Significado de Hebreus 2

Hebreus 2

Hebreus 2 enfatiza a humanidade e a divindade de Jesus Cristo enquanto adverte contra a negligência da salvação oferecida por meio dele. O capítulo abre com um apelo a prestar atenção à mensagem de salvação proclamada por Jesus e pelos apóstolos. Sublinha a autenticidade da mensagem evangélica, confirmada por sinais e prodígios.

O capítulo destaca a encarnação de Jesus, onde Ele assumiu a forma humana para se identificar totalmente com a humanidade. Ao fazer isso, Ele experimentou as fraquezas, lutas e sofrimentos humanos. O propósito de Jesus nisso era provar a morte para todos, proporcionando redenção e reconciliação entre Deus e a humanidade por meio de Sua morte sacrificial na cruz.

Depois de Seu sofrimento, Jesus ressuscitou dos mortos e foi exaltado à mais alta posição, sentado à direita de Deus. Como o “capitão” ou “autor” de nossa salvação, Ele preparou o caminho para a redenção dos crentes, a quem chama de Seus irmãos e irmãs.

O capítulo apresenta Jesus como o compassivo e fiel Sumo Sacerdote que intercede em nome dos crentes diante de Deus Pai. Por meio de Sua morte sacrificial e ressurreição, Jesus quebra o poder da morte e liberta os crentes do medo de suas consequências.

Em termos gerais, Hebreus 2 enfatiza a importância da humanidade de Jesus e Seu papel como o compassivo Sumo Sacerdote e Salvador. Exorta os crentes a manterem-se firmes em sua fé, reconhecendo a singularidade e a eficácia da obra sacrificial de Cristo para a salvação de todos os que creem nEle.

Comentário de Hebreus 2

Hebreus 2.1 O autor emite a primeira de cinco exortações (Hb 2.1-4; 3.1—4-16; 5.11—6.20; 10.19-39; 12.1-29). Nós, cristãos, temos ouvido o Senhor Deus, porque ouvimos a mensagem do evangelho. A majestade de Deus requer que ouçamos com toda a atenção o que Ele nos diz.

Desviar. O público destinatário da epístola era certamente marcado, em grande parte, por imaturidade e negligência espiritual (Hb 5.11,12).

O autor alerta seus leitores para que não sejam levados pela opinião popular dos que os rodeiam; deveriam, pelo contrário, apegar-se às palavras de Cristo, por serem as palavras de Deus. E fácil se deixar levar pela corrente. Lembre-se de como foi fácil para o justo Ló se afastar de Abraão e dirigir seus olhos para Sodoma. Estamos todos expostos continuamente às correntes de opinião, aparentemente razoáveis e confortáveis, se comparadas à tarefa de lutar contra a correnteza, tendo os olhos voltados para o nosso Comandante (Rm 12.12).

Hebreus 2.2 A palavra falada pelos anjos. Deus entregou a Lei a Moisés por intermédio de Seus anjos (Dt 33.2; At 7.38,53; G1 3.19). A desobediência ou obediência à Lei era punida ou recompensada. Em Hebreus 12.5-11, tal disciplina é discutida detalhadamente (Dt 28—30). Se a pessoa transgredisse a Lei, sua punição não era a perda da justificação ou regeneração, mas sim das bênçãos temporais e ela era disciplinada. Compare Deuteronômio 28—30 com Hebreus 12.5-11.

2.3 Como escaparemos. Se o povo que ouviu a mensagem entregue pelos anjos era justamente punido quando desobedecia à Lei, como acham os cristãos que podem escapar da punição se negligenciarem a mensagem, maior ainda, entregue pelo mais importante Mensageiro, o Filho? O pronome nós é referido cinco vezes nos versículos 1 a 3. O autor adverte a nós, cristãos, incluindo a si mesmo, sobre o erro de descuidarmos da salvação e perdermos a oportunidade de reinar com Cristo.

