Panorama do Livro de Rute

Panorama do Livro de Rute

Panorama do Livro de Rute

A decisão de Rute de ficar com Noemi (1:1-22) 

A história começa durante uma época de fome em Israel. Elimeleque, um homem de Belém, atravessa o Jordão em companhia de sua esposa, Noemi, e de seus dois filhos, Malom e Quiliom, para passarem algum tempo na terra de Moabe. Ali, os filhos se casam com mulheres moabitas, Orpa e Rute. Sobrevém desgraça a essa família; primeiro morre o pai e depois morrem os dois filhos. As três mulheres ficam viúvas e sem filhos, não havendo descendente para Elimeleque. Noemi ouve que Yahweh voltou novamente a sua atenção para Israel, dando pão a Seu povo, e decide retornar à sua terra natal, Judá. As noras se põem a caminho com ela. Mas Noemi roga-lhes que voltem a Moabe, pedindo a benevolência de Yahweh para prover marido a cada uma dentre os homens do povo delas. Por fim, Orpa volta “ao seu povo e aos seus deuses”, mas Rute, sincera e firme na sua conversão à adoração de Yahweh, fica com Noemi. Ela expressa belamente a sua decisão nas seguintes palavras: “Aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pernoitares, pernoitarei eu. Teu povo será o meu povo, e teu Deus, o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei enterrada. Assim me faça Yahweh e assim lhe acrescente mais, se outra coisa senão a morte fizer separação entre mim e ti.” (1:15-17) Entretanto, Noemi, viúva e sem filhos, cujo nome significa “Minha Agradabilidade”, sugere que a chamem pelo nome de Mara, que significa “Amarga”.

Rute respiga no campo de Boaz (2:1-23)

Ao chegar a Belém, Noemi permite que Rute vá respigar durante a colheita da cevada. Boaz, o dono do campo, um judeu de idade madura e parente próximo de Elimeleque, sogro de Rute, nota-a. Embora a lei de Deus lhe conceda o direito de respigar, Rute demonstra sua humildade, pedindo permissão para trabalhar no campo. (Lev. 19:9, 10) Concede-se-lhe prontamente a permissão, e Boaz lhe diz que respigue somente em seu campo com suas moças. Conta-lhe que ouviu sobre sua conduta leal para com Noemi e a encoraja com as palavras: “Yahweh recompense teu modo de agir e haja para ti um salário perfeito da parte de Yahweh, o Deus de Israel, debaixo de cujas asas vieste refugiar-te.” (Rute 2:12) Naquela noitinha, Rute partilha generosamente com Noemi os frutos de seu trabalho, e explica que o êxito dela em respigar foi graças à boa vontade de Boaz. Noemi vê nisso a mão de Yahweh, dizendo: “Bendito seja ele por Yahweh que não abandonou a sua benevolência para com os vivos e os mortos. . . . O homem é aparentado conosco. Ele é um dos nossos resgatadores.” (2:20) Com efeito, Boaz é parente chegado que tem legalmente o direito de suscitar descendência para Noemi em nome do falecido Elimeleque. Rute continua a respigar nos campos de Boaz até o fim da colheita da cevada e do trigo.

Boaz, como resgatador, casa-se com Rute (3:1–4:22)

Noemi, tendo passado a idade de dar à luz filhos, instrui Rute para se casar em lugar dela, segundo a lei do levirato. Numa época tão importante como a da colheita, era costume o proprietário do campo supervisionar pessoalmente a joeira dos cereais, que se fazia à noitinha, a fim de aproveitar a brisa que soprava depois de um dia quente. Boaz estaria dormindo no chão da eira, e é ali que Rute o encontra. Ela se aproxima dele quietamente, descobre-lhe os pés e se deita. Ao despertar ele no meio da noite, ela se identifica e, de acordo com o costume seguido pelas mulheres quando reivindicavam o direito do casamento segundo a lei do levirato, pede que ele estenda sobre ela a aba de sua veste. Boaz declara: “Que Yahweh te abençoe, minha filha”, e elogia-a por não se ter interessado em jovens, por paixão ou por cobiça. Longe de ser alguém que faria proposta de relação impura, Rute ganha para si a reputação de ser “mulher de bem”. (3:10, 11) Todavia, conforme ele então lhe diz, há outro resgatador que é parente mais próximo que ele; consultará a este pela manhã. Rute continua deitada aos pés dele até de manhã cedo. Daí, ele lhe dá de presente cereais e ela volta para Noemi, que ansiosamente pergunta sobre o resultado.

Boaz vai de manhã cedo até o portão da cidade à procura do resgatador. Levando consigo dez dos homens mais idosos da cidade quais testemunhas, dá primeiro a este parente mais próximo a oportunidade de resgatar tudo o que pertencera a Elimeleque. Fará ele isso? A sua resposta imediata é sim, ao lhe parecer que pode aumentar a sua riqueza. Mas, quando fica sabendo do requisito de casamento com Rute, segundo a lei do levirato, teme pela sua própria herança, e apresenta legalmente a sua recusa, tirando a sua sandália. O nome dele não é mencionado no relato da Bíblia, recebendo apenas menção desonrosa como “Fulano”. Diante das mesmas testemunhas, Boaz resgata Rute como sua esposa. Faz ele isso por algum motivo egoísta? Não, mas “para que o nome do morto não seja decepado”. (4:1, 10) Todos ali presentes invocam a bênção de Yahweh sobre esta terna provisão, e essa bênção revela ser deveras maravilhosa! Rute dá à luz um filho a Boaz que já era de idade avançada, e Noemi se torna a ama da criança. Diz-se que “à Noemi nasceu um filho”, e é chamado de Obede. — 4:17.

Os versículos finais do livro de Rute dão a genealogia desde Peres, através de Boaz, até Davi. Certos críticos argumentam que nem todas as gerações estão alistadas, visto que o espaço de tempo é muito grande para tão poucas pessoas. É isso verdade? Ou foi cada um abençoado com muita longevidade, e com um filho em idade avançada? A última conclusão parece ser a certa, o que sublinha que a produção da prometida Semente depende da providência de Yahweh e de sua benignidade imerecida, não do poder natural do homem. Em outras ocasiões, Yahweh exerceu seu poder de modo similar, como no caso do nascimento de Isaque, de Samuel e de João, o Batizador. — Gên. 21:1-5; 1 Sam. 1:1-20; Luc. 1:5-24, 57-66.