Interpretação de Juízes 16

Em Juízes 16, o relacionamento de Sansão com Dalila, uma mulher filisteia, torna-se o ponto focal da narrativa. Os governantes filisteus oferecem a Dalila uma quantia substancial de dinheiro para descobrir a fonte da força de Sansão. Dalila pressiona Samson persistentemente para revelar seu segredo, e ele, de brincadeira, dá a ela respostas falsas. Eventualmente, Sansão revela que sua força está em seu cabelo não cortado, um símbolo de seu voto de nazireu. Delila aproveita essa informação e faz com que Sansão seja capturado enquanto ele dorme. Ela ordena a um servo que raspe a cabeça, fazendo com que ele perca as forças. Os filisteus capturam Sansão, cegam-no e aprisionam-no. No entanto, o cabelo de Sansão começa a crescer novamente e, com ele, sua força retorna. Durante uma celebração no templo do deus filisteu Dagom, Sansão pede forças a Deus pela última vez. Ele empurra os pilares do templo, fazendo com que o prédio desmorone e se matando junto com os filisteus reunidos ali. O capítulo mostra a trágica queda de Sansão devido à sua fraqueza pelas mulheres e seu desrespeito ao voto de nazireu. Também ilustra as consequências devastadoras de suas escolhas e o cumprimento final do propósito de Deus por meio de suas ações.

Juízes 16

16:1. Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta.
A força física de Sansão tinha por complemento sua fraqueza moral. Em Gaza, na terra dos filisteus, a 3,2kms do litoral mediterrâneo, Sansão ficou sob o controle de outra mulher má.

16:2. Foi dito aos gazitas. Os homens de Gaza ficaram sabendo que o seu inimigo estava em algum lugar dentro da cidade. Não tentaram procurá-lo na cidade durante a noite, mas colocaram sentinelas, determinando matá-lo pela manhã.

16:3. Porém Sansão... à meia-noite... se levantou, e pegou ambas as folhas da porta da cidade... e levou-as para crina até ao cume do monte que olha para Hebrom. Aqui novamente a ênfase foi dada á façanha física de Sansão. Ele foi capaz de levantar o portão da cidade, com seus umbrais e tranca, levando tudo para um local que ficava à distância de 64,36kms nas vizinhanças do Hebrom.

16:4. (Ele) se afeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, a qual se chamava Dalila. Este é o episódio final na vida do poderoso Sansão. Novamente se apaixonou por uma mulher filisteia. Grande parte da vida de Sansão foi gasta no Vale de Soreque, conhecido agora como o Wadi es-Surar, que começa 24,14kms a oeste de Jerusalém e se dirige para a planície litorânea.

16:5. Persuade-o, e vê, em que consiste a sua grande força. Os lideres filisteus viram uma oportunidade de se aproveitarem de Sansão por intermédio do seu romance com Dalila, Pediram a ela que descobrisse, literalmente, por que meios sua força é grande, Se ela pudesse descobrir de que maneira Sansão poderia ser derrotado, cada um dos príncipes dos filisteus prometeu-lhe pagar mil e cem siclos de prata.

16:6. Disse, pois, Dalila... Declara-me, peço-te, em que consiste a tua grande força. Três vezes fez a pergunta e três vezes Sansão deu-lhe respostas falsas. Na primeira resposta Sansão disse:

16:7. Se me amarrarem com sete tendões frescos, ainda não secos, então me enfraquecerei, e serei como qualquer outro homem. Logo após, estando ele a dormir ou brincando com ela, Dalila o amarrou com cordas de arcos ainda frescas (junco verde) fornecidas pelos filisteus.

16:9. Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. Num quarto interior da casa havia filisteus prontos a atender o chamado de Dalila para pegarem Sansão. Estando ele firmemente amarrado, Dalila pronunciou as palavras, os filisteus vêm sobre ti, Sansão; imediatamente quebrou ele os tendões como se fossem fio da estopa chamuscada. As cordas foram arrebentadas; e o segredo da força de Sansão continuou um segredo. Estende-se pela sequência da história que os filisteus não se atiraram sobre Sansão logo após as palavras de Dalila. Parece que eles esperaram para ver se as cordas aguentariam.

16:10. Disse Dalila... Eis que zombaste de mim. Dalila fazia-se de ofendida diante da mentira de Sansão. Insistindo novamente a que ele lhe dissesse o segredo de sua força, extraiu dele uma segunda explicação:

16:11. Se me amarrarem bem com cordas novas, com que se não tenha feito obra nenhuma, então me enfraquecerei, e serei como qualquer outro homem. O padrão se repetiu. Dalila amarrou-o com cordas novas e gritou:

16:12. Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! Contudo, novamente, Sansão demonstrou a sua força, pois ele as arrebentou de seus braços como um fio.

