Interpretação de Malaquias 2

Malaquias 2 continua o diálogo entre Deus e Seu povo, enfocando a responsabilidade dos sacerdotes e da comunidade em geral. Deus confronta os sacerdotes por não cumprirem suas responsabilidades e por desviarem os outros, enfatizando suas obrigações pactuais. O capítulo destaca a importância da integridade, fidelidade e reverência no papel sacerdotal. Além disso, Deus aborda a questão dos casamentos infiéis e exige fidelidade e lealdade à aliança. O capítulo destaca as consequências da desobediência e contrasta o destino dos justos com o dos ímpios. Malaquias 2 serve como uma severa admoestação para que o povo honre seus compromissos de aliança, mantenha a santidade de seus relacionamentos e reconheça o peso de suas ações na formação de seu destino.

2:1. Este Mandamento. Mandamento, aqui, deve ser entendido no sentido de uma ameaça de castigo (cons. Na. 1:14).

2:2. Se. O juízo divino seda condicionado ao arrependimento dos sacerdotes. Maldição. Deus desviaria as bênçãos que antes foram desfrutadas pelos sacerdotes. Veja também a exposição de 3:9. Já as tenho amaldiçoado. A pesada mão de Deus já começara a descer.

2:3. Reprovarei a descendência. Traduza-se, Refrearei o vosso braço. Deus “amarraria as mãos” daqueles que oficiavam no altar, e não haveria fruto no seu labor. Excremento dos vossos sacrifícios. Além de Deus se recusar a aceitar a multidão dos sacrifícios nos festivais, também concederia aos sacerdotes o mais ignominioso tratamento. Atirarei excremento aos vossos rostos é uma metáfora para o desprezo com que Jeová tratada os sacerdotes desviados. Para junto deste sereis levados. O fim que Deus destinou aos sacerdotes em pecado é comparado ao lugar do lixo que recebia o “excremento” dos sacrifícios. Só a condenação podia ser o destino desses sacerdotes.

2:4. Este mandamento. Veja 2:1. Para que a minha aliança continue com Levi. Deus queria que os sacerdotes recobrassem o juízo, acertassem seus caminhos e tornassem possível a continuação da aliança com Levi, isto é, com o sacerdócio levítico.

2:5. Minha aliança com ele. Cons. Nm. 25:12, 13; Dt. 33:8-11. De vida e de paz... para que temesse. Através da aliança, Jeová comprometeu-se a conceder aos sacerdotes vida e paz; em troca, os sacerdotes eram obrigados a servi-lo com reverência.

2:6. A verdadeira instrução. A principal função do sacerdote era instruir de acordo com a lei moral, que se baseava na verdade. E a injustiça não se achou. Tinha havido sacerdotes que fielmente apresentaram a justa revelação de Deus. Andou comigo (cons. Gn. 5:22, 24; 6:9). Os sacerdotes de antigamente falavam e viviam a verdade de Deus. Apartou a muitos. Por meio de palavras e pela conduta, o sacerdote que andava com Deus levou muitos à justiça (coas. Dn. 12:3).

2:7. E da sua boca devem... procurar a instrução. Os sacerdotes eram designados por Deus para, em parte, apresentar o conhecimento e a vontade de Deus. Mensageiros do SENHOR. Em diversas passagens do V.T., a expressão aparentemente se refere a um mensageiro que é o próprio Deus (veja Êxodo 3:2, 4; Juízes 6:12-14). Nenhuma honra mais elevada poderia ser concedida ao sacerdote do que quando tais palavras lhe eram aplicadas.

2:8. Tendes feito tropeçar a muitos. Em vez de levar muitos à justiça (cons. v. 6), a influência dos sacerdotes fora justamente a oposta. Corrompida pelas palavras dos sacerdotes e belo seu exemplo, a Lei só podia desviar os homens. Violastes a aliança. Por meio de seus atos, os sacerdotes nulificaram a aliança.

2:9. Eu vos fiz desprezíveis. Os sacerdotes não tiveram o respeito das pessoas cujos pecados eles mesmos assimilaram. E vos mostrastes parciais no aplicardes a lei (cons. Mq. 3:11). Em sua capacidade judicial, os sacerdotes fizeram acepção de pessoas.

“Por quê?” 2:10-16.

Mais explicitamente a pergunta seria: “Por que fomos traiçoeiros uns para com os outros?” Assim como os sacerdotes trilham destruído a afiança divina com Levi, o povo transgredira a aliança do Senhor mais generalizadamente através do casamento com pagãos, abandonando suas esposas para poderem se casar novamente.

2:10. O mesmo Pai. Deus era o seu “pai” porque Ele escolhera Israel por amor, para que os israelitas fossem os seus filhos. Não nos criou o mesmo Deus? Deus era seu pai também em virtude de Sua atividade criadora. Seremos desleais. Veja os versículos seguintes. Uns para com os outros. Se Deus é pai, seus filhos são irmãos e irmãs e têm obrigação de família entre si. A aliança de nossos pais (cons. Êx. 19:5, 6; 24:8). A aliança de Deus com Israel proibia tanto expressamente como por implicação os pecados que vêm a seguir (Êx. 34:10-16; Dt. 7:1-4).

