Interpretação de Juízes 4

Em Juízes 4, a narrativa se concentra na corajosa liderança de Débora, profetisa e juíza, que livra os israelitas da opressão de Jabim, rei de Canaã. Débora instrui Baraque a reunir um exército para enfrentar as forças cananéias comandadas por Sísera. Barak concorda em ir para a batalha, mas insiste que Deborah o acompanhe. Por meio de um plano estratégico orquestrado por Deus, os israelitas derrotam o exército de Sísera, e o próprio Sísera é morto por Jael, uma mulher que lhe oferece hospitalidade, mas depois crava uma estaca em sua cabeça enquanto ele dorme. O capítulo destaca o papel de Débora como uma líder forte e capaz, demonstrando que Deus pode usar homens e mulheres para realizar Seus propósitos. Também mostra a fidelidade de Deus em libertar Seu povo quando eles se voltam para Ele em tempos de angústia.

Juízes 4
4:1. Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de falecer Eúde.
Durante a vida de Eúde, Israel permaneceu fiel ao Senhor. Depois, contudo, uma nova explosão de idolatria introduziu outro período de opressão.

4:2. Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. As opressões anteriores vieram de fora da terra de Canaã. Jabim, contudo, um líder cananeu, comandou uma insurreição contra os israelitas, os quais, sob a liderança de Josué, os tinham desapossado. Hazor era o forte mais importante em Canaã setentrional. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em Harosete-Hagoim. A casa de Sísera, Haroshet haggoyim, é a moderna Tell 'Amar, localizada no local onde o Rio Quisom passa por uma estreita garganta antes de entrar na Planície do Acre. Fica a cerca de 16kms a noroeste de Megido.

4:3. Débora, profetiza, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Débora foi descrita como profetiza e juíza. Em um momento de desespero ela despertou o seu povo pala a luta.

4:5. Ela atendia debaixo da palmeira de Débora. Em lugar de atendia devemos entender assentava-se. Parte da responsabilidade de Débora como juíza era assentar-se como árbitro na resolução de disputas. A árvore particularmente associada com seu juizado ficava entre Ramá e Betel. Ramá ficava em Benjamim, ao norte de Jerusalém. Esta é a região onde mais tarde Samuel julgou Israel (I Sm. 7:16).

4:6. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali. Quedes de Naftali era uma cidade de Refúgio (Js. 20:7; cons. 12:22). Esta parte de Israel ficava mais próxima dos opressores cananeus. Vai, e leva gente ao monte Tabor. Baraque recebeu ordem de convocar os exércitos de Israel no monte Tabor, na região nordeste da Planície de Esdrelom.

4:7. E fará ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera... e o darei nas tuas mãos. Débora falou como profetiza. Deus prometeu destruir os exércitos de Sísera por meio dela.

4:8. Se fores comigo, irei. Balaque queria a certeza de que a profetiza o acompanharia, garantindo-lhe assim sucesso na batalha.

4:9. Certamente irei contigo... às mãos de uma mulher o Senhor entregará Sísera. Débora prometeu acompanhar Baraque, mas ela declarou que uma mulher seria a heroína. Isto antecipa a parte desempenhada na derrota dos cananeus por Jael, a esposa de Héber.

4:10. Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes. As duas tribos do norte tinham a responsabilidade de enfrentar a ameaça de Sísera.

4:11. Ora, Héber, queneu... dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés. O historiador sagrado fornece alguns antecedentes relativamente aos queneus. Parece que eram ferreiros nômades com os quais Moisés se encontrou a primeira vez durante sua peregrinação ao deserto, antes de vir a ser o líder do Êxodo. Héber tinha se separado de sua tribo e tinha se estabelecido perto de Quedes.

4:12. Anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor. Sísera, estando informado dos movimentos de Baraque, reuniu seu exército, incluindo novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete para Quisom.

4:14. Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele. Sob a afirmação de Débora de que Deus iria conceder uma grande vitória a Israel, Baraque e seus dez mil homens saíram impetuosamente contra o exército cananeu no vale.

4:15. E o Senhor derrotou a Sísera. Os cananitas foram tomados de pânico. A súbita e violenta investida do exército israelita, mais a tempestade que fez o Quisom transbordar (5:21), forçou os cananeus a fugirem de seus carros, os quais eles deixaram atolados no vale.

4:17. Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Héber, queneu. Com a destruição de seu exército, a primeira preocupação de Sísera foi salvar a própria vida. Porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu. Sísera tinha motivos pala pensar que estaria seguro se alcançasse a casa de Héber. Evidentemente os cananeus não tinham oprimido os nômades queneus que viviam entre eles, e os queneus não tinham participado da insurreição dos israelitas contra eles.

4:18. Saindo Jael ao encontro de Sísera disse-lhe: Entra, senhor meu. Jael ofereceu a hospitalidade de sua tenda ao amedrontado Sísera. Se ela convidou que entrasse em sua tenda a fim de matá-lo ou não é uma questão de inferência. Pôs sobre ele uma coberta. O significado exato da palavra traduzida para coberta não é certo. Também pode ser traduzido pala cortina de tenda.

4:19. Ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu. Sísera pediu água, mas Jael abriu um odre de pele de carneiro ou cabrito no qual se guardava leite e deu-lhe.

4:20. Põe-te à porta da tenda. Sísera tinha motivos pala suspeitar que os israelitas iriam persegui-lo. Pediu a Jael que lhes dissesse que não se encontrava em sua tenda. Sua atitude hospitaleira levou-o a pensar que podia confiar nela.

4:21. Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda... e lhe cravou a estaca na fonte... e assim morreu. Entre os beduínos é da responsabilidade das mulheres a armação das tendas, e isto podia também acontecer entre os antigos. A estaca e o martelo que Jael usou eram provavelmente feitos de madeira. Sísera, exausto de sua fuga difícil, dormia profundamente, e Jael achou que era sua oportunidade de matar o inimigo de Israel. Alguns comentadores sugerem que Jael não simpatizava com a neutralidade do seu marido (4:17), e que sua atitude com Sísera foi motivada por sua lealdade a Israel. Se o assassinato de Sísera foi ou não premeditado por ela, é irrelevante ao que diz respeito á narrativa de Juízes. Do ponto de vista israelita, ela foi uma heroína porque provocara a morte de Sísera.

4:22. E eis que, perseguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro. Jael deu a Baraque a boa noticia de que o capitão dos cananeus estava morto.

4:23. Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel. As Escrituras não separam Deus do processo histórico. O ato de Jael foi registrado, mas a vitória foi atribuída a Deus. A atitude de toda a Bíblia para com a história é consistente. Deus permite que os pagãos castiguem o Seu povo, e Deus levanta libertadores pata salvá-los. Causa e efeito são significativos no plano histórico, mas Deus é colocado como o Poder por trás de tudo o que acontece, bom ou mau. Não há necessidade de justificarmos o ato de Jael. Até os atos de perversidade nas Escrituras são representados corvo promovedores dos finais propósitos de Deus (cons. Atos 2:23, 24; Sl. 76:10).

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