Estudo sobre Rute 2
Rute 2
II. RUTE ENCONTRA BOAZ
(2.1-23)
1) Rute faz a respiga nos
campos de Boaz (2.1-7)
v. 1. Boaz,
apresentado como um parente de Elimeleque, é descrito como um
homem rico e influente, hebraico ’ish gibbôr hayil, geralmente
traduzido por “homem de valor” (cf. 3.11, “mulher virtuosa” com referência
a Rute). Os dois fatos são significativos, porque Boaz, que significa “força”
(v. lRs 7.21), era legal e financeiramente apto para assumir a
responsabilidade de gõ’êl, “parente próximo” (v. 3.2). v. 2. Rute,
consciente dos direitos legais dos pobres de colher os cereais que
eram deixados pelos ceifeiros, se dispôs a recolher espigas que eram
deixadas. Os ceifeiros eram proibidos de colher os cereais totalmente
até a divisa das suas terras, nem podiam passar segunda vez pelos
campos (Lv 19.9; 23.22; Dt 24.19). v. 3. Casualmente Rute veio
a um campo que pertencia a Boaz. Pelo que sabemos, foi por acaso, mas Deus
é soberano: um fato que não é declarado mas sugerido em todo lugar.
v. 4. Pode-se ver algo do caráter de Boaz na forma em que ele saúda os
seus empregados, v. 5. Boaz pergunta ao capataz: A quem pertence aquela
moça? (Não ”quem é?”). v. 6. O capataz disse: E uma moa-bita que
voltou de Moabe com Noemi. v. 7. Ele continuou dizendo que ela havia
pedido permissão para respigar e que havia trabalhado o dia inteiro, tendo
tirado só um breve período para descanso. O hebraico dessa frase é
incerto; lit. “esse seu sentar na casa por um pouco”.
2) Boaz oferece proteção e
demonstra bondade (2.8-16)
v. 8,9. Ao saber da
lealdade de Rute para com Noemi e o Senhor e consciente da possibilidade de ela
ser molestada ou expulsa do campo, Boaz demonstra preocupação por
ela e a aconselha a recolher junto com as suas moças e beber da água
— provavelmente, embora Jouon ache que seja vinho — tirada pelos seus
homens, e lhe informa que instruiu os seus homens para que não lhe façam mal.
v. 10. Rute inclinou-se até o chão, um ato que simbolizava humilde
gratidão. A sua pergunta contém palavras cognatas em hebraico, talvez um
jogo de palavras, que se perde com a tradução: “Por que o senhor notou
a minha presença se não sou digna de ser notadaV'. v. 11. Boaz
respondeu que sabia da sua atitude para com Noemi e sua religião, pois deixara
a sua parentela e se confiara a um povo desconhecido. O uso do infinitivo
absoluto justifica o uso de tudo. v. 12. Boaz dá uma bênção,
sendo significativo o fato de que ele usa o nome Senhor (heb. Yahweh),
o Deus que é leal à aliança, asas: uma imagem comum para se
referir à presença protetora de Deus (cf. SL 91.4; 17.8; 36.7). v. 13. A
resposta de Rute é o equivalente a “Obrigado, senhor”. Ao usar uma
expressão idiomática hebraica, ”falar ao coração”, que é traduzida por encorajou
a sua serva, ela se chama de siphâh, serva, mais humilde do que
’ãmâh (cf. 3.9). v. 14. Boaz convida Rute a se juntar ao
seu grupo na hora da refeição e demonstra favor especial por ela ao
lhe oferecer grãos tostados. v. 15,16. Boaz instrui os seus
ceifeiros a permitir que ela recolha entre os feixes, em
vez de ir atrás dos ceifeiros, e que até deixem cair algumas espigas
para ela.
v.17-19. Rute trabalhou até
o entardecer, depois debulhou as espigas de cevada e descobriu que
havia recolhido uma arroba, equivalente a mais ou menos 22 litros. Isso,
mais o que havia sobrado da refeição ao meio-dia, ela levou para
Noemi, que lhe perguntou onde ela havia respigado. Ao perceber
pelo volume que alguém havia sido especialmente útil, Noemi acrescentou: Bendito
seja aquele que se importou com você. Rute contou-lhe que tinha
sido Boaz. v. 20. Noemi então pede a bênção do Senhor sobre Boaz e
fala que o Senhor não deixou de ser leal e bondoso com os vivos
(Noemi) e com os mortos (Elimeleque, Malom e Quiliom); com isso,
ela quis dizer que o Senhor havia cumprido a sua promessa da aliança que
era seu hesed (“amor leal”). Noemi contou que Boaz era o seu parente próximo,
v. 21,22. Rute lhe contou acerca da orientação de Boaz de ficar com
os ceifeiros dele até que terminassem a colheita, e Noemi concordou em que
assim fizesse, pois Noutra lavoura poderiam molestá-la. (O verbo pãga‘
não significa necessariamente “molestar”; BJ: “não te maltratarão”.) v. 23. Rute fez
assim durante as colheitas de cevada e de trigo, i.e., abril e
maio. (Cf. NBD, “Agricultura” e “Calendário”).