Acabe na Bíblia

Acabe na Bíblia
ACABE
No hebraico, irmão do pai.

1. Filho de Onri e sexto rei de Israel. Reinou por vinte e um anos, entre 918 e 897 A.C., aproximadamente. Foi um dos reis mais fracos e corruptos de Israel. Parece ter tido bons sentimentos e disposições, mas facilmente desviava-se para o mal. Sua história aparece principalmente em I Reis 16-22. A narrativa mostra que a debilidade, por parte de alguma alta autoridade, pode produzir tanto o mal quanto a impiedade direta. Foi influenciado por sua associação com os Fenícios, e vários erros por ele cometidos podem ser atribuídos a esse fato.
a. Influência fenícia. Havia laços comerciais, provenientes do tempo de Davi e Salomão. Tais associações, após a divisão de Israel em dois reinos, tiveram fim em Judá, mas permaneceram fortes no norte, em Israel.
b. Jezabel, sua esposa, era filha de Etball, rei de Tiro. Era mulher enérgica, mas ímpia e pagã, e conseguiu dominar completamente Acabe. Por meio da influência dela, pois, foi estabelecido o culto aos deuses fenícios, sobretudo o deus sol, Baal, no reino do norte.
c. Antes disso houvera incidências de idolatria em Israel, mas agora caíram por terra todas as restrições. O rei erigiu um templo em Samaria, levantou uma imagem e consagrou um trecho arborizado a Baal. Muitos sacerdotes de Baal eram mantidos, ao ponto de a idolatria tornar-se a religião predominante em Israel. Tão poderoso foi o movimento que parecia que a antiga fé dos judeus se perdería para sempre.
d. Elias (ver o artigo) era o homem certo para enfrentar a emergência. Ele se opôs vigorosamente à idolatria e à autoridade real que lhe dava o apoio. Foi autor de predições e milagres que visavam a fazer o povo voltar-se de novo para o Senhor.
e. O caso de Nabote. Perto do palácio de Acabe, em Jezreel, havia um cidadão chamado Nabote, cuja vinha Acabe desejava. Acabe tentou convencer Nabote a vendê-la, mas este recusou-se devido a direitos de herança de sua família (por lei divina). Jezabel tomou a questão nas mãos, quando viu o desapontamento de Acabe, pressionando os anciãos da cidade e subornando falsas testemunhas contra Nabote, que foi assassinado por alegadas blasfêmia e traição. Acabe tomou posse da vinha, mas, em sua volta para casa, Elias saiu ao encontro dele e predisse que cães lamberíam o seu sangue no lugar onde havia sido lambido o sangue de Nabote; que Jezabel seria comida por cães, perto das muralhas de Jezreel, e que o resto da família teria seus cadáveres devorados pelos cães da cidade, ou pelas feras e aves. Acabe ficou aterrorizado e arrependeu-se, e a execução plena da profecia foi adiada até depois de sua morte, no reinado de Jeorão, seu filho (ver I Reis 21).
f. Morte de Acabe. Ele morreu de ferimentos recebidos em batalha contra os sírios, algo que fora predito por Micaías, embora o rei não tivesse crido na predição. Militarmente, ele fora bem-sucedido mantendo seu governo e autoridade, o que é indicado pela Pedra Moabita, linhas sétima e oitava, onde somos informados de que Onri e seu filho, Acabe, governaram a terra de Medeba (conquistada por Onri), durante quarenta anos. Porém, quando Acabe envolveu-se em guerra contra os si rios, Moabe se rebelou .
g. Cumprimento da profecia de Elias. Acabe foi morto por um homem que atirou sua flecha ao acaso. Conseguiu manter-se de pé em seu carro de guerra, e morreu à tardinha, e seu exército dispersou-se. (Ver I Reis 22). Ao ser trazido para ser sepultado em Samaria, os cães lamberam o seu sangue, enquanto um servo lavava o seu carro de guerra.
h. Acabe e a arqueologia. O nome dele aparece com preeminên-cia nos monumentos assírios do grande conquistador Salmaneser III (859-824 A.C.). A inscrição Monolítica, atualmente no Museu Britânico, narra o choque entre os exércitos assírios, em 853 A.C., com uma colisão de reis sírios em Carcar, ao norte de Hamate, uma fortaleza que guardava os acessos para toda a baixa Síria. Essa inscrição mostra que Acabe conseguiu sustar com sucesso o avanço assírio. Acabe lançou dois mil homens nessa batalha, mais que qualquer outro. Ultrapassado somente pelo estado damasceno, ele mostrou ser a força militar mais poderosa na Síria central e inferior, nos meados do século IX A.C.
O aspecto mais triste da história de Acabe é o seu fracasso espiritual, tendo-se oposto abertamente a Elias, por influência de sua esposa. O pecado dele afetou negativamente gerações sucessivas, o que foi condenado por Osé. 1:4 e Miq. 6:16.
j. Surpreendentemente, nosso Senhor descendia de Acabe e Jezabel! Ver Mat. 1:8,9. OUzias ali mencionado é o mesmo Uzias ou Amazias, filho de Joás, neto de Atália e bisneto de Acabe e Jezabel.
2. Acabe, filho de Colias. Esse homem foi um falso profeta, autonomeado, que falava em nome de Deus entre os exilados na Babilônia, pouco depois que Jeconias (Jeoiachim) foi levado para o exílio, no fim do reinado de Judá (598/597 A.C.), cerca de onze anos mais tarde. Ele é mencionado em Jer. 29:21-23. Ele e um certo Zedequias foram culpados de grosseira imoralidade. Foi predito que ele seria morto na presença daquele a quem enganara, e que, no futuro, tomar-se-ia um dito popular: “...o Senhor te faça como Zedequias e como Acabe, os quais o rei da Babilônia assou no fogo” (Jer. 29:21,22). Tal dito popular tornou-se uma maldição comum. O código de Hamurabi, um antigo monarca babilônio, prescrevia a pena de morte contra o adultério. Portanto, isso foi parte do julgamento decretado contra Acabe. Acabe e Zedequias são identificados como os dois anciãos malignos da narrativa apócrifa de Susana. (ND S UN Z)