Interpretação de Sofonias 1

Em Sofonias 1, o profeta Sofonias faz uma severa advertência ao povo de Judá e Jerusalém. A introdução estabelece o contexto de um tempo caracterizado pela decadência moral, idolatria e injustiça social, levando a resposta de Deus na forma de um próximo dia de ajuste de contas - o “dia do Senhor”.

Sofonias 1 começa identificando o profeta como filho de Cushi e traçando sua linhagem até o rei Ezequias. Este contexto histórico acrescenta peso à sua mensagem profética. O capítulo imediatamente anuncia que Deus "varrerá tudo da face da terra" e declara um julgamento decisivo sobre a terra. A introdução apresenta um tom sombrio ao lançar as bases para os temas que se desenrolarão: as consequências da desobediência, a inescapabilidade da justiça divina e a urgência de se voltar para Deus. Em essência, a introdução de Sofonias 1 serve como um aviso dos terríveis eventos que virão e abre caminho para as revelações proféticas que se seguem no restante do capítulo.

Interpretação

I. Introdução. 1:1.

1:1.
A declaração de Sofonias sobre a sua ordenação no ofício de profeta assume a forma familiar: Palavra do SENHOR que veio ao profeta. Um homem assumia o ofício profético em atenção a um chamado direto; o ofício sacerdotal, que era restrito à família de Arão, passava de pai para filho. O pai de Sofonias foi Cusi; seu avô, Gedalias; seu bisavô, Amarias; e seu tetravô, Ezequias, com toda probabilidade o piedoso rei Ezequias.

II. Uma Advertência do Juízo Iminente. 1:2-18.
A. O Juízo Anunciado. 1:2-6.

1:2. De fato consumirei.
A descrição seria certa e completa. Destruição total sugere as consequências horríveis da idolatria e do adultério espiritual. Alguns mestres sugerem que o juízo pronunciado tinha referências iminentes e futuros também. Sua referência imediata, alguns acham, foi aos citas bárbaros, que deixaram sua terra natal ao norte do Mar Negro, que estavam varrendo a Ásia Ocidental e poderiam atacar Judá a qualquer momento. Os cruéis citas empregavam a política da terra arrasada com fúria e vingança.

1:3. Consumirei os homens e os animais. Nada poderia escapar. O homem, os animais, as aves e os peixes seriam sujeitos à ira do Senhor. As águas ficariam infestadas e o ar contaminado.

1:4. Exterminarei deste lugar o resto de Baal. Os homens se inclinando diante de Baal, o deus da fertilidade dos cananeus, cujo culto incluía atos de. prostituição ritual, teriam de ser destruídos. O nome dos ministrantes. Esses sacerdotes de longas vestes que representavam os ídolos (cons. II Reis 23:5) tinham de ser completamente exterminados.

1:5. O exército do céu. A astrologia e a adoração dos corpos celestiais conforme praticados pelos assírios e babilônios eram comuns entre os idólatras de Judá (cons. (II Reis 23:11; Jr. 19:13; 32:29; Ez. 8:16). Milcom. Moloque, uma divindade semita honrada com sacrifícios de crianças.

1:6. Os que deixam de seguir. Apanhados nesta rede de apostasia estavam aqueles que rejeitaram as reivindicações do Deus de Israel e foram atraídos pelo culto sensual e imoral prestado à fertilidade. Os que não o buscam. Alguns jamais se aproveitaram da graça e misericórdia do Senhor. Eram auto-centralizados e auto-suficientes, vivendo em total ignorância de suas necessidades espirituais.

B. O Juízo Definido. 1:7-13.
1:7. Cala-te diante do SENHOR.
As pessoas que apostataram ao ponto de não poderem retornar. O castigo era agora 1nevitável. Seu clamor vão nos fazer lembrar da geração que pereceu no Dilúvio quando a porta da arca foi fechada. Tinham-se recusado a oferecer um sacrifício quebrado ao Senhor; agora elas seriam o sacrifício. O dia do SENHOR é o dia do juízo como em Amós 5:18. Os convidados são os inimigos de Judá, e o sacrifício é Judá (cons. Is. 34:6).

1:8. Hei de castigar os oficiais e os filhos do rei. Após a morte de Josias, Judá apressou-se em concretizar o seu destino. O péssimo reinado de Jeoacaz (o sucessor de Josias) só durou três meses e o governo do idólatra Jeoaquim só durou onze anos. O reinado de três meses de Jeoaquim foi rapidamente seguido pela segunda deportação à Babilônia. Então veio a destruição final de Jerusalém durante o reinado de Zedequias, que foi levado à Babilônia como prisioneiro, depois que seus olhos foram arrancados (II Reis 25:6, 7).

