Banquete — Estudos Bíblicos
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BANQUETE
Quatro palavras hebraicas e
uma grega estão envolvidas no estudo desse tema, quase sempre envolvendo a
idéia básica de «beber». Em Amós 6:7 temos uma palavra que significa «grito»
(de alegria ou de tristeza). Em Jó 41:6 temos uma palavra que
significa «preparar». Em Cantares 2:4, a «sala de banquete» deveria
ser traduzida mais apropriadamente por «sala de vinho». Em Ester 7:1, que
diz «veio...Hamã para beber...», encontramos uma palavra hebraica usada
por duzentas e onze vezes exatamente com o sentido desse verbo. E uma quarta
palavra hebraica é usada por quarenta e cinco vezes com o sentido de
«banquete» (por exemplo: Ester 5:4-6,8,12,14; Dan. 5:10). A palavra grega pótos,
«bebedice», aparece somente em I Pedro 4:3.
Ocasiões para
banquetes. Podemos pensar nas festividades, religiosas ou
sociais, nos aniversários (ver Gên. 40:20; Mat. 14:5); no desmame de um
filho e herdeiro (ver Gên. 21:8); nos casamentos (ver Gên. 29:22; Mat. 22:2-4),
por ocasião da tosquia das ovelhas (ver I Sam. 25:2); e também, conforme nos
parece estranho em nossa cultura, por ocasião dos sepultamentos (ver II
Sam. 3:35), ainda que na oportunidade relatada, Davi se recusasse a
fazê-lo.
Horário dos
banquetes. Usualmente os banquetes tinham lugar no fim do dia, à
noitinha, o que corresponde ao nosso jantar (ver Isa. 5:11). Geralmente,
esses banquetes continuavam por alguns dias (ver Jui. 14:12). Lembremo-nos
da festa de casamento na qual Jesus se fez presente. Houve muito vinho, e
a festa durou por muito tempo. Os excessos tornavam-se inevitáveis nessas
oportunidades (ver Ecl. 10:16 e Isa. 5:11).
Convites. Os servos
transmitiam verbalmente os convites (ver Pro. 9:3; Mat. 22:3). O convite de
última hora também era feito (ver Mat. 22:8 e Luc. 14:7), restringido
àqueles que tivessem manifestado sua disposição de se fazerem presentes.
Nenhuma razão trivial era aceita como recusa a um convite desses. Nos
evangelhos, a questão tornou-se símbolo do convite do Senhor para que os
homens recebam o reino de Deus e a salvação.
Etiqueta. Os convidados
eram identificados mediante uma espécie de tabuleta ou cartão, e eram admitidos
ao salão do banquete. Uma vez que todos os convidados estivessem presentes, o
proprietário fechava a porta, para que ninguém mais pudesse entrar (ver Luc. 13:25;
Mat. 25:10). Os convidados eram saudados com um ósculo, na entrada (ver
Tobias 7:6; Luc. 7:45), e seus pés eram lavados (ver Luc. 7:44), o que era
um costume generalizado no oriente. Além disso, cabelos e barba eram
ungidos (ver Sal. 23:5). Os lugares eram designados aos convidados de
acordo com a importância de cada um (ver I Sam. 9:22 e Luc. 14:8). Algumas
vezes, eram fornecidos trajes especiais para tais celebrações (ver Ecl.
9:8 e Apo. 3.4,5).
O mestre-sala (ver
João 2:9 e Ecl. 32:1) usualmente era o proprietário da casa, embora nos
banquetes nas cortes reais houvesse algum oficial designado para o posto. O
mestre-sala tinha autoridade de admitir quem deveria fazer-se presente, e
o que os convidados deveríam fazer.
Os pratos servidos durante
o banquete dependiam das posses do dono da casa, pelo que um banquete podia ser
simples ou muito luxuoso, com itens importados. Nunca faltava o vinho, que
era servido puro, ou então misturado com água e especiarias (ver Pro. 9:2; Can.
