Livro de Juízes — Autenticidade Histórica

ESTUDO BIBLICOS, TEOLOGICOS, LIVRO DE JUÍZES
O apelido de "Pai da História" é atribuído, e com razão, ao historiador grego Heródoto, que viveu na segunda metade do séc. V a.C. Os seus predecessores não passavam de meros cronistas, porque o verdadeiro historiador é algo mais que um simples narrador de fatos: é o observador das operações fundamentais das causas e dos efeitos; é o filósofo que apresenta os acontecimentos como a expressão de princípios básicos. Mas sob este aspecto pode dizer-se que Heródoto teve predecessores entre os historiadores de Israel, para quem a história era a narração das relações de Deus com o Seu povo e mesmo com outros povos, cujas causas profundas foram investigadas minuciosamente pelos historiadores, os quais procuravam as causas e os fins ou propósitos de Deus. Diz-se que os historiadores citados desde Josué até 2Reis demonstram à evidência a filosofia deuteronômica da história, assim designada por encontrar expressão clara no Deuteronômio. Assim a causa da prosperidade vai encontrar raízes na obediência à vontade de Deus e sobretudo na fuga dos deuses particulares (baalismo) de Canaã, com o seu culto cheio de imoralidade; a adversidade não passava de conseqüência infalível pelo afastamento desse caminho, sem dúvida estreito e restrito. Na estrutura do livro dos Juízes é mais que evidente essa atitude. Quando o povo, abandonando o culto de Jeová, passava a servir os deuses estranhos, normalmente era vítima duma agressão por parte dum povo que os oprimia. Israel então clamava por socorro e o Senhor ouvia-o, enviando-lhe um libertador.

E não se diga ser piedosa ficção este processo de historiar os acontecimentos. Enquanto as tribos mantiveram a sua lealdade a Jeová e à aliança do Sinai, simbolizada na arca, foram unidas e fortes; mas logo que seguiram os deuses pagãos, desfez-se o elo de união que as irmanava e, enfraquecendo-se, lentamente caíram na divisão e na ruína. Os períodos de libertação eram geralmente acompanhados dum regresso à fé que aprenderam no deserto, por cuja força, apesar de serem nômades, podiam derrubar as mais civilizadas nações de Canaã.