Estudo sobre Obadias 1
Obadias 1.1
Título (v. la)
A profecia de Obadias é
chamada de Visão (heb. hãzôn), um termo usado para falar da
natureza revelatória da compreensão profética do significado de eventos históricos específicos.
A visão do profeta é idêntica à palavra de Javé (cf. v. lb).
I. O JUÍZO DE DEUS SOBRE
EDOM (V. 1B-10)
v. 1. O título o Sobenano, o Senhor (heb. 'Adõnãi Yahweh) destaca a honra e a majestade do Deus de
Israel: só ele é “Senhor (heb. ’ãdôn) de toda a terra” (SL 97.5; Mq
4.13; Zc 4.14); ele é o Senhor soberano da história. a respeito de
Edom\ os edomitas habitavam a região montanhosa a sudeste de Judá,
entre o mar Morto e o golfo de Acaba. Nós ouvimos: Obadias
fala como líder de uma comunidade de profetas. “Rumores” na VA no lugar
de mensagem (“notícias” ou “uma revelação”) é enganoso. Um
mensageiro (“arauto”; anjo?)/o/ enviado às nações para chamá-las
à guerra contra Edom. v. 2-4. A palavra de Deus vem contra uma nação
orgulhosa. O povo que pensa que é tão grande e elevado vai ser rebaixado, nas cavidades
das rochas (heb. sela‘): o hebraico faz eco com a fortaleza de Selá
nas montanhas de Edom (cf. 2Rs 14.7), que controlava a bacia em que mais
tarde os nabateus construíram a famosa cidade de Petra. Mas a autoconfiança de
Edom é falsa; mesmo que fosse capaz de subir tão alto como a águia
e conseguisse fazer o seu ninho nas estrelas, não seria capaz de fugir
do juízo de Deus. v. 5. A condenação que está para cair sobre Edom é
retratada por figuras de linguagem muito nítidas. Os saqueadores de Edom são
comparados a ladrões que vêm de noite como colhedores de uvas; ladrões
normalmente só pegam o que eles querem, e colhedores de uvas deixam
um resto para os pobres (Lv 19.10); mas os que
saquearem Edom não deixarão nada. v. 6,7. O profeta lamenta a morte de
Edom como se já fosse um evento do passado. O estilo é o de um canto fúnebre. Esaú\
observe o uso do nome de um indivíduo para representar um grupo maior,
uma forma de pensamento tipicamente semítica que os estudiosos chamam
“personalidade coletiva”. Cf. também o uso de “Edom” (Esaú) e “Jacó”
para personificar os edomitas e israelitas em todo o livro. (Acerca
dessa idéia tão importante do ATOS, cf. E. Jacob, Theology of the
OT, 1958, p. 153-6; e esp. H. W. Robinson, Corporate Personality in
Ancient Israel, 1964.) v. 8. Os montes de Esaú representam a
região montanhosa habitada pelos edomitas em contraste com o “monte Sião” (Jerusalém;
cf. v. 17). v. 9. Temã era a cidade principal de Edom e era
protegida pela cidade-fortaleza próxima de Selá; os seus habitantes eram
famosos pela sua sabedoria (cf. Jr 49.7 e o nome de um dos consoladores
de Jó, Elifaz, o temanita). v. 10. Por causa da violenta matança que
você fez contra o seu irmão Jacó introduz a razão da sentença
pronunciada contra Edom. Isso é desenvolvido e ampliado na seção seguinte.
II. AS
RAZÕES DO JUÍZO SOBRE EDOM (V. 11-14)
O estilo dessa seção é
novamente de um canto fúnebre. Observe a repetição das frases. v. 11. Edom ficou
por perto de Judá e não ajudou os seus irmãos quando estrangeiros (provavelmente
os exércitos de Nabucodonosor) saquearam Jerusalém em 587/586 a.C. Apesar
dos vínculos de sangue com Israel, eles se comportaram como o exército
estrangeiro de invasores, v. 12. Os edomitas observaram com satisfação malévola
o dia da desgraça de Israel, v. 13. Eles até participaram da
pilhagem de Jerusalém, v. 14. A traição de Edom contra Judá atingiu o ápice quando
se negou a receber os refugiados de Jerusalém depois da sua destruição.
III. O
IMINENTE DIA DO SENHOR (V. 15-21)
v. 15. O juízo de Deus
sobre os edomitas é somente um aspecto do dia do Senhor que se
aproxima, que será um dia de juízo sobre todas as nações (cf. “Dia do
Senhor”, DTB, p. 110-1). Aquele dia será um dia de
grandes retribuições: como você fez, assim lhe será feito. v.
16. “O dia do Senhor” também significa juízo para Israel. Assim como
vocês beberam [...] no meu santo monte\ provável referência à
destruição de Jerusalém como o juízo de Deus sobre o seu povo pecador. A
imagem de beber um copo cheio de vinho entorpecente é usada com freqüência
no ATOS como referência ao experimentar a ira de Deus (SL 75.8; Is 51.17; Jr
13.13; 25.15,16; Hc 2.15,16; Zc 12.2; Ez 23.32-34; Lm 4.21). v. 17,18. Mas
um remanescente de Israel será firmado no monte Sião reconsagrado
(cf. JL 3.17); a descendência de Jacó (i.e., Judá, o Reino do Sul) e
a de José (i.e., Israel, o Reino do Norte; cf. Am 5.6; Zc 10.6)
serão reunidas (cf. Is 11.13,14; Jr 3.18; 23.5,6; 31.1; Ez 37.15-27; Os
2.2; Mq 2.12; Zc 9.10), e a descendência de Esaú (Edom) será destruída,
v. 19,20. A restauração de Judá vai incluir uma expansão do seu território; os
israelitas do Neguebe vão receber a terra de Edom (os montes de
Esaú); os israelitas da Sefelá vão ocupar a planície costeira
conhecida como terra dos filisteus; o território do antigo Reino do Norte
(Efraim e Samaria) será novamente ocupado pelos israelitas,
como também Gileade e a Transjordânia; os exilados vão
voltar a possuir a terra até o extremo norte em Sarepta e até o
extremo sul no Neguebe. V. um mapa para entender melhor os locais
geográficos mencionados, v. 20. A localização exata de Sefarade é
desconhecida; a identificação mais provável é com Sardis na Asia
Menor (conhecida entre os persas como Sfarda). v. 21. vencedores',
líderes levantados pelo Senhor entre o povo como nos dias
dos juízes (cf. Jz 2.16; 3.9,15 etc.) serão estabelecidos em Jerusalém para
governar a terra de Edom (e as outras nações). O reino que será estabelecido
não será simplesmente um reino humano, mas será do Senhor (cf.
“Reino”, DTE).