Teologia Bíblica — Estudos Bíblicos

TEOLOGIA BÍBLICA


Esboço do estudo:

I. Sentidos da Expressão
II. Observações e Críticas Sobre Essas Ideias
III. Principais Temas da Teologia Bíblica
IV. Noções da História da Teologia Bíblica

I. Sentidos da Expressão

A expressão teologia bíblica é usada de várias maneiras, a saber:

1. Uma atividade cuja finalidade é esclarecer os temas e as ideias da Bíblia, sem os pressupostos que inevitavelmente dão um certo colorido às interpretações particulares. Em outras palavras, trata-se da tentativa de determinar o que a Bíblia realmente ensina, mesmo que os resultados sejam embaraçosos para o estudioso e sua denominação. Essa atividade, na verdade, embaraça todas as denominações, cuja própria existência depende da distorção de certos ensinos da Bíblia.

2. A tentativa para articular a significação teológica da Bíblia como um todo. Isso é uma tarefa quase impossível, porque a Bíblia não é um livro homogêneo, conforme as pessoas gostam de acreditar. Não obstante, a tentativa resulta em pontos positivos, a despeito de seu inevitável fracasso.

3. A tentativa de construir um completo sistema teológico, mediante o uso da Bíblia como única fonte informativa. Isso tem sido tentado por muitos evangélicos fundamentalistas e conservadores. Também foi tentado por Karl Barth e sua neo-ortodoxia, ou pelos grupos protestantes que aprovam a rejeição das tradições eclesiásticas, dos pais da Igreja e dos concílios, como autoridade, conforme fez Lutero.

4. O pressuposto é que todos os autores da Bíblia concordam em seus pontos de vista fundamentais, e juntamente com exposições de ideias pretendem descobrir exatamente quais eram os pontos de vista daqueles autores sagrados.

II. Observações e Críticas Sobre Essas Ideias

1. A primeira dessas atividades é tão nobre como qualquer outra que poderia ser efetuada. Todas as denominações cristãs, sem importar quão bíblicas elas se suponham, descobrem ser necessário distorcer e dogmatizar certas porções das Escrituras, a fim de fazerem seus sistemas alicerçarem-se exclusivamente sobre a Bíblia. Mas fazem isso ajustando as Escrituras às suas crenças, e não ajustando suas crenças às Escrituras.

2. Apesar de ser impossível fazer a Bíblia tornar-se uma obra totalmente homogênea, dotada de uma única mensagem central, a tentativa é útil, pois procura determinar a mensagem ou as mensagens comunicadas Delas Sagradas Escrituras. Isso confere-nos uma melhor compreensão sobre a tradição geral hebraico-cristã.

3. As Escrituras como única regra de fé. O amigo leitor terá de desculpar-me quanto a esse ponto, pois vejo problemas sérios nessa regra artificial, apesar do fato de haver sido criado como crente batista e de ter sido ensinado a respeitar a noção. Porém, essa regra pode ser criticada quanto a diversos particulares, enumerados abaixo:

a. Trata-se de um dogma, e não de um ensino contido na própria Bíblia. Em parte alguma as Escrituras declaram que elas devem ser a única regra de fé e prática. De fato, não há na Bíblia qualquer declaração baseada no conhecimento do cânon terminado. Nenhum dos autores sagrados sabia guando o cânon sagrado estaria terminado. Senão já no século IV D.C., que o cânon do Novo Testamento ficou fixado, no parecer da maioria dos cristãos; mesmo depois, oito livros continuaram sendo disputados em vários segmentos da Igreja. Portanto, tomar o que agora se considera ser a coletânea das Escrituras, e afirmar que somente esses livros nos podem servir de regra, necessariamente é um dogma posterior. Esse dogma reveste-se de certa utilidade, porquanto nos infunde um profundo respeito pelas Escrituras. E, de fato, devemos respeitar ao máximo os oráculos de Deus. Porém, o ar de finalidade que está envolvido nesse dogma é uma ideia humana, e não uma verdade divina revelada.

