Significado de Hebreus 7

Hebreus 7

Hebreus 7 centra-se no tema do sumo sacerdócio de Jesus segundo a ordem de Melquisedeque. O capítulo apresenta Melquisedeque, uma figura misteriosa do Antigo Testamento, como um tipo ou prenúncio do sacerdócio eterno de Cristo. O autor defende que o sacerdócio de Jesus na ordem de Melquisedeque supera o sacerdócio levítico, proporcionando uma via maior e mais perfeita de acesso a Deus.

O capítulo começa apresentando Melquisedeque, que abençoou Abraão e recebeu dele o dízimo. O autor enfatiza que o nome de Melquisedeque significa "rei de justiça" e "rei de paz", destacando seu caráter único. O sacerdócio de Melquisedeque é contrastado com o dos levitas, indicando que ele não estava sujeito à genealogia e não tinha início ou fim registrado de seu sacerdócio.

O autor então estabelece a superioridade do sacerdócio de Jesus comparando-o com o de Melquisedeque. O sacerdócio de Jesus é considerado maior porque é eterno e imutável. Isso O torna a garantia de uma aliança melhor, pois Ele é capaz de salvar completamente aqueles que por Ele se chegam a Deus.

O capítulo também discute as limitações do sacerdócio levítico, destacando que os sacerdotes dessa ordem eram mortais e obrigados a oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, bem como pelos pecados do povo. Em contraste, o sacerdócio de Jesus é marcado por Sua impecabilidade, permitindo que Ele se oferecesse como o último e perfeito sacrifício pelo pecado.

O capítulo conclui afirmando a nomeação de Jesus como Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Seu sacerdócio é considerado um juramento divino, tornando-o mediador de uma nova e melhor aliança. Essa nova aliança é baseada em melhores promessas e fornece aos crentes acesso direto à presença de Deus por meio de Cristo.

Em termos gerais, Hebreus 7 destaca o sacerdócio de Jesus segundo a ordem de Melquisedeque como superior ao sacerdócio levítico. Traça paralelos entre Melquisedeque e Jesus, enfatizando a natureza eterna e imutável do sacerdócio de Cristo. O capítulo destaca a importância do sacrifício sem pecado de Jesus e Seu papel como mediador de uma nova e melhor aliança, proporcionando aos crentes acesso direto a Deus.

Comentário de Hebreus 7 

Hebreus 7:1-25 O capítulo 7 é o início do ensino avançado para a maturidade (Hb 5.14). Os versículos 1 a 10 descrevem a superioridade do sacerdócio de Melquisedeque. Segundo informa Gênesis 14.18-20, Melquisedeque foi maior que Abraão e Levi. Os versículos 11 a 25 descrevem a superioridade de Cristo, o sacerdote como Melquisedeque. Como diz Salmo 110.4, Cristo é sacerdote eterno. E é maior que os sacerdotes levíticos, descendentes de Arão (v. 11-25).

Hebreus 7:1 A menção de Melquisedeque lembra a referência já feita a esse antigo sacerdote em Hebreus 5.10, 11. Melquisedeque foi tanto rei quanto sacerdote, uma combinação comum nos tempos antigos. Salém, tempos depois, foi chamada Jerusalém.

Hebreus 7:2 O nome “Melquisedeque” significa rei de justiça. “Salém” significa paz. O rei ideal reina em justiça, o que assegura a paz (Is 32.17).

Hebreus 7:3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia. Gênesis, um livro com muitas genealogias, não tem nenhuma para Melquisedeque. O autor não está dizendo que Melquisedeque nasceu sem pai e mãe, o que seria um absurdo, apenas que não existe nenhum registro de seu nascimento nas genealogias de Gênesis. Essa descrição de Melquisedeque prefigura o sacerdócio eterno de Jesus. E tal como ele, Jesus é tanto Sacerdote como Rei, pertencendo a um sacerdócio de justiça independente do de Arão. Alguns comentaristas referem-se a essa passagem com a suposição de que Melquisedeque seria uma manifestação pré-encarnada de Jesus, o que é improvável, pois, como o autor afirma aqui claramente, ele é semelhante ao Filho de Deus, não o mesmo que Ele.

Hebreus 7:4-7 Melquisedeque foi grande porque Abraão deu a ele os dízimos. No texto grego, a palavra “patriarca” é enfática. A grandeza de Abraão, aquele que possuía as promessas de Deus (v. 6), ressalta a posição ainda maior de Melquisedeque, o sacerdote de justiça.

Hebreus 7:8-10 Melquisedeque era não apenas superior a Abraão, mas superior ao sacerdócio levítico de duas maneiras. Primeiro, os sacerdotes levíticos eram homens comuns, que morrem, e, deste modo, diferentes sacerdotes representavam o povo em diferentes épocas; Melquisedeque, pelo contrário, vive, no sentido de que o Antigo Testamento não registra sua morte (v. 3). Em segundo lugar, até Levi deu o dízimo a Melquisedeque por meio da oferta de Abraão. A epístola usa da expressão e, para assim dizer, para afirmar que Levi, embora ainda não nascido naquela época e não tendo, assim, dado o dízimo literalmente, pelo fato de descender de Abraão deve ser contado como tendo dado o dízimo a Melquisedeque também.

