Significado de João 4

João 4

João 4 inclui vários eventos e ensinamentos significativos. O capítulo começa com Jesus saindo da Judéia e viajando para a Galiléia. No caminho, ele para em um poço na cidade samaritana de Sicar. Lá, ele encontra uma mulher que veio tirar água. Jesus pede água à mulher, e isso inicia uma conversa entre eles. Jesus revela a ela que ele é o Messias, e a mulher se torna crente. Essa interação mostra a inclusividade de Jesus para com os samaritanos, que eram considerados estranhos pelos judeus.

A história da mulher junto ao poço também destaca a profunda compreensão de Jesus sobre a natureza humana. Ele conhece as circunstâncias passadas e presentes da mulher, incluindo seus cinco casamentos fracassados e seu status atual de relacionamento. Apesar disso, Jesus mostra sua compaixão e oferece a ela água viva que saciará sua sede para sempre. A transformação da mulher de cética em crente serve como exemplo da capacidade de Jesus de transformar até mesmo os indivíduos mais quebrantados e rejeitados.

Além do encontro com a mulher samaritana, João 4 também inclui os ensinamentos de Jesus sobre adoração. Ele diz à mulher que os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e verdade, e não em qualquer local específico. Esta declaração destaca a importância de ter um relacionamento pessoal com Deus, em vez de apenas seguir um conjunto de rituais ou práticas religiosas. Os ensinamentos de Jesus em João 4 encorajam os crentes a buscar uma compreensão mais profunda de sua fé e a se conectar com Deus em um nível pessoal, em vez de apenas seguir os movimentos da observância religiosa.

Em conclusão, João 4 é um capítulo fundamental no Evangelho de João, pois demonstra a compaixão e a inclusão de Jesus para com todas as pessoas, independentemente de sua origem. Também inclui ensinamentos importantes sobre adoração e a importância de ter um relacionamento pessoal com Deus. O encontro com a mulher samaritana serve como exemplo da capacidade de Jesus de transformar vidas, e seus ensinamentos em João 4 continuam a inspirar os crentes a buscar uma compreensão mais profunda de sua fé.

Comentário de João 4

4.1, 2 A descrição e quando leva o leitor de volta a João 3.22-36. O sucesso de Jesus ao fazer discípulos gerou certa inveja nos seguidores de João Batista e uma discussão com os fariseus. Mas, como Jesus não queria criar nenhuma controvérsia sobre o batismo àquela altura do seu ministério, Ele deixou a Judeia e foi outra vez para a Galileia (v. 3).

4.3 A locução outra vez indica que Jesus já havia estado na Galileia antes (Jo 1.43—2.12). Ele havia deixado Cafarnaum para celebrar a Páscoa em Jerusalém.

4.4 O caminho mais curto da Judeia, localizada ao sul, até Cafarnaum, ao norte, passava por Samaria. A viagem levava três dias. Era necessário Jesus passar por Samaria se Ele quisesse pegar uma rota direto para a Galileia. Os judeus, entretanto, evitavam passar por Samaria e a rodeavam pelo rio Jordão.

4.5 Jacó comprou um pedaço de terra (Gn 33.18,19), e o deixou para José como herança em seu leito de morte (Gn 48.21,22).

4.6 Era isso quase à hora sexta. Segundo o sistema judaico de medição do tempo, a sexta hora era o meio-dia. Pelo sistema romano seria seis da tarde. E, ao que parece, João estava usando o sistema romano (veja nota 1.39).

4.7-9 (Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Quando a Assíria conquistou o Reino do Norte em 722 a.C., metade da população foi levada cativa para outros países e gentios foram trazidos para habitar ali. Os judeus que permaneceram no Reino do Norte se casaram com mulheres estrangeiras dando fim à pureza racial. Os judeus mestiços, fruto dessas uniões, eram os samaritanos.

Quando a Babilônia conquistou a Judeia e levou cativos os habitantes do Reino do Sul, estes conservaram pura a raça. Após voltarem para a Terra Santa, os judeus que não se misturaram não mantinham contato nenhum com os samaritanos. Para piorar as coisas, os samaritanos construíram um templo no monte Gerizim. Como resultado de tudo isso, judeus e samaritanos passaram a se odiar.

4.10 Água viva (Jo 7.37-39; Is 12.1-6) é aquela que jorra de uma fonte sem jamais cessar. Jesus, obviamente, estava falando da vida eterna.

4.11-15 Senhor [...] onde, pois, tens a água viva? A mulher samaritana não havia entendido a mensagem espiritual de Jesus. Ela estava pensando apenas na água comum e não entendera que Jesus podia lhe dar água sem ter de tirá-la.

