Interpretação de Obadias 1
Obadias 1
I. Sobrescrito. Versículo 1a. (veja
Introdução).
II. As Nações Dispostas Contra Edom. Versículo
16.
A profecia de Obadias foi disposta em
forma de um processo criminal. Identifica-se um fora da lei, ele é julgado e
sentenciado. O SENHOR Deus é o juiz que fala contra o fora da lei – Edom.
Temos ouvido as novas . . . foi enviado um mensageiro. Antes do julgamento,
arautos do Juiz proclamara o acontecimento às nações, convocando-os a
comparecerem a fim de estarem preparadas para a batalha (cons. Jr. 49:14).
VI. O Inimigo Público Número Um É
Denunciado. Versículos 2-7.
O Juiz divino torna público Sua própria
opinião sobre o criminoso que está sendo convocado a prestar contas.
2. Eis que te fiz pequeno. Edom considerava-se uma nação superior
(vs. 3, 4), mas à vista de Deus era insignificante. Não seria acidental se as
outras nações a desprezassem; seria operação do Senhor. A força do verbo
hebraico não se refere à ação passada mas a uma certa ação futura.
Ironicamente, Edom desejava desesperadamente ser igual às demais nações, mas
nenhuma a considerava como tal.
3. A soberba do teu coração te enganou. A opinião que Edom tinha de si mesmo
inflou-se além das proporções do seu verdadeiro poder. Ela veio a depender
grandemente da proteção de suas fortalezas nas montanhas. Nas fendas das
rochas. A inacessibilidade do Monte Seir fizera da montanha um refúgio para
os idumeus muitas vezes. É uma cadeia de montanhas de granito, da largura de 24
a 32 quilômetros, na direção norte-sul, com rochas que atingem 615 m de altura.
Sua fortaleza é uma rocha elevada e achatada com o nome de Sela no Velho
Testamento, mas mais popularmente conhecida por Petra hoje em dia. A fortaleza
só podia ser alcançada através de uma ravina estreita de encostas rochosas.
Edom viera a crer que nenhum inimigo conseguiria derrubar suas defesas.
4. Como águia. A fortaleza estava localizada tão alto na
montanha que foi comparada ao ninho de uma águia entre as estrelas. Contudo o
Senhor declarou que Edom não estava fora do Seu alcance. Ele a derrubaria e a
julgaria na presença das nações.
5. Ladrões. . . roubadores . . .
vindimadores. Apelando para
uma prática comum, o divino Juiz descreve de maneira extraordinária o fim do
poder de Edom. Ladrões e assaltantes (os idumeus eram conhecidos como ladrões e
assaltantes) geralmente levavam por despojo apenas aquilo que julgavam valioso.
Do mesmo modo os vindimadores só colhiam uvas maduras. Mas a fortaleza de Edom
seria destruída e todas as suas propriedades seriam arrancadas dos seus
esconderijos.
7. Os teus aliados. Através de fraudes Edom seria entregue ao
Juiz por seus próprios afiados. Aqueles mesmos que Edom alimentara se voltariam
contra ela.
IV. Edom é Acusada. Versículos 8-14.
A. A Intenção do Juiz. Versículos 8, 9. O
Juiz declara que pretende expor a frivolidade da sabedoria e do poder de que
Edom se jactava.
8. Os sábios não serão capazes de inocentar Edom.
Ficarão confundidos com a força dos argumentos do promotor.
9. Os teus valentes. A habilidade e destreza dos guerreiros não
livraria Edom desta vez. Temã era a principal colônia edomita perto da
fortaleza, Sela ou Petra. A justiça obteria uma condenação bem definida
e conseguiria uma sentença de morte.
B. O Caso Contra Edom. Versículos 10-14.
A exposição dos pecados de Edom é devastadora e assombrosa.
10. Violência feita a teu irmão Jacó. O antepassado dos idumeus era Esaú, o irmão
gêmeo de Jacó. Embora Jacó agisse erroneamente para com Esaú (Gn. 25:33;
27:36), este file perdoara (Gn. 33:4). Agora a violência substituía o perdão.
11. Tu mesmo eras um deles. Quando estrangeiros levaram os
descendentes de Jacó para o exílio e tomaram a Cidade Santa, os descendentes de
Esaú não foram ajudar Judá contra o inimigo, mas aliaram-se ao invasor. Edom
participou do saque da cidade. Esta situação se encaixa melhor nos
acontecimentos relacionados com a queda de Jerusalém em 587-586 A.C. e o período
que se lhe segue imediatamente.
12. Mas tu não devias ter olhado com
prazer o dia de teu irmão. Nos
versículos 12, 13, 14, esta frase aparece sete vezes: não devias, ou
equivalente. Destaca os crimes específicos cometidos pelos idumeus. Um parente
era obrigado, por laços de sangue, a ajudar outro parente em perigo. Edom
recusou-se a ajudar a Jacó (Israel) quando foi preciso. Veja em Jz. 5:23 um
exemplo da condenação de uma pessoa que deixou de prestar auxílio a um parente
em uma case. Nem te alegrado. Edom, além de não prestar ajuda, chegou a
se regozijar coma derrota dos israelitas. Os idumeus falaram de boca cheia, ou
se vangloriaram diante dos outros sobre o fato dos israelitas merecerem o seu
castigo. Assim, à injúria acrescentaram o insulto.
13. Entrado pela porta do meu povo. Edom deixou de ser um alegre espectador e
começou a participar ativamente do saque de Jerusalém. Este crime está
enfatizado neste versículo através de mais duas declarações paralelas.
