Interpretação de Daniel 8

Daniel 8

Daniel 8 continua a fornecer visões proféticas a Daniel, oferecendo mais insights sobre eventos futuros, concentrando-se particularmente nos impérios dos medos, dos persas e dos gregos. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Daniel 8:

1. O Carneiro e o Bode (Daniel 8:1-8): Na visão de Daniel, ele vê um carneiro com dois chifres, um mais alto que o outro, avançando para o oeste, para o norte e para o sul, conquistando nações. Então, um bode com um único chifre proeminente entre os olhos vem do oeste e derrota rapidamente o carneiro. Esta cabra representa o Império Grego, com o grande chifre simbolizando o seu primeiro grande rei, Alexandre, o Grande.

2. O Chifre Quebrado e os Quatro Chifres (Daniel 8:8-9): Depois que o chifre proeminente do bode é quebrado, ele é substituído por quatro chifres notáveis, representando a divisão do Império Grego em quatro reinos após a morte de Alexandre.

3. O Chifre Pequeno (Daniel 8:9-14): Na visão de Daniel, um chifre pequeno emerge de um dos quatro chifres do bode. Este chifre pequeno representa um futuro governante que surgiria em um dos reinos sucessores gregos (o Império Selêucida). Este governante blasfemaria contra Deus, perseguiria o povo judeu e profanaria o santuário. A visão prediz um período de grande angústia para o povo judeu que dura 2.300 noites e manhãs.

4. A Interpretação (Daniel 8:15-27): Daniel busca entendimento do anjo Gabriel. Gabriel explica que a visão refere-se a um futuro distante. O carneiro representa o Império Medo-Persa, o bode é a Grécia e os quatro chifres são os reinos que surgiram após a morte de Alexandre. O chifre pequeno representa um governante perverso que surgirá no Império Selêucida, causando grande sofrimento e desolação. As 2.300 noites e manhãs simbolizam a duração das ações deste governante.

Daniel 8 oferece vários insights proféticos significativos:

1. Sucessão de Impérios: A visão descreve a sucessão de impérios, começando com o Império Medo-Persa, seguido pela rápida ascensão e divisão do Império Grego em quatro reinos. Ele prevê com precisão eventos históricos.

2. Perseguição do Povo Judeu: A visão prediz um período de perseguição e sofrimento para o povo Judeu sob o domínio do chifre pequeno. Este período está historicamente associado ao reinado de Antíoco IV Epifânio, que perseguiu a comunidade judaica e profanou o templo de Jerusalém no século II aC.

3. O Controlo de Deus sobre a História: A visão sublinha a soberania e o controlo de Deus sobre a ascensão e queda dos impérios. Demonstra que Deus revela eventos futuros aos Seus profetas para assegurar aos crentes o Seu conhecimento e autoridade.

4. Cumprimento das Profecias: A exatidão das profecias de Daniel, particularmente na previsão da ascensão de Alexandre, o Grande e da divisão do seu império, serve como forte evidência da fiabilidade da Bíblia como livro profético.

Daniel 8, como outros capítulos do Livro de Daniel, oferece um vislumbre do desenrolar da história mundial e do plano divino de Deus. Encoraja os crentes a confiar na soberania de Deus mesmo em tempos de adversidade e a se confortar na certeza de que Deus está, em última análise, no controle do futuro. A visão também enfatiza as consequências dos governantes iníquos que se opõem ao povo de Deus e profanam o Seu santuário.

Interpretação

8:1-27 Este capítulo repete muito da predição do capítulo 2, e especialmente do capítulo 7. Acrescenta detalhes quanto aos períodos medo-persa e grego. Após uma introdução histórica (v. 1), descreve-se a visão de um carneiro e um bode (vs. 2.14), seguida por uma interpretação (vs. 15.26), e uma conclusão (v. 27).

8:1 Esta visão veio dois anos após a do capítulo 7 (cons. 7:1). Ela veio quando os judeus exilados precisavam de encorajamento para crer que Deus realmente os restaurada, como tinha prometido (Jr. 25:11, 12).

8:2. Quando a visão me veio... na cidadela de Susã. Sua presença em Susã, uma cidade 400 quilômetros a leste da Babilônia, foi apenas na visão (cons. Ez. 8:1-3; II Cr. 12:2 e segs.; contraste com Jr. 13:1-7). Susã foi mais tarde a capital da Babilônia no Império Persa. Cidadela. Uma estrutura ainda futura, um palácio persa, provavelmente (cons. Ap. 20; 21; e a visão de João da futura cidade). Era provavelmente o palácio de Xerxes um século mais tarde (486-465 A.C.), um dos mais magnificentes de toda a antiguidade, abrangendo cerca de 1,01 hectare (cons. obras sobre arqueologia). Os acontecimentos do livro de Ester (cons. Et. 1:2) tiveram este cenário.

