Estudo sobre Jeremias 48

Estudo sobre Jeremias 48

Estudo sobre Jeremias 48



Jeremias 48
Moabe (48.1-47)
A devastação que vai surpreender Moabe é anunciada em uma série de profecias. Moabe, como também Amom e Edom, foram instigados a atacar Judá como represália pela rebelião de Jeoaquim em 601—597 a.C. (2Rs 24.2), aguardando a sua própria expedição punitiva. Moabe havia sido advertido anteriormente por Jeremias do castigo inevitável nas mãos dos babilônios (9.26; 25.21; 27.1-7). Aqui ele cita livremente das profecias de Isaías com o mesmo propósito (caps. 13—16). De acordo com Josefo (Ant. X. 181,182), os babilônios invadiram Moabe c. 581 a.C. Cf. Ez 25.8-11.
As características mais marcantes do povo de Moabe são a confiança em sua própria força, em suas fortalezas e em seus tesouros (v. 7), seu orgulho de Sl mesmo (v. 29) em rebeldia ao Senhor (v. 42) que o levou a se alegrar com a desgraça de Israel e de Judá (v. 27), mas que reflete a sua relação histórica com esses Estados. Moabe teve a sua origem em Ló (Gn 14.37). Originariamente ocupava o alto e fértil platô tão ao norte quanto Hes-bom (v. 2; cf. Nm 21.15,16). Seduziu os israelitas à idolatria (Nm 25.1-3). Os israelitas conquistaram a região ao norte do rio Arnom, que Rúben ocupou durante um tempo, e construíram a cidade de Nebo (v. 2; Nm 32.3, 38). Depois de muitas guerras, tornou-se vassalo de Davi (2Sm 8.2) até a revolta do rei Messa contra Israel (2Rs 3.4). Conquistou a sua independência da Assíria c. 627 a.C. Mais advertências contra Moabe são dadas por Ezequiel (25.8-11), Amós (2.1-3) e Sofonias (2.8-11).
Juízo contra Camos, deus de Moabe (48.1-10). Quiriataim (v. 1), a 10 quilômetros a noroeste de Dibom, e Horonaim (v. 3) são mencionadas na inscrição do rei Messa (a Pedra Moabita). A destruição é descrita como de alcance muito grande. Hesbom (v. 2, a moderna Hesbân) foi escavada, mas Madmém (v. 2) ainda não foi localizada — a não ser que, como sugerem alguns (LXX), leiamos o heb. gm-dmm tdmm como “também serás completamente silenciada”.
O costume de tomar os deuses dos povos vencidos, especialmente dos nômades, é atestado nos anais da Assíria (cf. v. 7). v. 7. Camos (também mencionado na Pedra Moabita, v. NBD p. 1241-2) era a deidade principal de Moabe (Kamus; cf. Nm 21.29). A sua completa derrota é destacada nesse belo trecho poético. Essa será uma condenação a mais das vis práticas cultuais (2Rs 23.13). As suas terras ficarão despovoadas, pois em Hesbom tramam a sua ruína (v. 2; heb. b‘hesbõn hêsebu — um jogo de palavras), v. 6. A segurança só existe na retirada para o distante deserto (‘aro‘er [TM] pode ser traduzido por “calor” [VA, RV] ou “tamargueira”; burro selvagem na BJ e galinha anã na NEB, seguindo interpretação da LXX). v. 9. sal. heb. sts, alguns deduzem do ugarítico uma referência a espalhar sal sobre o sítio de cidades destruídas (cf. Jz 9.45). Talvez seria melhor traduzir por ”erguer uma lápide (semeia na LXX, implicando o heb. siyyãn\ cf. 2Rs 23.17) para Moabe, pois será completamente destruído”, v. 10. Temos aqui o chamado aos obreiros de Deus para nunca se descuidarem do trabalho, mesmo como agentes de juízo.
A segurança de Moabe é perturbada (48.11-20). Moabe nunca havia sido exilado, mas isso é agora predito (v. 11,12). A confiança no seu deus Camos (v. 13; cf. v. 7) se mostraria tão inútil quanto a confiança israelita na adoração do bezerro na sua própria ”casa de deus” (Betei, v. 13). Eles também tinham ido para o exílio (lRs 12.29; Am 4.4; 5.5; 7.13). O retrato da repentina evacuação e destruição é baseado no famoso comércio vinícola de Moabe. Este seria abandonado e destruído (v. 11; cf. 32,33). Os v. 17-20 são um lamento acerca da queda de Moabe expresso na linguagem de Deuteronômio (e.g., 32.35). v. 18. sobre o chão ressequido: interpretando sãmê’ como em Is 44.3; v. em comparação com “sentar com sede” na VA (TM: samã), o siríaco “sentar na imundícia”. Dibom é a moderna Diban, a 20 quilômetros a leste do mar Morto.
A destruição está por todo lado (48.21-27). Uma seção em prosa faz a lista das cidades arruinadas e pelas quais a sua força (“chifre”, v. 25) foi quebrada. O juízo é completo e radical. Os que desprezaram Israel se tornariam desprezíveis, um conceito retomado em Ap 1.7 (cf. Mc 15.27-32). Moabe será embriagado, mas não com o seu vinho (cf. v. 11,12).
Os orgulhosos serão humilhados (48.28-39). Jeremias adapta as palavras anteriores de Is 16.6-12 e as formula em outro lamento (v. 28-33), seguido de uma descrição do cumprimento (v. 34-39). O esmagamento da nação e de suas esperanças é marcado pela queda de mais lugares. Quir-Heres (v. 31) talvez seja a atual Kerak, a 12 quilômetros a leste do mar Morto (i.e., do mar, 32), e o ”Qrhh” da Pedra Moabita. v. 32. Jazar ficava a 16 quilômetros ao norte (cf. Nm 21.32); Sibma, a 5 quilômetros a noroeste; e Eleale (v. 34), a 3 quilômetros ao norte de Hesbom. Algumas versões trazem “mar de Jazar”, seguindo o TM, mas yãm (mar) é omitido por Is 16.8 e pela LXX (cf. RSV). Eglate-Selisia (v. 34, NVI) é considerado um substantivo; a VA traduz por “uma novilha de três anos”.
O juízo final (48.40-47). A águia representa Nabucodonosor, da Babilônia (cf. 49.22), atuando como agente do Senhor contra quem Moabe está se vangloriando (v. 42). A profecia de Balaão contra Moabe (Nm 21.28; 24.17) vai se cumprir. Os refugiados buscam abrigo em diversos lugares, porém em vão (v. 43-45; cf. Is 24.17,18). Contudo, a misericórdia de Deus está presente no juízo com uma promessa de restauração semelhante à dada a Israel e Judá. Embora Moabe cessasse de existir como povo (v. 42), como até o dia de hoje, a terra seria repovoada e se tornaria um lugar de refúgio (v. 47; Dn 11.41). O v. 47b é um co-lofao interessante, indicando o final do texto copiado (cf. 51.64; SL 72.20; Jó 31.40); portanto, não é um acréscimo editorial posterior.

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