Significado de Isaías 6

Isaías 6

Isaías 6 começa com uma visão do Senhor sentado em Seu trono no templo celestial, rodeado de seres angelicais. A visão é uma experiência poderosa e inspiradora para Isaías, que é dominado pela majestade e santidade de Deus. Em resposta, ele confessa sua própria pecaminosidade e indignidade, reconhecendo que está na presença do Todo-Poderoso.

O capítulo então passa a descrever o comissionamento de Isaías como profeta, quando o Senhor o envia para falar ao povo de Israel. Isaías recebe uma mensagem de julgamento e advertência, quando o Senhor anuncia que punirá o povo por seus pecados. O capítulo também inclui uma promessa de restauração final, pois um remanescente do povo será salvo e trazido de volta ao Senhor.

Por fim, Isaías 6 serve como uma representação poderosa da santidade e majestade de Deus e da importância da humildade e do arrependimento diante Dele. Também destaca o chamado ao ministério profético, pois Isaías é comissionado para falar em nome do Senhor ao Seu povo. O capítulo nos lembra que a obra do reino de Deus não é fácil nem confortável, mas requer disposição para enfrentar o pecado e proclamar a verdade, mesmo diante da oposição.

Em suma, Isaías 6 é um capítulo profundo e inspirador que nos desafia a buscar a presença de Deus e seguir Seu chamado em nossas vidas.

Comentário de Isaías 6

Isaías 6.1 Morreu o rei Uzias em 740 a.C., assinalando o fim de uma era. Esse bom rei (2 Cr 26.1-15) foi substituído pelo mau rei Acaz (Is 7.1), e a relativa prosperidade da primeira metade do século 13 a.C. Deu lugar à guerra siro-efraimita e às campanhas assírias contra Israel. O rei Uzias foi um dos melhores reis de Judá, mas sucumbiu ao orgulho (2 Cr 26.1-5) e foi castigado com lepra. Quando ele se tornou orgulhoso, Deus teve de discipliná-lo.

O trono onde o Senhor está assentado, que é alto e exaltado, representa Seu reinado eterno, supremo e universal. Ele está acima de todos os reis, porém, ao mesmo tempo, preocupa-se com o bem-estar de Seu povo.

Templo aqui significa palácio — o trono do Senhor na terra com seu contraponto no céu.

Isaías 6.2 Os serafins usam duas de suas seis asas para cobrir seus rostos, a fim de que não sejam consumidos ao fitar a glória do Senhor. Com duas de suas asas cobrem os seus pés, um ato de humilhação, e com duas eles voam para cumprir as ordens do Senhor. O comportamento dos serafins é conflitante com o orgulho de Uzias (2 Cr 26.16). O orgulho humano é ridicularizado pelo comportamento desses anjos. Eles sabem que, na presença de Deus, não há espaço para pompa nem razão para orgulho.

Isaías 6.3 Santo, Santo, Santo. Repetir duas vezes a palavra santo, em hebraico, equivale a descrever alguém como santíssimo. Repetir a palavra santo três vezes eleva o adjetivo ao nível máximo. Em outras palavras, a santidade de Deus é indescritível pela linguagem humana. Ser santo significa ser diferente, distante ou transcendente. Portanto, a canção do serafim é um refrão constante sobre o fato de a transcendência de Deus ser indescritível. Embora o Senhor seja totalmente diferente de nós, Ele é perfeito em Sua misericórdia, Ele se preocupa conosco e cuida de nós. Toda a terra está cheia da sua glória. A ordem das palavras em hebraico é: “A inteireza de toda a terra é Sua glória”. Sabemos que a glória de Deus transcende o Universo (SI 113.4-6). Todavia, para equilibrar a expressão da transcendência de Deus na primeira metade do versículo, as palavras da segunda metade ressaltam a proximidade entre Deus e Sua criação, isto é, Seu envolvimento com a terra e a humanidade.

