Cosmologia de Gênesis 1:1 (Part. II)

COSMOLOGIA, COSMOGONIA, GENESIS, ESTUDO BIBLICOS, TEOLOGICOS
Para entendermos isso, nós precisamos entender alguns fatos científicos, e vermos como na verdade foram as duas coisas, as duas ideias verbais, que ocorreram na criação.

Não vou tentar entrar na discussão entre Ciência e Religião, no entanto, uma vez que a ciência cresce mais e mais, e mais provas empíricas são feitas para a comprovação, o que, mesmo levando a nomenclatura de “teoria”, na verdade, se trata de um fato.

A ciência não é do homem, é de Deus, Ele é o maior Cientista, Matemático, Físico que existe, o homem apenas descobre verdades que já existiam, mas que eram apenas desconhecidas da humanidade. Ninguém criou as maiores ideias científicas ou físicas, elas já existiam, apenas precisavam ser descobertas pela mente humana.

Para entendermos que “método” foi usado na criação, devemos ler primeiro o prólogo de João. Ele diz sob inspiração divina:

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era Divina. Ele estava no princípio com o Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (João 1:1-3)

Não é segredo para ninguém que o que traduzimos por “Palavra”, ou “Verbo”, é o termo grego λογος (logos). Esse λογος de Deus é o nosso Senhor Jesus Cristo. (Cf. Jo. 1:14) João diz abertamente que todas as coisas, ou seja, coisas físicas e espirituais, foram “feitas por ele [i.e pelo λογος]”.

Sabemos que a criação leva estampada em si as qualidades do criador, isso não é verdade apenas no âmbito humano, mas também no divino. (Romanos 1:20) Assim, as características do λογος estão espalhadas em todas as coisas criadas.

A palavra grega λογος é muito profunda, não há como definirmos nessa postagem, no futuro faremos uma abordagem lexicográfica do termo. No entanto, um dos significados de λογος é “razão”, sendo dela que tiramos a palavra “lógica” em Português (λογικος – logikos que vem de λογος). Cf. Wikipedia (Logica)

Por esse motivo, acredito que tudo dentro desse universo físico, criado pelo Logos, tem um caráter racional, lógico, explicativo física e cientificamente falando.

Muitos dos cientistas (lógico que nem todos) não querem desmentir Deus, mas apenas entender como Ele criou as coisas.

Por exemplo, Albert Einstein convenceu-se de que o Universo teve um começo, e ele queria “saber como Deus criou o mundo”.

Até o grande gênio da Atualidade, Stephen Hawking disse:

“Se encontrarmos a resposta para isso teremos o triunfo definitivo da razão humana; porque, então, teremos atingido o conhecimento da mente de Deus”. (Uma Breve História do Tempo. S. W. Hawking. 14o edição. Editora Rocco. 1989. Pág. 238.)

Ainda mais, muitas vezes as pessoas desacreditam em Deus devido ao fato de que a palavra “Deus” vira uma palavrinha mágica para alguns crédulos, principalmente quando não sabem como algo aconteceu. Nesse caso, a resposta pronta sempre é “Deus fez”.

YHWH Deus criou todas as coisas que existem por meio de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. (Col. 1:16; Ap. 4:11) No entanto, Ele deve ter usado as próprias leis que criou para pôr em funcionamento Sua criação.

Não precisamos encarar Deus como um mágico que cria as coisas simplesmente sem explicação, como por meio de uma palavrinha mágica, como “abracadabra”, palavra essa do aramaico que significa “eu crio ao falar”. Em Gênesis capítulo 1, Deus “fala” e as coisas são criadas, mas essa não era uma criação mágica, sem explicação, por um deus esotérico.

Na verdade, toda vez que o texto em Gênesis menciona que Deus “disse”, ali é uma referência ao Logos de Deus agindo na Criação, e não as meras palavras de Deus sendo emitidas verbalmente.

