Significado de Lucas 11

Lucas 11

Lucas 11 começa com Jesus ensinando seus discípulos sobre a oração e dando-lhes o modelo da Oração do Senhor, que ainda hoje é recitada pelos cristãos. Ele também ensina sobre a importância da persistência na oração, incentivando seus seguidores a continuar pedindo, buscando e batendo em suas orações.

Outro evento importante em Lucas 11 é o encontro de Jesus com um homem endemoninhado que era mudo. Por meio de seu poder e autoridade, Jesus expulsa o demônio e restaura a fala do homem, demonstrando seu poder sobre as forças espirituais das trevas e seu desejo de trazer liberdade e cura aos oprimidos.

O capítulo termina com Jesus confrontando os líderes religiosos de seu tempo, desafiando-os a se arrependerem e se afastarem de sua hipocrisia e orgulho. Ele expõe a hipocrisia deles e os chama a buscar a verdadeira retidão e justiça, lembrando-os de que a verdadeira adoração não se trata apenas de aparências externas, mas de um coração sincero que busca a Deus.

No geral, Lucas 11 é um capítulo da Bíblia que contém vários ensinamentos e encontros poderosos de Jesus, incluindo seu modelo de oração, seu poder sobre as forças espirituais e seu desafio aos líderes religiosos para buscar a verdadeira retidão e justiça. Por meio dessas histórias, Jesus demonstra seu papel como Salvador da humanidade e seu desejo de trazer liberdade, cura e verdadeira adoração a todos que acreditam nele.

Comentário de Lucas 11

11.1 A oração do Pai-Nosso ilustra a variedade dos pedidos que alguém pode e deve fazer a Deus, como também mostra a atitude humilde que precisa acompanhar a oração. O uso do pronome nos várias vezes ao longo da oração demonstra que não é apenas uma pessoa pedindo por seus próprios interesses, mas é uma oração comunitária.

11.2 A palavra Pai realça a figura afetiva de Deus. A palavra santificado quer dizer que Deus é santo, separado e único em Seu caráter e Seus atributos. A expressão venha o teu Reino faz referência ao desígnio e à promessa divina. E mais uma afirmação do que um pedido, enfatizando a submissão daquele que pede a vontade de Deus e o desejo de ver a repercussão da obra do Senhor.

11.3 Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano. Este pedido reconhece que somos dependentes de Deus no que diz respeito ao suprimento de nossas necessidades diárias.

11.4 Perdoa-nos os nossos pecados. Este pedido reconhece que o pecado é um débito para com Deus que precisa ser admitido, tendo como base a misericórdia do Pai. Pois também nós perdoamos. Aquele que clama por perdão reconhece que deve liberar o perdão ao próximo para desfrutar da misericórdia de Deus. Precisamos agir com o próximo da mesma forma que esperamos que ele aja conosco. Não nos conduzas em tentação. Esta expressão é frequentemente interpretada como a sugestão de que Deus pode conduzir-nos ao pecado. O que ela quer dizer é que, se alguém deseja evitar o pecado, essa pessoa deve seguir os mandamentos de Deus. Resumindo, aquele que ora pede a Deus a proteção espiritual necessária para que não cometa ofensas.

11.5, 6 Na cultura daquela época, os indivíduos deveriam ser bons anfitriões. Para a visita no meio da noite, o amigo que a recebeu pôde escolher: ser rude ou buscar alimento em algum lugar. Ele escolheu ser um bom anfitrião e procurar por pão tarde da noite.

11.7 O homem que não quer ser incomodado responderia: não me importunes. Naquela época, todos os membros da família dormiam em um mesmo cômodo. Abrir a porta certamente acordaria algumas pessoas.

11.8 A palavra importunação faz referência a uma audácia corajosa e não à tenacidade. Jesus quer dizer que o discípulo deve ser intrépido em oração. O exemplo na parábola do amigo importuno (v. 5-7) diz respeito a um homem que vai até seu vizinho, de forma arrojada, para buscar o que ele precisa. Da mesma forma, o discípulo deve ir valentemente até Deus para ter o que necessita.

11.9, 10 Este trecho bíblico não quer dizer que receberemos tudo o que pedirmos em oração. Como o versículo 13 demonstra, mencionando o recebimento do Espírito Santo, obteremos tudo o que é espiritualmente benéfico.

11.11, 12 Poderíamos entender esta ilustração como: qual pai dá ao filho coisas inúteis ou destrutivas quando as necessidades básicas são solicitadas?

11.13 Se o ser humano, que é falho e pecador, pode dar boas dádivas, imagine o valor do Espírito Santo como presente de Deus. Se alguém não tem o Espírito Santo habitando em seu coração, não pertence a Cristo (Rm 8.9). Na trindade, o Espírito Santo é o distribuidor divino (1 Co 12.11) das coisas boas adquiridas pelo Filho (Ef 4-7,8) e ordenadas pelo Pai (Ef 3.1).

