Significado de Tito 1

Significado de Tito 1

Significado de Tito 1


Tito 1
1.1-4 — O formato padrão para iniciar cartas gregas (1) identifica Paulo como o remetente, (2) nomeia Tito como o destinatário e (3) apresenta uma breve saudação. Ao identificar-se, Paulo ressalta o objetivo de seu apostolado de uma forma que torna esta introdução mais detalhada e solene do que as das epístolas a Timóteo.

1.1 — Neste versículo, Paulo introduz o tema do livro, as boas obras, com o termo piedade. Boa obra, boas obras ou obra aparecem oito vezes nesta epístola (duas vezes no v. 16, além de serem mencionadas nas seguintes passagens: Tt 2.7,14; 3.1,5,8,14). Pelo menos duas outras expressões fazem paralelo com o tema das boas obras: sérias no seu viver (Tt 2.3) e ornamento da doutrina de Deus (v.10). Nem a verdade nem a fé significam isolar-se do trabalho prático da vida cristã.

1.2 — A expressão não pode mentir traduz uma única palavra grega que significa verdadeiro ou livre de todo engano. A salvação que o Altíssimo prometeu a todos nós que conhecemos Seu Filho será concretizada. Ele é fiel às Suas promessas. A primeira ação disciplinar de Deus registrada contra a igreja foi por motivo de mentira (At 5.3). Um dos indícios dos últimos tempos é a hipocrisia de homens que falam mentiras (1 Tm 4.2). Não costumamos levar a mentira tão a sério quanto os pecados sexuais, mas o Senhor sabe que, se a palavra do homem não é digna de confiança, então nada mais importa.

1.3 — O termo grego traduzido como pregação significava uma mensagem proclamada por um arauto público. Paulo dá ênfase à mensagem, e não ao mensageiro. Os cristãos devem sempre pôr Cristo em destaque, porque Ele — e nenhum outro pastor — éoCentro de nossa fé (1 Co 9.16; 2 Co 4-5). O poder está na veracidade do que é pregado: as boas-novas de que Cristo nos salvou dos nossos pecados (Rm 1.15,16; 1 Co 2.4). Que me foi confiada. A incumbência de um rei é um ato definitivo e oficial, que dá à pessoa uma missão e a autoridade para cumpri-la. A incumbência de Paulo, como secretário imperial de Deus, era transmitir a mensagem da salvação.

1.4 — Verdadeiro filho. Nascido legitimamente, Tito era mais uma pessoa que Paulo havia convertido — uma ocorrência maravilhosa. A fé comum. A fé tida em comunhão. Graça, misericórdia e paz- Essa era a saudação costumeira de Paulo nas epístolas pastorais.

1.5-9 — Paulo orienta Tito a indicar líderes para as igrejas de Creta, os quais deviam ter sua vida familiar em ordem (v.6), evitar os vícios apresentados no v. 7 e cultivar as virtudes mencionadas no v.8. Seu ministério devia ensinar fielmente a verdade do evangelho (v.9).

1.5 — Restam indica que a organização das igrejas de Creta estava incompleta devido à pequena duração da visita de Paulo, o qual identifica deficiências em três áreas específicas: (1) falta de organização nas igrejas (v.5-9); (2) falsos mestres sem ninguém para enfrentá-los (v. 10,11; 3.10,11); (3) necessidade de ensino da doutrina e de habilidades para a vida prática (2.1-10; 3.1,2). Tito foi deixado ali para pôr em boa ordem tais deficiências. O primeiro passo dele para concluir essas tarefas foi estabelecer presbíteros em cada cidade (At 14-23). Ao que parece, naquela época, havia diversos líderes para cada igreja, em vez de um principal. As palavras presbítero e bispo (literalmente, supervisor) em grego parecem ter sido usadas alternadamente por Paulo (v.7). Presbítero talvez se refira mais ao cargo e à sua autoridade, enquanto bispo trate mais da função da pessoa e do ministério da supervisão (At 20.17).

1.6 — Irrepreensível significa não ter nada que possa servir de base para acusar a a conduta de alguém (1 Tm 3.2). Esta deve ser a principal característica do presbítero. No entanto, Paulo define melhor esta irrepreensibilidade com outras 16 qualidades, as quais fazem parte de três áreas: vida familiar (v.6), vida pessoal (v.7,8) e crenças doutrinárias (v.9). O contraste entre o comportamento irrepreensível dos presbíteros da igreja e o comportamento vil dos falsos mestres deveria ficar claro para todos (v.10-16).