b. Na prática, a aplicação dessa regra transmuta-se nisto: Como eu e a minha denominação interpretamos as Escrituras. Lutero tem sido altamente elogiado por defender fortemente a ideia das “Escrituras, somente”. No entanto, ele ensinava a regeneração batismal, a consubstanciação (ver o artigo), e traçou o plano geral do luteranismo (ver o artigo), que as demais denominações evangélicas insistem não se harmonizar com a regra das Escrituras, somente. Poderíamos multiplicar exemplos de como essa regra reduz-se a alguma interpretação particular das Escrituras. Os grupos de restauração e os grupos pentecostais afirmam estar fazendo a Igreja retornar ao seu primitivo estado, mediante a observância cuidadosa de todos os preceitos ou mediante a restauração dos dons espirituais. E, no entanto, conseguem ignorar completamente a unidade espiritual da Igreja, que congraça todos os verdadeiros regenerados, mostrando-se extremamente sectaristas, ou mantendo certos ensinamentos práticos, como aquele que ordena que as mulheres se mantenham caladas na igreja. Também têm igrejas dirigidas por um único ministro, que os grupos dos Irmãos estão certos em não corresponder ao ministério diversificado das igrejas primitivas. Os batistas sentem-se confortados ante a ideia de que eles são os melhores representantes atuais da Igreja primitiva, mas rejeitam os dons espirituais alicerçados sobre o dogma erroneamente derivado de I Coríntios 13:1-13, que ensina como a “parousia” ou segunda vinda do Senhor obviará os dons espirituais. Mas os batistas interpretam que o término do cânon das Escrituras pôs fim ao exercício dos dons espirituais, embora tal interpretação seja inteiramente estranha ao texto sagrado, não podendo suster-se de pé diante do exame mais superficial. Além disso, certos grupos batistas mostram-se radicais quanto à doutrina da predestinação (que e uma doutrina bíblica), mas fazem-no de modo a ignorar certos textos como I Timóteo 2:4, os quais aludem a uma oportunidade universal e ao amor verdadeiramente universal de Deus. Em contraposição, há grupos evangélicos que enfatizam de tal modo a doutrina do livre-arbítrio que precisam torcer textos bíblicos como o nono capítulo de Romanos, que ensina o controle do livre-arbítrio humano pela vontade soberana de Deus. Muitas pessoas não conseguem perceber que certas doutrinas terminam em paradoxos, e que a harmonização entre todas elas é simplesmente impossível, tanto por causa de nossa limitada compreensão como pelo fato de que Deus reservou Dara si mesmo certos informes que nos foram negados.

A doutrina da salvação de crianças que ainda não a tingiram a idade da responsabilidade moral não se baseia nas Escrituras, mas na razão Na verdade, essa é uma doutrina importante, com implicações extensas. Porém, não é uma doutrina na Bíblia, e nem corresponde à verdade, até onde eu posso ver as coisas. Penso que as noções da pré-existência das almas e a continuação da oportunidade de salvação além do sepulcro (I Ped. 4:6), nos dão respostas melhores, dotadas de base bíblica, ao passo que aquela é puramente racional e emotiva.

Ainda temos que considerar que a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa e os anglicanos estão certos da veracidade da doutrina da Sucessão apostólica (ver o artigo), a qual está razoavelmente alicerçada sobre textos como João 20:23, e a mensagem geral das epístolas pastorais, que ensinam a transmissão de autoridade através da ordenação de anciãos ou bispos. No entanto, há outros grupos cristãos igualmente certos de que existem outras maneiras de transmissão da autoridade espiritual.

Após examinarmos cada denominação cristã chegamos à conclusão de que há em cada caso uma mescla particular de conceitos bíblicos e humanos onde a Bíblia nem sempre é o fator decisivo, e nem mesmo o Novo Testamento. Na prática, a regra de “as Escrituras, somente” reduz-se a uma seleção de textos bíblicos e à interpretação dos mesmos.

c. O problema da homogeneidade. A regra das “Escrituras, somente” pressupõe, erroneamente, que as próprias Escrituras são homogêneas. Mas, é evidente que o Antigo e o Novo Testamentos não podem ser considerados como uma unidade, para então tornarem-se a base da fé e da prática. Não mais oferecemos animais em sacrifício; não temos mais sacerdotes levitas. O Novo Testamento nos leva além do Antigo. Além disso, é óbvio que o próprio Nove Testamento não é tão homogêneo como as denominações evangélicas nos querem fazer acreditar. Assim, podemos encontrar versículos que quase certamente ensinam a regeneração batismal—como Atos 2:38—embora também possamos descobrir, na Epístola aos Romanos, que Paulo não acreditava nisso, pois em suas longas passagens que abordam a justificação pela fé, ele ignora totalmente o papel do batismo em água. Além disso, transparece no Novo Testamento o paradoxal ensino do livre-arbítrio humano e do determinismo divino, e não apenas em interpretações dos séculos posteriores. Uma pessoa pode defender um lado ou outro dessa questão bilateral, oferecendo diferentes textos de prova. Nos evangelhos, a salvação aparece como simples questão do perdão dos pecados e da transferência para o céu. Porém, nos escritos de Paulo, transparece a ideia da transformação dos remidos segundo a imagem de Cristo, confirmando-lhes a própria natureza divina, conforme a mesma se manifesta no Filho, como a essência mesma da salvação (Rom. 8:29; II Cor. 3:18; 1 Ped 1:4).