11.14, 15 A maior blasfêmia era atribuir a obra do Espírito Santo ao diabo. O nome em latim Belzebu foi originalmente uma referência ao deus filisteu Baal-Zebube adorado na cidade de Ecrom (2 Rs 1.2,3,6,16). O termo significa senhor das moscas.

11.16 Outras pessoas queriam mais provas. Há uma ironia aqui, bem como uma obstinação, como se os milagres não fossem suficientes (Lc 7.22).

11.17, 18 A atribuição dos milagres de Jesus a Satanás não foi só uma blasfêmia, mas algo totalmente ilógico. Se Satanás tivesse expulsado o demônio (v. 14), ele teria destruído o resultado de seu próprio trabalho.

11.19 Se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? A pergunta de Jesus e a resposta implícita a ela podem ser analisadas de duas formas: (1) como os exorcistas judeus expulsam os demônios? Se a resposta é pelo poder de Deus, então por que não dar o mesmo crédito a Jesus? (2) Como os discípulos de Jesus, que eram os filhos de Israel, expulsavam das pessoas os demônios? Os hereges não tinham somente de explicar os milagres de Jesus, mas também dos Seus seguidores. Muitos especialistas preferem a primeira interpretação.

11.20 A expressão pelo dedo de Deus é uma alusão ao poder do Senhor, como aquele demonstrado em Êxodo (Êx 8.19; Dt 9.10; SI 8.3). A vós é chegado o Reino de Deus. Os milagres de Jesus representaram a chegada da promessa e do poder de Deus — resumindo, Seu domínio. Este domínio vem por intermédio de Jesus. Os milagres do Salvador demonstraram a vitória divina sobre as forças do mal. O desígnio do Reino, ilustrado aqui como próximo, será consumado no retorno de Jesus, quando Seu domínio será manifesto sobre toda criatura.

11.21, 22 Jesus descreve-se como alguém mais valente do que Satanás, que invade a casa deste e reparte os despojos da vitória com aqueles que são por Ele (Ef 4-8,9).

11.23 O ministério de Jesus instiga todos a fazerem uma escolha. Não é possível ficar neutro. Ou a pessoa se alia ao Salvador, ou está contra Ele.

11.24 Aqui um espírito expulso procura por repouso depois de Deus ter agido em favor de alguém. Não o achando, o espírito decide voltar para onde ele estava.

11.25 A pessoa liberta se torna como uma casa limpa, embora vazia, se Deus não estiver presente, e por isso exposta ao perigo espiritual.

11.26 O último estado [...] é pior. Nesta expressão, Jesus quer dizer que experimentar a bênção de Deus e depois ignorá-la deixa alguém indiferente à obra de Deus e exposto ao controle das forças demoníacas.

11.27, 28 Bem-aventurado o ventre. Aqui uma mulher em meio à multidão ofereceu louvor à mãe de Jesus. Embora o Salvador sempre tenha honrado Maria, Ele respondeu com cuidado à bênção, a fim de manter o foco na Palavra de Deus. É fácil permitir que práticas tradicionais tomem o lugar da autoridade nas Escrituras. Jesus oferece Sua bênção àqueles que respondem concretamente à vontade de Deus como está expressa na Bíblia.

11.29 O sinal do profeta Jonas, aqui, faz referência ao seu chamado profético ao arrependimento, não à ressurreição prefigurada pelo retorno de Jonas da barriga do grande peixe.

11.30-32 Jesus avisou que a recusa em ouvi-lo resultaria na condenação vinda daqueles que no Antigo Testamento responderam ao ensinamento de Deus. Os exemplos que Jesus ofereceu incluíam gentios, tais como a rainha do Sul (a rainha de Sabá em 1 Rs 10.1-10) e os homens de Nínive (Jn 3). Jesus é maior do que aqueles que proclamaram a Palavra de Deus nos tempos antigos — Salomão e Jonas —, por isso Sua palavra deveria ser ouvida pelos israelitas do primeiro século.

11.33 A luz deve ser a fonte de orientação. Lucas 11.27-36 fala sobre a resposta à luz da Palavra de Deus como apresentada nos ensinamentos de Jesus. Deus deixou isso claro para que todos vissem.

11.34, 35 Nós já ouvimos muitas vezes a expressão “você é o que você come”. Entretanto, mais correto seria dizer “você é o que você vê”. Isso foi o que Davi falou: não porei coisa má diante dos meus olhos (SI 101.3). Uma pessoa que se concentra no que é bom (o ensinamento de Deus) é saudável. Mas alguém que foca no que é mau (o falso ensinamento do mundo) é cheio de trevas [NVI] .

11.36 A pessoa se toma como a luz, uma ilustração viva do que a Palavra de Deus ensina, quando se concentra na luz da verdade.

11.37, 38 Não lavara antes do jantar. Esta limpeza espiritual é descrita no Antigo Testamento (Gn 18.4; Jz 19.21), mas não ordenada.

11.39 Limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. Esta observação feita por Jesus é similar àquela em Mateus 23. Os fariseus limpavam o exterior do copo e do prato para garantir que estes não estivessem impuros por causa do contato com animais mortos (Lv 11.31-38). No entanto, Jesus frisou que os fariseus preocupavam-se com a aparência e os rituais de limpeza exteriores, enquanto o que estava por dentro, o que realmente importava, estava cheio de ganância e maldade.