Isaías 6.4 Se até os umbrais do templo celeste tremeram em resposta à santidade de Deus, quanto mais não tremerá toda a terra (v. 3) quando o Senhor a visitar (Mt 24.29,30).

Isaías 6.5 Ao se deparar com a extraordinária visão do Senhor, Isaías percebe que está passando por um julgamento — que está perecendo! Ele tem a impressão de que sua vida chegou ao fim. Eu sou um homem de lábios impuros. Isaías sabe que é pecador. Sabe que seus lábios são os únicos que não estão louvando Deus ali. Um povo. A situação de Isaías reflete a condição de todos nós. Ninguém, por si mesmo, é capaz de se manter de pé diante do Santo (SI 24.3).

O rei, o Senhor dos Exércitos. Depois de testemunhar a morte de Uzias (v. 1), Isaías contempla o Rei imortal.

Isaías 6.6-8 O clamor de Isaías consiste de sua purificação interior (v. 6,7), de sua convocação para o ministério (v. 8a) e de sua aceitação (v. 8b).

Isaías 6.6 A brasa viva retirada do altar simboliza tanto a purificação do sangue quanto a chama do Espírito que permitem ao profeta falar. Daí em diante, suas palavras serão luz para os ouvintes e poder para quem as aceitar. O fato de uma brasa do altar ter sido usada recorda-nos de que, no fim das contas, todo pecado é perdoado por meio de um sacrifício. Os sacrifícios no altar do templo tipificam o sacrifício definitivo de Jesus, o Salvador. Deus, em Sua soberania e bondade, perdoa o pecado de Isaías.

Isaías 6.7 Isaías tem seu Dia da Expiação pessoal perante o Senhor (Lv 23.26-32). A iniquidade é tirada, uma alusão à prática israelita de transmitir, simbolicamente, os pecados do povo para o bode expiatório e depois soltar o animal no deserto (Lv 16).

A palavra hebraica traduzida por purificado significa coberto e é o mesmo termo traduzido por expiado, termo que se refere ao processo de matar um animal e espargir seu sangue no altar para obter o perdão.

Isaías 6.8 Ocasionalmente, os profetas eram convidados a participar da corte celestial (1 Rs 22.19-22; Jr 23.18,22). Aqui o Senhor emprega o pronome nós para se referir a si próprio e aos Seus anjos (Gn3.22; 11.7).

Envia-me a mim. Nas religiões do antigo Oriente Médio, só os seres divinos eram enviados como mensageiros dos deuses, mas o Deus da Escritura encarrega o ser humano dessa tarefa. Só em certas ocasiões Ele usa anjos para revelar Seus propósitos à humanidade. O voluntariado de Isaías provém de um coração agradecido. Ele deseja servir ao Deus que lhe perdoou (v. 7).

Isaías 6.9, 10 Paradoxalmente, a pregação de Isaías aos religiosos arrogantes de fato apenas endurece os ouvidos deles (Is 42.20). Só os humildes entendem a mensagem do Senhor. Quanto mais o profeta proclama a mensagem de Deus, menor a resposta que obtém do povo. Trata-se do chamado para um ministério desestimulante. Na verdade, a convocação de Deus é para que o profeta seja fiel a Ele, à Sua palavra e ao próprio chamado.

Isaías 6.11 Compreensivelmente, a terceira reação de Isaías diante do Senhor (compare com os v. 5,8) é de incredulidade. Ele se pergunta até quando o povo se mostrará indiferente às suas palavras, imbuídas da verdade de Deus.

Isaías 6.11, 12 A resposta é sombria. Assolem... assolada. Essas palavras dizem respeito ao juízo de Deus, que recairá sobre Judá. O resultado será a captura da nação pelos babilônios. Afaste dela os homens e o desamparo são expressões referentes à desolação que se seguirá à conquista pela Babilônia.