2:11. Abominação. Os judeus precisavam ser abalados, com a ideia de que o anátema de Deus tanto pairava sobre a transgressão que estava para ser especificada quanto sobre os grosseiros pecados da idolatria e feitiçaria. Profanou o santuário do SENHOR. O que fora profanado não era o divino atributo da santidade mas aqueles que eram santos por causa do seu relacionamento com o Deus santo (veja Jr. 2:3). Adoradora de deus estranho. O pecado específico, agora mencionado, é o do casamento de um israelita com uma pessoa que se dedicava à adoração de um deus pagão (cons. Êx. 34:16; Dt. 7:3, 4; Esdras 9:1, 2; Ne. 13:26, 27).

2:12. O SENHOR eliminará. O castigo divino tomada a forma de ausência de posteridade do pecador. A alusão proverbial que se segue indica que todos estavam incluídos. O que apresenta ofertas. Deus também infligiria um castigo idêntico sobre todos os que se sentissem inclinados a oferecer um sacrifício para expiação dos pecados do transgressor.

2:13. Anda fazeis isto. A expressão indica que uma segunda ofensa moral está incluída na “deslealdade” do versículo 11. Cobris o altar... de lã, de choro. A transgressão adicionada era que os israelitas tinham se divorciado de suas próprias esposas para que pudessem ficar livres a fim de se casarem com mulheres pagas, mas isto só fica indicado em 2:14-16. Aqui os israelitas são representados como pessoas desesperadas por causa do desagrado divino para com a sua conduta que se tornara conhecida e os seus sacrifícios que não eram mais aceitos por Ele.

2:14. E perguntais: Por quê? Uma atitude de traição fora detalhadamente exposta. Havia uma outra. Se eles se recusassem em reconhecê-la e relutassem em aceitá-la, a resposta seria enunciada claramente. Testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade. Uma vez que os contratos, de casamento e outros, eram consumados tendo Deus por testemunha (veja Gn. 31:49; Pv. 2:17), Ele considerava culpados os israelitas que, tendo tomado esposas judias, agora as abandonavam. Sendo ela a tua companheira. Laços de afeição deviam persistir como resultado de experiências comuns. A mulher da tua aliança. O casamento é um relacionamento de aliança perante Deus (cons. Pv. 2:17).

2:15. Ninguém com um resto de bom senso o faria. O tópico examinado é o da validade da monogamia prescrita por Deus. Jesus, tratando do mesmo assunto, ensinou que Deus, na criação, juntou indissoluvelmente o homem e a mulher como “uma só carne” (Marcos 10:2-9). Do mesmo modo, Malaquias parece dizer: “E Deus na criação não fez um par para viver junto como se fosse um apesar do fato de Seu controle sobre o espírito da vida pudesse ter ordenado de um modo diferente? E porque Ele fez o homem e a mulher como uma só carne? Foi com o fim de assegurar Seus propósitos para uma descendência piedosa, um povo dirigido por uma aliança com uma religião pura”. O divórcio só viria prejudicar os propósitos criativos de Deus. Ninguém seja infiel. O chamado ao arrependimento é óbvio.

2:16. Odeia o repúdio. Isto é, Deus odeia o divórcio. Em parte alguma o V.T. aprova o divórcio, embora prescreva o que deve ser feito sob dadas circunstâncias nas quais o divórcio acontecia (Dt. 24:1-4; veja também Mt. 19:7, 8). Que cobre de violência. Traduza-se antes, e a violência cobre suas vestes. As próprias vestes dos israelitas culpados era, à vista de Deus, manchadas pelo seu pecado hediondo (cons. Zc. 3:3, 4).

“Em que o enfadamos?” 2:17- 3:6.

A atitude israelita era repreensível à vista de Deus; pois as pessoas tinham se tornado praticamente ateias, presumindo que, se existia um Deus, Ele já não interviria mais para exercer o juízo contra o mal e os que praticavam o mal. Deus, entretanto, advertia que o juízo, embora tardio, certamente viria.

2:17. Em que o enfadamos? Embora sua religião não passasse de formas vazias, os contemporâneos de Malaquias protestavam contra aqueles que duvidassem de sua piedade. Qualquer que faz o mal. A referência é aos judeus profanos como também aos pagãos. Passa por bom aos olhos do SENHOR. O argumento: Considerando que muitos desfrutam de prosperidade material, embora violando definidamente a lei moral, se existe um Deus, Ele ao que parece, os favorece. Onde está o Deus do juízo? A própria existência de um Deus onipotente e justo estava sendo posta em dúvida. A insinuação era que se Deus existia, Ele devia ter agido.

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