Estudo sobre Levítico 16

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Levítico 16

O Dia da Expiação (16.1-34)
Esse era o dia mais importante no calendário religioso judaico, aquele dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo com o sangue do sacrifício. Visto que essa era a ocasião em que o ritual de purificação era realizado em favor de todo o povo, os detalhes desse ritual são apresentados aqui, no final da seção acerca da pureza e da impureza (caps. 11—16), e não no cap. 23 em que todas as festas anuais são alistadas. Atribui-se tamanha importância a esse dia no judaísmo que ele é designado simplesmente como ”o Jejum” em At 27.9. Tradicionalmente, o período entre o dia do ano novo, no primeiro dia do sétimo mês, e o Dia da Expiação, no décimo dia do mesmo mês, têm sido observado como um tempo de auto-exame na expectativa do grande dia e em preparação para ele. O autor da carta aos Hebreus baseia-se em muitos aspectos no Dia da Expiação na sua demonstração da superioridade do sacrifício do nosso Senhor sobre todo o sistema sacrificial do AT (v. especialmente Hb 9). v. 1. A morte de Nadabe e Abiú (10.1 ss) havia sido uma ilustração vívida dos perigos de se aproximar da presença de Deus de forma errada. Milgrom acha que os v. 1-28 referem-se em primeiro lugar à purificação do santuário após o pecado dos filhos de Arão. v. 2. A entrada no Lugar Santíssimo era um privilégio restrito somente ao sumo sacerdote, e isso só em ocasiões especiais, na nuvem: de incenso (v. 13). v. 3. oferta pelo pecado'. cf. v. 6,11. holocausto', cf. v. 24. v. 4. Toda a vestimenta sacerdotal tinha de ser usada nessa ocasião (cf. Êx 28.39,42,43). v. 8. Há várias explicações possíveis para o bode para Azazel (ou bode emissário; v. NBD, p. 1.077). Na VA, ”bode expiatório” remonta via Tyndale à LXX e à Vulgata. No judaísmo tardio, Azazel figura como um demônio que ensinava artifícios tortuosos aos homens, mas esse provavelmente não é o seu sentido aqui (alguns estudiosos, no entanto, estão inclinados a pensar que “para Azazel” do TM deve ter uma conotação pessoal — mesmo que a ”pessoa” fosse um demônio — se está em paralelo à expressão para o Senhor). A expressão “para o precipício” da NEB tem dois aspectos positivos: (1) há uma palavra árabe de pronúncia semelhante que significa “lugar árido” (v. JSSI, 1956, p. 97-105); (2) em tempos posteriores, era costume empurrar o bode vivo num despenhadeiro a 5 ou 6 quilômetros de Jemsalém. Na ausência de uma explicação totalmente convincente, deveríamos dizer que há apoio filológico para a tradição do bode expiatório, como na VA, ARA e ARC (nota de rodapé da NVI). v. 13. Protegido da visão da majestade divina pela fumaça do incenso, o sumo sacerdote poderia dar prosseguimento àquela parte do ritual que ocorria no santuário interno (v. 14). São pronunciadas novamente as palavras de advertência a fim de que não morra (cf. v. 2); contraste com Hb 4.16. v. 14. O ritual de propiciação a favor dos sacerdotes era concluído ao se aspergir sangue na tampa da arca e também no chão em frente da tampa. v. 15. Agora que ofereceu o sacrifício pelos seus próprios pecados, o sumo sacerdote pode agir em favor do povo ao levar o sangue da oferta pelo pecado do povo para trás do véu. O nosso Senhor foi capaz de tratar com o pecado humano direta e decisivamente em virtude do simples e grande fato de que ele não tinha necessidade de fazer propiciação pelos seus próprios pecados (Hb 7.27). v. 18. A seguir, o altar que está perante o Senhor é objeto da ministração do sumo sacerdote. Que esse é o altar do incenso, e não o altar dos holocaustos, é sugerido por Êx 30.10 (cf. também Lv 4.7, 18); a maioria dos eruditos, no entanto, entende que é uma referência ao altar dos holocaustos, como no v. 12. v. 20ss. A ideia de remover os pecados de um povo ao transferi-los para um animal vivo é muito comum em textos antigos; cf. também 14.7. v. 21. as duas mãos\ não somente uma mão como em 4.4,24,33. confessará', a confissão só é mencionada raramente em conjunção com a apresentação de sacrifícios de animais, mas cf. 5.5 e Nm 5.7,8. v. 22. lugar solitário', é um lugar sem volta (cf. SL 103.12). v. 24. Os holocaustos eram reservados até que o ritual do santuário estivesse completo (cf. v. 3,5). v. 25. Trajado com as vestimentas normais, o sumo sacerdote não somente apresenta as ofertas como no v. 24, mas também queima a gordura da oferta pelo pecado no altar de acordo com as regras estipuladas em 4.8ss. Não fica claro aqui qual oferta pelo pecado está em vista — a do sumo sacerdote (v. 3,6,11-14) ou a do povo (v. 5,9,15). Noth prefere a primeira opção.
v. 27. As carcaças são tratadas de acordo com os princípios estabelecidos em 6.30 (cf. 4.11, 12,21). v. 29. vocês se humilharão refere-se primeiramente ao jejum (v. nota de rodapé da NVI); a proibição aplicava-se a todos que estavam dentro dos limites de Israel, de forma que o estrangeiro residente, embora não estivesse envolvido no ritual, devia observar o jejum. v. 31. Esse dia tinha de ser observado como um sábado com relação ao trabalho; por isso sábado de descanso, v. 34. uma vez por ano está em forte contraste com as numerosas ofertas apresentadas durante todo o ano, e mesmo assim esse ritual anual se toma uma repetição ineficaz à luz do Calvário (v. Hb 9.25,26).

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