Isaías 6.13 Mas [...] ser pastada. Depois da invasão babilônica, a parte da terra e do povo que ainda estiver intacta sofrerá novos ataques (Is 5.25). Essa previsão fala do retorno do exílio e das futuras dificuldades que Judá enfrentará na terra. A décima parte é uma das expressões de Isaías para o remanescente, uma pequena porcentagem dos israelitas. Do tronco arruinado de Israel, Deus produzirá uma santa semente (Is 11.1), pois Ele não pode renegar a nação que escolheu (2 Tm 2.13). Essa profecia teve um cumprimento imediato, ainda na época de Isaías. O rei Ezequias arrependeu-se e acabou fazendo parte da santa semente (cap. 38). A santa semente desabrochará no belo Renovo (Is 11.1). É a promessa de Jesus, o Salvador.

Isaías 6:1-4 (Devocional)

Isaías Vê o Senhor no Templo

Antes que os julgamentos anunciados (Is 5:26-30) sejam executados, o Espírito Santo agora toma tempo para descrever o chamado de Isaías para ser um profeta. Seu propósito é mostrar que um remanescente crente é sempre poupado quando o SENHOR está prestes a julgar (cf. Ap 7:3; Ap 9:4). Esse remanescente se humilha sob a mão disciplinadora do SENHOR e treme diante de Sua palavra (Is 66:2). O próprio Isaías é um tipo desse remanescente crente.

Este capítulo está intimamente ligado ao anterior. A triste situação descrita em Isaías 5 existe durante o reinado do rei Uzias. Em 739 aC, ano da morte deste rei, Isaías tem uma visão na qual vê a glória do Senhor, o Rei eterno. Vemos aqui imediatamente o grande contraste entre um rei terreno e o SENHOR. Reis terrenos vêm e vão e morrem, mudanças de tronos ocorrem, mas o SENHOR é Rei em Seu trono para sempre.

Toda a cena que Isaías vê é cheia de santidade. Isso forma um nítido contraste com a condição das pessoas na terra. Isaías vê “o Senhor [Adonai, o Senhor absoluto e soberano] sentado em um trono elevado e exaltado” (Is 6:1). O Evangelho segundo João nos diz que Isaías vê aqui a glória do Senhor Jesus (Jo 12:37-41). Dessa glória, Isaías só pode mencionar a “orelha de Seu manto”. A cauda, a parte inferior do Seu manto (cf. Ex 28,33-34), enche o templo.

Refere-se ao Senhor Jesus na terra. Nele Deus se tornou visível, a quem não podemos ver de acordo com o seu ser, porque Ele “habita em luz inacessível” (1 Timóteo 6:16). Ele se cobre “de luz como de um manto” (Sl 104:2) e enche Sua morada celestial, assim como a nuvem de Sua glória uma vez encheu o tabernáculo (Êx 40:35). Quando Moisés e os anciãos viram o Deus de Israel, eles só puderam descrever o que estava sob Seus pés (Êxodo 24:9-10).

Três vezes esses versículos falam sobre ‘cheio’ e ‘cheio’, cada vez usando a mesma palavra hebraica masculino (Is 6:1; Is 6:3; Is 6:4). Duas vezes está conectado com o templo e uma vez com a terra. Aqui vemos, por um lado, a suprema soberania de Deus. Por outro lado, vemos também como Ele está presente naquilo que é Seu. O fato de Ele transcender tudo não significa que Ele esteja muito distante disso. Ele está presente em Seu templo e em Sua criação. Sua exaltação acima de tudo e Seu envolvimento em tudo estão sempre em perfeito equilíbrio na Palavra de Deus.

Os “serafins” (saraph = ardente ou ardente), os ardentes guardiões da santidade do SENHOR (Gn 3:24), não ousam contemplar esta glória (Is 6:2; cf. Hb 12:29). Portanto, em sinal de temor, cobrem o rosto com duas de suas asas. À luz dessa glória, eles indicam ainda mais a humildade de seu serviço exaltado, cobrindo os pés com duas outras asas. Com mais duas asas móveis, eles mostram a prontidão contínua para realizar esse serviço.