O Julgamento também não é apresentado como doutrina sem diversas facetas — no Novo Testamento. Há realmente aquela posição, assumida pelos pais latinos da Igreja, pela Igreja de Roma e pelos grupos protestantes que se derivam do cristianismo ocidental, de que a morte física é o fim da oportunidade da salvação, conforme o texto de Hebreus 9:27 é usado como texto de prova. No entanto. Pedro alude à descida de Cristo ao hades (I Ped. 3:18—4:6), o que garante a oportunidade renovada além do sepulcro (II Ped. 4:6). Esse sempre foi o ponto de vista dos pais gregos da igreja, seguidos por muitas igrejas cristãs orientais, e pelos anglicanos, como uma denominação evangélica ocidental. Ambas as posições aparecem no Novo Testamento, e ambas as posições são representadas por modernas denominações cristãs. Precisamos selecionar aquilo que e melhor, do ponto de vista racional e intuitivo. Meus amigos, precisamos escolher, e não somente em relação a essa doutrina, mas acerca de muitas outras, pois o Novo Testamento não é um documento tão homogêneo como temos sido ensinados a aceitar. Seguir a verdade é muito mais uma aventura do que seguir o roteiro traçado em um mapa. Os mistérios referidos por Paulo levam-nos a regiões não exploradas por outros apóstolos; do contrário, nem seriam mistérios. Portanto, existem níveis diversos de verdade, expressos nas páginas do Novo Testamento, e não apenas quando o Antigo Testamento é comparado com o Novo.

O ensino paulino sobre o destino final do homem, a restauração referida em Éfésios 1:10, não é doutrina antecipada pelos outros autores sagrados, e nem é ensino muito popular em muitos segmentos da Igreja. No entanto, é uma preciosa e profunda verdade, que dá maior otimismo à fé cristã. Além disso, alicerça-se sobre uma interpretação verdadeiramente universal do amor de Deus, um amor escorado na onipotência divina. Há quem conceba um amor de Deus que não está em Seu poder mas isso não é o verdadeiro amor de Deus. Como é que Deus poderia amar o mundo (João 3:i6), sem que isso fizesse uma diferença universal, em favor do mundo, através da missão de seu Filho, que foi o poder que trouxe o amor de Deus a todos os homens? Não me sinto satisfeito diante de amor meramente teórico, que não consegue cumprir c intento de Deus e faz do evangelho um fracasso. É impossível que a missão de Cristo tivesse falhado. embora seu sucesso seja alcançado em diferentes gradações, no caso de diferentes pessoas. Suspeito do evangelho que resulta em fiasco que não beneficia, de alguma maneira, a todos os homens. Sem dúvida há mais verdade do que isso, mais poder, mais ação e mais resultados. Suspeito de um evangelho que afirma querer atingir todos os homens, mas que, em face de razões humanas, não consegue fazê-lo. Suspeito de um evangelho que tenciona atingir apenas alguns poucos, quando as próprias Escrituras declaram que o amor divino é universal, e que a intenção do Senhor é salvar a todos. Suspeito de um evangelho que se mostra apressado, que precisa salvar todos os homens dentro do estreito limite de suas vidas terrenas, algo claramente impossível, no caso da vasta maioria dos homens. Suspeito de um evangelho que, desde o começo, está baseado em uma impossibilidade. Suspeite de um Deus (segundo a concepção de alguns) que, embora se declare grande, na verdade é tão limitado que seu Filho não consegue realizar a missão que lhe foi dada a cumprir. Antes, concebo um Deus cujo propósito é universal e cujo poder é suficiente para cumprir todo o seu propósito, através de seu Filho. E, se eu tiver de escolher entre textos de prova, a fim de chegar a esse tipo de Deus, de Filho de amor divino e de evangelho, isso será exatamente o que farei.

d. Seleção de textos de prova. Meus amigos, ninguém pode aclarar toda a verdade examinando alguns textos de prova. Em primeiro lugar, alguma outra pessoa religiosa interpretará os mesmos textos de prova de maneira diferente. Em segundo lugar, os textos de prova escolhidos podem não ser a única informação disponível, sobre o assunto que se procura explicar. Em terceiro lugar, ouso dize-lo, os textos de prova podem não ter mais aplicação. Por exemplo os mandamentos acerca da guarda do sábado, que tinham aplicação a Israel, mas não tem mais aplicação em nossos dias da graça. Ou então Hebreus 9:27, que fala até o juízo, e que é ultrapassado em alcance por I Pedro 4:6, que fala até a restauração de todas as coisas. Ideias de um inferno eterno, sem mitigação, foram ultrapassadas por Efésios 1:10. E assim, na medida em que vamos entendendo a verdade, vamos crescendo no nosso entendimento, pois a verdade jamais é uma entidade fixa. Na verdade, a verdade é uma aventura contínua. No presente, somos possuidores de bem pouca verdade, embora alguns itens da mesma, que o Senhor já nos revelou, sejam extremamente importantes para nossa vida e bem-estar espirituais.

