Interpretação de Juízes 20

Em Juízes 20, os israelitas se reúnem em Mizpá para tratar da atrocidade cometida no capítulo anterior. O levita conta a história do abuso de sua concubina e o povo de Israel fica indignado. Eles decidem agir contra a tribo de Benjamim, à qual pertenciam os culpados. As outras tribos exigem que os benjamitas entreguem os malfeitores, mas os benjamitas se recusam. Uma batalha começa, com as outras tribos inicialmente sofrendo pesadas perdas. No entanto, eles se reagrupam, buscam a orientação de Deus e, por fim, derrotam os benjamitas. O capítulo ilustra as graves consequências da decadência moral e a trágica divisão entre as tribos israelitas. Ressalta a importância da justiça, unidade e liderança justa, bem como as terríveis consequências de não cumprir os mandamentos de Deus. Juízes 20 destaca as repercussões do pecado não controlado e a natureza destrutiva da desunião dentro da nação de Israel.

Juízes 20

20:1. Saíram todos os filhos de Israel.
Os israelitas prepararam-se para guerra. Reuniram-se em Mispa, ponto central da tribo de Benjamim. Com exceção dos homens de Jabes-Gileade, (21:8) todo Israel estava representado.

20:3. Ouviram os filhos de Benjamim que os filhos de Israel haviam subido a Mispa. Gibeá ficava cerca de 4,8kms de Mispa. Os benjamitas resolveram defender os habitantes de Gibeá.

20:4. Então respondeu o homem levita... Cheguei... a Gibeá. O levita tornou a contar os acontecimentos que culminaram na morte da concubina, e declarou suas razões para enviar partes do seu culpo a todo Israel. Então pediu conselho aos que estavam reunidos.

20:8. Nenhum de nós voltará para sua tenda. As tribos todas resolveram punir os homens de Gibeá, e apresentaram um plano de ação. Decidiram: subiremos contra ela por sorte (v. 9). A sorte poderia ser usada para determinar quem atacaria Gibeá primeiro. Aqui, contudo, parece que foi usada para determinar a décima parte da força combativa que deveria estar disposta para servir de intendência. Um grande exército precisa de homens responsáveis pela obtenção de provisões (v. 10).

20:12. As tribos de Israel enviaram homens por toda a tribo de Benjamim, para lhe dizerem: Que maldade é essa que se fez entre vós? As outras tribos achavam que Benjamim permitira uma atrocidade que não tinha consistência com a estatura moral de Israel como um todo. Pediram que se lhes entregassem os ofensores para serem punidos. O propósito disto era tirar o mal de Israel (v. 13). Na liturgia judia o verbo traduzido para tirar usa-se em relação à completa remoção do fermento na véspera da Páscoa. Os israelitas desejavam “extirpar” o mal de sua vida corporativa punindo os ofensores.

20:14. Antes os filhos de Israel se juntaram... para saírem a pelejar contra os filhos de Israel. Os homens da pequena tribo de Benjamim, sentiram-se capazes de se defenderem contra o restante das tribos. Convocaram um exército. incluindo setecentos homens escolhidos, canhotos (vs. 15, 16; cons. 3:15). Os benjaminitas eram habilidosos guerreiros e atiradores de fundas (cons. I Cristo. 12:2).

20:18. Levantaram-se os israelitas... e consultaram a Deus. Os israelitas consultaram o oráculo em Betel para determinar quem deveria atacar primeiro os benjaminitas. Judá foi indicada como a tribo que deveria liderar o assalto. As tropas israelitas prepararam-se para assaltar Gibeá (v. 20), mas foram massacrados pelas forças de Benjamim que saíram com ímpeto da cidade (v. 21). Depois de reagrupar suas forças exauridas, Israel tornou a consultar o oráculo do Senhor: Tornaremos a pelejar contra os filhos de Benjamim, nosso irmão? Quando o Senhor deu uma resposta afirmativa (v.23), Israel preparou-se para um segundo ataque.

20:25. Os de Benjamim no dia seguinte saíram de Gibeá. Uma segunda vez os benjaminitas derrotaram as forças das outras tribos.

20:26. Então todos os filhos de Israel... vieram a Betel (a casa de Deus). A questão da interpretação, aqui, refere-se à localização da “casa de Deus”. Foi em Silo ou em Betel? Desde os dias de Josué até os do sacerdote Eli, a arca esteve localizada em Silo (Js. 18:10; I Sm. 1:3). Isto, entretanto, não exclui a possibilidade de um santuário em Betel no tempo dos juízes. Os israelitas choraram, jejuaram e ofereceram sacrifícios adequados. Quando o sacerdote Finéias apresentou-se ao Senhor e perguntou se a batalha devia ou não ser recomeçada, recebeu a resposta: Subi, que amanhã eu os entregarei nas vossas mãos (v. 28 ).

20:29. Então Israel pôs emboscadas em redor de Gibeá. Na terceira batalha com os benjaminitas, os israelitas usaram de estratégia que foi triunfantemente usada por Josué em Ai (Js. 8:4-29). Fizeram os benjaminitas saírem de Gibeá para lutar contra um exército israelita, enquanto um grupo de emboscada observava o momento estratégico para entrar na cidade. Na fase inicial da batalha, os benjaminitas, achando que estavam se saindo bem, disseram: Vão derrotados diante de nós como dantes (v. 32). Os israelitas, contudo, estavam agindo de acordo com a sua estratégia. Disseram: Fujamos, e atraiamo-los da cidade para as estradas. A linha dos israelitas foi reformada em Baal-Tamar, um lugar desconhecido.

20:33. E a emboscada de Israel saiu do seu lugar, das vizinhanças de Gibeá. A RSV segue a LXX e a Vulgata traduzindo dos seus lugares a oeste de Gibeá, como fonte de onde a emboscada saiu. A JPS translitera o nome para Maaré-Geba. O lugar serviu de esconderijo para a emboscada.

20:37. A emboscada... acometeu a Gibeá. A cidade estava sem defesa enquanto seus exércitos perseguiam os israelitas que aparentemente fugiam. Os homens da emboscada entraram em Gibeá sem lutar e anunciaram a sua presença dando inicio a um grande incêndio (v. 38). Quando os israelitas, em fuga fingida, perceberam a fumaça do fogo (v. 40), um sinal combinado (v.38), viraram-se contra os benjaminitas (v. 42) e os mataram à vista de sua cidade incendiada. Dezoito mil valentes benjaminitas foram mortos (v. 44).

20:45. Então viraram, e fugiram... à penha Rimom, cerca de 6,7kms a leste de Betel (v. 47), onde ficaram por quatro meses. Os outros benjaminitas foram destruídos com suas cidades e propriedades.

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