declarando a divindade de Cristo e a Sua exaltação, e o fato de que ele, o crente, lhe pertence. A crença de um homem na Ressurreição, prova que ele sabe que Deus agiu e triunfou na cruz. Um homem que confessa que Cristo é o Senhor e tem essa crença ou convicção alcançará a salvação.

10:10 Esta confiança ou crença é uma atividade constante e refere-se à justiça; a confissão é também uma atividade constante e refere-se à salvação. Estas verdades, confessadas e cridas, são convicções constantes e duradouras.

10:12 Uma vez que tal confissão e crença são essenciais para a salvação, a próxima declaração de Paulo toma-se pertinente e quase auto-evidente. Na questão da consecução da salvação, não há distinção (diferença) entre judeu e grego. Cristo é o mesmo Senhor de todos, rico (e generoso) para com todos os que o invocam. Os escritores do N.T. fizeram do nome Senhor (kyrios) um dos seus títulos favoritos ao se referirem a Jesus (veja Arndt, kyrios, 2. c., págs, 460, 61; Foerster, TWNT, III, 1087 94). Paulo toma a citação do V.T. que fala de Jeová como o Senhor e aplica o termo a Jesus (cons. vs. 13 e 12). Invocar o nome do Senhor significa invocar Jesus. Assim, orar a Jesus está explicitamente recomendado por esta linguagem.

10:14, 15 A ligação que existe entre a justiça da fé e o objeto da fé é simples. A crença no objeto da fé (Cristo) produz a justiça da fé, no crente. Quando os homens confiara em Cristo, invocara o Seu nome. Isto leva Paulo a indagar sobre a invocação do nome do Senhor. Não pode haver invocação sem crença ou confiança. Não pode haver crença ou confiança, sem ouvir. Não pode ouvir sem que haja pregação. Não haverá pregação se os pregadores não forem enviados. Observe que a pregação de Deus aos homens começa pela delegação dos mensageiros. Então por meio da pregação, do ouvir e confiar, os homens são levados a invocar o nome do Senhor. A beleza dos pés dos mensageiros refere-se, à presteza deles em levarem as boas novas. A citação de Is. 52:7 refere-se à notícia levada pelos mensageiros, de que Jeová redimiu Jerusalém. Paulo aplica estas palavras às boas novas sobre Cristo – o Evangelho.

10:16 Embora as boas novas fossem proclamadas; isto não significa que os ouvintes obedeçam às boas novas. Paulo cita [saías perguntando: “Senhor, quem ouviu a nossa pregação?” (cons. Is. 53:1).

10:17 O apóstolo tira a conclusão de que a fé vem da pregação (das coisas ouvidas). E a pregação tem de ser pela palavra (ordem, mandamento, direção) de Cristo. Uma tradução diz Deus, mas os melhores manuscritos trazem Cristo.

10:18 Uma vez que Israel teve ambos, os mensageiros que proclamam as boas novas e as próprias boas novas, por que os judeus não obedeceram? O apóstolo trata das duas desculpas que possam ser apresentadas. Porventura não ouviram? Sim, ouviram muito bem. Ele cita Sl. 19:4, o qual originalmente tratava da proclamação universal da glória e poder de Deus pelas obras da natureza. Ele aplica as palavras deste salmo ao Evangelho – Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo. A segunda desculpa trata de uma falha de conhecimento.

10:19 Porventura não terá chegado isso ao conhecimento de Israel? Sim, soube muito bem. Moisés foi o primeiro a dizer, que Deus usaria uma nação ou gente falta de entendimento para tomar os judeus ciumentos e irados (cons. Dt. 32:21). Os judeus, além de ouvirem a mensagem sobre Cristo, sabiam também que Deus se ocuparia de outras gentes além deles mesmos.

10:20 Paulo cita o profeta Isaías afirmando isto (Is. 65:1, 2). Na verdade, os dois versículos citados de Isaías referem-se ao Israel desobediente. Mas em Rm. 10:20, o escritor aplica Is. 65:1 aos gentios. Em Rm. 10:21 ele aplica Is. 65:2 a Israel. Aplicando a linguagem de Is. 65:1 aos gentios é o mesmo que aplicar Os. 2:23 e 1:10 (cons. Rm. 9:25, 26) a eles. O apóstolo representa Deus dizendo aos gentios: Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim.

10:21 Em contraste, o Senhor implora a Israel – Ele estendeu suas mãos a um povo rebelde e contradizente.

Índice: Romanos 1 Romanos 2 Romanos 3 Romanos 4 Romanos 5 Romanos 6 Romanos 7 Romanos 8 Romanos 9 Romanos 10 Romanos 11 Romanos 12 Romanos 13 Romanos 14 Romanos 15 Romanos 16