A grande salvação (Fp 2.12,13) não se refere, aqui, propriamente, à justificação, já que, no caso, a salvação começou a ser anunciada pelo Senhor. A justificação é apresentada desde o Antigo Testamento (Gn 15.6), mas é o Senhor Jesus quem primeiro fala a respeito de Seus seguidores herdarem o Seu Reino e reinarem com Ele (Hb 2.10; Lc 12.31,32; 22.29, 30).

Pelos que a ouviram. O autor inclui a si mesmo entre aqueles que não ouviram do Senhor pessoalmente a respeito da salvação. O fato de a terceira geração ter tido a mensagem confirmada pela segunda geração, a qual, por sua vez, ao que parece, realizou milagres, indica que muitos milagres podem ter cessado na terceira geração. O tempo verbal de confirmada, no passado, pode levar a essa suposição. Os primeiros leitores podem até ter presenciado milagres, mas não os ter realizado.

Hebreus 2.4 Sinais e maravilhas se referem aos milagres realizados pelo Espírito Santo por intermédio do Senhor e de Seus apóstolos, em cumprimento das antigas promessas relativas à vinda do Messias (At 2.22,43; 4-30; 5.12; 6.8; 14.3; 15.12; 2 Co 12.12).

Hebreus 2.5 O autor retorna ao tema do capítulo 1: o Filho é superior aos anjos. De que conecta esta passagem com Hebreus 1.4-14, como indicam a menção dos anjos e a alusão ao Salmo 110 (v. 8), neste versículo. O mundo futuro é o Reino futuro do Filho e de Seus companheiros (Hb 1.9) na terra.

Hebreus 2.6-8 Como se a humanidade do Filho pudesse representar um aparente empecilho para a declaração de Sua superioridade, o autor de Hebreus cita o Salmo 8, uma reflexão lírica sobre Gênesis 1, para provar que Deus colocou a humanidade acima de toda a criação, o que inclui o mundo angelical.

Hebreus 2.8 Mas agora. O domínio dos seres humanos sobre a criação de Deus foi adiado por causa do pecado (v. 15). A conivência da humanidade com Satanás levou-a a entrar em conflito com Deus. Ainda não indica que essa demora, porém, é apenas temporária.

Hebreus 2.9 Os seres humanos dominarão a criação, mas mediante Jesus Cristo.

Vemos, porém [...] aquele Jesus. O autor usa o nome humano de Cristo, Jesus, pela primeira vez nesta carta. Citando passagens do Salmo 8, chama a atenção para o fato de que Cristo, por Sua humilhação e exaltação, recuperou o que Adão havia perdido — o chamado original para que os seres humanos reinem sobre a criação de Deus (Fp 2.6-11; Ap 5.1-14).

Hebreus 2.10 Trazendo muitos filhos à glória não é propriamente uma referência a conduzir os cristãos ao céu, mas sim a levar os companheiros sofredores à glória futura (2 Co 4-17). Ao sofrerem, os cristãos se tornam filhos, no sentido de que se identificam com Cristo. Jesus usou também a palavra filhos nesse sentido (Mt 5.44,45). A palavra grega aqui para príncipe significa, na verdade, capitão, comandante, chefe, criador ou autor. Descreve um pioneiro ou desbravador. A aceitação de Jesus das aflições na terra faz dele nosso líder. Ele experimentou os sofrimentos a que estamos sujeitos a passar. E não somente os suportou, como também, por intermédio deles, triunfou sobre o pecado, a morte e Satanás. Sua vida sem pecado marcou o caminho até Deus, caminho que devemos seguir.

Jesus é o nosso modelo, nosso líder, nosso Comandante. Entende nossa dor porque Ele mesmo a sentiu e vivenciou. Salvação, aqui, se refere à nossa salvação futura, à nossa glorificação no Reino vindouro de Cristo.

Hebreus 2.11-13 Com uma declaração seguida de três citações de apoio do Antigo Testamento, o escritor demonstra a unidade entre o Filho e os muitos filhos de Deus.

Hebreus 2.11 Todos de um. Esta expressão se refere à humanidade que Jesus compartilha com todos os cristãos, ou ao fato de Jesus e os cristãos pertencerem todos a Deus. Por serem os filhos de um mesmo Pai (Jo 20.17), Jesus pode chamar todos os cristãos de Seus irmãos.