16:13. Disse Dalila. . . Até agora tens zombado de mim, e me tens dito mentiras. Pela terceira vez, contudo, Sansão tomou a dar uma resposta errada. Ele disse: Se teceres as sete tranças da rainha cabeça com a urdidura da teia... Então, presume-se (embora não esteja expresso no texto), Sansão ficaria fraco como os outros homens. Então Dalila fixou a peça que tecia no tear e começou a tecer o cabelo de Sansão no seu trabalho, como o faria com fios comuns. Desta vez Sansão estava se aproximando da verdade, pois a perda do seu cabelo resultaria na perda de sua força. Quando, contudo, Dalila disse:

16:14. Os filisteus vêm sobre ti. Sansão! Sansão acordou e, ao pular do divã, arrancou o pino do tear com os seus cabelos, os quais ainda estavam presos no pino.

16:15. Então ela lhe disse: Como dizes que me amas, se não está comigo o teu coração? Dalila o importunava todos os dias com suas palavras (v. 16), insistindo que se houvesse verdadeira afeição entre Js dois, não haveria nenhuma relutância em lhe divulgar os seus segredos.

16:17. Descobriu-lhe todo o seu coração. Sansão explicou-lhe o voto de nazireu (cons. Nm. 6:2-21) e declarou: Se vier a ser rapado, ir-se-á de mim a minha força, e me enfraquecerei, e serei como qualquer outro homem. Imediatamente Dalila mandou chamar seus companheiros filisteus. Enquanto Sansão dormia sobre os joelhos de Dalila, um dos filisteus rapou suas sete tranças. Pela quarta vez Dalila gritou:

16:20. Os filisteus vêm sobre ti, Sansão! Mas desta vez o homem forte de Israel estava sem forças diante dos seus inimigos. Fazia parte da tragédia que ele não sabia ainda que já o Senhor se tinha retirado dele.

16:21. Então os filisteus pegaram nele, e lhe vazaram os olhos, e o fizeram descer a Gaza; amarraram-no com duas cadeias de bronze, e virava um moinho no cárcere. Os filisteus mutilaram seu inimigo deixando-o cego. Depois o prenderam ao moinho no cárcere onde foi forçado a exercer trabalho humilhante. Enquanto se encontrava na prisão, no entanto, o cabelo da sua cabeça... começou a crescer de novo. O processo foi lento, mas significava que a força de Sansão seria finalmente restaurada.

16:23. Então os príncipes dos filisteus se ajuntaram para oferecer grande sacrifício a seu deus Dagom. Sabe-se que Dagom foi um dos deuses do panteão cananeu em Ugarit. Foi adotado pelos filisteus depois de se estabelecerem na Palestina. Eles atribuíam sua vitória sobre Sansão ao poder de Dagom (v. 24).

16:25. Mandai vir Sansão, para que nos divirta. Enquanto os filisteus estavam celebrando, Sansão estava moendo. No meio do regozijo, contudo, mandaram buscar Sansão, provavelmente a fim de que pudessem se satisfazer com sua humilhação.

16:26. Deixa-me para que apalpe as colunas. Sansão foi introduzido no templo. Ali pediu permissão ao jovem que o guiava para se recostar nas colunas que sustentavam o telhado do templo. No desenho do templo duas colunas centrais sustentavam o telhado do recinto onde as pessoas mais importantes estavam reunidas. Essa sala dava para um grande átrio. O povo se assentava ou ficava em pé sobre o telhado que havia em cima da sala, dali podiam ver o grande átrio onde Sansão foi forçado a diverti-los. A seu pedido, Sansão foi levado do átrio até as colunas adjacentes á sala. Se essas colunas pudessem ser removidas, o telhado viria abaixo sobre as cabeças dai autoridades, matando muitos de ambos os grupos.

16:28. Sansão clamou ao Senhor. As Escrituras não apresentam Sansão como modelo de piedade. Seu fracasso, a Bíblia atribui ao seu pecado. Contudo a humilhação que experimentou em poder dos filisteus parece que fê-lo cônscio de sua missão divina. Mesmo aqui, no entanto, sua oração foi de vingança contra os filisteus por causa da perda dos seus olhos.

16:30. E disse: Morra eu com os filisteus. Exercendo toda a sua força, o homem forte empurrou as duas colunas centrais que sustentavam o edifício (v. 29) até que cederam e o telhado do templo veio abaixo. Os nobres senhores filisteus, e sem dúvida mais de 3.000 homens e mulheres, espectadores que se encontravam sobre o telhado, também morreram.

16:31. Então seus irmãos... tomaram-no... e o sepultaram... no sepulcro de Manoá, seu pai. Sansão provocou a morte de uma multidão de filisteus, os inveterados inimigos de Israel. Ele não acabou com a ameaça dos filisteus, mas recebeu as honras de suas peculiares realizações. Seu corpo foi removido de Gaza e recebeu honroso sepultamento no jazigo da família. A história de Sansão conclui com a declaração: Julgou a Israel... vinte anos (cons. 15:20). As palavras podem ser livremente interpretadas que durante cerca de duas décadas ele obteve a segurança de Israel, evitando que os filisteus atacassem o povo da aliança.

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