Interpretação de Êxodo 20

Êxodo 20

Êxodo 20 contém uma das passagens mais conhecidas da Bíblia, os Dez Mandamentos. Estes mandamentos fornecem um conjunto fundamental de princípios morais e éticos para os israelitas e servem como um guia para o seu relacionamento com Deus e uns com os outros. Aqui estão os pontos-chave de Êxodo 20:

1. A Entrega dos Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17): Deus fala os Dez Mandamentos diretamente ao povo de Israel a partir do Monte Sinai. Esses mandamentos incluem instruções sobre adorar somente a Deus, honrar os pais, não assassinar, não cometer adultério, não roubar, não dar falso testemunho e não cobiçar. Eles também enfatizam a importância de observar o sábado como dia de descanso e adoração. Os Dez Mandamentos são os seguintes:
  • Você não terá outros deuses antes de mim.
  • Não farás para ti um ídolo.
  • Não abusarás do nome do Senhor teu Deus.
  • Lembre-se do dia de sábado e santifique-o.
  • Honre seu pai e sua mãe.
  • Você não deve matar.
  • Não cometerás adultério.
  • Você não deve roubar.
  • Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
  • Não cobiçarás nada que pertença ao teu próximo.
2. A Resposta do Povo (Êxodo 20:18-21): Os israelitas ficam aterrorizados com os trovões, relâmpagos e o som da trombeta que acompanha a revelação de Deus. Eles pedem a Moisés que fale com Deus em seu nome e prometem ouvir Moisés. Moisés os tranquiliza, e o povo fica à distância, enquanto ele se aproxima da nuvem espessa onde está a presença de Deus.

3. Instruções sobre a adoração (Êxodo 20:22-26): Deus fornece mais instruções sobre a adoração, incluindo a construção de altares com materiais naturais e a importância de não usar degraus para subir ao altar, para não expor a sua nudez.

Êxodo 20 é um capítulo crucial que transmite vários temas e lições importantes:

1. Padrões Morais e Éticos: Os Dez Mandamentos constituem a base dos princípios morais e éticos na tradição judaico-cristã. Eles abordam não apenas o relacionamento com Deus, mas também relacionamentos interpessoais e valores como honestidade, respeito e reverência pela vida.

2. Monoteísmo e Adoração: O primeiro mandamento enfatiza a adoração exclusiva do único Deus verdadeiro, rejeitando a adoração de ídolos ou falsos deuses. A ordem de santificar o sábado ressalta a importância de reservar tempo para adoração e descanso.

3. Autoridade e Obediência: A resposta do povo aos mandamentos de Deus reflete a importância da obediência e submissão à autoridade de Deus. Eles reconhecem Moisés como seu mediador e comprometem-se a seguir as leis de Deus.

4. Respeito pelos outros: Muitos dos mandamentos concentram-se em respeitar e honrar os outros, incluindo pais, vizinhos e outros seres humanos. Esses princípios promovem uma sociedade justa e harmoniosa.

5. Relacionamento de Aliança: A entrega dos Dez Mandamentos é um momento chave no relacionamento de aliança entre Deus e os Israelitas. Os mandamentos servem como termos do convênio, delineando as responsabilidades e obrigações de ambas as partes.

Êxodo 20 marca um momento fundamental na narrativa bíblica e no desenvolvimento da ética judaico-cristã. Os Dez Mandamentos continuam a ser considerados uma fonte de orientação moral e um reflexo da vontade de Deus para o comportamento humano. Têm um impacto profundo nos sistemas éticos e jurídicos de muitas culturas e sociedades em todo o mundo.

Êxodo 20

Os Dez Mandamentos. 20:1-20.
A Lei não foi dada como meio de salvação. Foi dada a um povo já salvo (19:4; 20:2) a fim de instruí-lo na vontade do Senhor, para que pudesse realizar o propósito de Deus como “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (19:6). A revelação foi dada “não para dar, mas para orientar a vida” (Patrick Fairbaim, The Typology of Scripture, pág. 274).

A divisão da Lei em Moral, Social ou Civil e Cerimonial ou Religiosa, é enganosa embora seja conveniente. A Lei é uma, e toda a Lei é espiritual, quer trate de colheitas, criminosos ou adoração. O comentário de Calvino examina todas as subsequentes leis sob um ou outro dos Dez Mandamentos. Isto é altamente justificado e uma excelente ilustração da unidade e do espírito da Lei. “O que se chama de lei cerimonial, portanto, era no seu aspecto mais imediato e primário uma exibição por meio de rituais simbólicos e instituições da justiça prescritas no Decálogo, e uma disciplina através da qual o coração deveria ser forjado de conformidade com a própria justiça” (Fairbaim, Typology, II, 157).

