Interpretação de Gênesis 17

Gênesis 17

Gênesis 17 continua a focar na aliança de Deus com Abrão (Abraão) e na promessa de descendentes e terras. Este capítulo introduz o rito da circuncisão e enfatiza ainda temas como fé, obediência e o cumprimento das promessas de Deus. Aqui estão alguns temas e interpretações principais de Gênesis 17:

1. A Aliança Renovada: Gênesis 17 começa com Deus aparecendo a Abrão e apresentando-se como “Deus Todo-Poderoso” (El Shaddai). Deus reafirma Sua aliança com Abrão, prometendo torná-lo pai de muitas nações e reiterando Sua promessa de uma multidão de descendentes.

2. A Mudança de Nome: Deus muda o nome de Abrão para Abraão, que significa “pai de uma multidão”. Esta mudança de nome significa uma nova identidade e papel para Abraão como pai de muitas nações e sublinha a iniciativa divina na definição do seu destino.

3. Sarai se torna Sara: Da mesma forma, Deus muda o nome de Sarai para Sara, indicando seu novo papel como mãe das nações. Esta renomeação enfatiza o plano divino e a intervenção de Deus na vida desses indivíduos.

4. O Sinal da Circuncisão: Deus institui o rito da circuncisão como sinal da aliança entre Ele e os descendentes de Abraão. Todos os homens, incluindo Abraão e sua família, devem ser circuncidados no oitavo dia de vida. A circuncisão serve como um lembrete físico da aliança e da separação do povo escolhido de Deus de outras nações.

5. A Bênção do Nascimento de Isaque: Deus especifica que Sara dará à luz um filho, e eles devem chamá-lo de Isaque, que significa “ele ri”. Esta promessa do nascimento de Isaque, apesar da idade avançada de Sara, reflete a intervenção milagrosa de Deus e o cumprimento da Sua promessa.

6. A Obediência de Abraão: Em resposta à ordem de Deus, Abraão circuncida a si mesmo, a seu filho Ismael e a todos os homens de sua casa. Este ato de obediência demonstra a fé e o compromisso de Abraão com a aliança de Deus.

7. Bênção Multinacional: Deus enfatiza que Sua aliança se estenderá a muitas nações através dos descendentes de Abraão. Este tema antecipa a bênção universal que virá finalmente através de Jesus Cristo, que é considerado o cumprimento final da promessa de Deus de abençoar todas as nações.

8. Tempo e Paciência: Gênesis 17 sublinha a importância do tempo de Deus e a necessidade de paciência na espera pelo cumprimento das Suas promessas. Abraão e Sara esperaram muitos anos por um filho, e este capítulo marca um passo significativo em direção ao cumprimento da promessa de Deus.

As interpretações de Gênesis 17 variam entre diferentes tradições religiosas e estudiosos. Alguns o veem como um texto fundamental para a prática da circuncisão no Judaísmo e para o estabelecimento da Aliança Abraâmica. Outros enfatizam os seus temas teológicos mais amplos de fé, obediência, intervenção divina e a bênção universal das nações. Independentemente da interpretação, Gênesis 17 desempenha um papel crucial na narrativa bíblica, solidificando ainda mais a aliança de Deus com Abraão e preparando o cenário para o nascimento de Isaque e a continuação do plano redentor de Deus.

Interpretação

17:1. Eu sou o Deus Todo-poderoso. Treze anos mais tarde Deus apareceu a Abrão, trazendo uma reafirmação, um desafio e uma promessa ainda mais rica. Mudou o nome de Abrão e o de sua mulher. Deu-lhe orientação específica quanto ao rito da circuncisão. O nome divino El Shadday, com sua mensagem, “Nada é impossível a Deus, que é Todo-poderoso e Todo-suficiente”, deve ter encorajado Abrão de maneira fora do comum. A palavra El Shadday evidentemente chama a atenção para esses dois atributos de Deus. Mestres judeus da antiguidade declaravam que tem sua origem em sh-da que significa “Aquele que é suficiente”. Alguns mestres veem sua origem na raiz sheidad, “destruir”. Outros o relacionam com a palavra assíria sheidu, “montanha”. A LXX nos dá hikanos, “suficiente”. Talvez o tradutor deveria ficar o mais próximo possível do significado de “Todo-poderoso”, especialmente porque a palavra El fala de poder. Aquele que tem todo o poder também tem todos os recursos de suprir cada necessidade do seu povo.