Também vemos primeiro as asas com as quais eles se cobrem e depois as asas do serviço. Isso indica que o serviço só pode acontecer se nos esquecermos de nós mesmos, se nos cobrirmos por assim dizer. Esse é o caso quando estamos na presença de Deus.

Em sua reverência pela santidade do Senhor, eles chamam uns aos outros um triplo ‘santo’ (Is 6:3; cf. Ap 4:8). O três vezes ‘santo’ é possivelmente uma alusão à trindade divina. O uso tríplice de uma palavra indica em hebraico a forma mais elevada, o superlativo. O fato de eles estarem chamando isso um para o outro, um para o outro, aponta para a completa unanimidade que eles têm sobre isso. Não há diferença. No céu, todos os habitantes do céu estão em perfeito acordo sobre a santidade de Deus. Eles não estão preocupados consigo mesmos, mas com Sua glória e santidade. Este também deve ser o nosso caso (Ef 5:19).

A visão dessa tríplice santidade teve um efeito tão tremendo em Isaías que também caracterizará seu serviço. ‘Santo’ significa ‘tomar um lugar separado em relação a outra coisa’, e não apenas em relação ao mal. Assim, o sétimo dia é ‘santificado’, ou seja, separado dos outros dias (Gn 2:3). O SENHOR também é santo com relação aos santos anjos, isto é, Ele é totalmente exaltado acima deles em glória e majestade.

Os anjos também proclamam o conselho de Deus, que é que a Sua glória encha toda a terra (Nm 14:21; cf. Is 11:9; Hab 2:14). Ao fazê-lo, eles proclamam uma profecia, pois ainda não chegou a hora. A glória do SENHOR será vista e reconhecida mundialmente, o que ainda não é o caso (Jr 31:34; Fp 2:11).

A palavra hebraica para “glória”, kabod, é usada para Deus em Sua revelação a Suas criaturas. A essência de Sua Divindade é insondável, mas algo de Sua glória pode ser visto se Lhe agrada revelá-la (Êx 33:17-23; Ez 1:28). De maneira perfeita, essa glória se tornou visível aos crentes no Senhor Jesus (Jo 1:14; 1Jo 1:1-4).

O efeito deste tributo é esmagador. Há movimentação na entrada do templo (Is 6:4) e a própria morada se enche da fumaça (Êx 19:18) do altar do incenso, símbolo da adoração. Fala das glórias pessoais do Senhor Jesus. Sua glória enche a casa.

Isso também tem significado para nós. Quando o Senhor Jesus morreu, Ele realizou a obra de Deus completamente. Por causa disso, o céu está aberto para os pecadores redimidos, para que eles possam se aproximar de Deus em adoração. O trono de Deus agora se tornou “o trono da graça” (Hb 4:16). Este tremendo fato de abrir o céu para as pessoas foi acompanhado pelo tremor da terra (cf. Mt 27,51). Quando os crentes entram no santuário para honrar e suplicar a Deus, também pode haver um efeito tão poderoso (Atos 4:31).

Também encher a casa é algo que podemos experimentar. Quando o Espírito de Deus vem aos discípulos reunidos, Ele enche toda a casa (Atos 2:1-2). Isso acontece porque todos esperavam esse evento de Deus. Eles ansiaram por isso, sem se distrair com tantas coisas no mundo. Se nos unirmos nesse espírito e aguardarmos a revelação de Sua glória, podemos experimentá-la. Então, como Maria, com nossa adoração, encheremos a casa com sua fragrância (João 12:3).

Isaías 6:5-7 (Devocional)

Pecado e Perdão

Enquanto a matéria se move quando a glória de Deus é revelada, o coração do povo de Deus permanece duro e imóvel. Mas não o de Isaías. A visão o faz prostrar-se diante do SENHOR. O Senhor é “fogo consumidor” (Is 33:14; Hb 12:29). Sob essa luz avassaladora, ele se vê tão digno de condenação quanto o povo.

Ele vai perceber que seu destino não depende de um rei terreno (Is 6:1), mas do SENHOR, o Rei celestial, o Deus três vezes santo. É por isso que, depois dos seis ais sobre o povo no capítulo anterior, ele agora pronuncia um “ai” pela sétima vez sobre si mesmo (Is 6:5).

