Estudo sobre Daniel 4
A LOUCURA DE NABUCODONOSOR (4.1-37)
Numa carta a seus súditos,
Nabucodonosor explica por que ele havia decidido adorar o Deus de um povo
pequeno, subjugado e deportado (v. 1-3). Os v. 19-33 estão
numa narrativa em terceira pessoa, contrastando com a primeira pessoa
dos versículos iniciais e finais; a mudança pode ter sido usada
para efeitos dramáticos.
1) O sonho do rei (4.4-18)
Quando tudo estava bem,
mais um sonho pressagioso afligiu o rei; dessa vez, ele conseguiu lembrar o
sonho, mas os seus experts ficaram perplexos novamente. Como
alto oficial de Estado, Daniel foi chamado por último, tratado pelo rei
pelo seu nome babilónico (também nos v. 9,18,19); cf. 1.7 acerca da
declaração orgulhosa em homenagem ao nome do meu deus, e o espírito dos
santos deuses: ”inspirado”; o plural “deuses” provavelmente está correto,
v. 10-12. Anteriormente, havia sido uma enorme imagem; agora, era uma
grande árvore o objeto central, em cada caso representando o próprio rei.
Uma árvore viçosa e exuberante representava a prosperidade (cf. SL
1.3), atraindo os homens e os animais em busca de abrigo e
descanso, v. 13. uma sentinela, um anjo: o v. 17 mostra que
ele era um agente da Trindade, reflexo celestial dos serviços de
informação dos reis terrenos, como em Zc 1.10; 3.10, com poder de
agir com base no que observava, v. 14. A sentença foi severa, mas não
fatal, visto que permaneceu um toco (v. 15); cf. Is 6.13. presos...-.
evoca diversas explicações. Se a personificação da frase seguinte já começou, o
que talvez se esteja sugerindo são as restrições mentais da loucura;
se a árvore continua, uma proteção contra danos, ou um artifício
para impedir o crescimento. Nenhuma dúvida do significado ficou nas
palavras seguintes Ele será molhado..., e daí o desespero do
rei. v. 16. sete tempos-, o aram. de “tempos” significa “um período
específico”, indefinido nesse caso; nada há que favoreça anos (versus épocas)
ou qualquer outra medida de tempo. v. 17. para que todos os que vivem
saibam-. toca no efeito mais abrangente, produzido pelo rei, que
decide divulgar esse relato. Ninguém poderia saber sem uma
interpretação confiável.
2) A interpretação (4.19-27)
A hesitação agora foi de
Daniel, quando percebeu a mensagem aterradora do sonho, v. 19. Ele
respondeu ao encorajamento elegante do rei, com estilo apropriado à
corte, dando pistas sutis de um prognóstico desfavorável. v. 20,21. Daniel
repetiu a descrição, exceto pela expressão na qual havia alimento para
todos, para aumentar o impacto do seu veredicto, és tu, ó rei.
v. 22-26. Há um pouco de lisonja convencional nessa
caracterização (cf. 2.38), pois Nabucodonosor estava consciente dos
perigos da Média no leste e dos gregos no oeste, fora do seu domínio.
Por maior que fosse, o rei estava sujeito ao decreto do Altíssimo.
A árvore era uma metáfora; a metamorfose do homem seria real. o teu
reino te será devolvido quando reconheceres..:, a experiência seria
real, desagradável, mas essencial para que o orgulho do rei não voltasse à
tona, e teria a promessa de segurança depois desse período, os
Céus dominam-, esse é o exemplo mais antigo desse termo que representa
a Deus, amplamente usado em anos posteriores, e.g., Lc 15.18. v. 27.
A interpretação conclui com uma exortação para que ele se
comportasse como se esperava dos reis, aliás, como nas suas
inscrições Nabucodonosor afirma ter feito. Talvez, então, continues a
viver em paz: é melhor entender essa expressão como referência ao
tempo após o rei ter reconhecido o Altíssimo, como Young entende, e não
como um arrependimento que poderia anular o decreto. Porteous observa que
Nabucodonosor ”recebeu a verdade principal que ele tinha de aprender
sem interpretação, mas uma verdade geral tem pouca influência, a
não ser que seja apropriada pelo indivíduo. Nabucodonosor precisa primeiro
aprender humildade antes que possa se apropriar realmente da verdade geral
da soberania de Deus”.
3) O cumprimento (4.28-37)
v. 29. Doze meses
não tinham produzido mudança do cenário. Com a evidência do seu poder
diante dos seus pés, o rei falou palavras semelhantes àquelas gravadas
em milhares de tijolos das suas construções e em inscrições mais
longas e jactanciosas. v. 31. veio do céu uma voz: não houve
mediador humano, v. 33. A sentença [...] cumpriu-se: o mestre dos
homens preferiu a postura dos servos do homem, os animais; todo o
cuidado e interesse pessoal tinham desaparecido. O rei viveu em campo
aberto, longe dos seus semelhantes (cf. Jó 39.5-8), sofrendo de uma
enfermidade conhecida na medicina como licantropia, um tipo
de esquizofrenia. Os babilônios consideravam esse comportamento um
sinal da ira divina, v. 34. A doença durou o tempo anunciado e teve o
seu efeito desejado. O rei orou a Deus, e foi restaurado à sanidade, sendo
o reconhecimento da preeminência de Deus o único caminho para a sanidade
de qualquer homem. O louvor que Nabucodonosor presta a Deus amplia as suas
palavras iniciais: o governo de Deus não é limitado pela morte, nem os
seus desejos, contrariados por seus súditos, v. 36. Vendo que ele estava
no seu perfeito juízo, aperfeiçoado, aliás, os nobres mostraram-se
ansiosos por uma audiência, e a reputação do rei melhorou, v. 37. Todo
o propósito da enfermidade foi concluído com a declaração final do
rei. o Rei dos céus é uma expressão singular no ATOS, embora seja
um título comum dos deuses babilônicos, os deuses cujo poder nunca havia
sido percebido dessa forma.Índice: Daniel 1 Daniel 2 Daniel 3 Daniel 4 Daniel 5 Daniel 6 Daniel 7 Daniel 8 Daniel 9 Daniel 10 Daniel 11 Daniel 12