Interpretação de Malaquias 1

Malaquias 1 começa com um diálogo entre Deus e Seu povo, abordando suas dúvidas sobre Seu amor e questionando o valor de sua adoração. Deus enfaticamente declara Seu amor duradouro por Israel e repreende suas ofertas indiferentes, destacando a desonra que eles mostram ao apresentar sacrifícios defeituosos. O capítulo enfatiza a importância de oferecer a Deus o seu melhor, como Ele merece, e condena a atitude de oferecer meras sobras. Deus desafia os sacerdotes por sua negligência e profanação de Seu altar, enfatizando a necessidade de genuína reverência. Malaquias 1 serve como um chamado à adoração genuína, destacando a importância de oferecer devoção sincera a Deus e demonstrar a devida honra e respeito em suas ofertas e serviço.

I. Título. 1:1.

A maior parte dos livros proféticos do V.T. têm títulos que identificam o autor e indicam que aquilo que vem a seguir é uma revelação divina. Malaquias não é uma exceção à regra geral.

1:1. Sentença significa “uma mensagem de peso” ou “uma sentença judicial”. Com. Na. 1:1; Hc. 1:1; Zc. 9:1. Por intermédio de Malaquias. Veja Introdução.

II. Perguntas para as quais Deus Tem Boas Respostas. 1:2- 4:3.

A. “Em que nos Tens Amado?” 1:2-5.
As perguntas em torno das quais o livro de Malaquias gira são aquelas que o profeta coloca na boca dos israelitas apóstatas do seu tempo. Elas podem ter sido ou não enunciadas, mas certamente podiam ser encontradas nos corações do povo. A primeira pergunta trai uma falta de verdadeira piedade, uma ausência de confiança. Só corações de pedra poderiam ficar desatentos às incontáveis manifestações do amor de Deus pelo povo da aliança. Mas ao falar do Deus de seus pais, os israelitas diziam: “Não temos visto evidência do Seu amor”.

1:2. Eu vos tenho amado. Veja Dt. 7:8; Jr. 31:3; Os. 11:1. Esaú. Um nome às vezes usado para com o irmão de Jacó e outras para com os idumeus. Irmão de Jacó. Esaú era o primogênito dos gêmeos (Gn. 25:23-26). Todavia amei a Jacó. No exercício de sua boa vontade soberana (Rm. 9:10-18), Deus escolheu conceder a promessa da aliança e Suas bênçãos àquele que não era o primogênito. O amor de Deus fora traduzido em ação constante através da história de Israel.

1:3. Aborreci a Esaú. Romanos 9:10 e segs. sugerem que o “aborrecimento” consistia em Deus perpetuar a linhagem do Povo Escolhido através de Jacó e não através de Esaú, e em dar a Esaú uma posição de subordinação para com o seu irmão (cons. Gn. 27:37-40). Por outro lado, tanto Esaú como seus descendentes viveram vidas profanas e pecadoras (Gn. 26:34; 27:41; Ob. 10-14). Um Deus santo não pode deixar de se colocar contra o pecado e os pecadores não arrependidos. Fiz dos seus monto uma assolação, e dei a sua herança. A fúria dos exércitos caldeus, responsáveis pela destruição de Jerusalém em 586 A.C., talvez também fosse sentida por Edom (cons. Jr. 25:9, 21); e mais tarde os árabes nabateanos expulsaram os idumeus definitivamente de sua terra. Chacais. A herança de Esaú veio a ser um lugar deserto, habitação de chacais.

1:4. Tornaremos a edificar. Edom estava confiante que podia lutar contra Deus e voltar ao seu primitivo estado de prosperidade. Mas eu destruirei. Em juízo, Deus enviaria os nabateanos ou qualquer outro poder que estivesse na mente do profeta. Terra de perversidade. Aqueles que testemunhassem a situação angustiosa de Edom concluiriam que Deus a colocara nessa situação humilhante por causa de sua perversidade. Contra quem o SENHOR está irado para sempre. Dos golpes do conquistador Edom jamais se recuperaria.

1:5. Os vossos olhos o verão. A indicação pode ser que os contemporâneos de Malaquias testemunhariam a conquista. Grande é o SENHOR. Quando o povo de Israel visse Edom em ruína perpétua mas Jerusalém reconstruída e restaurada, reconheceria o amor de Deus e não faria a atual pergunta: “Em que nos tens amado?” Fora dos termos e não desde os termos, E.R.C.