8:3. Um carneiro estava diante do rio, o qual tina dois chifres. Novamente se insinua a dualidade do império medo-persa (cons. o peito e os braços do capítulo 2.). O mais alto subiu por último. Embora a Pérsia fosse mais notável dentro da união, era o reino mais jovem. Em 550 A.C., Ciro, um persa, o construtor de Passárgada, a 40 quilômetros ao norte de Persépolis, a capital mais antiga, revoltou-se contra os medos, que dominavam até então, e veio a ser o senhor do reino duplo. Isto aconteceu mais ou menos quando Daniel estava profetizando.

8:4. Dois livros das Histórias de Heródoto descrevem os acontecimentos resumidos aqui. O Império Persa não sofreu nenhum contratempo sério até 490, quando um pequeno mas determinado exército de atenienses em Maratona derrotaram as forças de Dario (pai de Xerxes, o Assuero de Ester). Uma segunda derrota, desta vez em uma batalha naval no golfo do Egeu (acima de Atenas), sucedeu a Xerxes dez anos mais tarde. Mas o carneiro realmente se engrandecia com uma magnificência que continua sendo lembrada e britada até o dia de hoje.

8:5. Um bode vinha do ocidente. Observe que ambos os animais são relativamente mansos animais domésticos e não iguais ao voraz urso ou leopardo do capítulo 7. Isto parece ser porque, no que se refere a Israel, ambos foram relativamente mansos a maior parte do tempo. Quanto ao relacionamento de um para com o outro, foram Viciosos (veja Ez. 34:17 e contexto, também Zc. 10:3). Conforme os metais da limagem se tornavam progressivamente mais fortes, assim o bode é mais forte do que o carneiro. O ímpeto destro dos exércitos de Alexandre está predito na última parte de Dn. 8:7. Seu pequeno e rápido exército, com sua devastadora formação em falanges, varreu a Ásia Menor, a Síria, o Egito e finalmente a Mesopotâmia (334-331 A.C). Depois disso seus exércitos avançaram na direção leste para a Índia, e então voltou-se novamente para o oeste.

8:8. Alexandre morreu com trinta e três anos de idade, de febre e excessos alcoólicos, na Babilônia. Nos vinte anos subsequentes, suas vitórias foram divididas por quatro de seus sucessores militares. Duas das divisões resultantes – o Egito sob os Ptolomeus (o último dos quais foi a formosa Cleópatra) e a Síria sob os Selêucidas, os históricos reis do Sul e do Norte, respectivamente – são de importância na qualidade de vizinhos dos judeus. Eles se destacam de maneira especial no cap. 11.

8:9-14. Estes versículos predizem o triste conflito dos judeus, na segunda metade do segundo século A.C. (depois do seu regresso do exílio), com Antíoco IV, o rei selêucida, chamado Epifânio (o “Magnífico”) pelos amigos, e Epímanes (o “louco”) pelos inimigos. Muitos intérpretes evangélicos vêem aqui um tipo do Anticristo e o seu conflito com Cristo e o Seu povo no rural dos tempos. É possível que seja (veja abaixo). Os 2.300 dias são literalmente, manhãs-e-tardes, isto é, os holocaustos das manhãs e das tardes, e assim se referem na realidade a apenas 1.150 dias. Parecem se referir ao período de 168-165 A.C. quando o Templo foi profanado pelos sacrifícios pagãos.

8:15, 16. Gabriel significa herói de Deus. (Veja 9; 21; 10; 13; Lc. 1:19. Cons. Dn. 7:16 e observações.)
8:17, 18. Que um homem de caráter tão integro quanto o de Daniel pudesse reagir assim demonstra o abismo moral que separa Deus e os seres santos do céu do restante da humanidade. Veja também 10:9, 15, 17; Êx. 3:6; Is. 6:5; Ez. 1:28; Atos 9:3, 4; Ap. 1:17. Daniel tinha motivos para temer a morte (veja Êx. 33:20; Jz. 13:22).

8:19. Os termos, ira e fim (cons. 11:36), sugerem que aqui temos mais do que a história nos conta de Antíoco e os Macabeus. Esta observação dá apoio à interpretação típica acima sugerida. Não é incomum que se combine um ponto de vista literal, aproximado com um típico, distante dentro do escopo de uma profecia particular.

8:23-26. Esses versículos acrescentam detalhes específicos ao retrato de Antíoco. Os judeus dificilmente deixariam de reconhecê-lo quando aparecesse. Esta profecia pode muito bem ter sido o próprio meio divino usado para sustentar os fiéis através daqueles dias difíceis. Hebreus 11:34-37 comemora o seu heroísmo.

8:27. Enfraquecerá. Literalmente, exausto. Mais tarde regressou ao trabalho, evidentemente meditando no que vira.

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