1:9. Aqui, ao que parece, a referência foi feita aos servos do rei que constantemente se achavam à sua disposição. Eram evidentemente os políticos corruptos daquele tempo – vendendo sua influência e posição por dinheiro. Os mestres rabínicos judeus sugerem que aqueles que sobem ao pedestal eram os filisteus, que, depois que Dagom caiu diante da arca, não pisavam mais na soleira da porta ao entrarem no templo, mas, antes, pulavam por cima dela. Outros defendem que eram bandidos que arrombavam as casas das pessoas e levavam o que queriam. Talvez eles pulassem por cima do pedestal para evitar provocar os deuses que eles pensavam que guardassem a porta das casas.

1:10. Far-se-á ouvir um grito... e um uivo. Um quadro profético apresentado sobre o ataque inimigo vindo do norte sobre Jerusalém. A Porta do Peixe se abria para o lado setentrional do Vale de Tyropoeon (cons. Ne. 3:3; 12:39). Esta seria a direção da qual a notícia da aproximação do exército caldeu viria. O som da aproximação do inimigo está descrito como grande lamento desde os outeiros.

1:11. Mactés (“um pilão”, “uma gamela”, ou “uma bacia”). Alguns comentaristas identificam Mactés com a parte de Jerusalém que fica no Vale do Cedrom, onde se moia arroz, trigo e outros cereais em um pilão. A configuração de Mactés talvez desse origem ao seu nome. Profeticamente é usado para descrever o modo pelo qual os habitantes seriam batidos e triturados, como grãos em um pilão. Todos os que pesam prata são destruídos. Mais especificamente, os comerciantes e cambistas seriam abatidos até a morte sem esperanças e privados de toda a ajuda.

1:12. Esquadrinharei a Jerusalém com lanternas. Uma busca total, de dia e de noite, seria feita. Ninguém escaparia. Não ficaria nenhum cantinho não esquadrinhado no qual o pecado escapasse ao castigo. Os homens que estão apegados à borra. A borra constitui o refugo ou os sedimentos depositados pelo vinho ou licor (cons. Is. 25:6). Apegar-se à borra significava tornar-se complacente e satisfeito com o seu próprio caráter e circunstâncias – talvez ficar em estupor alcoólico (cons. Jr. 48:11).

1:13. Os seus bens. As coisas nas quais confiavam viriam a se tornar uma armadilha para eles. Seus esforços pelo ganho material acabariam em nada. Não desfrutariam dos frutos do seu trabalho. Não morariam nas curas construídas por eles, nem colheriam as uvas plantadas (cons. Amós 5:11).

C. O Juízo Descrito. 1:14-18.
1:14. Está perto. Após a morte de Josias, o juízo aproximou-se rapidamente. Aqui ele é comparado a uma tempestade que se movimenta com rapidez. Enquanto a referência imediata parece referir-se à invasão cita, o cumprimento final virá com o Juízo final, quando haverá “choro e ranger de dentes” (Mt. 8:12; 25:30, e outras).

1:15. Aquele dia é dia de indignação. Quando as misericórdias do Senhor são desdenhadas, a ira é o resultado certo. Dia de angústia e dia de alvoroço. Todas as horríveis consequências do juízo: a invasão, o ataque, a confusão, a tortura – sofrimento e horror de todo tipo. Será um dia de trevas. A cidade ficará encoberta por pesado véu de fumaça e cheiro de carnificina.

1:16. Dia de trombeta. O alarme soará, e correios levarão as terríveis notícias, mas sem resultado. A nação terá chegado ao ponto em que não há retorno. O juízo terá de prosseguir o seu curso. As cidades muradas serão invadidas e as torres altas cairão sob o toque dos aríetes.

1:17. Angústia sobre os homens. Um severo estado de sofrimento, dor e aflição virão. Em seu desespero sem esperanças, os homens ficarão enlouquecidos. Andarão às apalpadelas em busca de auxílio e salvação, mas toda a esperança de livramento do juízo terá desaparecido. Seu pecado e apostasia contra o Senhor terão provocado a Sua ira. O sangue cobrirá as ruas como pó, e corpos humanos ficarão amontoados em montes como lixo.

1:18. Nem a sua prata nem o seu ouro. Já se foi o tempo em que os privilegiados podiam comprar tudo. Seu dinheiro não comprará mais comida, porque não haverá comida. Um juízo de fogo consumirá suas posses terrenas. Uma desolação universal tomará conta da terra.

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