É o ‘ai de mim’ de um crente que aprende a se ver na presença de Deus. Não se trata de certos pecados, como acontece com o povo, mas de sua pecaminosidade. Esse é um trabalho mais profundo. Pedro também chega à convicção de sua pecaminosidade na presença do Senhor (Lucas 5:8). Vemos isso também em Abraão, que se sente assim na presença de Deus quando intercede por Sodoma por causa de Ló (Gn 18,27; cf. Jó 42,6). Vemos o mesmo com Ezequiel quando ele é chamado (Ezequiel 1:28), com João em Patmos (Ap 1:17) e com Saulo quando ele está a caminho de Damasco (Atos 9:3-4) quando eles se encontram enfrentar o Senhor Jesus em Sua glória.

Em cada um deles, seu serviço posterior é caracterizado por essa aparição e encontro. Não temos essas visões, mas as temos na Palavra. Ao ler a Palavra teremos a mesma experiência. Contemplaremos a glória do Senhor com os olhos de nossos corações e seremos transformados naquela imagem, assim como eles foram transformados por ela. Ficaremos impressionados com a leitura da Palavra de Deus da mesma forma que Isaías e os outros.

Com a exclamação “ai de mim” Isaías se torna um com o povo pecador. Ele se sente impuro na presença do SENHOR. Ele se conhece espiritualmente na mesma condição impura da lepra em que o rei Uzias, mencionado em Is 6:1, acabou por orgulho (2Cr 26:19-21; Lv 13:45). Ao reconhecer o julgamento de que vale, Isaías escapa do julgamento que Deus deve trazer a todo o povo. O autojulgamento é sempre a maneira de escapar pessoalmente do julgamento com o qual Deus deve atingir o todo. Pois Deus está sempre pronto para conceder a salvação. Isaías agora participa da certeza do perdão. Nisso ele é um tipo do remanescente crente no futuro.

É assim que deve ser sempre conosco. Quanto mais entendermos as características da obra expiatória de Cristo e as glórias de Sua Pessoa, mais nos tornaremos conscientes de nossa pecaminosidade. Quanto mais perto estivermos do Senhor, maior será a consciência de nossa indignidade. Portanto, aprenderemos a nos identificar com a condição em que nossos companheiros do corpo de Cristo chegaram se eles se tornaram infiéis e seguiram um caminho pecaminoso. Aprenderemos a confessar seus pecados como nossos. Esdras e Daniel aprenderam e fizeram isso (Esdras 9:1-15; Dan 9:3-23; cf. Neemias 9:16-37). Somente assim podemos, como Isaías aqui, ser chamados e usados pelo Senhor como uma verdadeira bênção para os outros.

Para um coração contrito há graça imediata (cf. Is 57,15). Um serafim põe Isaías em contato com o que está sobre o altar (Is 6,6). Por aquilo que o altar representa – Cristo, que se oferece a Deus, que dá a Deus a oportunidade de oferecer perdão (2Co 5:20-21) – Isaías tem a certeza do perdão dos seus pecados (Is 6:7). Pela aplicação de uma brasa do altar de incenso, ele se torna apto para seu serviço. Já pode sair, rodeado pelo aroma do altar do incenso (cf. 2Co 2,14-16).

Nesta seção encontramos um trono e um altar (de incenso). Isso se refere à glória do Senhor Jesus como Rei e Sacerdote. Em Israel, rei e sacerdote sempre estão separados. Quando o rei Uzias se impõe para cumprir uma tarefa sacerdotal, ele fica leproso (2Cr 26:19). Somente o Senhor Jesus, como Melquisedeque, pode ser Rei e Sacerdote.

