Estudo sobre Apocalipse 6:5-6

Estudo sobre Apocalipse 6:5-6

Apocalipse 6:5-6

Não será equivocada a interpretação do cavalo negro como sendo a fome (cf. v. 8b e também Lm 4.8). De acordo com Ez 4.10,11,16, a balança aponta para o racionamento como conseqüência da guerra. Ter de comer o pão medido por balança significa sofrer carências. A palavra explicativa que João percebe,289 solidifica este resultado. Uma medida (diária) de trigo por um denário era um preço aumentado de oito a doze vezes. Consumia-se agora todo o salário de um dia (Mt 20.2) com a necessidade básica diária de um trabalhador. Este preço significava fome se fosse necessário suprir uma família com alimento, roupa e abrigo. E três medidas (diárias) de cevada por um denário. Exceto em regiões pobres, a cevada era dada como comida para cavalos e burros. Agora via-se na mesa da família pão inferior de cevada. Será que esta epidemia de fome podia ser explicada com colheitas frustradas? É o que a terceira frase poderá esclarecer.

E não danifiques o azeite e o vinho. Dentre as diferentes interpretações desta exclamação recomenda-se aquela que leva em conta o uso do azeite e do vinho na linguagem do próprio Apocalipse. Nas oito vezes em que ocorre, o vinho é sempre usado como um conceito negativo. Em Ap 14.8; 17.2; 18.3 ele é uma metáfora para a vida luxuosa, imoral. Fazem parte deste contexto também Ap 14.10; 16.19; 19.15. Ap 18.13 arrola vinho e azeite entre os artigos de luxo dos ricos. Conseqüentemente, parece que está sendo aludido à circunstância de que os ricos como sempre sabem garantir o seu luxo, enquanto a população passa fome. Eles têm suas fontes de abastecimento, não precisando abrir mão de nada. Talvez até fosse possível conseguir alimento suficiente para todos; ninguém teria de sofrer fome, mas a indiferença, o egoísmo e a corruptibilidade corroeram e destruíram a responsabilidade social. À fome associa-se o ódio. Este é o reverso negro do cavaleiro branco.