Interpretação de Gênesis 18

Gênesis 18

Gênesis 18 narra a visitação de três convidados misteriosos (muitas vezes interpretados como anjos) a Abraão e Sara. Este capítulo é rico em temas teológicos, incluindo hospitalidade, promessas divinas e intercessão. Aqui estão alguns temas e interpretações principais de Gênesis 18:

1. Hospitalidade: Um dos temas centrais de Gênesis 18 é a hospitalidade. Abraão demonstra notável hospitalidade aos três visitantes que chegam à sua tenda. Ele lhes oferece comida e bebida, lava os pés e proporciona um local de descanso confortável. Este ato de hospitalidade reflete as normas culturais da época e sublinha a importância de acolher estranhos.

2. Teofania: Muitas interpretações sugerem que os três visitantes que aparecem a Abraão são na verdade seres divinos ou anjos. Isto é apoiado pelo conhecimento divino que possuem, sua presciência da gravidez de Sara e a referência a um deles como “o Senhor” (Yahweh) em versículos posteriores. Esta visitação é considerada uma teofania, uma manifestação visível de Deus aos humanos.

3. Promessa de um Filho: Durante a visita, o Senhor reitera a promessa de um filho a Abraão e Sara, enfatizando que Sara conceberá e dará à luz um filho apesar da idade avançada. Esta promessa ecoa as promessas anteriores feitas a Abraão e serve como um lembrete da fidelidade de Deus à Sua aliança.

4. Riso de Sara: Quando Sara ouve a promessa de um filho, ela ri sozinha, sem acreditar devido à sua idade avançada. A resposta do Senhor destaca Sua onisciência e serve como uma repreensão à dúvida de Sara. O nome “Isaque”, que significa “ele ri”, é posteriormente dado à criança como uma lembrança desse acontecimento.

5. Intercessão por Sodoma e Gomorra: Os visitantes informam Abraão da sua intenção de visitar Sodoma e Gomorra para determinar a extensão da sua maldade. Abraão, demonstrando sua preocupação pelas cidades, intercede em favor delas, suplicando ao Senhor que poupe os justos dentro delas. Este diálogo sublinha o conceito de oração intercessória e da justiça de Deus.

6. A Misericórdia e Justiça de Deus: A conversa entre Abraão e o Senhor revela a disposição de Deus em poupar as cidades por causa de alguns indivíduos justos. Também destaca a tensão entre a misericórdia e a justiça de Deus, pois Deus concorda em suspender o julgamento mesmo que um pequeno número de pessoas justas seja encontrado.

7. O resgate de Ló: O capítulo termina com os dois anjos seguindo para Sodoma, onde eventualmente resgatam Ló e sua família antes da destruição da cidade. Esta narrativa prepara o cenário para a destruição de Sodoma e Gomorra nos capítulos subsequentes, enfatizando as consequências do pecado.

As interpretações de Gênesis 18 podem variar entre diferentes tradições religiosas e estudiosos. Alguns enfatizam o significado teológico da visitação, hospitalidade e intercessão divinas. Outros o veem como um texto fundamental para a compreensão da importância da fé, da obediência e das promessas de Deus. No geral, Gênesis 18 desempenha um papel fundamental na narrativa bíblica, sublinhando o compromisso de Deus com a humanidade, a Sua fidelidade à Sua aliança e a Sua preocupação pela justiça e retidão.

Interpretação

18:1. Os carvalhais de Manre. A residência de Abraão ficava na vizinhança imediata de Hebrom. Embora a palavra hebraica 'ilon possa ser traduzida para “carvalho” ou “terebinto”, este último é provavelmente o que deve ser preferido. Eram árvores sagradas do santuário cananita do Hebrom. A caverna de Macpela estava localizada no mesmo local. O patriarca estava em íntimo contato com os lugares sagrados e sítios santificados. Através dos séculos, carvalhos sagrados ou terebintos remontam aos tempos patriarcais. Apareceu o Senhor. Embora Abraão não reconhecesse imediatamente o Senhor na pessoa do celestial visitante, logo percebeu que o principal dos três mensageiros era o próprio Jeová. Era o “anjo do Senhor”, que aparece diversas vezes nas primeiras páginas do Gênesis.