11.40 O que fez o exterior não fez também o interior? Jesus quer dizer que o exterior e o interior foram feitos da mesma maneira por Deus e ambos também precisavam ser cuidados da mesma forma.

11.41 Dar esmolas ajudava os pobres. Como tal, isso ilustrava o trabalho de compaixão. Jesus disse que devemos praticar esse ato, pois ajudar uma alma necessitada nos torna humildes e amorosos perante Deus.

11.42 Desprezar. Os fariseus preocupavam-se com o dízimo até mesmo em relação às menores ervas, o qual era pago de acordo com os ditames da tradição, não da Lei de Moisés (Nm 18.21-32; Dt 14.22-29; veja também Lv 27.30 para a prática do dízimo das hortaliças). A Lei falava de pagar o dízimo de toda produção, mas o que constituía comida era discutido. Alguns fariseus consideravam a interpretação mais estrita e contavam quase tudo, incluindo especiarias. Entretanto, eles negligenciavam duas coisas fundamentais das quais os profetas também falaram: amor e justiça (Mq 6.8; Zc 7.8-10).

11.43 Ai de vós [...] que amais os primeiros assentos nas sinagogas. Isto condena o orgulho dos fariseus, mas também diz muito a todos os cristãos.

11.44 Os fariseus eram como sepulturas que não aparecem. Ter contato com os túmulos ou com os mortos tornava uma pessoa cerimonialmente impura (Nm l9.11-19). Qualquer um ou qualquer coisa no mesmo ambiente que um morto era considerado impuro na tradição judaica. Esta é a mais forte censura de Jesus. Os fariseus, os modelos de pureza, estavam, na verdade, à altura da imundícia.

11.45 Um doutor da Lei tentou defender os fariseus observando a relação próxima entre estes e os escribas. Se um grupo era repreendido, o outro também era tacitamente.

11.46 Jesus aplicou a desventura também aos doutores da lei, como tinha já feito aos fariseus. No grego usual, o termo traduzido como cargas faz referência ao carregamento de um navio. A ideia é que um grande peso estava sendo colocado sobre as pessoas e, mesmo assim, no final, este fardo não as levaria para perto de Deus. Neste ponto, Jesus repreendeu a tradição que cresceu em volta da Lei de Moisés. Vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas. O significado desta expressão é discutido. Jesus estava acusando os escribas de hipocrisia por não praticarem o que ensinavam e por fazerem distinções que os liberavam das obrigações, da mesma forma que eles faziam com os juramentos (Mt 5.33-37)? Ou Jesus estava simplesmente acusando os escribas de não ajudarem e não terem compaixão por aqueles que tentavam seguir as regras deles? A segunda interpretação é mais provável, visto que os fariseus eram conhecidos por seguirem as leis.

11.47, 48 Ai de vós que edificais os sepulcros dos profetas, e vossos pais os mataram! Aqui Jesus fez uma comparação aguda e irônica entre a então atual geração de Israel e as gerações do passado. Jesus quis dizer que a geração presente terminou o trabalho de matar os profetas que a passada começara. A edificação e o cuidado com os sepulcros deveriam ser atitudes de honra aos profetas, mas o Salvador apontou que algo além disso estava de fato acontecendo.

11.49 A expressão sabedoria de Deus faz referência ao conhecimento de Deus acerca de Seu povo. Os profetas e apóstolos que seriam perseguidos e mortos eram os discípulos e profetas do início da Igreja. Esta é a base da repreensão anterior de Jesus (v. 47, 48). Aqueles que viriam, na geração presente, trazendo a mensagem de Deus teriam o mesmo destino das antigas gerações.

11.50 Ao que tudo indica, o termo geração faz referência à nação ou ao povo de Israel. Ele recebeu e receberia o julgamento pela maneira como tratou os profetas de Deus. O julgamento aqui alude especificamente à queda de Jerusalém em 70 d.C. e, consequentemente, ao julgamento final de Deus na grande tribulação.

11.50, 51 Abel é colocado como o primeiro profeta a ser morto, voltando assim à fundação do mundo (Gn 4.10). Zacarias provavelmente é o homem descrito em 2 Crónicas 24.20-25. Ele seria o último profeta morto no Antigo Testamento, se considerarmos a ordem hebraica dos livros do Antigo Testamento.

11.52 Jesus acusou os doutores da lei de fazer o contrário do que alegavam ser o seu chamado. Em vez de levarem as pessoas para perto de Deus, eles tiravam todas as suas possibilidades de adquirirem conhecimento, e também impediam seu entendimento das questões.

11.53, 54 A fim de apanharem da sua boca alguma coisa para o acusarem. Os escribas e fariseus começaram a desafiar Jesus na esperança de que Ele pudesse cometer um erro que lhes permitisse destruir Seu ministério. Eles estavam armando-lhe ciladas (Lc 6.11; 19.47, 48; 20.19,20; 22.2).

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