Hebreus 2.12 O Salmo 22, aqui citado, descreve a agonia de um justo sofredor. O salmo, em última análise, é messiânico. Descreve os sofrimentos de Cristo. Jesus cita o Salmo 22.1 na cruz (Mt 27.46). Nele, o salmista, como o próprio Messias, se refere a meus irmãos, identificando-se com todos aqueles que depositam sua fé em Deus.

Hebreus 2.13 As citações aqui são de Isaías 8.17,18 e dizem respeito a um profeta, que, tal como Jesus, é perseguido e rejeitado, mas se torna uma referência para o fiel.

Hebreus 2.14-16 Tendo estabelecido a unidade entre o Filho e os cristãos, o autor conclui que existem dois propósitos nessa identificação. O Filho se tornou humano para que, por Sua morte, pudesse destruir o diabo (v. 14) e libertar todos os que estavam presos ao pecado (v. 15).

Hebreus 2.14 Participou das mesmas coisas. Jesus Cristo compartilhou de nossa humanidade, humilhando-se para tornar-se igual a nós (Fp 2.5-11). Império da morte. O diabo tenta as pessoas ao pecado e depois as acusa de rebelião contra Deus (Gn 3; Jó 1). Ao induzi-las ao pecado, Satanás entrega as pessoas à morte, pena devida pelos seus pecados (Rm 5.12). O diabo está ativo ainda hoje (1 Pe 5.8), mas seu poder sobre a morte lhe foi tirado. A morte de Cristo pagou por nós a penalidade do pecado. Podemos, assim, ao depositarmos nossa confiança em Cristo, ficar livres do perverso domínio de Satanás (Lc 10.18; 2 Tm 1.10; Ap 1.18). O julgamento de Satanás foi feito na cruz, mas sua execução será no futuro (1 Co 15.54-57; Ap 20.10).

Hebreus 2.15 O diabo usa o medo da morte para nos escravizar. O Filho de Deus, porém, mediante Sua morte na cruz (v. 14), eliminou o medo e quebrou nossa servidão ao pecado e à morte.

Hebreus 2.16 A descendência de Abraão se refere tanto aos descendentes humanos do patriarca quanto a seus filhos espirituais — aqueles que, como Abraão, depositam sua fé em Deus (G1 3.7,29). O autor pode ter usado essa expressão por serem os destinatários dessa carta principalmente judeus cristãos. O autor ressalta que Cristo veio para ajudar os filhos de Abraão, e não os exércitos angelicais.

Hebreus 2.17 Em tudo inclui a humanidade de Jesus (v. 14) e Seu sofrimento (v. 18). Jesus partilhou de nossa natureza e nossos sofrimentos para que pudesse ser um Mediador compassivo entre Deus e a humanidade. Ele entende nossa fraqueza e intercede por nós na presença de Deus Pai. É, assim, um misericordioso [compassivo] e fiel [confiável] sumo sacerdote. Esta é a primeira vez em que o título de sumo sacerdote aparece em Hebreus e a primeira vez em que é aplicado a Jesus Cristo na Bíblia.

Expiar, ou seja, fazer expiação, significa satisfazer as exigências de um Deus santo e justo contra os pecadores que violaram Sua lei. Cristo aplacou a justa ira de Deus ao morrer na cruz em nosso lugar (Rm 3.21-26). Embora inteiramente perfeito e sem pecado, Ele voluntariamente se submeteu à penalidade do pecado, ao experimentar a agonizante morte na cruz. Esse sacrifício voluntário do próprio Filho em nosso favor satisfez a justiça e santidade de Deus. E os benefícios de Seu sacrifício são para todos aqueles que nele depositarem sua fé.

Hebreus 2.18 Sendo tentado. O sofrimento de Cristo incluiu a tentação. Ele experimentou a sedução do pecado, mas jamais se rendeu a ele. Cristo conhece o que é ser tentado; sabe, então, como ajudar aqueles que caem em tentação.

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