18:2-5. Correu... ao seu encontro, prostrou-se em terra. Abraão demonstrou hospitalidade extraordinária. Tudo fez para seus hóspedes segundo a hospitalidade oriental. Suas atitudes foram exatas. Tudo preparou para dar boas-vindas verdadeiramente reais aos visitantes celestiais. Convidou-os a repousar ou reclinar-se, e a refazer as forças enquanto a refeição era preparada. O hebraico sei'eid, refazer as forças, significa “fortalecer-se” ou “tomar forte”. O descanso e o alimento, ambos “refariam as forças”.

18:6-8 Amassa depressa três medidas de flor de farinha. Abraão, Sara e Ismael (o rapaz) rapidamente executaram a tarefa de servir os visitantes. Uma medida, sei'a, era um terço de uma efa, ou cerca de um salamim e meio. Duas palavras hebraicas, gem'eh e solet, foram usadas para designar o caráter excepcional da farinha usada na confecção dos pães para a refeição. Hem'e, “leite coalhado” misturado com leite fresco, era uma bebida refrescante servida a viajantes cansados, enquanto se preparava uma refeição mais substancial. O novilho era um luxo raro e extra que ele providenciou para os respeitáveis visitantes.

18:9-15 O Senhor, clara e distintamente, anunciou que Sara teria uru menino quando a estação voltasse à vida novamente (daqui a um ano). O feliz acontecimento seria para dali a um ano. Deus não se esquecera de Sua promessa e estava trabalhando no sentido de Seu milagroso cumprimento. Estava escutando. O hebraico shoma'at indica que estava escutando naquele momento. Avançados em idade. Expressão idiomática hebraica significando “entrados em dias”. Riu-se, pois, Sara. Sara riu-se de mera incredulidade ao imaginar como era impossível para ela gerar um filho. Ela se descreve aqui como beloti, “gasta”, “murcha”, “quase a se desfazer, como uma vestimenta”. Ela se lembrou que Abraão, também, era velho e já tinha passado da idade de ser pai. A palavra divina assegurou a Sara e Abraão que nada é demasiadamente difícil (lit., maravilhoso) para Deus. Mesmo se a coisa a ser realizada era incomum, extraordinária, ou além do comportamento natural, Jeová era capaz de realizá-la a qualquer hora e do modo que Ele escolhesse. “Porque para Deus nada é impossível” (Lc. 1:37). No nascimento de Isaque, como no nascimento de Jesus, foi necessário que Deus operasse um milagre.

18:16-22. Sodoma e Gomorra. As duas principais cidades no extremo sul do Mar Morto. As outras – Adama, Zeboim e Zoar – seriam destruídas junto com Sodoma e Gomorra na conflagração que purificaria aquelas pocilgas de iniquidade. (No final Deus poupou Zoar que foi o novo lar de Ló.) As Escrituras indicam claramente que uma visitação divina desencadearia terrível juízo e sentença sobre seus habitantes pecadores. As cidades ficavam cerca de dezoito milhas do lar de Abraão em Hebrom. Das vizinhanças do Hebrom ele podia ver o extremo sul do Mar.

18:23-33 Em sua soberba oração de intercessão pelos poucos homens justos de Sodoma, Abraão revelou os mais ricos elementos do seu caráter - sua generosidade, simpatia, sensibilidade e preocupação pela justiça em Deus e no homem. Ele demonstrou que entendia o desejo que Deus tem de perdoar e garantir pleno perdão, lidando com Suas criaturas, embora perversas, de acordo com os padrões de justiça revelados. Ele sabia que podia esperar que Jeová agisse de acordo com Sua natureza santa.

Quando Abraão parou de interceder, tinha a promessa de Deus de que pouparia Sodoma, se houvesse ali, ao menos dez pessoas justas. Mas, quando o número exigido não foi encontrado, nada pôde evitar a catástrofe. A oração intercessória faz o lado mais belo do homem transparecer. Sua altruísta preocupação pelos outros brilha como linda joia. Ao interceder junto ao senhor, Abraão demonstrou claramente seu amor genuíno e sua preocupação. E ele experimentou uma renovação de sua amizade com Deus, que quis aconselhar-se com Abraão e concedeu-lhe revelação especial antes que a sentença fosse executada.

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