Interpretação de Jonas 3
III. Pregando. 3:1-10.
A. A Segunda Ordem do Senhor. 3:1, 2. Agora que Jonas
tinha se submetido a Deus, estava pronto para servir. A segunda ordem foi quase
idêntica à primeira (1:2). O conteúdo da proclamação seria dado mais tarde ao
profeta.
B. Apresentando a Mensagem. 3:3, 4.
Desta vez a receptividade de Jonas foi imediata.
Seguindo a trilha das caravanas até a região superior do Rio Tigre, chegou ao
complexo conhecido por a grande cidade de Nínive (v. 2), tendo sido
orientado em sua viagem pelo Senhor.
3. Nínive era. Alguns têm defendido que o verbo hebraico traduzido
para era está no tempo passado puro, o que dá a idéia de que no momento
da história a cidade já fora destruída. Sabemos que a destruição da cidade
ocorreu em 612 A.C. A língua hebraica não tem um tempo passado verdadeiro, e na
realidade nem tem tempos em seu sistema verbal. O aspecto "perfeito"
do verbo pode às vezes ser traduzido para um tempo passado, mas o seu sentido é
muito mais amplo. A forma "perfeita" também pode indicar um ato (tal
como fundar uma cidade) que se estendeu à existência. Conseqüentemente, tido o
que se pretende aqui é o seguinte: Nínive existia nos dias de Jonas como uma
cidade. E de três dias para percorrê-la. Antigamente uma cidade não
compreendia apenas a área construída, mas também o seu território e vilas ou
cidades dependentes (veja comentários sobre 1:2). A frase descritiva talvez se
refira à circunferência deste complexo, isto é, cerca de 96 à 112 quilômetros.
Por outro lado, a expressão talvez seja apenas um paralelismo idiomático de
"aquela grande cidade".
4. Começou ... a percorrer ... caminho de um dia. A declaração não quer dizer que Jonas
completou a viagem de um dia antes de começar a pregar; quer dizer que ele
começou a pregar no começo de sua visita a Nínive. A viagem de um dia em campo
aberto era cerca de 32 quilômetros, mas em uma área desabitada o curso de tal
viagem naturalmente não era em linha reta mas dava voltas por entre os mercados
e vielas. Ainda quarenta dias. A mensagem de Jonas era curta, e à primeira
vista parecia ser incondicional. Era um grito de desgraça e calamidade.
C. O Arrependimento de Nínive. 3:5-9.
1) Em Saco e Cinzas. 3:5, 6.
5. Os ninivitas creram em Deus. O povo de Nínive aceitou as palavras de
Jonas como uma mensagem de Deus e ficou grandemente preocupado com o perigo que
corria. Quando agrupados, os semitas sempre foram facilmente influenciáveis, e
um homem com a aparência de Jonas clamando solitário, provavelmente atraiu as
multidões e as perturbou profundamente. As reações populares ainda são comuns
no Oriente Médio. Aqui, sem dúvida, sua tendência natural foi reforçada pelo
Espírito de Deus. Proclamaram um jejum. Em tempos de perigo era
considerado coisa apropriada recusar-se a alimentação e devotar-se
integralmente às súplicas diante dos deuses até que o perigo passasse. Vestiram-se
de panos de saco. O pano de saco era considerado como símbolo de humildade
e completa dependência de Deus. Era uma roupa feia e rústica que não servia
para vestimenta normal.
6. Rei de Nínive. Não o imperador do império assírio mas o governador
da cidade-estado. Ele também tomou parte no jejum para torná-lo oficial. Tendo
se vestido de pano de saco com os outros, começou a implorar misericórdia. Assentou-se
sobre cinza (cons. Jó 2:8; Jr. 6:26; Mq. 1:10). Maneira pitoresca de
declarar que o homem nada é diante do grande perigo.
2) O Decreto do Rei. 3:7-9.
7. E fez-se proclamar . . . mandado do rei. A receptividade do povo foi transformada
em um ato do estado. Coisa comum entre os povos semitas tem sido a inclusão dos
animais em seus jejuns e lamentações. Pode parecer estranho aos ocidentais que
os gritos dos animais famintos fossem intencionalmente acrescentados aos do
povo; mas os orientais consideravam-nos coisa essencial às súplicas eficazes.
8. Sejam cobertos . . . os animais. Colocando pano de saco sobre os animais
também, os ninivitas simbolizaram a união entre o homem e a natureza na
humilhação e nas orações. E se converterão . . . do seu mau caminho. Como
acontece em momentos de perigo, as pessoas que doutro modo parecem
completamente indiferentes ficam muito cônscias de suas maldades – um triste
comentário sobre a falta de gratidão do homem para com as bênçãos divinas em
bons tempos. Da violência. O povo da Assíria era conhecido por sua
crueldade para com outros povos, especialmente os prisioneiros de guerra. Os
ninivitas foram despertados em suas consciências para perceberem que o modo de
tratarem outros estava para desencadear o desastre sobre eles.
9.
Voltará Deus e se arrependerá. Estes dois verbos não
significam que os ninivitas pensassem que Deus fosse instável. Indicam que
esses pagãos criam que o maior desejo do Senhor era salvá-los e não
destruí-los. A palavra arrependerá, quando usada para com Deus, não
indica tristeza pelo pecado. Antes aponta para uma decisão da parte de Deus de
mudar o Seu método de lidar com Suas criaturas. O total repúdio do pecado da
parte do homem é agradável a Deus e em resposta Ele derrama graciosamente o Seu
amor.