O Decálogo, ou as Dez Palavras (Dt. 4:13) foi diretamente transmitido a todo Israel por uma voz audível e terrível, a voz de Jeová, soando como uma trombeta sobre a multidão (Êx. 19:16; 20:18). Aterrorizados com a experiência, o povo implorou que Deus não lhe falasse mais diretamente, mas através de Moisés. O restante da Lei, então, foi dado a Moisés como mediador, mas o ponto central da Lei já tinha sido transmitido. Os Mandamentos foram repetidos, com pequenas mas irrelevantes variações em Dt. 5:6-18. Isto fornece aos críticos material para um argumento quanto à idade relativa e à autenticidade dos dois registros. Fez-se também uma tentativa de se descobrir um “decálogo ritual” em Êxodo 34, mas não tem sido muito aceita. Embora alguns neguem que Moisés tivesse algo a ver com os Mandamentos ou que eles fossem conhecidos por Davi, Elias ou mesmo Jeremias, muitos mestres da atualidade têm aceito a declaração bíblica e crido que os Mandamentos retrocedem aos dias de Moisés.

Há diferentes maneiras de dividirmos os Mandamentos. As Igrejas Luterana e Católico Romana seguem Agostinho em fazer dos versos 2-6 o primeiro mandamento, e então dividindo o versículo 17, sobre a cobiça, em dois. O Judaísmo moderno faz do versículo 2 o primeiro mandamento e dos versículos 3-6 o segundo. A mais antiga divisão, que remonta aos dias de Josefo, no primeiro século AD., toma 20:3 como sendo o primeiro mandamento e 20:4-6 o segundo. Esta divisão foi unanimemente aceita pela igreja primitiva e continua sendo hoje mantida pelas igrejas Ortodoxa Oriental e Protestantes.

20:2. É importante observar que a base para os mandamentos divinos e o fundamento para as obrigações do povo era o fato de Jeová ser o seu Senhor e Deus que o redimiu. Estas injunções são dadas a um povo salvo para lhe ensinar como andar nos caminhos de Deus, mas notamos que “quase todos os mandamentos são expressos na forma negativa da proibição, porque pressupõe a existência do pecado e maus desejos no coração humano” (KD).

20:3. O Primeiro Mandamento. Isto é mais do que uma simples proclamação de monoteísmo. Proíbe a adoração ou a veneração de qualquer outra coisa além de Deus, em pensamento, palavra ou ato, “para que em tudo tenha a preeminência” (Cl. 1:18).

20:4-6. O Segundo Mandamento. Proíbe a criação e o uso de imagens esculpidas como objeto de adoração. Mas, de maneira mais essencial, é um lembrete de que Deus é Espírito, que não deve ser concebido à imagem do homem ou de qualquer outra criatura. Visito a iniquidade (v. 5). Os resultados do pecado, vê-se que afetam de três a quatro gerações, mas a misericórdia de Deus estende-se a milhares. “Ele não diz que será fiel ou justo para com os guardadores de Sua lei, mas misericordioso” (Calvino). Aqueles que me amam (v. 6). “A fonte e origem da verdadeira justiça está expressa, pois a eterna guarda da lei não teria valor se não fluísse delas” (Calvino).

20:7. O Terceiro Mandamento. Proíbe o uso do nome de Deus “a serviço da incredulidade e mentira” (KD). Consubstanciar nossa falsidade apelando para Deus, provoca juízo certo. Aqui também se pode descobrir o poder moral para a injunção feita aos cristãos, “que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef. 4:1, isto é, não tomar o nome de Cristo em vão.

“O Primeiro Mandamento resguarda então a unidade de Deus, o segundo a Sua espiritualidade, e o terceiro Sua divindade ou essência. No primeiro somos proibidos de fazer que Deus seja um entre muitos quando Ele é o Único; no segundo de O igualarmos a uma imagem corruptível, quando Ele é o Espírito incorruptível; no terceiro de identificá-Lo de qualquer modo com a criatura, quando Ele é o Criador” (James Murphy, Commentary on Exodus, in loc.).

20:8-11. O Quarto Mandamento. A palavra sábado significa, não descanso ou repouso, mas interrupção do trabalho. Aqui se apresenta objetivamente a razão do sábado, pelo fato de Deus ter cessado a obra da criação no sétimo dia. Subjetivamente, em Dt. 5:14,15, há uma razão apresentada no fato do homem precisar de descanso. Também os israelitas foram lembrados de que Deus os redimiu da escravidão do Egito para desfrutarem do seu repouso. A guarda do sétimo dia da semana como sendo o sábado não foi revogada no N.T., mas o sábado da Nova Criação é mais naturalmente celebrado no dia quando Cristo, tendo terminado Sua obra consumada, levantou-se dos mortos. A igreja apostólica celebrava ambos, o primeiro e o sétimo dias, mas logo interromperam o velho costume hebreu.