e. Muitas autoridades. Finalmente, preciso declarar a verdade sobre essa questão, ressaltando a necessidade da existência de muitas fontes de verdade. É impossível que toda a verdade de Deus esteja contida em um único livro ou coletânea de livros. Na verdade, não honramos Deus quando declaramos que isso tem de ser assim, pois nem mesmo as Escrituras fazem tal afirmação. Com declarações assim, limitamos drasticamente a Palavra de Deus, pois essa Palavra é multifacetada. A Palavra é a totalidade da comunicação divina, sem importar como ele a tenha comunicado. A comunicação através da Bíblia é apenas uma dessas facetas. A Bíblia nos foi dada como padrão de aferição de nossas ideias religiosas. Mas a Palavra de Deus é maior que a Palavra escrita. O Mensageiro enviado a Daniel revelou a ele: “...eu te declararei o que está expresso na escritura da verdade...” (Dan. 10:21). E diz o Salmista: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu” (Sal. 119:89). Mas, o que chegou até nosso conhecimento, foi aquilo que Deus nos quis revelar. A Palavra de Deus e mais vasta e profunda do que a Palavra escrita, e a Palavra escrita envolve muito mais do que qualquer interpretação pessoal da mesma, sendo essa a base das denominações cristãs.

f. Coisa alguma do que dissemos acima deve ser interpretada como tentativa de diminuir a importância das Escrituras como autoridade espiritual. Realmente, quando mostramos que a Bíblia é maior que qualquer interpretação denominacional, quando mostramos que ele nos convida a um desenvolvimento espiritual que nos levará a ir redescobrindo a verdade em níveis cada vez mais elevados, quando mostramos que ela infunde em nossos espíritos uma atitude de otimismo, em face do amor de Deus e de seu plano bendizê-lo com toda a humanidade, estamos apenas exaltando as Escrituras. Isso honra mais a Bíblia do que se lhe atribuirmos ofícios que ela não tem, ou do que se limitarmos o seu escopo. Portanto nodemos encerrar este ponto dizendo que se as Escrituras não são a autoridade exclusiva (ver o artigo sobre a questão da autoridade, que ocupam posição central e precisam ser ouvidas, porquanto diz o Senhor: “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Isa. 8:20).

4. Está equivocado o pressuposto de que todos os autores bíblicos promoveram uma só linha teológica. Tal como no caso dos profetas, cada apóstolo explorou a verdade segundo lhe foi dada pelo Senhor, “...o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada” (II Ped. 3:15). Não obstante, o exame dessas diversas linhas é uma nobre atividade enquanto devemos perscrutar a Bíblia como um todo, a fim de tomarmos consciência das noções fundamentais que ela nos transmite E, se encontrarmos alguma discrepância entre os autores sagrados, isso não nos deveria assustar. A discrepância talvez se deva somente à nossa limitada compreensão. Os autores sagrados não deixaram escrito tudo quanto sabiam. Seus escritos são apenas representativos. Paulo testifica isso ao escrever: “...sei que o tal homem, se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe, foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis as quais não é licito ao homem referir” (II Cor. 12:3,4). Conforme foi surgindo a necessidade, os escritores sagrados abordaram várias questões. Por assim dizer, eles nos forneceram as peças incompletas de um quebra-cabeça; e agora, a tarefa da teologia bíblica é procurar ordená-las em seus devidos lugares. Contudo, cumpre-nos fazer isto cônscios da existência de hiatos, de espaços em branco, não esclarecidos na Bíblia. O sistema de doutrinas ali revelado não é completo, mas é suficiente para guiar a alma no Caminho de volta a Deus! A fé não depende da homogeneidade, e nem de uma revelação que tampe todas as brechas. O anúncio divino, embora incompleto, pode resolver todos os problemas desta vida e da vindoura. Um anúncio completo, que só será recebido do outro lado da existência, haverá de outorgar-nos uma visão ainda mais satisfatória. “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido” (I Cor. 13:12).

III. Principais Temas da Teologia Bíblica

A despeito de hiatos e ponto obscuros, há um corpo de ensinos que podemos extrair da Bíblia, e que, necessariamente, toma-se a base de qualquer teologia cristã. Isso não quer dizer que a teologia não possa investigar outros frutíferos campos de pensamento, pois a verdade divina, não estando limitada a qualquer livro ou coletânea de livros, dificilmente pode ser inteiramente determinada através do apelo exclusivo às Escrituras. Estas servem de padrão aquilatador, mas não encerram toda a verdade de Deus. Nem por isso pretendemos diminuir a importância do grande tesouro de verdade que nos foi proporcionado através das Sagradas Escrituras. Não degrado a verdade que posso encontrar em um lugar, somente porque também posso encontrá-la em um outro lugar.

