Interpretação de Êxodo 32

Êxodo 32

Êxodo 32 narra o infeliz incidente de idolatria dos israelitas com o bezerro de ouro enquanto Moisés estava no Monte Sinai recebendo a Lei de Deus. Aqui estão os pontos-chave de Êxodo 32:

1. A impaciência dos israelitas (Êxodo 32:1-6): Enquanto Moisés permaneceu no Monte Sinai por um longo período, os israelitas ficaram impacientes e se aproximaram de Aarão, irmão de Moisés e sumo sacerdote. Pediram-lhe que fizesse deuses para eles, pois não sabiam o que havia acontecido com Moisés. Arão, cedendo à exigência, reuniu suas joias de ouro e fez um bezerro de ouro, que o povo começou a adorar, atribuindo a ele sua libertação do Egito.

2. A Ira de Deus e a Intercessão de Moisés (Êxodo 32:7-14): Deus, vendo a idolatria dos israelitas, fica furioso e ameaça destruí-los. Ele se oferece para fazer de Moisés uma grande nação. Moisés, porém, implora a Deus que poupe os israelitas, enfatizando as promessas da aliança de Deus com Abraão, Isaque e Jacó. A intercessão de Moisés resulta na decisão de Deus de não destruir o povo imediatamente.

3. Retorno e Reação de Moisés (Êxodo 32:15-20): Enquanto Moisés desce da montanha com as duas tábuas de pedra contendo os Dez Mandamentos, ele ouve o barulho da folia no acampamento. Ao ver o bezerro de ouro e a desobediência do povo, Moisés fica furioso, joga as tábuas no chão e as quebra na base da montanha.

4. Consequências e Castigo (Êxodo 32:21-35): Moisés confronta Arão sobre o bezerro de ouro, e Arão tenta transferir a culpa para o povo. Moisés ordena aos levitas que executem o julgamento daqueles que participaram da idolatria, resultando na morte de cerca de 3.000 pessoas. Moisés então busca expiação para o povo e pede a Deus que perdoe seus pecados, oferecendo-se até mesmo para ser apagado do livro de Deus, se necessário. Deus pune o povo pelos seus pecados, mas não o destrói completamente. Moisés transforma o bezerro de ouro em pó, mistura-o com água e faz os israelitas bebê-lo como símbolo de sua culpa. Por fim, Moisés intercede mais uma vez pelo povo, pedindo a Deus que o acompanhe no caminho até à Terra Prometida.

Êxodo 32 apresenta diversas lições e temas importantes:

1. Idolatria e Apostasia: O incidente do bezerro de ouro serve como um exemplo notável da tendência dos israelitas de se afastarem de Deus e se envolverem em idolatria quando confrontados com incerteza ou atraso. Destaca a inclinação humana para procurar soluções imediatas e tangíveis e esquecer a fidelidade e as promessas de Deus.

2. Moisés como Mediador: Moisés surge como um mediador crucial entre Deus e os israelitas. As suas orações intercessórias em favor do povo demonstram a sua profunda preocupação pelo seu bem-estar e a sua vontade de permanecer na brecha para evitar a ira de Deus.

3. Consequências do Pecado: As graves consequências enfrentadas pelos envolvidos na idolatria servem como um lembrete da gravidade do pecado e da desobediência. A justiça de Deus requer julgamento, e os levitas executam esse julgamento para defender a santidade de Deus.

4. Arrependimento e Perdão: As orações de Moisés pelo povo e a disposição de Deus em ceder ilustram os temas do arrependimento e do perdão. Apesar do seu pecado, Deus não abandona completamente os israelitas, e a intercessão de Moisés abre o caminho para a presença contínua de Deus na comunidade.

5. A Fragilidade da Aliança: O incidente sublinha a fragilidade da relação de aliança entre Deus e os Israelitas. As ações do povo, embora profundamente perturbadoras, não levam a uma ruptura completa da aliança, mas resultam em consequências necessárias e numa reafirmação dos termos de Deus.