4.16 Vai, chama o teu marido e vem cá. Jesus falou sobre o marido da mulher para expor o pecado dela (v.18).

4.17,18 Tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido. A mulher com certeza era marginalizada, pois vivia com um homem que não era seu marido.

4.19 Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Devido ao que Jesus lhe dissera, a samaritana concluiu que Ele era um profeta, alguém divinamente inspirado e com conhecimento sobrenatural (1 Sm 9.9).

4.20 Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém. Ao mencionar dois lugares distintos de adoração, a mulher devia estar tentando mudar de assunto para falar de questões religiosas, e não dos seus pecados. Ou talvez ela tenha entendido que era pecadora (v. 18) e que tinha de oferecer sacrifício. E, se assim fosse, sendo Jesus um judeu, Ele certamente diria a ela que o sacrifício devia ser oferecido no templo em Jerusalém. Os judeus insistiam que o único local de adoração era Jerusalém. Os samaritanos, por sua vez, criaram outro lugar de adoração no monte Gerizim, que, segundo a tradição deles, era o lugar onde Abraão fora para sacrificar Isaque, e onde encontrara Melquisedeque mais tarde. Quando as bênçãos e maldições foram pronunciadas para as gerações de Israel no deserto, as bênçãos foram lidas no monte Gerizim (Dt 11.29; 27.12). No entanto, Deus ordenou em Deuteronômio 27-4 que, quando o povo passasse o Jordão, um altar fosse erigido no monte Ebal, não no monte Gerizim. Os samaritanos, entretanto, mudaram o versículo para que se lesse monte Gerizim. Eles mudaram a história e alteraram o texto das Escrituras para enaltecer o monte Gerizim. A samaritana havia sido ensinada a considerar o monte Gerizim o lugar mais sagrado do mundo e a desprezar Jerusalém. Não é de se estranhar então ela ter falado sobre o lugar de adoração. Ela achava que o monte Gerizim era um lugar de adoração e sacrifício, mas agora estava diante de um judeu e tinha certeza de que Ele era Deus. Ela estava certa que Ele lhe diria para ir a Jerusalém.

4.21-23 Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Jesus ensinou a mulher que o mais importante não é o lugar onde uma pessoa adora. A adoração não está limitada ao monte Gerizim ou a Jerusalém. Os samaritanos adoravam o que não conheciam; eles criaram sua própria religião. Os judeus tinham todas as orientações para a adoração. A declaração a salvação vem dos judeus significa que o Messias viria do povo judeu.

4.24 Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. Deus não está limitado ao tempo e espaço. E quando alguém nasce no Espírito, Ele pode se comunicar com Deus onde quer que esteja. Em Espírito é contrário a tudo que é material e terreno, por exemplo, o monte Gerizim. Jesus disse que a adoração é algo do coração. Em verdade é o que está em harmonia com a natureza e a vontade de Deus. E o contrário de tudo que é falso. A verdade aqui é especificamente a adoração a Deus por meio de Jesus Cristo. A questão não é onde alguém adora, e sim como e quem alguém adora.

4.25 Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Os samaritanos acreditavam que o profeta de Deuteronômio os ensinaria tudo quando Ele viesse.

4.26 Eu o sou, eu que falo contigo. Usando as mesmas palavras que Deus usou quando se revelou a Moisés (Êx 3.14), Jesus afirma claramente ser o Messias.

4.27 Os discípulos maravilharam-se por seu rabi estar conversando com uma mulher (Jo 4.27). Naqueles dias, conversar com uma mulher em público era algo considerado desonroso e de má reputação para um rabi. Mas Jesus decidiu ter uma atitude mais humana do que seus colegas religiosos.

4.28, 29 Um homem que me disse tudo o quanto tenho feito. A mulher ficou tão feliz que foi tomada de certo exagero. Ela não disse o que Jesus de fato lhe havia dito, mas o que Ele poderia ter-lhe dito. Veja a jornada espiritual da mulher. Ela primeiro viu Jesus como um judeu (v. 9), depois como um profeta (v. 19), e finalmente como o Messias.

4.30-33 Trouxe-lhe, porventura, alguém de comer? Assim como a mulher samaritana não havia entendido a diferença entre a água comum e a vida eterna espiritual (Jo 4.15), os discípulos também não estavam entendo a diferença entre o alimento material e o alimento espiritual. Eis outro exemplo de ignorância espiritual. Em João 2.20 foram os judeus. Em João 3.4 foi Nicodemos. Em João 4.11, a mulher samaritana, e, agora, os discípulos (Jo 11.12; 14.5).

4.34 A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou. No versículo 32, Jesus fala do alimento que Ele tinha de comer; aqui, Ele fala que alimento é esse — fazer a vontade do Pai. Jesus está novamente ensinando algo específico aos Seus discípulos. A comida não é simplesmente conhecer a vontade de Deus, mas cumpri-la. Veja a diferença entre o leite e o alimento sólido registrada em Hebreus 5.12. Leite é informação; alimento é conhecimento, aplicado de modo prático. Muitas vezes paramos na informação e não partimos para a prática.

