Interpretação de Êxodo 19

Êxodo 19

Êxodo 19 descreve a preparação e antecipação dos israelitas para o seu encontro com Deus no Monte Sinai. Este capítulo prepara o cenário para a entrega dos Dez Mandamentos e o estabelecimento da Aliança Mosaica. Aqui estão os pontos-chave de Êxodo 19:

1. A Chegada ao Monte Sinai (Êxodo 19:1-2): No terceiro mês após deixarem o Egito, os israelitas chegam ao deserto do Sinai. Eles acampam ali em frente à montanha.

2. A Promessa e Condição de Deus (Êxodo 19:3-6): Moisés sobe ao monte, e Deus fala com ele, reiterando a promessa da Sua aliança de tornar os israelitas um “bem precioso” se eles obedecerem à Sua voz e guardarem a Sua aliança. Deus declara que toda a terra é Sua, mas os israelitas serão um reino de sacerdotes e uma nação santa se seguirem os Seus mandamentos.

3. A Mensagem de Moisés ao Povo (Êxodo 19:7-8): Moisés desce até o povo e transmite-lhes a mensagem de Deus. Ele reúne os anciãos e transmite as condições de Deus para a aliança, às quais o povo responde afirmativamente, dizendo: “Tudo o que o Senhor falou faremos”.

4. Preparação e Consagração (Êxodo 19:9-15): Deus instrui Moisés a consagrar o povo e fazê-los lavar as suas vestes em preparação para o terceiro dia, quando Deus descerá sobre o Monte Sinai à vista de todos. Barreiras são colocadas ao redor da montanha para impedir que alguém toque ou se aproxime dela. Um forte toque de trombeta sinaliza ao povo para se reunir no sopé da montanha.

5. A Descida de Deus no Monte Sinai (Êxodo 19:16-25): Na manhã do terceiro dia, há trovões, relâmpagos, uma nuvem espessa na montanha e o som de um forte toque de trombeta. Deus desce sobre o Monte Sinai em fogo, e a fumaça cobre a montanha. A montanha inteira treme. Moisés conduz o povo ao sopé da montanha, e Deus fala com ele ali.

Interpretação

Êxodo 19 é um capítulo significativo com vários temas e lições importantes:

1. Aliança e Obediência: Deus renova a Sua aliança com os israelitas, enfatizando a importância da obediência aos Seus mandamentos como condição para o seu estatuto especial como nação santa e reino de sacerdotes. Isso prenuncia a entrega dos Dez Mandamentos no próximo capítulo.

2. Santidade e Consagração: O conceito de santidade é introduzido e as pessoas são obrigadas a consagrar-se através de rituais e preparação. O estabelecimento de limites ao redor da montanha simboliza a separação entre a santidade de Deus e a imperfeição do povo.

3. Revelação Divina: A exibição dramática e inspiradora de trovões, relâmpagos, fogo e fumaça no Monte Sinai demonstra a transcendência e a majestade de Deus. Isto sublinha a solenidade do processo de celebração do pacto.

4. Moisés como Mediador: Moisés serve como mediador entre Deus e o povo, transmitindo as palavras e instruções de Deus. Seu papel como intermediário prenuncia seu papel contínuo na transmissão das leis e orientação de Deus aos israelitas.

Êxodo 19 é um capítulo preparatório que leva ao momento profundo da revelação divina no Monte Sinai, onde Deus dará os Dez Mandamentos e as leis fundamentais da Aliança Mosaica. Marca um ponto significativo na narrativa bíblica e no relacionamento entre Deus e os israelitas.

Israel no Sinai. 19:1-40:38.
O ano da peregrinação ao Sinai teve dois resultados: 1) Israel recebeu a Lei de Deus e foi instruída nos caminhos de Deus; e 2) a multidão que escapou do Egito foi unificada, dando começo a uma nação. Este período é da maior importância para compreendermos a vontade e o propósito de Deus conforme revelado no restante do V.T. Este é o ponto central do que tão frequentemente as Escrituras chamam de “a Lei”. O registro da viagem ao Sinai e a doação da Lei ali, ocupam não só o restante do Êxodo, mas também o livro do Levítico e os primeiros capítulos de Números.

A hipótese de Graf-Wellhausen, promulgada no século dezenove, que negou até mesmo a existência de um Tabernáculo, fez destas leis um simples reflexo dos costumes de séculos posteriores. Na primeira metade deste século temos um reverso desta filosofia, de modo que agora praticamente todos os mestres estão prontos a admitir que a estrutura e o coração da Lei são mosaicos. Críticos ainda insistem que a Lei, como nós a conhecemos aqui, foi modificada a partir do original e consideravelmente criticada em séculos posteriores. Embora não seja de todo impossível que conceitos e ordenanças fossem incluídos mais tarde, aqueles que consideram a Lei como uma revelação de Deus, aceitam-na na sua forma presente como sendo substancialmente aquilo que Moisés recebeu. Mesmo os críticos que negam isto teoricamente, acham que é difícil decidir qual das ordenanças teriam sido posteriormente acrescentadas.