a. O conceito teísta. Temos de começar por esse ponto. As Escrituras descrevem um Deus que não somente criou, mas que também se conserva imanente em sua criação, que interessa-se por questões morais, que recompensa o direito e castiga o errado, que guia, e que pode ser buscado e achado. Essa é a posição do teísmo (ver o artigo), ao invés do deísmo. Este último (ver o artigo) ensina que Deus, ou alguma espécie de força cósmica, criou as coisas, mas em seguida abandonou a sua criação, permitindo que a mesma ficasse ao sabor das leis naturais. O deísmo divorcia Deus de sua criação. As Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, são decisivamente teístas. Deus cuida até dos pardais, quanto mais do homem que criou! Deus é um fator que precisa ser levado em conta todos os dias. A cada vez em que lemos nas Escrituras: “Assim diz o Senhor”, podemos ver nisso um Deus teístico. A cada vez em que um profeta procura comunicar uma mensagem divina, temos de conceber Deus segundo moldes teístas. Quando o Filho veio para representar o Pai, encontramos nele as atividades do Deus do teísmo.

b. Deus como fonte e alvo de toda a vida física e espiritual. Deus criou os mundos (Gên. 1 ; 2). E também confere a vida espiritual (João 1:12, 5:25, 26). Ele é a origem de toda a vida e de todo ser vivo, e também é o alvo de tudo quanto vive e existe (I Cor. 8:6). Nessa conexão, o que é dito acerca do Pai é dito também acerca do Filho (Col. 1:16 ss.). Os títulos de Jesus, “O Alfa e o Ômega”, visam ensinar a mesma verdade.

c. Deus tem muitos e exaltados atributos de poder, de conhecimento e de bondade. Ver o artigo separado sobre os Atributos de Deus. Ver também o artigo sobre Deus. Entre esses atributos destacamos a personalidade de Deus. Deus não é alguma força cósmica, um absoluto abstrato. Todos os antropomorfismos ensinam-nos essa verdade (ver Gên. 1; Isa. 55:9; Êxo. 20:7), ainda que de maneira imperfeita. Por igual modo, não nos devemos olvidar da natureza espiritual e moral de Deus (ver Gên. 3:26; João 4:24). Deus dá atenção ao pecado e a seus resultados (Rom. 3).

d. O homem é um ser decaído, necessitado de redenção. Esse é um constante tema bíblico, a começar no terceiro capítulo de Gênesis. A redenção do homem está no Filho de Deus (Rom. 8:29), através do poder atuante do Espírito Santo (II Cor. 3:18). O resultado final da redenção será a participação dos remidos na natureza divina, de forma real e metafísica, e não apenas como um conceito moral (II Ped. 1:4).

e. Em seu relacionamento com os homens, Deus age através de pactos. 

f. Nas Escrituras há uma filosofia da história. Ver o artigo sobre Historiografia Bíblica. Deus vem ao encontro do homem, na história, como um ser caído. Mas haverá de tirar os remidos de dentro da história, quando estes atingirem a plena potencialidade de sua vida espiritual, e então terá início o aspecto transcendental da história humana. Deus guia essa história de tai modo que ela não fica entregue aos caprichos do acaso, pois a história é linear, isto e a sucessão de eventos tem um começo e dirige-se a um fim pré-determinado. Contrariamente às ideias de Toynbee, um grande filósofo da história de nossa época, a história não consiste em ciclos repetitivos pois, embora certas tendências se reiterem na história da humanidade, esta caminha em uma direção, e seu alvo transcende a mera expressão terrena física.

g. As circunstâncias históricas são dirigidas pelas operações de Deus. Há importantes eventos e palcos históricos na Bíblia e em sua teologia A nossa fé religiosa não está alicerçada sobre meros símbolos e metáforas, desacompanhada de condições históricas. A vida e os milagres de Jesus foram acontecimentos históricos. Houve um túmulo vazio, e também uma ressurreição literal. “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Luc. 24:39). A crucificação reveste-se de grande importância teológica.

h. Há uma tradição profética Isso tanto no sentido dos ensinos ministrados pelos profetas, como no sentido de que eles predisseram o futuro. O labor e a mensagem dos profetas ocupam lugar central na teologia bíblica. 0 elemento preditivo acerca dos Últimos dias nos fornece a base da escatologia (ver o artigo). Esse aspecto da revelação é uma realidade.

i. Portanto, na teologia bíblica, o principal meio de conhecimento é a revelação, que é uma forma de misticismo. Ver sobre revelação e sobre misticismo.