14. Parado nas encruzilhadas. A acusação representa Edom primeiro como
espectador alegre, depois como participante da pilhagem da cidade e então
servindo nas barricadas que bloqueavam as estradas de escape da cidade jornada,
cruelmente prendendo os fugitivos e entregando-os como escravos ao invasor. Uma
atitude covarde e digna do mais severo castigo!
V. Edom Sentenciada. Versículos 15-20.
A. Julgamento. Versículos 15, 16. O
promotor fundamentou o seu caso contra Edom e, agora, o Juiz esboça a base para
punir o criminoso.
15. O dia do SENHOR. O Dia do Senhor é o dia em que Deus vai
julgar a perversidade e vingar a justiça. Deus é misericordioso, mas não vai
tolerar o pecado para sempre. Quando o pecador, individual ou nação, ignora
completamente as regras divinas, Ele vem para julgar e vingar (cons. Joel 2:1;
Amós 5:18-20; Sf. 1:7, 8, 14-18; Ez. 25:12-14; 35:1-15). Como tu fizeste,
assim se fará contigo. Os juízos do Senhor se basearão sobre a justiça, não
no capricho ou na vingança. O castigo não será menor nem maior que os crimes
cometidos. (Veja em Os. 8:7 uma forma pitoresca de declarar este mesmo princípio.)
A sentença de um pecador não será desproporcional aos seus pecados, mas por ter
certeza de que sofrerá por seu pecado.
Historicamente, Edom veio a conhecer a
realidade desta verdade. Logo após este período, Edom foi expulsa de seu antigo
lar pelos nabateanos, de modo que precisou se mudar para o lado oeste do Mar
Morto. Hebrom passou a ser a capital de seu novo lar ao sul de Judá. Os
macabeus, especialmente João Hircano (cerca de 125 A.C.), subjugou e judaizou
os edomitas. Foram finalmente destruídos com os judeus em 70 d.C. por Tito, o
general romano.
16. Como bebestes . . . assim beberão . .
. todas as nações. O
sofrimento resultante do castigo é às vezes descrito pelos profetas como sendo
comparável ao beber do vinho forte. Vejam em Jr. 25:15-28 uma aplicação mais
extensa desta analogia. Deus não usaria Edom simplesmente como exemplo mas
julgaria igualmente todas as nações pelos seus pecados.
B. Vindicação. Versículos 17-20. Deus não
castigada simplesmente os perversos; Ele também libertaria os oprimidos de sua
miséria.
17. Mas no monte de Sião haverá
livramento. Na destruição
do Monte Sião, Israel foi castigada pelos seus pecados; mas Israel também veria
o livramento. Por trás dos juízos divinos há o amor de Deus. O castigo tem de
ser punido, mas Deus deseja muito mais dar a libertação àqueles que se voltam
para Ele. A queda de Jerusalém acabou com o Reino de Judá, mas a preocupação de
Deus com o Seu povo não acabara. Ele traria de volta ao Monte Sião um
remanescente do cativeiro. O monte será santo. No V.T., a santidade
significa principalmente separação para Deus (Dt. 7:6; Jr. 1:5), mas também
significa separação de tudo o que é impuro (Lv. 20:7; 21:6; 22:9). O povo
libertado seria o povo de Deus, mas também teria de ser purificado das práticas
idólatras que provocaram a destruição da nação. Os da casa de Jacó possuirão.
A terra prometida retornaria aos exilados que voltassem, e as casas e porções
da terra que pertenceram a seus pais seriam suas novamente.
18. Será fogo, e . . . chama. No Dia do Senhor, o relacionamento entre
Israel e Esaú será invertido. A casa de Jacó . . . e a casa de José (sinônimos
de Israel) seriam senhores sobre a casa de Esaú (Edom) e seriam
instrumentos nas mãos de Deus para execução do juízo divino sobre Edom.
19. Os de Neguebe possuirão o monte de
Esaú. Outra tradução diz: Eles possuirão o
Neguebe; isto é, o Monte Esaú. As fronteiras do reino davídico seriam
restauradas no sul e na planície dos filisteus o que incluiria as
cidades de Gade, Ecrom, Asdode, Asquelom e Gaza. (Todas essas regiões com exceção
de Gaza fazem parte atualmente do território de Israel.) Então, para o norte, os
campos de Efraim e os campos de Samaria retornariam aos exilados
repatriados. A tribo de Benjamim se moveria através do Rio Jordão e retomaria
Gileade.
20. As fronteiras davídicas se estenderiam pela inclusão
dos cananeus (fenícios) até o extremo norte em Sarepta, atualmente
conhecida por Sarafanda. Fica localizada entre Tiro e Sidom sobre a costa do
Mediterrâneo. Sefarade. Mais provavelmente Sardis, a capital de Lídia a
oeste da Ásia Menor.
VI. O Senhor Será Rei. Versículo 21.
Assim como a profecia de Obadias começa com o Senhor
dominando o cenário, ela termina com a proclamação de que Ele será o Rei de
todos. Salvadores. A LXX diz: aqueles que foram salvos; mas o
hebraico parece se referir aos vitoriosos, isto é, aos exilados que voltaram,
que tornarão a governar em Jerusalém sobre a terra de Edom. E o reino será
do SENHOR. Os exilados que retornassem ficariam sob o governo teocrático do
próprio Deus. Esta foi a grande visão de Obadias e outros profetas – que o
Senhor será o Rei de Israel e que do Monte Sião ele governará o mundo. (cons.
Zc. 14:9-11).