A expressão marido de uma mulher só se encontra nas epístolas pastorais (1 Tm3.2,12; 5.9). Seu sentido exato é controverso. O apóstolo pode estar proibindo um polígamo, um homem divorciado ou casado pela segunda vez, ou um homem conhecido por sua infidelidade à mulher. Seja qual for o significado exato desta expressão, Paulo está claramente ressaltando, como Jesus fizera (Mt 19.5), a importância da fidelidade conjugal. O casamento reúne o homem e a mulher numa só carne. Filhos fiéis. Este homem não só precisava ter um bom relacionamento com sua esposa, como também devia ter filhos que demonstrassem fidelidade a Deus. Se um pai tem filhos que rejeitam os caminhos do Senhor, isso se reflete na sua capacidade de guiar outras pessoas que não façam parte do seu lar. Esta regra valeria para crianças que ainda não chegaram ao termo de seu crescimento, e não, provavelmente, para filhos adultos.

1.7-9 — O presbítero não devia ser soberbo, e, sim, temperante. Se só pensasse no seu lado, como os falsos mestres de Creta (v.10-16), não teria o caráter necessário à promoção das boas obras e da sã doutrina entre os cristãos. Convencer significa censurar de forma tal a produzir arrependimento e confissão do pecado (Jo 16.8). Censurar pode ter resultados positivos e mudar a vida do homem.

1.10-16 — Os líderes devem ser nomeados (v.5'9), para que impeçam os falsos mestres de disseminarem uma doutrina imoral.

1.10,11 — Muitos desordenados. Nestes versículos, Paulo trata das características dos falsos mestres, cujos ensinamentos iam de encontro à verdade e estavam minando a autoridade dos líderes da igreja.

Os da circuncisão. Ao que parece, havia judeus cristãos nas igrejas de Creta que estavam limitando a liberdade dos cristãos gentios, exigindo que obedecessem às leis judaicas (Gl. 3).

1.12 — Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos. Aqui, Paulo cita o poeta cretense Epimênides, que escreveu tais palavras por volta de 600 a.C. O povo de Creta tinha tanta fama de mentiroso no mundo mediterrâneo que a expressão cretanizar significava mentir. Paulo estava comparando a reputação daqueles habitantes com a de Deus. O Senhor é incapaz de mentir (v.2).

1.13 — Este testemunho é verdadeiro. Paulo os confirma como fatos e diz: repreende-os severamente. Não era ocasião para timidez. Agir severamente (gr. apotomôs) quer dizer interromper abruptamente. Para que significava que o objetivo da reprimenda era fazer com que o cristão fosse são ou saudável na fé. Repreende-os tem sentido não vingativo, mas curativo, como sempre deve ser.

1.14 — A palavra fábulas sempre é usada em contraste à doutrina cristã (1 Tm 4-6,7). Essas fábulas judaicas deviam ser lendas sobre figuras do Antigo Testamento, como algumas que sobrevivem até hoje em escritos não bíblicos. Tal especulação não só contrariava a verdade, como também minava a fé (v.13). Mandamentos de homens. As normas que provêm da falsa doutrina são contrapostas às boas obras (v.16) que devem proceder da doutrina sã (veja exemplos de fábulas e mandamentos do homem em Marcos 7.1-16).

1.15 — Neste versículo, Paulo destaca o equivocado ascetismo dos falsos mestres cretenses, que haviam apontado certas práticas e alimentos como impuros quando, na verdade, seus espíritos que eram contaminados e infiéis. Por outro lado, todas as coisas são puras para os puros. Como os cristãos de Creta haviam depositado sua confiança em Cristo e se voltado para Ele, teriam o poder do Espírito de Deus para viver de forma pura. Jesus ensinou o mesmo princípio em Mateus 15.11. Nem objetos físicos, nem práticas externas aviltam a pessoa; o que a corrompe completamente é uma mente voltada para o mal. Embora geralmente os cristãos de hoje não se preocupem em cumprir ritos judaicos, o princípio ainda se aplica. Temos de preocupar-nos mais em renovar nossa mente e concentrá-la em Jesus do que em observar uma lista de regras sem fundamento bíblico.

1.16 — Confessam... mas. A confissão e a prática não devem ser contraditórias, pois a fé e as obras precisam andar juntas. A fé verdadeira produz obras verdadeiras. Reprovados são aqueles que são testados, mas não passam.


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