j. A unidade das Escrituras. Apesar das discrepâncias que talvez existam, e a despeito do fato óbvio de que a exposição bíblica da verdade seja gradual, em que certas fases vão-se tornando obsoletas e outras vão entrando em vigor, toda e qualquer teologia bíblica repousa sobre a conexão da unidade básica e do propósito central das Escrituras. Ver o artigo sobre a Bíblia, em seu quarto ponto, intitulado A Unidade da Coletânea. Os itens doutrinários acima expostos ilustram a unidade essencial das Escrituras, em meio à diversidade. Assim, o Antigo e o Novo Testamentos refletem diferentes (ou mesmo muitos) estágios do desenvolvimento da fé e da cultura dos hebreus. É verdade que no período helenista essa cultura, e por conseguinte, essas ideias, mesclaram-se com a cultura grega. Mas isso serviu somente para enriquecer a teologia dos hebreus. pelo menos em certos aspectos. Com base em nosso pressuposto teísta (primeiro ponto), cremos que o desenvolvimento do Antigo e do Novo Testamentos, bem como os livros que compõem os mesmos, foram divinamente determinados e controlados. Esses livros não resultaram apenas das ideias divergentes por hebreus ou cristãos, nem são meras seções com base no raciocínio e na preferência dos homens.

l. A inspiração da Bíblia é um fundamental dentre da teologia bíblica. O ciente tem fé nessa verdade. “Toda Escritura é inspirada por Deus...” (II Tim. 3:16). Ver o artigo sobre esse assunto. Se a Bíblia não foi produzida pelo sopro de Deus, não haveríamos de sentir o impulso de edificar um sistema teológico com base nas Escrituras

m. Cristo é o centro da revelação bíblica. Antes de tudo. dentro da esperança messiânica do Antigo Testamento, a qual recebeu concretização quando do primeiro advento no Novo Testamento, e terá plena fruição quando da segunda vinda de Cristo, para inaugurar o reino milenar do Messias. À essa esperança é então conferido um elevadíssimo aspecto, na glorificação dos remidos, quando estes vierem a participar da natureza mesma de Cristo (Rom. 8:29). Portanto, a salvação é assim definida como uma filiação.

IV. Noções da História da Teologia Bíblica

1. Os hebreus sempre levaram muito a seno as suas Escrituras, como a Palavra revelada de Deus. Portanto, a teologia deles era uma teologia bíblica. Naturalmente, entre eles havia divergências. Alguém já disse, em tom de brincadeira, que se cinco judeus estiverem em uma sala, eles emitirão cinco opiniões diversas sobre qualquer assunto. Na verdade, os judeus gostam de discutir e debater. Os saduceus aceitavam somente o Pentateuco como autoritário. Em outro extremo, os judeus da dispersão aceitavam até os livros apócrifos. Por isso, havia vários cânones, e o termo Escrituras podia significar diferentes coisas, para diferentes grupos e indivíduos. Porém, as Escrituras, em uma forma ou outra, sempre eram autoritárias, servindo de base da teologia judaica. Naturalmente, os intérpretes cabalistas  sentem-se em liberdade para interpretar os textos bíblicos de modo simbólico e místico, e nem todas as suas doutrinas eram biblicamente alicerçadas. De modo geral, entretanto, os judeus sempre tiveram uma teologia bíblica.

2. Os cristãos primitivos deram prosseguimento à atitude judaica. Continuavam considerando o Antigo Testamento como autoritário, paralelamente aos livros do Novo Testamento, que eles também reputavam como -Escritura”, como porções integrantes da Bíblia autoritária. E, embora certas Melas gregas viessem contribuir para o pensamento neotestamentário. houve a continuação da tendência essencial veterotestamentária. As revelações dadas a Paulo enriqueceram extraordinariamente a teologia, a qual tornou-se a base sobre a qual outras Escrituras foram escritas. Os grupos heréticos, como os gnósticos que chegaram a penetrar nas fileiras cristãs, estavam muito menos alicerçados sobre as Escrituras Sagradas. Antes de tudo porque rejeitavam a totalidade do Antigo Testamento e certas porções do Novo; e, em segundo lugar, porque o seu sistema teológico era uma mescla de noções das religiões orientais e de conceitos filosóficos e mitológicos dos gregos.

3. A Igreja cristã foi-se afastando gradualmente da Bíblia, à medida em que o dogmatismo foi-se desenvolvendo. Noções extrabíblicas, como a regeneração batismal, a veneração a Maria e aos “santos” e as decisões de concílios, consideradas autoritárias, foram diluindo a firmeza cristã em torno das Escrituras. Esses desenvolvimentos permitiram a emergência da Igreja Católica (que posteriormente dividiu-se em Igreja Católica Romana e Igreja Ortodoxa Grega), já tão diferente da primitiva Igreja cristã. 0 bispo de Roma, que antes era apenas um bispo entre outros. foi adquirindo autoridade cada vez maior, porquanto ocupava posição na capital do império, e passou a ser rotulado superior aos demais bispos. E disso desenvolveu-se o papado. Paralelamente a isso, os ministros do evangelho transformaram-se gradualmente em sacerdotes, um clero profissional, que supostamente herdara a autoridade dos apóstolos, ao mesmo tempo em que o papa tornava-se o vicário ou substituto de Cristo. A história do dogma demonstra que a medida em que o dogma adquiria mais e mais importância. as Escrituras iam sendo abandonadas como autoritárias

