Parábola do Tabernáculo

PARABOLA, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGIA
Parábola do tabernáculo
(Hb 9:1-10; Êx 25:31)

Neste caso também é o Espírito Santo quem nos autoriza a afirmar que o tabernáculo erigido por Moisés no deserto era uma parábola para nós de uma herança ainda mais gloriosa. “O Espírito Santo estava dando a entender [...] o primeiro tabernáculo [...] é uma parábola para o tempo presente...” (Hb 9:8,9).

As figuras ou os objetos parabólicos, associados a todos os serviços e aos utensílios do tabernáculo, dão margem para muito estudo. De maneira notável, os sacrifícios, as ofertas, as festas e a construção do tabernáculo ilustram a pessoa e a obra do Redentor, bem como as bênçãos e os privilégios dos remidos. O maravilhoso capítulo 9 de Hebreus é a exposição do Espírito Santo acerca do tabernáculo, em que se apresenta um retrato sublime da obra completa de Cristo a favor do crente e da vida dos crentes em Cristo como um todo.

O estudante que deseja entender o significado simbólico das coisas ligadas ao tabernáculo poderá escolher entre as inúmeras exposições sobre o assunto. Alguns comentaristas deixaram a imaginação correr solta na interpretação dos elementos de menor importância dessa construção temporária no deserto. Sabiamente, o dr. A. T. Pierson disse: “Ninguém se pode dar por infalível na interpretação dessas imagens e desses objetos, estando a beleza dessa forma de ensino, em parte, no fato de permitir uma nitidez cada vez maior de visão e uma crescente acuidade de percepção, assim como a nossa vida e o nosso caráter se aproximam da indiscutível perfeição [...] Mas estamos certos de que há uma riqueza de significados imaginável, mesmo aos filhos de Deus, e ainda por explorar, a qual apenas os anos que estão por vir conseguirão revelar e desvendar completamente”.

A principal característica do tabernáculo estava na sua divisão em três partes — a unidade da trindade:

O átrio, com o altar do holocausto e a pia de bronze.

O Santo Lugar, com a mesa dos pães da proposição, o candelabro de ouro e o altar do incenso.

O Santo dos Santos, com a arca da aliança sobre a qual estava o propiciatório.

Nem precisa muita imaginação para vermos, nessas características expressas, uma parábola sobre a obra de Cristo na ordem em que se deu, desde o seu sacrifício vicário na cruz até a descida do Espírito Santo regenerador e santificador, passando por toda a sua jornada como Luz do mundo, Pão da vida e nosso Intercessor além do véu, na presença de Deus.

O tabernáculo pode também ser considerado uma parábola que mostra como o crente pode aproximar-se de Deus em Cristo.

O átrio passa a idéia de dois estados: remissão dos pecados pelo sangue da expiação e regeneração do espírito pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo — condições da comunhão.

O Santo Lugar ilustra as três formas da comunhão — a vida de luz como testemunho, a sistemática consagração interna e a vida de constante oração.

O Santo dos Santos retrata o ideal e o objetivo da comunhão, em que “a obediência perpétua se parece com uma tábua inquebrável da lei, a beleza do Senhor nosso Deus está sobre nós e todos os seus atributos estão em perfeita harmonia com os nossos sentimentos e atividades”. Uma análise mais completa desse fascinante aspecto do estudo da Bíblia, o leitor encontrará no “Old Testament symbolism” [“O simbolismo do Antigo Testamento”], capítulo do livro The study of parables [O estudo das parábolas], de Ada Habershon. Essa talentosa autora tem um pequeno livro, Studies on the tabernacle [Estudos sobre o tabernáculo], com muitos esboços claros e bíblicos que mostram como os detalhes do tabernáculo foram “sombra dos bens futuros” e “figuras das coisas que estão no céu” (Hb 10:1; 9:23; Cl 2:17; Jo 5:45).