Hebreus 7:11-25 Por que Cristo, o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, substituiu o sacerdócio levítico 1 Interpretando o Salmo 110.4 frase por frase, o autor de Hebreus dá a resposta: O sacerdócio de Cristo foi profetizado (v. 11-14); Seu sacerdócio era baseado na virtude da vida incorruptível (v. 15-19); o juramento de Deus estabeleceu o sacerdócio de nosso Senhor (v. 20-22); Cristo não tem sucessor, mas permanece eternamente (v. 23-25). Debaixo desse novo plano, a Lei (v. 12) foi substituída por uma melhor esperança (v. 19) e um melhor concerto (v. 22).

Hebreus 7:11 Se o sacerdócio levítico tivesse sido capaz de levar as pessoas à perfeição, não seria necessário um sacerdote superior, da ordem de Melquisedeque (SI 110.4). Se os sacerdotes sob a Lei de Moisés pudessem oferecer reconciliação entre Deus e Seu povo, não haveria necessidade da vinda de um Messias, Aquele que restabelecesse o relacionamento dos israelitas com Deus.

Hebreus 7:12 “Mudança” significa remoção (Hb 12.27). Se o sacerdócio de Melquisedeque removeu o sacerdócio levítico, então a lei de Moisés foi também removida. Em suma, o crente não está sob a lei, mas sim sob a justiça de Cristo (Rm 6.14; G13.24-25). Qualquer sistema religioso que tente permanecer sob a Lei não pode ter Cristo porque Cristo foi o único que cumpriu plenamente a Lei e pode justificar-nos.

Hebreus 7:13-19 O autor fornece dois argumentos para demonstrar que a antiga aliança foi substituída. A primeira está nos versículos 13 e 14, e a segunda, nos versículos 15 a 19.

Hebreus 7:13, 14 Aquele de quem estas coisas se dizem é o Senhor, que se levantou de outra tribo, a de Judá. De acordo com a lei, a tribo de Judá não tinha a ver com o sacerdócio. O argumento se baseia no Salmo 110.4 (Hb 5.6). Se o Antigo Testamento dizia que outro sacerdote de outra tribo estava por vir é porque, claramente, aquela aliança estava por ser substituída.

Hebreus 7:15-19 A lei que regulava o sacerdócio era carnal, no sentido de que regulava as ações externas das pessoas. O Senhor, no entanto, é um Sacerdote segundo a virtude da vida incorruptível, como afirma o Salmo 110.4, citado no versículo 17: Jesus é um tipo diferente de Sacerdote outra indicação de que a aliança mudou. O mandamento não foi ab-rogado; houve uma reinterpretação da lei.

Hebreus 7:20-28 Tendo provado que a antiga aliança foi substituída, o autor argumenta ter sido trocada por algo melhor.

Hebreus 7:20-22 O sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio levítico porque foi estabelecido por um juramento de Deus (jurou o Senhor, em Salmo 110.4).

Hebreus 7:23, 24 Como Cristo vive eternamente, Seu sacerdócio é perpétuo. No sistema levítico, a função de sumo sacerdote estava sempre mudando de mãos. Ao morrer um sumo sacerdote, outro assumia a função. Flávio Josefo avalia que existiram 83 diferentes sumo sacerdotes de Arão até a queda do templo, no ano 70 d.C.

Hebreus 7:25 Cristo pode também salvar por ser inteiramente divino e inteiramente humano (Hb 2.18; 4.15). Se este versículo for tomado como se referindo à presente intercessão de Jesus por nós, a palavra “salvação” adquire o significado de santificação, processo contínuo pelo qual somos libertos do poder do pecado. Esse processo deverá ser um dia completado com a nossa glorificação, quando formos enfim resgatados totalmente do poder do pecado.

A palavra “perfeitamente” talvez se refira a essa glorificação, à nossa salvação completa, integral. Que se chegam. O verbo grego para chegar está no presente, o que indica que Jesus continua a salvar aqueles que se chegam a Ele. Em outras palavras, nossa justificação é um acontecimento definitivo, consumado na cruz, mas a santificação é um processo contínuo. Como Cristo tem um sacerdócio eterno, Ele pode salvar perfeitamente (gr. panteles), palavra que significa completamente ou inteiramente. Para sua salvação completa (1 Ts 5.23), deve o crente se chegar a Deus por meio de Cristo, que intercede por ele. É essa a última e a maior das três grandes aptidões ou possibilidades que se oferecem ao crente, apresentadas neste texto (Hb 2.18; 4.15).

Hebreus 7:26-28 O autor conclui este capítulo com um resumo de por que o sacerdócio de Jesus é superior a qualquer outro. “Mais sublime do que os céus” significa que Cristo é exaltado acima de tudo e se assenta na glória, à direita do Pai (Hb 1.3; 2.9; 4.14). Como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios. O sumo sacerdote oferecia um sacrifício contínuo, anualmente, no Dia da Expiação, por si mesmo e pelos pecados do povo (Hb 9.7; 10.1), enquanto os demais sacerdotes ofereciam sacrifício contínuo diariamente pelas culpas e pecados diante do Senhor (Êx 29.36). Jesus, porém, ofereceu sacrifício de si mesmo uma única vez, sacrifício não por pecado próprio, mas suficiente e perfeito pelos pecados de todos nós. Por ser Ele perfeito, não precisou oferecer sacrifício por pecado próprio. A natureza estável, permanente e eterna do sacerdócio de Jesus, estabelecido por juramento de Deus, contrasta com a natureza frágil e temporal do sacerdócio levítico.

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