Estudo sobre Efésios 6


5)  Entre pais e filhos (6.1-4)
A obediência aos pais deve ocorrer no Senhor, algo não limitado a pais cristãos, mas uma obrigação religiosa para com Cristo, v. 2. Alguns estudiosos têm feito a objeção de que o segundo mandamento (Êx 20.4) contém uma promessa e que, por isso, o quinto não pode ser descrito como o primeiro mandamento com promessa. Mas é o primeiro na lista de deveres para com o nosso próximo. A promessa em geral é verdadeira, apesar de que em alguns casos a providência divina oriente algo diferente. E mais fácil ser severo demais ou tolerante demais, mas as crianças precisam de disciplina e advertência quando são combinadas com a compreensão amável das suas necessidades e limites.

6) Entre escravos e senhores (6.5-9)
Os apóstolos não consideravam de forma alguma que fosse sua missão mudar as estruturas da sociedade humana (ao contrário; v. IPe 2.13,14; Rm 13.1,2) por meio de alguma intervenção direta. Os padrões de comportamento cristão causariam, e causam, um impacto profundo sobre a sociedade no decorrer do tempo. Paulo não estava sugerindo com isso que os escravos permanecessem escravos para sempre, assim como não esperava que as crianças permanecessem menores para sempre (ICo 7.21). escravos (v. 6): Paulo usa aqui a mesma palavra que usou para iniciar o parágrafo, assim ensinando os leitores a pensar na escravidão deles como ele pensava no seu aprisionamento (3.1). A expressão de coração pode ser associada de forma melhor ao versículo seguinte, como em Cl 3.23. O senhor não deveria tratar os seus escravos com base nos seus direitos legais, mas com base na forma em que o seu Senhor, Cristo, o tratava. O v. 9 é um eco de Dt 10.17.

7) A guerra celestial (6.10-20)
A ordem do v. 10 é derivada de 1.19; 3.16. Vistam toda a armadura de Deus: o novo guarda-roupa do cristão (4.24) inclui um traje de guerra! O propósito cósmico de Deus envolve os crentes numa hierarquia espiritual do mundo invisível organizado sob o controle de Satanás. E um mundo obscuro, a que já fizeram alusão Jó 1 e Dn 10, mas a defesa e o ataque dos santos não são obscuros. Eles não lutam com armas humanas (ICo 10.2ss). A sua armadura é descrita de forma figurada; esse é um conceito baseado em Is 59.17, também usado por Paulo em lTs 5.8, embora o tratamento detalhado varie em cada caso. O uso de todo o uniforme capacita o cristão a vencer o inimigo num dia de conflito feroz, para que possa “ficar firme”, tomando a sua posição em prontidão para o reinicio da batalha com um inimigo implacável. As instruções para esse preparo são explícitas. Ele deve apertar o seu cinturão com sinceridade, e a verdade no sentido objetivo é usada adiante no v. 17 com relação à espada. Ele não pode se dar ao luxo de ser relaxado no seu tratamento com Deus ou consigo mesmo. A integridade pessoal vai estar associada àquela retidão moral, a justiça, Rm 6.13, que protege o coração como uma couraça, pois partes vitais são expostas pelo pecado. O soldado de Deus está equipado com o evangelho da paz como sandálias, sugerindo que os seus movimentos são guiados pela necessidade do testemunho do evangelho. Em tudo isso, um escudo é necessário, e o que fornece isso é a confiança pessoal; cf. ljo 5.4,5. A salvação, o capacete, é um presente oferecido pelo Senhor; Usem (“Tomai”; ARA) significa aqui receber, uma palavra diferente da do v. 16. A sua arma ofensiva é a palavra falada de Deus (v. comentário de 5.26 e tb. Hb 4.12). Mas ele tem uma arma auxiliar, que não faz parte do quadro alegórico, que é a oração, a sua comunicação vital com o quartel-general (v. 18.19). A necessidade dela é evidente, se a pressão adversa pode calar até a boca de um apóstolo (v. 19). O embaixador do reino de Cristo estava na corte mais elevada da terra, sendo tratado de forma infame com cadeias e correntes, contra os padrões internacionais, mas o seu ultimato precisa ser declarado com ousadia.

VI. SAUDAÇÕES FINAIS (6.21-24)
Tíquico era um mensageiro de Paulo; isso fica claro em Tt 3.12. Ele vinha da província da Ásia (At 20.4) e certamente visitou Efeso mais tarde (2Tm 4.12). Parece ter levado essa carta e a carta aos Colossenses consigo nessa viagem, complementando a carta circular com informações orais. A saudação final vem na terceira pessoa, como é adequado a uma carta circular. A restrição incomum adicionada ao final (v. 24) talvez reflita a consciência que Paulo tinha do fato de que havia na igreja aqueles cujo ensino e influência eram hostis à glória de Cristo. Mas também destacam a devoção ao Senhor que vai durar de forma imperecível para sempre.