Interpretação de Tiago 3

Atos 3

Tiago 3 investiga o tema da língua e o poder das palavras. Enfatiza a necessidade de os cristãos exercerem sabedoria e controle sobre sua fala. O capítulo também aborda a relação entre sabedoria, humildade e boa conduta. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Tiago 3:

1. O poder e o perigo da língua: Tiago começa reconhecendo o poder da língua para guiar, instruir e influenciar. Ele compara a língua a um freio na boca de um cavalo e ao leme de um navio, enfatizando que, embora sejam pequenos, podem dirigir e controlar entidades muito maiores. Da mesma forma, a língua, embora pequena, tem potencial para causar grande impacto, seja para o bem ou para o mal (Tiago 3:1-5).

2. O Potencial Destrutivo da Língua: Tiago ressalta que a língua também pode ser uma fonte de grandes danos. Ele compara isso a um pequeno incêndio que pode incendiar uma vasta floresta. A língua, quando usada de forma descuidada ou maliciosa, pode causar danos significativos por meio de fofoca, calúnia e engano. É descrito como um mal inquieto e um veneno (Tiago 3:6-8).

3. Inconsistência entre bênção e maldição: Tiago observa a inconsistência da língua, destacando a contradição de abençoar a Deus com a boca enquanto amaldiçoa outros que são criados à imagem de Deus. Ele ressalta que tal inconsistência não deveria ser o caso entre os crentes, que são chamados a exibir sabedoria e pureza em seu falar (Tiago 3:9-12).

4. A Verdadeira Sabedoria e Seus Atributos: Tiago introduz o conceito de verdadeira sabedoria, que é caracterizada pela humildade, pureza, pacificação e disposição para ceder aos outros. A verdadeira sabedoria não se vangloria, não se caracteriza pela ambição egoísta e produz bons frutos, como a justiça e a paz. É contrastado com a sabedoria terrena, que é caracterizada pela inveja e pela ambição egoísta (Tiago 3:13-18).

5. Os Frutos da Justiça: Tiago conclui destacando os frutos da justiça que resultam dos pacificadores que semeiam em paz. Ele descreve a colheita da justiça como semeada em paz por aqueles que promovem a paz, sublinhando a importância de viver a sabedoria que vem do alto (Tiago 3:18).

Em Tiago 3, o autor enfoca o poder da língua e seu potencial tanto para o bem quanto para o mal. Ele adverte os crentes a exercerem controle e sabedoria em seu discurso, enfatizando a importância da humildade, da pureza e da paz na expressão da verdadeira sabedoria. Tiago incentiva os cristãos a serem consistentes no seu discurso, evitando a hipocrisia e os efeitos nocivos de palavras descuidadas ou maliciosas. Em última análise, o capítulo sublinha a necessidade de os crentes cultivarem uma sabedoria que produza justiça e paz, refletindo o carácter de Deus e os valores do reino nas suas interações com os outros.

Interpretação

3:1. A questão do falar é um dos assuntos de mais destaque neste livro (cons. 1:19, 26; 4:11, 12; 5:12). Esta, entretanto, é a passagem clássica, e está endereçada aos mestres. Primeiro Tiago adverte seus leitores de que não devem ficar muito ansiosos para ensinarem, por causa da responsabilidade que envolve.

3:2. Considerando que o mestre usa palavras constantemente, esta é uma área especialmente perigosa para ele. Tropeçamos em muitas coisas, mas os erros mais difíceis de evitarmos são aqueles que envolvem a língua. Assim, o homem que consegue controlar a sua língua é cognominado de perfeito varão. Tendo domado o membro mais rebelde, ele é capaz de refrear também todo o seu corpo.

3:3. “O mesmo acontece com os homens e os cavalos: controle-se suas bocas e vocês serão senhores de toda sua ação” (Ropes, op. cit., pág. 229). Davi, no Sl. 39:1, usa a figura de um freio em relação ao controle da fala.

3:4. Esta outra ilustração aponta para o poder da língua. Ela é como um pequeno leme que controla um grande navio. O que a frase, e batidos de rijos ventos, quer dizer não está muito claro a não ser que o e seja interpretado como “mesmo quando”. Então o significado seria que o leme vira o navio mesmo durante as tempestades ferozes.

3:5. Do poder de governar ou controlar a língua, o autor agora passa para o seu poder destrutivo. Ela pode ser um pequeno órgão, mas vangloria-se de grandes coisas. E a sua glória tem razão de ser! Uma pequena fagulha pode incendiar toda uma floresta.