Isaías 6:8-10 (Devocional)

Chamar e comandar

Isaías agora está apto para trazer sua mensagem séria. Ele ouve “a voz do Senhor” (Adonai, Is 6:1) com a pergunta de quem Ele enviará (Is 6:8). O “Senhor”, que fala aqui pela primeira vez, é Deus Espírito Santo (Atos 28:25-27). Ao mesmo tempo é também o Senhor Jesus, como sabemos pelo já citado texto de João 12 (Jo 12:41). Isso explica porque a primeira pergunta diz “eu”, singular, e a segunda pergunta “nós”, plural. O plural “nós” (cf. Gn 1,26) assume que o Deus trino – Pai, Filho e Espírito Santo – está falando aqui.

A pergunta não é tanto uma consideração geral, nem é dirigida a várias pessoas, mas é dirigida ao coração de Isaías pessoalmente. É claro que a pergunta não foi feita aos anjos do céu. Se assim fosse, toda a hoste celestial teria se adiantado imediatamente e exclamado: ‘Envia-me, envia-me!’ No entanto, os anjos permanecem em silêncio. Ninguém além de Isaías foi feito para responder a esta pergunta. Ele é o vaso purificado e, portanto, útil ao Mestre (2Tm 2:21).

Isaías responde imediatamente. Ele não tem perguntas ou objeções e diz: “Aqui estou, envie-me”. Nenhum dos “Seus anjos... que cumprem a Sua palavra” (Sl 103:20) pode ser enviado a pessoas pecadoras para este serviço. Somente um homem cujos lábios são inicialmente impuros, mas agora foram limpos, pode ser enviado a um povo cujos lábios são impuros. Com o mesmo objetivo, nós também estamos na terra.

Não há nada que impeça a comunhão entre Isaías e o Senhor. Quando tudo que atrapalha nossa comunhão com o Senhor Jesus é removido, podemos cumprir todas as tarefas que Ele nos ordena fazer em Seu poder. Então nada do que Ele nos pedir será pesado demais para nós. Aqui vemos a ordem:

1. primeiro sendo convencido de nossa própria indignidade na presença de Deus, então
2. limpeza e depois
3. enviado a serviço de Deus.

A ordem que Isaías recebe é muito pesada (Is 6:9). Ele tem que ir a “essas pessoas” e trazer-lhes o julgamento do endurecimento. Ao chamar o povo de “este povo” – e não falar de “Meu povo” – o SENHOR se distancia de Seu povo (Is 6:9-10; cf. Êx 32:9; Êx 32:21; Êx 32:31; Nm 11:11-14).

A mensagem de endurecimento que Isaías deve trazer (Is 6:10) também será trazida ao povo pelo Senhor Jesus (Mt 13:10-15). Ao mesmo tempo, isso deixa claro por que esse julgamento de endurecimento deve vir sobre a massa do povo: porque eles rejeitam o Senhor Jesus. Essa rejeição é claramente evidente ao atribuir a obra do Espírito em Cristo a “Belzebu, o príncipe dos demônios”, isto é, ao próprio Satanás (Mateus 12:22-32).

Ainda mais adiante, este versículo de Isaías também deixará claro que o povo rejeita o testemunho do Espírito Santo pela boca de Paulo (Atos 28:25-27). Com isso eles selarão o julgamento do endurecimento.

Eles persistiram tanto em seu pecado de rejeitar o Senhor e são tão teimosos em sua recusa em retornar a Ele, que a possibilidade de conversão e cura acabou. Eles ouvirão a pregação, mas não entenderão seu significado espiritual. Pensarão que veem, até se gabarão de ver, mas sua rejeição ao Senhor Jesus será a prova de que estão cegos e de que seu pecado permanece (Jo 9:39-41).

Quem cai sob o julgamento de endurecimento é a partir desse momento não mais acessível à Palavra de Deus. O coração tornou-se de pedra. É verdade que alguém não pode mais vir a Deus se Deus não o atrai mais (João 6:44). Então Deus o entregou a si mesmo e a seus desejos porque ele mesmo escolheu fazê-lo (Rm 1:24; Rm 1:26; Rm 1:28). Este é o julgamento sobre Israel.

