Estudo sobre Daniel 5
A FESTA DE BELSAZAR (5.1-31)
1) A aparição (5.1-12)
v. 1. o rei Belsazar.
v. Introdução, “Daniel e a história: 2”. mil dos seus nobres: vários
reis antigos registram números enormes de hóspedes em ocasiões especiais, vinho:
cf. 1.8. A generosidade do rei era irrestrita, e, quando o vinho
estava sendo servido à vontade, Belsazar ordenou uma demonstração ainda
mais pródiga. Os tesouros do templo dos judeus talvez tenham
suscitado sentimentos de orgulho: a Babilônia, os seus deuses e seus
reis eram os vitoriosos, v. 3. taças de ouro: a BJ traz “de
ouro e prata”, seguindo a Vulgata e uma versão grega, mas isso não é
essencial. O que o rei, seus oficiais e suas mulheres fizeram com as taças
era blasfêmia aos olhos dos judeus, ainda mais se houvesse algum elemento
religioso associado ao banquete.
A escrita na
parede. Os palácios babilônicos tinham algumas paredes
ricamente decoradas com ladrilhos policromáticos, e outras
eram simplesmente caiadas. Nestas, os dedos apareceriam de forma mais
clara e contrastante à luz das lamparinas. Qualquer babilônio
teria se afligido com um sinal pressagioso; o já embriagado Belsazar ficou
mais desestabilizado do que Nabucodonosor havia ficado, e as
suas promessas foram bem mais exageradas. O manto vermelho e a
corrente de ouro eram, havia muito tempo, sinais de graduação e
posição, v. 7. o terceiro em importância no governo do reino: um
título semelhante ocorre no assírio e no babilônio para denotar um
funcionário militar de patente baixa; a teoria de que Belsazar só poderia
conceder o terceiro lugar porque ele mesmo era segundo em relação a seu
pai, Nabonido, pode estar correta, v. 8. Os sábios do rei
[...] não conseguiram lera inscrição, ou seja, entender ou captar o
sentido dela; as palavras que Daniel leu eram comuns em aramaico (cf.
no v. 25). v. 9. Por isso, a situação do rei piorou; para a sua mente
febril, um acontecimento extraordinário como esse tinha de ter um
significado, v. 10. A chegada da rainha diminuiu a sua aflição. As suas palavras,
e a presença das mulheres de Belsazar (v. 2,3), sugerem que ela era a
rainha-mãe (cf. nota de rodapé da NVI), uma senhora a quem se
devotava o mais profundo respeito. Com muito cuidado, ela apresentou
Daniel, que talvez tenha estado afastado da corte por um tempo (8.27
mostra que ele estava ativo uma década antes). Ela o vira em ação,
portanto falou de suas qualidades por experiência. Ela se referiu a
ele pelo seu nome nativo, talvez para evitar confusão com o nome do rei,
talvez como um reconhecimento da superioridade do Deus dele. O rei
Nabucodonosor, teu predecessor (v. 12): v. Introdução, “Daniel e
a história: 2”.
2) A interpretação (5.12-28)
Belsazar saudou Daniel de
uma maneira que pode ser chamada “cortês” (Montgomery), ou “altiva” (Young). Ele
mostrou consciência do seu passado, mas preocupação somente com o seu
problema do momento. Daniel respondeu com cortesia e
coragem, recusando a recompensa para mostrar a sua integridade e se
colocar numa posição melhor para denunciar o rei. Belsazar deveria ter
estudado a história recente da Babilônia; ele poderia ter aprendido como
até mesmo o magnífico déspota Nabucodonosor devia toda a sua glória
ao Deus Altíssimo. O v. 19 está em contraste com 4.34,35. v. 20.
No cap. 4, há uma indicação do motivo da aflição de Nabucodonosor; no caso
de Belsazar, ela é afirmada claramente. Por mais consciente que tivesse
estado do sofrimento do seu predecessor, ele não tinha levado a sério
a lição e havia se comportado de forma perversa. O Altíssimo é o Deus
que sustenta em suas mãos a tua vida e todos os teus caminhos. O desdém
de Daniel pelos ídolos impotentes da Babilônia segue o ensino coerente do
ATOS acerca do paradoxo insensato de o homem adorar a sua própria
criação, v. 24. Por isso ele enviou a mão no momento, a presunção
de
Belsazar alcançou o máximo da auto-exaltação (cf.
4.31). v. 25. Esta é a inscrição, Daniel leu os sinais como palavras
aramaicas para unidades de peso ou monetárias: “uma mina, uma mina,
um siclo, e frações”. Se os sábios não puderam ler os sinais, talvez foi
porque estivessem abreviados, como “a.C.” (há exemplos
remanescentes dos tempos antigos). Daniel interpretou essas
unidades por meio de um jogo de palavras, um artifício muito usado entre
os estudiosos babilônicos. v. 28. Penes é o singular de parsim. Observação:
os medos sempre estão antes dos persas em Daniel; v. Introdução, “Daniel e
a história: 3”.
3) As recompensas (5.29-31)
v. 29. Satisfeito com a
solução, apesar da conotação de condenação, Belsazar repetiu a sua
promessa de honrar o intérprete. Não tinha havido nenhuma menção ao tempo;
ele não sabia que não veria o alvorecer, v. 30. Naquela mesma noite
Belsazar, o rei dos babilônios, foi morto: o veredicto foi definitivo.
O pecado de Belsazar era mais grave do que o de Nabucodonosor porque ele
não seguiu as lições que conhecia e zombou do Deus de Jerusalém. Autores
gregos contam como as forças persas capturaram a cidade da Babilônia
ao desviar o rio Eufrates e aí cruzarem os maciços muros de defesa por
meio do leito do rio, tomando os defensores de surpresa enquanto estes
festejavam (Heródoto, I. 191). Um texto babilônico apresenta a data como
12 de outubro de 539 a.C. (O v. 31 pertence ao cap. 6, do qual na
verdade é o primeiro versículo na Bíblia hebraica).
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