20:12. O Quinto Mandamento. Este mandamento faz uma divisão entre os mandamentos que tratam do relacionamento do homem com Deus e aqueles que o relacionam com o seu próximo. Um homem está obrigado a honrar seus pais como honra a Deus, e a assumir para com eles as mesmas responsabilidades que tem para com os seus próximos. Para que se prolonguem os teus dias. Isto pode ser entendido como referindo-se tanto à estada de Israel na terra prometida, quanto à vida do indivíduo. Não só em Israel, mas em todas as nações e vidas individuais, a destruição do lar marca o começo do fim.

20:13. O Sexto Mandamento. Defende a santidade da vida humana e proíbe o homicídio por qualquer motivo. Mas este mandamento tem sido erroneamente citado contra a pena capital administrada pelo estado. Tirar a vida judicialmente como castigo por crime está autorizado em Êxodo 21, como também em Romanos 13. Por outro lado, poucas vezes se enfatiza que este mandamento se aplica a qualquer coisa que degrade o homem e o prive da vida rica e plena que é da vontade de Deus que ele desfrute.

20:14. O Sétimo Mandamento. Embora se dirija especificamente à manutenção da pureza e santidade do casamento, também foi aplicado por Jesus a toda imoralidade sexual de pensamento e ato (Mt. 5:27, 28).

20:15. O Oitavo Mandamento. Os direitos da propriedade privada devem ser respeitados.

20:16. O Nono Mandamento. “Além da mentira ser proibida, também as provas falsas e infundadas em geral” (KD).

20:17. O Décimo Mandamento. A cobiça é “o desejo desordenado de uma coisa que não possuímos” (G.A. Chadwick, Exodus in Expository Bible). “O mais íntimo de todos os mandamentos, proibindo não um ato externo, mas um estado mental escondido, isto é, um estado que é a raiz de quase todo o pecado contra o vizinho” (Cambridge Bible). É basicamente o pecado de Adão e Eva, de desejar aquilo que não era da vontade de Deus que tivessem.

20:20. O seu temor esteja diante de vós. Evitem o pecado reverenciando-o constantemente (Moffatt).

A Constituição da Aliança. 20:21-23:33.
As ordenanças logo a seguir transmitidas a Moisés e através dele ao povo tratam de 1) a adoração em geral (20:22-26); mais ou menos extensamente de 2) relações sociais e direitos humanos (21:1 – 23:13); e finalmente de 3) o relacionamento do povo com Jeová (23:14-33).

Antigamente alguns críticos acharam base nestas leis para datarem esta seção de muito tempo após a época de Moisés. Desde a descoberta de um número de códigos legais muito anteriores ao mosaico – como, por exemplo, o Babilônico, o Assírio, o Hitita, e o Sumeriano – a prática agora é determinar a “dependência” do código hebraico para com aqueles mais antigos. Povos que viveram mais ou menos na mesma época e sob culturas semelhantes exigiriam legislação dentro das mesmas linhas, é óbvio, mas isto não constitui uma dependência. “Estas leis não são todas novas, mas costumes combinados aprovados, já estabelecidos, com legislação nova, própria para a ocasião...; a prudência também se mostra na adaptação da legislação não tanto à presente situação nômade como ao futuro estabelecimento em Canaã” (Catholic Commentary). O espírito da lei mosaica se encontra nos Dez Mandamentos. Além dessa gente à qual as leis foram dirigidas ser diferente das nações à sua volta, as suposições implícitas nas leis também eram radicalmente diferentes.

Forma Geral de Adoração. 20:22-26.
Aqui se enfatiza a ordem (vs. 22, 23) de que o Deus, cuja presença foi manifestada a todo Israel, não deveria ser comparado a nenhuma imagem produzida pela invenção do homem. Nenhuma estrutura requintada deveria assinalar o acesso de Israel a Jeová, mas um simples altar de terra ou pedra comum, não trabalhada (vs. 24-26). Este preceito não discorda de instruções posteriores relativas ao altar de bronze (27:1-9), mas trata de uma situação particular. Altares não deveriam ser levantados por toda parte, mas onde “Eu motivar a lembrança do meu nome” (RSV). Em tais lugares um altar simples deveria ser levantado, não um santuário enfeitado. A aplicação prática da ordem se encontra em muitos lugares na história posterior (Jz. 6:25, 26; Js. 8:30; 1 Reis 18:30-32). Degrau (v. 26). Roupas flutuantes se levantariam com o erguer dos pés e o corpo seria consequentemente exibido. Outros regulamentos tratam do serviço sacerdotal em altares maiores (28: 42).

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