Quanto mais a ciência empírica descobre como as coisas funcionam, ou existem, menos podemos acreditar como disse certa página na internet:

“Todas as milhares de estrelas apareceram repentinamente e sobrenaturalmente no espaço.”

Tudo isso como um passe de mágica? Pirlinpinpin e apareceram as estrelas? O homem, como único dotado de capacidade cognitiva e racional, foi feito a imagem de Deus Criador, a Mente Suprema. Não parece racional que Ele tenha criado tudo que existe sem explicação racional nenhuma, sendo uma coisa totalmente inexplicável, não apenas agora, mas para sempre; simplesmente tudo foi criado sobrenaturalmente do nada.

Não estou querendo também “racionalizar” tudo. Na verdade, isso é muito perigoso e limitado. Einstein uma vez disse:

“O pensamento lógico pode levar você de A a B, mas a imaginação te leva a qualquer parte do Universo.”

Existem muitas teorias explicativas de como o Universo surgiu. No entanto, a mais popular e mais levada a sério pelos físicos e cosmólogos é a teoria do Big Bang.

Uma breve definição segundo o site Big Bang Theory:

“A teoria do Big Bang é uma tentativa de explicar o que aconteceu logo no início do nosso universo. Descobertas em física e astronomia demonstraram além de dúvida razoável que o nosso universo, de fato, teve um começo. Antes desse momento não havia nada, durante e depois desse momento, houve alguma coisa: o nosso universo. A teoria do big bang é um esforço para explicar o que aconteceu durante e depois daquele momento.”

Mas isso, diferente da crença popular, não rivaliza com um Criador Sobrenatural, Todo-Poderoso e Inteligente. O mesmo site diz:

“A criação foi um evento sobrenatural. Isto é, teve lugar fora do reino natural. Este fato levanta a questão: há qualquer coisa que existe fora do reino natural? Especificamente, há um Mestre Arquiteto lá fora?”

Quando falamos de “teoria” do Big Bang, não estamos falando do que a população comum entenderia, como “hipótese”.

Segundo Wikipedia existe uma confusão nesse sentido:

“Há também uma confusão quando se quer analisar o grau de confiabilidade que uma teoria apresenta. Muitas pessoas acreditam que uma lei científica possuiria um grau maior de comprovação que uma teoria, mas não é isso que ocorre... Outra confusão frequente é o equívoco entre fato e teoria. Teoria é o que explica o fato, e portanto uma teoria deve ser construída a partir de um fato.”

Sobre isso a Discovery Magazine diz:

“Isso [i.e o termo “teoria” cientificamente falando] não significa “apenas a opinião de alguém.” Teorias podem ser completamente especulativas, absolutamente bem estabelecidas, ou simplesmente erradas, o modelo do Big Bang é absolutamente bem estabelecido.”

Para entendermos um pouco sobre como funciona essa teoria: Imaginem um balão inflável. Enquanto seco você pega uma caneta e pinta umas bolinhas na superfície da mesma, uma bem próxima da outra. A medida que encher o balão, ele vai se expandindo e os pontinhos, anteriormente próximos, irão se afastando uns dos outros. É mais ou menos isso que ocorre com o Universo. Ele está em expansão. Se retrocedermos no tempo, então tudo estava contido em um único ponto. Nesse ponto havia tudo o que iria compor o universo físico.

Os cientistas chamam de Bóson de Higgs, ou “particula de Deus”, o ponto de partida de tudo. É aqui onde acredito que entre a palavra בָּרָא “criar do nada”. Pois, como os próprios cosmólogos e físicos confirmam, nada físico era anterior a sua própria criação física. Assim o Bóson de Higgs teria vindo literalmente ex nihilo, ou seja, “do nada” fisicamente. O Bóson de Higgs deveria está “dentro” (embora esse termo já seja da realidade física de espaço) de algo mais que é além e anterior a materia-espaço, mas que não pode ser materia, uma vez que a materia em si ainda não havia sido criada.