Êxodo 32 é um relato poderoso da infidelidade dos israelitas e da misericórdia e justiça de Deus e do papel de Moisés como mediador. Serve como um conto de advertência sobre os perigos da idolatria e a importância do arrependimento e da intercessão na manutenção de um relacionamento com Deus.

Interpretação

A Transgressão da Aliança e a Sua Restauração. 32:1-34:35.
O povo de Israel achou difícil andar pela fé mesmo durante os quarenta dias em que seu líder visível esteve ausente. Exigiu que Arão produzisse um sinal tangível da presença de Deus. É incerto se foi transgredido o primeiro mandamento, um repúdio de Jeová como Deus, ou o segundo, a feitura de uma imagem que representasse Jeová. Em qualquer dos casos, foi uma transgressão clara e deliberada da aliança à qual se submeteram tão ousadamente algumas semanas antes, uma aliança selada com sangue.

Israel Exige um Deus. 32:1-6.
“Não queriam mais continuar sem que um Deus fosse diante deles; mas a fé sobre a qual seu desejo se fundamentava era muito pervertida, não apenas o apegar-se ao que era visível, mas também a impaciência e a incredulidade de um coração natural que não foi permeado pelo poder do Deus vivo, e imagina-se abandonado por Ele sempre que a Sua ajuda não é visível e à disposição imediata” (KD).

32:1. Deuses. A palavra Elohim, embora no plural, geralmente traduz-se por Deus, embora possa e tenha sido traduzida para deuses também. No presente exemplo é difícil saber como traduzir, e os comentadores se dividem porque, conforme acima mencionado, não sabemos exatamente o que estava na mente do povo. Tardava. Literalmente, envergonhar, isto é, não voltando.

32:4. São estes... os teus deuses. Ou, Este seja o teu Deus. Trabalhou. Os ídolos de antigamente costumavam ser feitos, revestindo a estrutura de madeira com placas de ouro e prata (Is. 40:19, 20; 44: 12-17; Jr. 10:1-9). É pouco provável que Arão tenha fundido um animal de ouro sólido. Bezerro. O Apis egípcio e o Baal fenício eram ambos representados como touros, uma representação comum da força e da fertilidade entre os povos daquele tempo. Fosse qual fosse o impulso original dos israelitas, a feitura da imagem foi o primeiro passo para um carrinho escorregadio, o qual levava para a final identificação de Jeová com os deuses das outras nações (cons. Is. 40; Jr. 10).

32:6. Levantou-se para divertir-se. A idolatria era acompanhada de danças sensuais e lascivas as quais faziam parte do culto à fertilidade.

O Pecado de Israel Revelado a Moisés por Deus. 32:7-14.
32:7. O teu povo.
Com estas palavras Deus parecia estar deserdando Israel. A frase podia ser usada (como KD sugere) porque eles eram os transgressores de uma aliança na qual Moisés fora o mediador, sendo por isso particularmente seus.

32:10. De ti farei. “Deus coloca o destino da nação na mão de Moisés, para que se lembre de seu oficio medianeiro, e se mostre digno da sua vocação. Esta condescendência de Deus, que colocou a preservação ou destruição de Israel nas mãos de Moisés, veio junto com uma promessa que deu lugar a à mais completa liberdade de decisão... uma grande prova para Moisés, se ele quisesse desistir de seu próprio povo, carregado como estava de culpa, como preço de sua própria exaltação. E Moisés passou no teste. A preservação de Israel lhe foi mais cara que a honra de se tomar o cabeça e o fundador de um novo reino de Deus” (KD).

32:11. Moisés rogou por Israel nesta oração de intercessão porque era o seu povo; por causa do grande livramento que Deus já tinha operado; e para que os egípcios não zombassem, mal-interpretando os motivos da destruição; e finalmente, ele reivindicou a promessa feita aos pais.