8:2). Com freqüência havia bebedeiras, do que resultavam todos os tipos de
excessos (ver Isa. 5:12 e Amos 6:5).
Sentados à mesa
ou reclinados? Nos primeiros tempos de Israel, costumava-se sentar à
mesa. Mas o hábito de reclinar-se em divãs, dos gregos e romanos, terminou
sendo adotado em Israel, em tempos posteriores. Na época de Jesus, as refeições
eram tomadas em posição reclinada. Assim, na última Ceia, compreende-se
como João podia estar «aconchegado» a Jesus (ver João 13:23), e como
pôde reclinar-se «sobre o peito de Jesus» (ver João 13:25).
Como se levava
o alimento à boca? Garfos, colheres e facas só se tornaram de uso comum
já nos fins da Idade Média. Portanto, as pessoas levavam o alimento à boca
com as mãos. Se o alimento era liquido, geralmente era apanhado com um
pedaço de pão, no qual era ensopado. Um prato podia ser servido para
diversos comensais; o que significa que todos podiam meter juntos a mão no
prato, o que é refletido em João 13:26, na cena da última Ceia. Durante o
banquete, circulavam servos, salpicando as cabeças dos convidados
com perfumes ou óleos.
Cozinha. Ver o artigo
sobre a arte culinária. Os alimentos eram cozidos, assados,
estufados, grelhados, preparados com molhos e especiarias. Grande número
de panelas e vasos era usado nessas ocasiões.
Guardanapos. Visto que as
pessoas levavam à boca o alimento com a mão, esta ficava engordurada.
Pedacinhos de pão eram usados para limpar as mãos dos convivas, os mesmos
tornavam-se alimentos dos cães (ver Mat. 15:27 e Luc. 16:21). Mas, nesse
processo, os convivas eram ajudados pelos servos que circulavam
entre eles. Esse humilde oficio era prestado por Eliseu a seu mestre,
Elias (ver II Reis 3:11).
Entretenimento. Nos banquetes,
muitas vezes havia músicos que tocavam instrumentos, havia dançarinos, havia
mímicas e os convivas apresentavam quebra-cabeças uns aos outros. O banquete
platônico mostra que os filósofos também tinham suas ocasiões festivas, com
comes e bebes, antes de se formar a atmosfera apropriada para os debates
filosóficos. Os excessos eram freqüentes em tais banquetes, embora a
intenção dos convidados fosse boa. (Ver Isa. 28:1; Sabedoria de Salomão
2:7; II Sam. 19:35; Jui. 14:12; Nee. 8:10 e Luc. 15:25).
Uso figurado. O banquete
representa o convite de Cristo, o Seu pacto, a Igreja, a comunhão íntima com o
Senhor. Além disso, a rejeição por parte de convidados não qualificados e
a entrada no salão do banquete por meios astutos, simbolizam
a necessidade das pessoas se qualificarem para o convite do evangelho. Os
banquetes satisfazem certas necessidades do corpo. O banquete oferecido
por Cristo satisfaz as necessidades do espirito. Um convite a um banquete
precisava ser tomado a sério. O dono da casa exercia controle sobre a
porta, admitindo e rejeitando a quem ele quisesse fazê-lo (ver Mat. 22:3; Luc.
12:25 e João 2:9). As vestes especiais, fornecidas aos convivas, pintam a
provisão espiritual da santidade e da preparação espiritual (ver Apo. 3,4,5).
Os convidados eram ungidos, o que simboliza a unção do Espirito, com sua
presença e suas graças (ver Sal. 23:5). Havia convidados mais importantes
e menos importantes. Nem toda a realização espiritual está em um mesmo
nível. As pessoas variam quanto à espiritualidade (ver Luc. 14:8; ver
também, quanto a símbolos gerais, o trecho de Can. 2:4). O pacto do Senhor
com o seu povo é simbolizado pela Ceia do Senhor (ver Mar. 14:25; comparar
com Apo. 3:20). (ID ND S UN Z)