4.35 Dos versículos 35 ao 38, Jesus oferece aos discípulos uma oportunidade de fazer algo que serviria de alimento para eles, caso eles a aproveitassem. A primeira parte do versículo 35 foi tirada ou de um provérbio ou de um acontecimento real. Se foi de um provérbio não se tratava de nenhum conhecido. Se foi de algo que de fato aconteceu, a conversa se deu em dezembro ou janeiro, pois a colheita começava em meados de abril. Não obstante, Jesus estava falando realmente dos samaritanos. Ele viu neles a oportunidade de uma colheita espiritual pela qual os discípulos não precisavam esperar.

4.36 O que ceifa uma colheita espiritual recebe galardão, ou seja, frutos que trazem alegria. Nesse caso, Jesus plantou a semente ao pregar para a mulher. E grande seria a colheita porque toda a cidade seria salva. Os discípulos também iriam ceifar a colheita que Cristo semeou. Veja como Jesus promete cem vezes mais em Mateus 19.27-29 (1 Co 3.6-8; 2 Co 5.10).

4.37 Um é o que semeia, e outro, o que ceifa. Uma lição crucial para os discípulos. Há várias tarefas e vários trabalhadores na obra do Senhor, mas todos serão honrados (1 Co 3.6,7).

4.38 Eu vos enviei a ceifar onde vós não trabalhastes. Jesus aqui faz uma aplicação do que havia acabado de ensinar aos discípulos. Outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho. Os outros provavelmente eram João Batista e os discípulos dele. Eles trabalharam na Judeia (Jo 3.22-36), e, agora, os discípulos de Jesus estavam colhendo o que outros haviam semeado (v. 1,2).

4.39-41 Muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. Os samaritanos na mesma hora creram (gr. pisteuo eis) nele. Os judeus rejeitaram o testemunho das suas próprias Escrituras, de João Batista e dos milagres e ensinamentos de Cristo. Os samaritanos, por sua vez, aceitaram o testemunho de uma mulher desonrada. Ás vezes, Deus usa os meios mais incomuns para fazer sua obra, pois aqueles que deveriam estar à frente dela não se dispõem a fazê-la.

4.42 O título Salvador do mundo é usado somente aqui e em 1 João 4.14. Os judeus dos tempos de Jesus achavam que era preciso ser judeu para se aproximar de Deus. No entanto, ao incluir esse relato em seu Evangelho, João mostra que Jesus veio para todos neste mundo.

4.43, 44 A expressão na sua própria pátria pode significar (1) na Judeia, (2) em Nazaré, ou (3) na Galileia. Já que Jesus não foi honrado e bem recebido em Nazaré, Ele foi para a outra parte da Galileia.

4.45 A especificação no dia da festa se refere à Páscoa (Jo 2.13-25). Os galileus que haviam estado na festa receberam Jesus quando Ele foi para a Galileia. Os sinais incontestavelmente sobrenaturais estavam cumprindo o propósito que Deus desejava (Jo 20.30,31). Isso é pré-evangelismo.

4.46 Um oficial do rei era alguém que servia literalmente ao rei. Na verdade, Herodes Antipas era apenas o tetrarca da Galileia, embora fosse chamado de rei.

4.47-49 Senhor, desce, antes que meu filho morra. O oficial do rei estava errado em duas coisas sobre o poder de Cristo. Ele pensou (1) que Jesus teria de viajar para Cafarnaum para curar e (2) que Jesus não tinha poder sobre a morte (antes que meu filho morra). Jesus preocupou-se com a possibilidade de a fé daquele homem estar baseada apenas em Seus sinais e milagres.

4.50-54 Está escrito que o oficial do rei creu duas vezes, uma vez registrada no versículo 50 e outra no versículo 53. Primeiro, ele creu na promessa de Jesus que seu filho não morreria. No entanto, crer que Jesus pode e irá curar não é suficiente para salvar. Quanto ao versículo 53, no que o oficial do rei creu? A explicação se encontra no 54. O sinal que Jesus realizou foi Seu segundo milagre (Jo 2.11). Esses sinais foram realizados para que as pessoas cressem que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, e que, por crerem, elas teriam vida (Jo 20.31). Quando o oficial do rei soube que seu filho tinha sido curado, ele viu que Jesus era mais do que um simples mortal. Ele e sua casa creram em Jesus e nasceram de novo (Jo 3.3). Muitas vezes, no Novo Testamento, famílias inteiras expressavam sua fé em Jesus (compare com A t 10.44-48; 16.31-34).

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