3:6. Tasker (op. cit., pág. 76) considera mundo de iniquidade como significando “todas as características más de um mundo decaído, sua cobiça, sua idolatria, sua blasfêmia, sua concupiscência e sua avareza voraz”. Tudo isto encontra expressão através da língua, e consequentemente contamina o corpo inteiro. A língua também põe em chamas toda a carreira da existência humana. Hort diz que esta é uma das mais difíceis frases da Bíblia. Embora a frase provavelmente seja técnica, com sua origem fora da Palestina, Tiago a usa aqui em um sentido não técnico, significando “toda a existência humana”. Este tremendo poder para o mal possuído pela língua vem diretamente do inferno (Geena).

3:7, 8. A ordem de Deus ao homem (Gn. 1:26) para dominar os peixes do mar, etc. tem sido executada com sucesso, a língua porém, nenhum dos homem é capaz de domar. Mas é claro que Deus pode domá-la! É um mal incontido. Embora carregado de veneno mortífero o Senhor a tem controlado nas vidas de muitos, resultando em grandes bênçãos para a humanidade.

3:9, 10. A língua também é inconsistente. Ela é usada para realizar seus mais altos propósitos, isto é, para bendizer a Deus, mas também é usada para maldizer os homens. Tal inconsistência, especialmente no caso dos cristãos (meus irmãos), não é conveniente que estas coisas sejam assim.

3:11, 12. As ilustrações da fonte e da figueira mostram que “tal incongruência de comportamento é uma revolta contra a natureza, onde tudo prossegue ordenadamente no seu curso para o bem ou para o mal” (B.S. Easton, The Epistle of James, pág. 48).

3:13. Embora toda a Epístola de Tiago seja uma literatura sobre a Sabedoria, esta (sophia) só foi expressamente mencionada nesta passagem e em 1:5. É importante que a ideia judia (não grega) sobre a sabedoria seja mantida em mente. Hort define a sabedoria em Tiago como “a capacitação do coração e mente necessária para uma conduta justa” (op. cit., pág. 7). Sábio (sophos) é o termo técnico para mestre, e entendido (epistemon) para o conhecimento especial. Através do condigno proceder o sábio deve demonstrar em mansidão de sabedoria suas obras... O orgulho do conhecimento sempre tem sido o pecado costumeiro dos mestres profissionais.

3:14. O orgulho do conhecimento no caso dos leitores de Tiago deu vazão à inveja amargurada e ambição egoísta, que resultou na vanglória (nem vos glorieis), sendo assim contra a verdade. O autor não quer dizer aqui que os mestres estivessem se apartando da doutrina ortodoxa, mas antes que pela sua vida inconsistente eles estavam mentindo contra a verdade do Evangelho.

3:15. Esta “falsa” sabedoria está caracterizada não como a sabedoria que desce lá do alto, isto é, não tem a sua origem em Deus (cons. 1:5). Pelo contrário é terrena, animal e demoníaca. “Estas três palavras... descrevem a falsa sabedoria, que não tem origem divina, numa sequência crescente – pertence à terra, não ao mundo de cima; à mera natureza, não ao espírito; e aos espíritos hostis do mal e não de Deus” (Ropes, op. cit., pág. 248).

3:16. A conjunção pois indica que o que vem a seguir é a prova do que se acabou de dizer. Falsa sabedoria produz confusão (perturbação, E.R.C.) – provavelmente uma referência a discussões na igreja – e toda espécie de cousas ruins. Deus não é um Deus de confusão (I Co. 14:33), nem simpatizante do mal (I Jo. 1:5). Portanto, uma “sabedoria” que provoca uma situação como essa não pode vir de Deus.

3:17. Em contraste fica a sabedoria lá do alto. É o dom de Deus; é sabedoria prática, sabedoria que preserva a unidade e a paz. Por causa dos seus atributos – pura, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento – alguns comentadores concluíram que a sabedoria aqui é na realidade Cristo. À luz da antiga identificação de Cristo com a Sabedoria de Deus, não parece ser impossível.

3:18. O fruto da justiça provavelmente significa “o fruto que é a justiça”. A declaração então faz um contraste com 1: 20: A ira do homem não produz a justiça de Deus. Esta última é adquirida pelos pacificadores que semeiam a paz.

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