32:14. Então se arrependeu o Senhor. “Diz-se de Deus que Ele se “arrependeu” não porque realmente mude Seus propósitos, mas porque Ele o faz aparentemente, quando, em consequência de uma mudança no caráter e conduta dos homens, fica obrigado a fazer uma mudança correspondente nos propósitos anunciados e adotar para com eles uma nova atitude” (Cambridge Bible). Keil e Delitzsch mencionam “a profunda ideia espiritual do arrependimento de Deus, como uma antropopatia da dor que sofre o amor de Deus por causa da destruição de Suas criaturas”.

Moisés Retorna ao Acampamento. 32:15-24.
32:19. A visão real da espalhafatosa transgressão afetou Moisés mais fortemente do que o aviso pôde fazê-lo. Cheio de indignação, jogou no chão as tábuas de pedra, as tábuas cujas ordens já tinham sido transgredidas pelos corações e atitudes de Israel.

32:20. A parte interna da imagem que era feita de madeira, foi queimada, o metal pulverizado, e o pó do carvão com o ouro foi jogado na água. O povo foi humilhado bebendo o seu próprio pecado.

Castigo dos Idólatras. 32:25-29.
Os levitas podiam estar envolvidos no pecado dos demais, mas se estavam, houve vergonha e arrependimento imediato e a prontidão de sua parte de abandonar a sua idolatria para voltaram a Jeová. A teimosa persistência dos outros no seu pecado tornou-se clara por sua falta de vontade em responder ao chamado, Quem é do Senhor? (v. 26).

32:25. À solta. Literalmente, isto é, livre de qualquer restrição e obediência a Deus.

32:27. Passai e tornai a passar pelo arraial. Varram o campo de ponta á ponta (Moffatt). “Como em qualquer outra dizimação, a seleção tinha de ser determinada por sorte ou escolha acidental, por isso Moisés deixou que a situação fosse determinada pelo acaso, em relação a quem deveria cair debaixo da espada dos levitas, sabendo muito bem que até mesmo o chamado acaso estaria sob a orientação de Deus... A atitude submissa do povo em geral pode ser explicada parcialmente por causa do respeito que tinham por Moisés, a quem Deus tão poderosa e maravilhosamente autorizara como Seu servo diante de toda a nação, e parcialmente por causa do desânimo e do medo tão naturais a uma consciência culpada” (KD).

32:29. Consagrai-vos... cada um contra o seu filho. Vocês se dispuseram... cada um à custa de seu filho (RSV). “Na causa do Senhor, ninguém deve poupar nem mesmo o seu mais achegado parente, mas deve negar filho ou irmão por amor do Senhor” (KD; cons. Dt. 33:9; Mt. 10:37, 38).

A Intercessão de Moisés pelo Pecado de Israel. 32:30-35.
32:30. Porventura, farei propiciarão. Expiação pelo pecado era uma coisa muito maior do que até o próprio Moisés entendia. Só o Cordeiro de Deus podia tirar o pecado do mundo.

32:32. Risca-me... do livro que escreveste. “Excluir da comunhão com o Deus vivo, ou do reino daqueles que vivem diante de Deus, para entregá-lo à morte. Como verdadeiro mediador do seu povo, Moisés estava pronto a arriscar sua própria vida pelo livramento da nação, e não permanecer ele mesmo diante de Deus, se Jeová não perdoasse ao povo o seu pecado” (KD; cons. Rm. 9:3). “Não é fácil estimar a medida do amor que havia em Moisés e em Paulo; os estreitos limites do nosso raciocínio não podem compreendê-lo, como a criancinha não consegue compreender a coragem dos heróis de guerra” (Bengel, Gnomon of the N.T.).

32:33. Todo aquele que pecar. Nem mesmo o sacrifício de Moisés podia tirar o pecado.

32:34. “Moisés obtivera a preservação do povo e a sua entrada na terra prometida, sob a proteção de Deus, por meio de sua intercessão, e desviara da nação a ab-rogação da aliança; mas o relacionamento da aliança que existira antes, não foi restaurado em sua integridade. Embora a graça possa modificar e abrandar a ira, ela não pode desfigurar a justiça do Deus santo” (KD).

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