Grupos religiosos no período intertestamentário

Os Fariseus – Esse é o grupo maior e mais importante. A palavra em si significa "separatistas", tendo sido, provavelmente, aplicada como expressão de escárnio aos oponentes. É mais provável que eles foram os sucessores dos "hasidins". Seja qual for sua origem, os fariseus foram o resultado final do movimento que teve os seus primórdios com Esdras, intensificado pelos hasidins, sob os sírios e romanos, contudo, os propósitos políticos e as intrigas derivadas da ambição pelo poder por parte dos hasmoneanos, alienaram muitos dos Hasidins de suas inclinações religiosas. Eles tinham maior controle sobre o povo do que os saduceus, que eram mais abastados e politicamente poderosos. Os fariseus controlavam a Sinagoga, e só eles sobreviveram à Guerra Judaico-Romana de 66-70 DC. Para o fariseu, a tradição oral suplantou a Lei. Este era o principal ponto em que divergiam dos saduceus, que não viam nenhuma necessidade de alterar a lei. Os fariseus diziam, que as finas distinções das tradições orais eram para facilitar o cumprimento da lei sob novas condições e, tornar virtualmente impossível pecar-se. Eles também colocavam uma forte ênfase sobre a providência divina nos assuntos do homem. No período neo-testamentário, seus seguidores eram tidos, como sendo os mais zelosos no cumprimento dos preceitos religiosos e das tradições; todavia, Jesus os chamou de hipócritas, porque se preocupavam mais com a aparência (Mt.23.13-35).

Os Saduceus – Seita que surgiu na mesma época em que surgiram os fariseus. Tiveram sua origem nos partidários aristocráticos de pendores políticos do sacerdócio hasmoneano. Gabavam-se de sua fidelidade à lei mosaica, em contradistinção à tradição oral; contudo, eram muito liberais, pelo que, aceitavam a cultura grega, razão pela qual, eram odiados pelos fariseus. Eram mais voltados para o aspecto político. Controlavam o Sinédrio e qualquer resquício de poder político que restava. O sumo sacerdote era sempre o líder deste grupo, pelo que, também controlavam o templo. Era um grupo fechado e não procurava prosélitos como faziam os fariseus. Teologicamente conservadores (diziam), limitavam o cânon à Torah ou Pentateuco. Rejeitavam as doutrinas da ressurreição, demônios, anjos, espíritos, e advogavam a vontade livre, em lugar da providência divina.


Os Herodianos – Os saduceus da extrema esquerda eram conhecidos como herodianos. Tirando o nome da família de Herodes, eles baseavam suas esperanças nacionais nessa família e, olhavam para ela com respeito ao cumprimento das profecias acerca do Messias. Eles surgiram cerca de 6 DC. Eram de um tipo bajulador do rei, mais políticos do que religiosos. Faziam uma oposição inconseqüente à obra de Deus, unindo-se aos inimigos de Jesus (Mt.22.16 e ss).

Os Escribas - Naquele tempo não havia outro meio conhecido para se tirar cópias de qualquer escrito, por isso, a classe dos escribas era muito importante. Eles se ocupavam de copiar, especialmente, as Escrituras à mão. Como se ocupavam de copiar as Escrituras, eram profundos conhecedores de seu texto, por isso eram muito respeitados. Vale lembrar, que Esdras era sacerdote e escriba.

Outros grupos existentes na época são menos importantes para nós, porque o texto não fala deles, como:

Essênios – Eles representavam o desenvolvimento na extrema direita dos fariseus. Eram tão fanáticos no seu zelo legalista que se separaram, afim de viverem uma vida ascética, nas regiões desérticas ao redor do Mar Morto e viviam uma vida rigidamente devota. A partir dos documentos de Qumram, parece que eles aguardavam um messias que iria combinar as linhagens real e sacerdotal, numa estrutura escatológica. Esse grupo não é mencionado no Novo Testamento. Alguns pensam que João Batista fez parte desse grupo, mas não existem provas disso.

Zelotes – Destes, a Bíblia diz apenas que ao apóstolo Simão Cananita era zelote (comparar Mt. 10.4 com Lc. 6.15). Naturalmente, quanto a Simão, ele se converteu e abandonou o seu partido. Estavam interessados na independência da nação e sua autonomia, ao ponto de negligenciarem toda outra preocupação. Foram os zelotes que empreenderam uma revolta no ano 66 D C, que culminou com a destruição de Jerusalém pelo exército romano, comandado pelo general Tito.


Zadoquistas – Eram a ala extremista dos saduceus, que se chamavam “filhos de Zadoque” ou eram apelidados disso. Eram missionários fervorosos, em busca de um mestre de justiça que chamasse Israel de volta ao arrependimento e apareceria no advento do Messias. Eles fracassaram no seu intento de promover uma reforma religiosa no II século AC e, por isso, foram para Damasco, onde fundaram uma comunidade que denominaram “Nova Aliança”. Alguns voltaram como missionários para sua terra natal e depararam com a amarga oposição por parte dos fariseus e saduceus. A descoberta de documentos na comunidade de Qumram sugere alguma relação entre os zadoques, os essênios e essa comunidade. Aceitavam toda a palavra escrita, mas rejeitavam a tradição oral. Eram muito abnegados na vida pessoal e leais aos regulamentos da pureza levítica. Deram grande ênfase à necessidade de arrependimento.