Anda na minha presença, e sê perfeito. Um Deus assim podia fazer tais exigências. “Andando com Deus” é o que se lê na narrativa de Enoque. Agora Abrão recebeu a ordem de tornar sua vida diária (pensamentos, palavras e atos) diante de Deus inteiramente agradável ao olho que tudo vê. O hebraico teimin, perfeito, tem o sentido de “imaculado”. Mas vai além desse sentido ao sugerir um todo completo, cada setor preenchido completamente.

17:3-8 Humilde e reverentemente Abrão caiu ao chão para adorar. A paciência de Deus trouxe o patriarca a uma atitude íntima certa que tomaria possível a mudança do seu nome, a renovação da aliança e a repetição das promessas. Abrão, seu nome de nascimento, costuma ser definido como pai exaltado. O nome Abraão não tem significado hebraico, mas a nova afiança associada ao novo nome, enfatiza, a missão mundial do patriarca como representante de Deus diante dos povos da terra (cons. Rm. 4:16, 17). Privilégios mais elevados resultariam em responsabilidades mais pesadas. Deus prometeu dar orientação especial em cada passo de sua nova jornada da fé e obediência.

17:9-14 Circuncidado. Como símbolo ou sinal da aliança, Abraão e seus descendentes teriam de adotar o rito da circuncisão e obedecer rigorosamente aos regulamentos à mesma referentes. Assim apresentariam aos povos vizinhos um lembrete perpétuo de sua dedicação e completa sujeição a Jeová. A circuncisão não era um rito novo. Nem se limitava ao povo hebreu. Era largamente praticado em muitas regiões do mundo, especialmente no Egito e Canaã. Os assírios e babilônios, entretanto, recusavam-se a participar dele. Observe que Davi se refere desdenhosamente a Golias chamando-o de “filisteu incircunciso” (I Sm. 17:26; cons. 14:6). Deus ordenou a Abraão que selasse a aliança entre eles com o símbolo ou sinal da circuncisão. Isto seria para sempre “o sinal externo e visível de uru relacionamento interior e invisível”. Toda criança do Sexo masculino da casa de Abraão tinha de experimentar este divinamente ordenado ritual no oitavo dia depois do nascimento.

17:15,16. Sara. O nome Sarai fora usado pela esposa de Abraão durante muitos anos. Agora Deus ordenou que o seu nome fosse mudado para Sara, Princesa. É a forma feminina de sar, “príncipe”. Este novo nome enfatizava o papel da esposa de Abraão a ser desempenhado no futuro, como a mãe das nações. Abraão é considerado como o “Pai Abraão” pelos judeus, maometanos e cristãos. Seria bom lembrar que Sara também teve papel vital no drama dos séculos.

17:17-22 Novamente se prostrou Abraão, rosto em terra, diante do senhor. Deus tinha predito que o tão esperado filho nasceria realmente de sua própria esposa. Embora Sara tivesse noventa anos de idade, teria contudo a alegria de receber um filho, através do qual as promessas da aliança divina seriam realizadas. Abraão tinha chegado a considerar Ismael o seu herdeiro e a crer que as douradas promessas tinham de se realizar através dele (cons. v. 18). Agora recebia a palavra segura de que baque nasceria para ser o filho da promessa. Abraão... se riu (v. 17). Ele estava atônito. Aqui não se insinua que houvesse incredulidade, mas antes vê-se evidência de espanto e grande alegria. Abraão não tinha capacidade de compreender esse aviso tão pasmoso. O hebraico sheiheiq significa “rir”. É o verbo que forma a raiz para a palavra Isaque, Compare a reação de Sara e o seu riso em 18:12. Aqui há uma diferença decisiva nos motivos do riso nos dois exemplos.

17:23-27 Abraão agiu pela fé e com espírito obediente executou a ordem de Deus. Imediatamente instituiu o ritual da circuncisão em todo o seu grupo. Ismael estava entre os circuncidados. Abraão estava obedecendo a Deus e tornando-se, tanto ele como a sua família, qualificado para a realização das promessas divinas. O plano do Senhor de alcançar e abençoar todas as nações estava caminhando para a realização.

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