4. As Igrejas Ortodoxas do Oriente, uma espécie de confederação frouxa das divisões não-ocidentais da cristandade, tornou-se uma entidade distinta do Ocidente, quando da divisão do império romano, em 395 D.C. Na segunda metade do século IX D.C., missionários das igrejas ocidental e oriental competiam em diversas regiões do mundo. No século XV houve um rompimento formal entre os segmentos ocidental e oriental do catolicismo, devido a razões doutrinárias e litúrgicas, e a Igreja Católica Romana adquiriu uma feição mais parecidas com a que conhecemos atualmente. As Igrejas Ortodoxas também aceitam como sua autoridade um misto da Bíblia, dos escritos dos chamados pais da Igreja e das decisões conciliares. Por causa disso, são menos biblicamente baseadas, do que a Igreja cristã do primeiro século de nossa era.

5. A Reforma teve lugar em uma época de revolta contra tradições humanas, concílios eclesiásticos, dogmas e intolerância papal. Melancthon Calvino e Lutero estavam fortemente baseados nas Escrituras. embora não de maneira perfeita. Lutero atacou a autoridade das tradições, dos pais da Igreja, do método escolástico de manusear a fé religiosa, do predomínio dos modos aristotélicos de pensamento que essa atividade incorporava, tendo ficado escandalizado diante da exploração da crendice popular com as indulgências e com o apoio dado ao nefando negócio pela autoridade máxima do catolicismo romano Isso posto, ele declarou o princípio das “Escrituras, somente”, como única fonte autorizada de instruções religiosas para os cristãos. E a maioria dos grupos protestantes e evangélicos preserva essa regra em suas declarações de fé.

6. A crítica da Bíblia surgiu nos séculos XVIII e XIX. Incluía esforços para afastar os grupos protestantes e evangélicos da ideia de que a Bíblia é a única e perfeita autoridade. Ver o artigo sobre a Crítica da Bíblia, que ilustra esse desenvolvimento histórico.

7. Um escolasticismo protestante terminou surgindo em cena. Isso produziu credos e confissões que usam a Bíblia como mina de informes que apoiam ideias, embora nem todas essas ideias e confissões estejam realmente fundamentadas nas Escrituras. As denominações desenvolvem suas próprias interpretações, nem sempre baseadas na Bíblia, algumas delas com base nos elementos heterogêneos do Novo Testamento, e outras baseadas em interpretações evidentemente distorcidas.

8. O movimento pietista do século XVIII foi uma tentativa para fazer a teologia retornar à simplicidade bíblica. C. Haymann, em 1708, produziu uma teologia bíblica, que foi a primeira a usar como título a expressão, até onde temos conhecimento. Em 1758, A.F. Busching, seguindo o exemplo dado por Haymann, publicou sua obra, intitulada Advantage of Biblical Theology Over Scholasticism. Nas escolas e seminários, houve esforços para a produção de uma teologia bíblica, em contraste com a teologia sistemática, porquanto esta última, na época aparecia misturada com ideias e modos de interpretações contrários à Bíblia. Na teologia, elementos literários e históricos foram-se tomando gradativamente mais importantes. O século XIX viu a produção de certo número de obras que ressaltava a teologia bíblica. G. L. Bauer publicou quatro volumes de teologia bíblica, em 1800-1802. W.M.L. de Wette publicou uma obra similar e bem maior, entre 1813 e 1816. Ali ele identificou vários períodos históricos que influenciaram a natureza e o conteúdo da teologia, como a religião de Moisés e a religião dos judeus, no Antigo Testamento, e, no Novo Testamento, os ensinos de Jesus, seguidos pela interpretação e ampliação daqueles ensinos por parte dos apóstolos e discípulos posteriores.

9. A alta crítica, entrementes, nos séculos XIX-XX, afetava o conteúdo da teologia bíblica. Os especialistas na alta crítica não apenas estudavam questões como autoria, proveniência, unidade, integridade, etc., dos livros da Bíblia, mas também impuseram aos estudos bíblicos o que ali queriam ver. Além disso, um certo espírito de ceticismo, que caracterizava alguns deles, levou-os a pensar que Jesus não pode ter feito aquilo que lhe é atribuído nos evangelhos, nem pode ter sido a pessoa que Paulo diz que ele era. Em consequência, esses críticos atiraram-se ao esforço erudito de descobrir o que realmente, teria sucedido, e quem, na realidade, era Jesus. Tais atividades afastaram-nos muito da teologia bíblica. Quanto a descrições mais detalhadas dessa forma de atividade, ver o artigo sobre a Crítica da Bíblia.