Estabelecimento da Aliança no Sinai. 19:1–24:11.
A história da chegada ao Sinai e à apresentação divina da Sua aliança, segue-se o assim chamado Livro da Aliança (caps. 20.23), no qual se estipula o código básico. Depois segue-se a narrativa da ratificação da aliança pelo sacrifício e aspersão do sangue.

Interpretação

Êxodo 19
Chegada ao Sinai e Preparação para a Aliança. 19:1-25.

19:1. No primeiro dia. A tradição judia acha que foi o dia do Pentecoste, e que o propósito da Festa do Pentecoste era celebrar a doação da Lei. Contudo, a expressão é muito generalizada para indicar qualquer dia em particular. Deserto de Sinai. A cadeia de montanhas meridional, situada na ponta da península triangular, tem três pontos elevados. Os árabes chamam o pico central de Jebel Musa; o do sul, Jebel Hum; e o terceiro, Jebel Serbol. Cada um desses montes tem sido declarado como sendo o Sinai das Escrituras, mas desde o quarto século A.D., pelo menos, o Jebel Musa tem sido o mais ampla e consistentemente defendido. O deserto do Sinai deve ser uma planície perto da montanha (v. 2), suficientemente grande para Israel acampar ali. Tal lugar foi encontrado em Er-Raha, ao norte do Jebel Musa, ou no Wadi es-Sebayeh, ao leste.

O primeiro tem cerca de quatrocentos acres (1 acre - 4.047m2) de extensão, bastante amplo para qualquer número de hebreus. Partindo do er-Raha, o Wadi ed-Deir, “Vale da Aliança”, leva a uma selada entre Jebel Musa e Jebel ed-Deir, onde se localiza o famoso mosteiro de Sta. Catarina. O mosteiro foi construído por Justiniano em 527 a.C., em um local já anteriormente ocupado por uma igrejinha que identificava o lugar, onde se cria, que Deus tinha aparecido a Moisés em uma sarça ardente. O Wadi es-Sebayeh é um vale longo e estreito, não tão cômodo como o Er-Raha, mas com melhor acesso à montanha. É difícil, se não impossível, decidir qual destes picos e vales se encaixam na descrição dada nas Escrituras.

19:3. Casa de Jacó. O nome de Jacó lembra as profundezas das quais Deus os tirou.

19:4. Sobre asas de águias. Uma alusão a uma espécie de abutre, ave grande e majestosa, muito abundante na Palestina.

19:5. A aliança se baseava sobre o fato realizado da redenção do Egito, uma redenção que Israel recebera pela fé. “A teocracia estabelecida pela conclusão da aliança foi apenas o meio adotado por Jeová para fazer do Seu povo escolhido um corpo real de sacerdotes; e a guarda da aliança era a indispensável condição subjetiva da qual dependia a consecução deste destino e glória determinados” (KD). Devemos também nos lembrar que a Lei não anulou a aliança feita com Abraão (Gl. 3:17). “A aliança da lei levantou-se com base na aliança anterior da graça, e procurou executá-la na direção de suas consequências legitimas e devidos frutos” (Patrick Fairbaim, The Typology of Scripture, II, 143). Propriedade peculiar. Minha estimada possessão (Moffatt).

19:6. Sacerdotes e nação santa. “Assim como o sacerdote é um mediador entre Deus e o homem, Israel foi chamada para ser o veículo do conhecimento e da salvação de Deus às nações da terra. . . Ele escolheu Israel por Sua propriedade, para torná-la uma nação santa, se atendesse a Sua voz e guardasse a Sua aliança” (KD).

19:8. Tudo o que o Senhor falou, faremos. O povo de Israel sem dúvida não percebeu todas as implicações do seu voto. Como também o cristão não compreende tudo o que está vinculado ao ato dele se apresentar como “um sacrifício vivo” a Deus. Em ambos os casos há uma reação da fé para a expressão da vontade de Deus, o Redentor.

19:9. Creiam sempre. A aparição do Senhor impressionaria o povo e ao mesmo tempo reforçaria a autoridade de Moisés.

19:13. Tocará. Um transgressor não devia ser seguido à montanha, mas apedrejado ou flechado à distância. Buzina. Antes, chifre de carneiro (Moffatt); esta não é a mesma palavra usada nos versículos 16, 19.

19:16. A vã tentativa de determinar que tipo de fenômeno foi descrito aqui – terremoto, vulcão, ou tempestade – erra o alvo, pois fosse o que fosse, era simplesmente a manifestação da presença do Senhor. Não foi um distúrbio natural que convenceu um povo supersticioso da presença de Deus; foi o próprio Deus tomando conhecida a Sua presença.

19:21. Desce, adverte. Esta não é uma confusão de duas narrativas, mas uma repetição da ordem que já foi dada em 19:12.

19:22. Sacerdotes. “Não os sacerdotes levíticos, que ainda não tinham sido escolhidos, mas aqueles que até então desempenhavam as obrigações do ofício sacerdotal de acordo com o direito e costume natural” (KD).

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