Estudo sobre Jó 1

Estudo sobre Jó 1

Estudo sobre Jó 1



Estudo sobre Jó 1.1

PRÓLOGO. Jó 1.1-2.13
Um homem bom num universo pecaminoso (Jó 1.1-5)
O caráter de Jó é singularmente enaltecido pelas palavras sincero e reto (1). Estes adjetivos sugerem-nos um homem íntegro, de elevada moral, amadurecido, equilibrado. (Cf. a palavra teleios no Novo Testamento). Spurgeon podia ter dito de Jó o que disse de Gladstone: “Não cremos na infalibilidade de quem quer que seja mas é consolador poder estar certo da integridade de um homem”.
A sua maturidade moral explicava-se pela sua profunda reverência a Deus. A profundidade da sua espiritualidade transparece na descrição da piedade que demonstrava em sua própria casa e entre os seus (vers. 5). O que no campo espiritual ambicionava para si, não o ambicionava menos para a sua família. Ao oferecer regularmente os seus holocaustos, Jó ia ao ponto de sacrificar também pelos filhos prevendo os pecados que eles pudessem ter cometido contra Deus. A expressão no seu coração (5) revela -nos, de forma impressiva, o caráter da sua espiritualidade-uma espiritualidade que nada tinha de superficial e o fazia a necessidade de orar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro”.
A sua estabilidade moral e espiritual tinha, como fundo, um universo seguro. A bênção de filhos (2), de grandes riquezas materiais (3), de harmonia e alegria entre os seus (4), tudo contribuía para sua felicidade. Poder-se-lhe-iam aplicar, sem reserva, as palavras do Sl 1.3.

Estudo sobre Jó 1.6
O céu principia a turbar-se (Jó 1.6-12)
Estamos perante um dramático concílio celestial no qual aparecem os filhos de Deus (6), isto é, os anjos, incluindo Satanás. Não se procure aqui a bem elaborada doutrina que, a respeito de Satanás, nos apresenta a teologia ortodoxa. Satanás não aparece como anjo caído mas como anjo que tem frequente acesso ao céu (Jó 1.6; Jó 2.1). O nome Satanás (6) é precedido de artigo no original e certo tradutor verte “o adversário”. Um conhecido professor sintetiza nas seguintes palavras o papel de Satanás: “na terra, é o inspetor de Deus junto dos homens; no céu, o adversário dos homens junto de Deus”. É um agente divino cujo dever é prestar a mais rigorosa atenção à virtude e ao vício dos homens. Aparece como o cínico supremo da corte celestial. As afetuosas palavras de louvor que Deus profere em relação ao Seu servo (cf. Sl 149.4) provocam logo a diabólica pergunta: Porventura teme Jó a Deus debalde? (9). Os bens materiais que o rodeiam e põem a sua vida ao abrigo de dificuldades são, segundo Satanás, uma explicação suficiente para a sua piedade. Tirem-se-lhe os bens, e a piedade desaparecerá. Resume-se no seguinte a satânica acusação: a prosperidade material não é um elemento de acréscimo para a fé de Jó mas a própria raiz dessa fé. A destruição da raiz seria a morte da flor.
Deus aceita o desafio (12) mas o teatro de investigações não deve ir além das possessões de Jó, não deve estender-se à sua pessoa. Está pronto o palco no qual se desenrolará o drama a que iremos assistir e que é, afinal, todo o livro de Jó.

Estudo sobre Jó 1.13
Rebenta a tempestade (Jó 1.13-22)
Quatro rudes e desnorteantes golpes enchem de angústia o mundo de Jó. Os árabes (15), um raio (16), os caldeus (17) e um vendaval soprando do deserto (19) destroem-lhe rebanhos, servos e-dor suprema-a sua própria família. Mas submerso pelas muitas águas da aflição, Jó podia ainda proferir as palavras que Bunyan põe nos lábios de Esperança quando este atravessa o rio da morte: “Sinto o fundo e o fundo é bom”. Assim se provou a mentira das insinuações do adversário. À perda dos bens não se seguira a perda da fé. A dor podia modificar-lhe o aspecto (20); mas não podia arrancar-lhe a consolação da fé. Jó recebe a aflição na atitude do adorador. Nessa atitude encontrou força para nos dar uma das mais belas expressões de submissão à vontade de Deus que jamais se plantou no fragrante jardim da fé (21). Na hora mais escura da sua vida podia ainda bendizer a Deus. Num espírito semelhante Alexander Woodrow pôde, numa hora de infinita tristeza, agradecer a Deus os trinta e um anos durante os quais Ele lhe emprestara Sandie, seu querido filho.

Estudo sobre Jó 1.21
Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá (21). A ideia geral encontra um paralelo em 1Tm 6.7. Mas o sentido exato da expressão não é tão fácil. Talvez o ventre de minha mãe seja uma referência ao ventre da Mãe Terra, interpretação adotada por vários comentadores. Cf. Gn 3.19. Nem atribuiu a Deus falta alguma (22). Segundo outra versão “Nem acusou Deus loucamente” ou “com loucura”. A palavra empregada no original transmite uma ideia de insipidez, falta de gosto e falta de discernimento moral. Algo de parecido com o que pretendemos dizer ao empregarmos a expressão “de mau gosto” ou o termo “deselegante”.


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