B. “Em que Desprezamos nós o Teu Nome?” 1:6-2:9.
O foco da atenção é agora o sacerdócio corrupto. Os sacerdotes do tempo de Malaquias seguiram os passos de Nadabe e Abiú (Lv. 10:1) e dos filhos de Eli (I Sm. 2:12-17). Eram administradores do ritual mosaico do sacrifício, mas seus corações estavam longe de Deus. Como a maioria do povo, eram apóstatas. Na realidade, seu desprezo pela lei de Deus e seu fracasso em honrá-lo eram justamente a influência que solapou a verdadeira fé e a conduta piedosa da parte de Israel.

1:6. O pai... senhor. A honra é devida ao Deus soberano. É como se Deus dissesse: “Se vocês respeitam os pais e senhores terrestres, não deveriam muito mais honrar o seu Pai celestial (Êx. 4:22; Is. 43:6; Jr. 3:4; Os. 11:1) que é o Senhor de tudo?” (cons Esdras 5:11). Onde está a minha honra?... o respeito para comigo? Os sacerdotes se comportavam como se Deus não existisse. Ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. Os sacerdotes, além de deixarem de honrar o Senhor, também o desprezavam. Em que desprezamos? Os sacerdotes eram hipócritas, fingindo piedade mas executando o ritual do altar sem dar atenção à letra e ao espírito da Lei!

1:7. Pão. A palavra hebraica geralmente significa “alimento” mas aqui significa a carne dos animais sacrificados. Em que te havemos profanado? Oferecer sacrifícios profanados ao Senhor era o mesmo que profanar o próprio Deus. A mesa. O altar dos holocaustos (veja Êx. 27; 38; Ez. 41:22). Desprezível. Os sacerdotes eram irreverentes, tendo apenas desprezo pelas coisas sagradas.

1:8. AnimaI cego... o coxo ou o enfermo. Tais sacrifícios eram explicitamente proibidos (Lv. 22:20-25; Dt. 15:21). Teu governador. Presentes imperfeitos apresentados a um governador terrestre seriam ofensivos; seria um insulto muito maior oferecer presentes defeituosos ao Governador do universo. Acaso terá ele agrado em ti? A resposta implícita é “não”.

1:9. Suplicai o favor de Deus. Isto é ironia. Deus não ouvirá as orações daqueles que o desonram. Que nos conceda. Todos igualmente sofrem quando seus representantes ofendem a Deus. Com tais ofertas nas vossas mãos. Embora os inocentes sofressem, a culpa era dos sacerdotes.

1:10. Oxalá houvesse entre vós quem feche as portas. Não adorar ao Senhor seria melhor que um culto desprezível. Eu não tenho prazer em vós. Compare com a pergunta do versículo 9. A vossa oferta. A palavra se refere aos sacrifícios em geral.

1:11. Porque. Deus não queria sacrifícios sem valor oferecidos pelos sacerdotes judeus porque sua grandeza majestosa, que tornavam tais sacrifícios inaceitáveis, deveria realmente induzir a ação de graças, o louvor e a adoração, sem o que todas as formas de culto eram vãs. Desde o nascente do sol até ao poente. Isto é, por toda parte. É grande... o meu nome. Esta profecia só se cumpriria quando Crista fosse aceito pelos corações dos gentios em todo o mundo. Incenso e... ofertas puras. O pensamento não é que os gentios executassem o ritual dos sacrifícios mosaicos, mas que na Nova Dispensação o culto espiritual seria prestado a Jeová pelas nações (cons. Sl. 141:2; Rm. 12:1; Hb. 13:15).

1:12. A sua comida. A oferta sacrificial (cons. v. 7).

1:13. Que canseira! Os sacerdotes achavam cansativas e aborrecidas as suas tarefas. E me lançais muxoxos. Tratavam o sistema sacrifical com desacato. O dilacerado. A ideia é de um animal que foi arrancado às garras de uma fera selvagem e portanto está presumivelmente mutilado. Aceitaria eu isso? Uma pergunta retórica. Jeová não aceitaria tais ofertas.

1:14. Maldito seja o enganador. Era culpado, não apenas o sacerdote mas também o leigo que trouxer sacrifício ilegítimo. Macho. Lv. 22:18, 19 indica que um macho devia ser usado para a oferta votiva. Um defeituoso. Literalmente, uma fêmea defeituosa. A questão talvez seja que alguém fazendo o voto pretendesse originalmente oferecer um macho sem defeito, mas na realidade tenha oferecido uma fêmea defeituosa. O ponto principal está claro, isto é, que uma oferta inferior foi feita em lugar da exigida pela lei de Moisés. Grande rei. A mentira era uma afronta à soberania de Deus.

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