10. O liberalismo dos séculos XIX e XX rejeita a teologia bíblica como uma disciplina legítima e exclusiva, preferindo substitui-la pela ”história religiosa de Israel e da Igreja”, ou então pela religião dos hebreus e dos primitivos cristãos, ou mesmo pelas ideias religiosas da Bíblia. Trata-se de uma avaliação humana daquilo que a Bíblia diz, sem qualquer tentativa para fazer a teologia ser influenciada pelas Escrituras, como a única e grande autoridade que governa todo o pensamento cristão. Uma ideia básica é que a religião da Bíblia não é única e ímpar, mas representa apenas um movimento entre muitos. Esse movimento merece o nosso respeito. A Bíblia conteria a verdade, mas não seria o próprio padrão da verdade. O estudo bíblico autêntico requer sua comparação e avaliação com outros sistemas religiosos. A religião da Bíblia existe porque muitos fatores a produziram, não sendo uma revelação que caiu do céu em um vácuo. Portanto, entre os liberais, a Bíblia passou a ser vista como um livro que contém algo da Palavra de Deus, não devendo ser confundida com a própria Palavra de Deus. Os pontos de vista liberais variam desde a posição radicalmente cética, que nega totalmente a revelação e qualquer elemento miraculoso, até uma posição quase conservadora.

11. A reação da neo-ortodoxia. Karl Barth (1886) preserva alguns aspectos e resultados das atividades da alta crítica e do liberalismo, embora tivesse encabeçado uma espécie de movimento de volta à Bíblia, procurando alicerçar quadradamente a sua teologia sobre a Bíblia. Sua teologia é uma reação ao liberalismo. De fato, seu comentário sobre a Epístola aos Romanos é uma espécie de manifesto contra a teologia liberal. Ele percebia que a teologia liberal faz emudecer Paulo, incluindo seus grandes temas da prioridade da graça de Deus, de sua soberania e da natureza escatológica do Novo Testamento. Os liberais falavam de um Jesus meramente humano (com exclusão de sua natureza divina). Apesar dessa exposição fomentar a causa do liberalismo, não se enquadra, em muitas coisas, com o Jesus dos evangelhos, cujo intuito declarado foi o de estabelecer o reino de Deus na terra em sua própria época, e que fez reivindicações pessoais fantásticas de autoridade e poder. Mas, se Barth representa um retorno à teologia bíblica, ele não chegou ao nível da teologia fundamentalista (vide). Quanto a detalhes, ver o artigo sobre Karl Barth.

12. Movimento conservador sofisticado do século XX. A reação dos evangélicos conservadores contra certos resultados da alta crítica e contra o liberalismo também é um esforço para retornar à Bíblia como base da teologia. Essa atividade foi fortalecida por uma qualidade aprimorada da erudição dos mestres conservadores. Antes disso, os eruditos liberais eram, por assim dizer, os únicos que faziam estudos eruditos e respeitáveis. As igrejas de tendências liberais começaram a perder membros, e um número cada vez menor de jovens interessava-se por frequentar os seminários liberais. Entrementes, aumentou extraordinariamente o número de alunos matriculados nas escolas e seminários conservadores, e movimentos missionários multiplicaram-se. Todo esse movimento alicerçava-se sobre a teologia bíblica. As pessoas estavam cansadas diante de uma série de probabilidades e de intermináveis alternativas na teologia, anelando pelo reavivamento da alma da fé religiosa.

Alguns acusaram o liberalismo de ter morto a alma da fé, embora retendo o cadáver. A consternação de Karl Barth, devido ao fracasso do cristianismo no campo social, e o papel ridiculamente pequeno das igrejas evangélicas durante a Primeira Grande Guerra (1914-1918) era compartilhada por muitos, mesmo quando não o acompanhavam em todos os seus pontos de vista teológicos. A declaração de Stephen Neill: “A Bíblia não é uma coleção de piedosas meditações do homem a respeito de Deus, mas é o tom da trombeta de Deus falando ao homem e exigindo sua reação” (The Interpretations of the NT, 1964), foi considerada perceptiva e exata pelos estudiosos conservadores.

Um movimento missionário intenso, como se tem visto no século XX, e o ministério de evangelistas como Billy Graham e outros, têm feito a teologia bíblica tornar-se popular. Infelizmente, a tendência dos eruditos conservadores tem sido de arrogância e auto-suficiência, pois rejeitam os avanços positivos no campo dos estudos bíblicos, que a alta crítica, e até mesmo o liberalismo, têm obtido. A verdade quase sempre é achada bem no meio de dois pontos extremos. No presente caso, em um dos extremos há um ceticismo insuportável, e, no outro extremo, vemos a bibliolatria. Sumariaríamos a questão, afirmando que parece ser fato que o vício do liberalismo é o ceticismo, e que o vício do conservatismo é o espírito contencioso.