Nos primeiros instantes o universo não era constituído por matéria, mas sim por energia sob forma de radiação. O universo então passou a expandir-se e, consequentemente, a arrefecer, ou seja, esfriar. Pares de partícula-antipartícula eram criados e aniquilados em grande quantidade. Com a queda de temperatura a matéria pôde começar a formar hádrons, assim como a antimatéria a formar antihádrons, pois matéria e antimatéria foram criadas em quantidades iguais. Atualmente, no entanto, parece que vivemos em um universo onde só há matéria.

Esse Big Bang, ou melhor dizendo, liberação de energia que produziria a futura materia composta em tudo que vemos, está em harmonia com a descrição que Isaías fez de Yahweh:

“Levantai ao alto os vossos olhos e vede. Quem criou estas coisas? foi Aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; Ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza [ou, abundância] de sua energia dinâmica, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará.” (Isaías 40:26)

Esse vínculo entre a matéria e a energia explica a potência do Sol, que garante a nossa vida e o nosso bem-estar. Que vínculo é esse? Bem, uns 40 anos antes, em 1905, Einstein havia predito uma relação entre matéria e energia. Muitos conhecem a sua equação E=mc2. Depois que Einstein formulou essa relação, outros cientistas puderam explicar como é possível que o Sol continue a brilhar já por bilhões de anos. No interior do Sol ocorrem contínuas reações termonucleares. Deste modo, a cada segundo, o Sol converte uns 564 milhões de toneladas de hidrogênio em 560 milhões de toneladas de hélio. Assim, cerca de 4 milhões de toneladas de matéria são transformadas em energia solar, uma fração da qual atinge a Terra e sustenta a vida.

É significativo que o processo ao reverso também é possível. “A energia transforma-se em matéria quando partículas subatômicas colidem em altas velocidades e criam novas partículas, mais pesadas”, explica The World Book Encyclopedia.

Depois da liberação de energia, então todas as coisas seguiram ordeiramente seu projeto, conforme pré-estabelecido pelo Projetista do Universo. Assim todas as coisas materiais, após essa liberação de energia, foram formadas de matéria pré-existente; sol, lua, estrelas, inclusive o homem do “pó do solo”. É ai que entre o verbo יִּצֶר “formar”, conforme aparece em Gênesis no relato da Criação.

Tudo foi יִּצֶר “formado” de coisas pré-existentes DEPOIS do início da criação pelo Bóson de Higgs como particula inicial que, por sua vez, veio “do nada” (בָּרָא), ou melhor, “de nada” físico, uma vez que a materia ainda não existia.

Interessante que na LXX os tradutores verteram o verbo hebraico יִּצֶר “formar”, usado em Gênesis 2:7 para a formação de Adão, pelo verbo grego πλασσω (plasso) que significa “formar, moldar (algo do barro, da cera)” (Thayer) é usado para se referir à vasilhas de barro. No N.T aparece apenas três vezes, duas em Rom 9:20 “coisa formada” e Aquele que “formou” o homem; e em 1Tim 2:13; primeiro foi “formado” Adão do “pó do solo” e depois Eva da “costela” de Adão (Gn. 2:22), ambos de coisas pré-existentes.

Assim vemos como as duas ideias de “criar do nada” e “formar”, a partir de coisas pré-existentes, estão em harmonia em termos bíblicos e cosmológicos. Depois dessa análise, nós iremos abordar os outros textos para entender mais sobre a palavra “criar” dentro das Escrituras Hebraicas.

Contexto desse estudo bíblico:

Verbo “Criar” em Gênesis 1:1 (Part. I)

Outros estudos sobre Bíblia e Ciência:

Cf. A Astronomia e a Bíblia
Cf. A Bíblia e a Ciência
Cf. Houve Realmente um Dilúvio Global?
Cf. Panorama do Livro de Gênesis
Cf. Adão e Eva Realmente Existiram?