Esse julgamento de endurecimento não veio sobre todo o Israel, mas sobre uma parte dele (Rm 11:25). Essa parte é a massa. É a massa incrédula que está na terra. Desde aquela época, a evangelização entre os judeus ortodoxos tem sido quase sem resultado, por causa desse endurecimento. Os judeus chegam regularmente ao arrependimento, sempre há um remanescente, mesmo neste tempo (Rm 11:5), mas essas são exceções. A massa é endurecida.

No início do sionismo, no século XIX, parecia haver um renascimento nacional entre os israelitas. Muitos voltaram para a terra. Alguns também chegaram ao arrependimento. Surgiu a fé em Jesus como o Messias. Com base em suas próprias Escrituras, foi e é explicado que o Messias já havia chegado. Mas a grande maioria dos que vivem em Israel não gostam nada do Messias Jesus e confiam em suas próprias forças e seguem seus próprios insights para enfrentar os problemas.

Isaías 6:11-13 (Devocional)

Até …

Embora Isaías esteja disposto e queira obedecer, ele sente o peso deste anúncio. Sua reação também mostra sua mente. Ele não vai trazer esta mensagem com alegria. Ele pergunta quanto tempo durará essa cegueira ou endurecimento (Is 6:11; cf. Zc 1:12). Na pergunta “Senhor, até quando?” ouvimos a confiança que ele tem no Senhor de que não deixará o seu povo para sempre (cf. Êx 32,9-14). Nisto reconhecemos o intercessor.

Na resposta do SENHOR, de fato, ouvimos um “até”. Mas primeiro o julgamento deve ter seu pleno efeito (Is 6:11-12). Isso dura até que a terra seja destruída e despovoada. O que resta então, “um décimo”, que reconhecemos nos retornados do exílio babilônico, é novamente destruído (Is 6,13). Isso aconteceu, por exemplo, no ano 70 pelos romanos que destruíram Jerusalém e massacraram seus habitantes. Muitos fugiram para o Iraque, que ficava fora do Império Romano.

Mais tarde, também, muitos fugiram da terra para todos os tipos de opressores, inclusive os islâmicos. A terra tornou-se cada vez mais despovoada e também cada vez mais devastada. O ponto mais baixo é por volta do ano 1800. O número de judeus na terra naquela época é estimado em apenas 5.000. Mas sempre houve um remanescente na terra, com o qual as pessoas espalhadas globalmente sempre estiveram conectadas.

Então vem a era do sionismo, com uma primeira onda de judeus russos retornando à terra no final do século XVIII. Esse retorno continuou. Como resultado, cerca de 3.000.000 de judeus de todos os cinco continentes retornaram à terra. Não apenas os habitantes foram expulsos ao longo dos séculos, mas a terra também foi destruída por séculos.

No tempo do fim, o tempo que está chegando, a terra e as pessoas serão destruídas novamente. Quando Israel passa pela grande tribulação, parece não sobrar nada. Mas o remanescente florescerá novamente. Será “como um terebinto ou um carvalho” do qual todos os galhos foram cortados e só resta um toco. No entanto, há vida no toco e, portanto, ele brotará.

Este broto será “a semente sagrada”, uma semente totalmente dedicada ao SENHOR. Isso se refere ao remanescente que o SENHOR preservou para Si mesmo. Isso corresponde ao nome do filho de Isaías, Shear-jashub, o que significa que um descanso ou um remanescente retornará, se converterá. É incrível que o SENHOR use para o remanescente a mesma palavra “santo” (qodes) como o Espírito Santo fez para o próprio SENHOR em Isaías 6:3. Assim, a conexão entre esse remanescente e o SENHOR é fortemente expressa.

Acima de tudo, “a semente santa” refere-se ao Senhor Jesus, que nascerá de um remanescente que retornou a Jerusalém (Is 11:1). Ele é “o gerado santo”, como é literalmente dito a Maria (Lucas 1:35). A “semente santa” de Israel é santa por meio de sua união com a verdadeira semente santa, Cristo.

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